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MANUTENÇÃO E REABILITAÇÃO DE JUNTAS DE DILATAÇÃO DE OBRAS DE ARTE RODOVIÁRIAS

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MANUTENÇÃO E REABILITAÇÃO DE JUNTAS DE DILATAÇÃO DE

OBRAS DE ARTE RODOVIÁRIAS

João MARQUES LIMA Jorge de BRITO

Engenheiro Civil Professor Associado

Mestre em Construção pelo IST IST/ICIST Brisa Engenharia e Gestão, S.A. Lisboa Lisboa

SUMÁRIO

Neste artigo, são apresentadas as técnicas de manutenção e de reabilitação susceptíveis de serem aplicadas em juntas de dilatação de obras de arte rodoviárias e propõe-se uma classifica-ção das mesmas para integraclassifica-ção num sistema de gestão deste tipo de equipamento. Através da análise de um trabalho de campo realizado no parque da Brisa - Auto-estradas de Portugal, são retiradas algumas conclusões em relação à frequência de utilização destas técnicas.

1. INTRODUÇÃO

No que concerne à manutenção e reabilitação das juntas de dilatação, assiste-se frequentemen-te a uma flagranfrequentemen-te contradição: por um lado, os fabricanfrequentemen-tes publicitam as juntas como não exi-gindo manutenção e com uma vida útil elevada; por outro, na prática, as juntas são geralmente os primeiros elementos da ponte a exigir reparação e aqueles que exigem intervenções mais recorrentes.

Devido aos muitos tipos e variantes de juntas e à diferente natureza das anomalias, o rol de técnicas de manutenção e reabilitação é extenso e complexo, pelo que não é fácil listar e des-crever todas essas técnicas. Até a bibliografia da especialidade raramente tipifica e descreve essas técnicas, sobretudo as de reabilitação, com base num critério largo e pouco abrangente. Neste artigo, apresenta-se uma classificação com as principais técnicas de manutenção e reabi-litação aplicáveis a juntas de dilatação desde a mais simples limpeza até à sua total substitui-ção. É também feita uma análise estatística dos resultados de um conjunto de inspecções em obras de arte que permite também validar a classificação proposta.

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2. DESCRIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO E REABILITAÇÃO

A fronteira entre técnicas de manutenção e técnicas de reabilitação não é de fácil definição no caso das juntas de dilatação. Como referência, apresenta-se o entendimento de alguns especia-listas na matéria. Em França, Fragnet (1997) considera que, no âmbito da manutenção, podem ser desenvolvidas operações pontuais a diversos níveis:

• nos elementos de fixação - no seu aperto ou na protecção anti-corrosiva; • na substituição de um perfil de elastómero danificado;

• na substituição de um elemento deteriorado; • no sistema de evacuação de águas;

• na substituição de peças submetidas ao uso (por exemplo, das placas em teflon® que ser-vem de apoio às vigas das juntas de perfis de elastómero múltiplos; essas placas deser-vem ser substituídas em períodos regulares para que não haja roturas em soldaduras).

Em Espanha, a Asociación Técnica de Carreteras (2003) classifica como trabalhos de rotina no âmbito da manutenção:

• a limpeza da junta, de forma a que a introdução de elementos estranhos no seu interior não dificulte a sua movimentação ou provoque roturas ou desprendimentos;

• a limpeza de tabuleiros;

• selagem de fissuras, reposição do pavimento adjacente à junta ou do material de bandas de transição ou bordos de junta;

• aplicação de pintura protectora, material lubrificante ou conservação do aperto necessário em partes susceptíveis de se desapertar por efeito das cargas cíclicas do tráfego;

• correcção do nivelamento entre junta e pavimento retirando qualquer protuberância ou enchendo todas os possíveis vazios que possam existir; na repavimentação, convém escari-ficar previamente para não se ocasionar um desnível entre o pavimento e a junta.

O sistema proposto não distingue as técnicas de manutenção das de reabilitação antes dividindo o seu conjunto em 7 categorias distintas. Apresenta-se, de seguida, uma breve descrição de cada uma dessas técnicas seguindo a ordem das categorias definidas.

2.1. Limpeza (categoria A)

A remoção de detritos acumulados ou de vegetação desenvolvida em espaços vazios deve ser feita regularmente na manutenção de uma junta previamente a todos os actos de inspecção. Essa limpeza deve abranger a junta em si e o sistema de evacuação de águas (caleiras, caixas de recolha e tubos de queda). A limpeza é feita em duas fases complementares: com dispositi-vos mecânicos (por aspiração ou com ar comprimido) e manualmente. Nalguns casos, pode ser dificultada pela presença de resíduos sólidos em membranas colectoras não acessíveis, tornan-do-se necessário levantar um módulo da junta na berma.

2.2. Transição para o pavimento / pavimento (categoria B)

A reabilitação de bandas de transição é uma das actividades mais características na reparação de juntas de dilatação e pode ter duas técnicas distintas. Para deterioração pontual, como fissu-ras ou destaque de material de pequena dimensão, é suficiente o seu preenchimento com resina epóxida ou poliuretano. Para anomalias de maior gravidade, como o destaque generalizado de material ou quando seja detectado que a largura da banda de transição é inadequada, deve-se

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proceder à sua substituição integral (Figura 1). A durabilidade de argamassas não retrácteis parece aumentar quando são adicionadas fibras de aço à mistura e introduzida uma armadura fixa à estrutura (Figura 2).

Fig. 1 - Utilização de argamassas reforçadas com fibras de aço em bandas de transição (Mar-ques Lima, 2006).

Fig. 2 - Montagem de armadura em banda de transição (Brisa, arquivo DCC).

Quanto aos descolamentos na transição, a técnica de reparação consiste na sua selagem com uma resina epóxida de forma semelhante à reparação pontual das bandas de transição.

Nos casos de deterioração severa do pavimento ou de desnivelamentos na transição para a jun-ta, pode ser preciso reperfilar o pavimento. Deve-se escarificar o pavimento existente para ganhar a altura necessária à aplicação da camada nova de betuminoso e garantir que a junta nunca fica mais alta do que o novo pavimento.

2.3. Fixação à estrutura (categoria C)

As juntas tendem a perder tensão de aperto nas suas fixações. Essa perda é de difícil previsão já

ÁGUA LIGANTE AGREGADOS

FIBRAS DE AÇO

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que varia muito de junta para junta e de obra para obra. O volume, a velocidade e o tipo de tráfego ou o declive da ponte influem nos esforços e vibrações transmitidos à junta e às suas fixações. A periodicidade do reaperto das fixações deve ser estabelecida pelo fabricante no plano de manutenção da junta e aferida, durante a exploração, pela entidade gestora da obra. Não devem ser aceites períodos inferiores a 15 meses. O reaperto pode ser feito com uma chave pneumática numa fase inicial, mas exige depois uma chave dinamométrica para controlo da tensão aplicada. Nas ancoragens pré-esforçadas, sobretudo as de maior dimensão, pode ser uti-lizado um macaco hidráulico. A metodologia de tensionamento é a seguinte:

• com chave dinamométrica: com ¼ de voltas sucessivas, atarraxar a ancoragem com a chave regulada ao torque desejado; quando a chave ficar bloqueada, parar o tensionamento; • com macaco hidráulico: subir até à pressão desejada e depois apertar a porca até tocar na

junta; afrouxar a pressão e depois subir imediatamente até ao mesmo valor de pressão e apertar a porca uma segunda vez (Freyssinet, 2001).

O desaperto das fixações pode degenerar na sua rotura ou destaque. Nos casos de rotura, que se pode dar mesmo sem o desaperto das fixações (por corte ou por fadiga à flexão repetida ou alternada), é necessário retirar as partes, dos parafusos ou pernos, que ficam presas. Nos para-fusos, as partes embebidas na rosca fêmea são retiradas com berbequim e extractor (Figura 3).

Fig. 3 - Retirada da parte roscada de um parafuso cortado (Brisa, arquivo DCC). Quanto à colocação de novos elementos de fixação, deve-se fazer uma verificação de cálculo para ter a certeza de que a solução inicial é suficiente para as cargas actuantes. Pode-se concluir que não, sendo necessário uma alteração no tipo de fixação. Na Figura 4, mostra-se como

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foram alteradas as soluções de fixação para uma mesma junta. Após uma solução inicial de parafusos M12, foram ensaiadas novas soluções com aumento do comprimento e do diâmetro dos parafusos. A utilização de anilhas anti-desaperto foi também equacionada.

Uma junta solta afecta o estado do leito de assentamento, acelerando a sua deterioração. À medida que alguns elementos de fixação deixam de funcionar, os restantes ficam submetidos a esforços crescentes acabando por ceder por si ou por rotura do betão e argamassa na zona da selagem. É então preciso levantar a junta, demolir o leito de assentamento deteriorado (Figura 5), executar nova mesa de assentamento, furar, selar pernos (Figura 6) e fixar a junta. Quando os danos atingem o betão da estrutura, essa zona deve também ser reabilitada eventualmente com reforço das armaduras existentes. Ao colocar novas armaduras e para evitar uma grande extensão da zona a reabilitar, pode-se furar o betão e selar as armaduras com resina epóxida. Se o material de selagem das caixas de fixação está desgastado ou ausente, expondo à oxidação os elementos de fixação da junta, é preciso preenchê-las com um material à base de poliuretano e resina epóxida. Esse material deve ser algo flexível, não retráctil e ter bom comportamento sob as temperaturas a que estará sujeito. A colocação alternativa de tampões tem vantagens ao nível da manutenção já que se podem tirar e recolocar para o aperto das fixações.

Por vezes, um perno de fixação fica saliente relativamente ao pavimento (Figura 7). A medida correctiva passa pelo seu corte com uma serra de disco o mais próximo possível da junta.

Fig. 4 - Diferentes tipos de fixação experi-mentados numa junta Éole.

Fig. 5 - Levantamento de junta e demolição do leito de assentamento (Marques Lima, 2006).

Fig. 6 - Selagem de pernos de fixação com resina epóxida (Brisa, arquivo DCC).

Fig.7-Perno alto em bloco de elastómero (Marques Lima, 2006).

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2.4. Geometria / movimentação (categoria D)

Os desnivelamentos na zona das juntas têm várias causas e técnicas de reparação associadas. Se se deve a protuberâncias betuminosas na junta, por reperfilamento do pavimento ou por defor-mação do material da própria junta, deve ser removido. Quando existe defordefor-mação de material nas juntas de betume modificado, a remoção de protuberâncias exige o aquecimento prévio do material, a sua raspagem com o auxílio de pás e o seu posterior acabamento.

Se o desnivelamento se deve à junta estar alta ou baixa relativamente ao pavimento adjacente, deve-se refazer o leito de assentamento, conforme descrito, com o cuidado de o deixar à cota correcta. Se for provocado por um assentamento do aterro adjacente ao encontro, é necessário efectuar um reperfilamento do pavimento.

O reposicionamento planimétrico da junta é também incluído nesta categoria. Torna-se neces-sário quando as juntas estão a trabalhar demasiado abertas ou fechadas ou foram incorrecta-mente colocadas. Em casos mais graves, em que o próprio espaço de junta seja erróneo, é pre-ciso rectificá-lo por corte ou enchimento. Quando se pretende ampliar o espaço de junta em estruturas de betão, usa-se equipamento de corte por disco ou fio diamantado. Deve-se ter o cuidado de fazer cortes intercalares no bloco de betão a retirar para facilitar o seu içamento com o camião-grua e o posterior transporte. Na Figura 8, mostra-se o corte do espelho do encontro com fio diamantado e o seu posterior içamento.

Fig. 8 - Alargamento do espaço de junta - corte e içamento (Marques Lima, 2006). 2.5. Junta / material da junta (categoria E)

Quanto às anomalias nos materiais da junta, as técnicas de manutenção e reabilitação podem ter natureza e graus de complexidade bastante variáveis. Apresenta-se uma descrição dessas técni-cas das mais simples para as mais complexas.

A reabilitação mais simples é a selagem de fissuração superficial que tende a ocorrer sobretudo nas juntas ocultas e nas de betume modificado. O material a adoptar deve ser do tipo betumino-so. Se já se deu o destaque do material, deve-se remover todo o material que esteja solto, lim-par convenientemente e refazer a junta na zona afectada.

Nas juntas que contêm perfis de elastómero, rectangulares ou em V, é corrente ser necessária a substituição dos mesmos, por constatação de rasgaduras ou por destaque da zona de encaixe. Nos perfis em banda encaixados em perfis metálicos, a sua montagem consiste em (Figura 9):

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outros detritos; se houver, nessas zonas de encaixe, bordos afiados ou resquícios de solda-dura que comprometam a integridade do perfil elastomérico, deve-se removê-los;

• aplicar um lubrificante - adesivo nas extremidades do perfil elastomérico;

• colocar o perfil elastomérico na junta começando por alinhar, de um dos lados, a parte infe-rior do encaixe com a abertura do perfil metálico;

• empurrar primeiro essa parte inferior para o interior da abertura do perfil metálico e depois a parte superior com a ajuda de uma ferramenta adequada;

• garantir o encaixe empurrando o perfil transversalmente;

• à medida que o trabalho vai progredindo ao longo do comprimento da junta, adoptar o mesmo procedimento para o encaixe no outro lado da junta.

Fig. 9 - Montagem de perfis elastoméricos em banda entre perfis metálicos (D.S. Brown). Nas auto-estradas com várias vias por sentido, é usual fazer esta substituição por troços seccio-nando o perfil elastomérico. Para ligar perfis seccionados, recorre-se à vulcanização in situ a temperaturas de 160 ºC durante 60 a 80 minutos (Maurer-Söhne) (Figura 10).

Fig. 10 - Vulcanização in situ de perfis elastoméricos (Maurer-Söhne).

Quanto às peças metálicas que integram vários tipos de juntas, deve ser feita uma avaliação visual do seu estado para determinar o melhor processo a adoptar. Este pode ser de três tipos:

• reabilitação do tratamento anti-corrosivo - nas peças que apresentem indícios de oxidação, sem estar em causa, de forma significativa, a sua integridade ou a sua secção;

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• soldadura de peças desligadas - em peças deficientemente soldadas em que a rotura se dê por essa ligação;

• substituição de elementos danificados - normalmente fracturados por fadiga.

Nalgumas juntas específicas, existem vários elementos não metálicos (peças em neoprene ou em teflon® para apoio de sistemas de deslizamento nas juntas de perfis de elastómero múlti-plos) que se desgastam, pelo que são passíveis de substituição. Nas juntas modulares, pode-se proceder à substituição pontual de módulos mais deteriorados, rejuvenescendo assim a junta sem necessidade de substituição integral. Em auto-estradas, se está em risco a segurança do tráfego, este tipo de juntas permite substituir de imediato um módulo danificado por um, em boas condições, retirado de uma berma. O trânsito fica cortado muito pouco tempo e a substi-tuição do módulo danificado da berma é feita mais tarde sem grande repercussão no tráfego. A substituição integral de uma junta representa o limite máximo do espectro de intervenções possíveis. Significa que a junta não é adequada ao fim a que se destina ou que o seu estado de degradação é tão avançado que, economicamente, já não é interessante a sua reparação. Em estruturas de betão e antes da escolha da junta, deve-se ter em conta os movimentos que actuarão sobre ela já que serão menores do que os iniciais. Dependendo do período desde a execução da estrutura, os movimentos a considerar no dimensionamento da junta, em termos de retracção e fluência, diminuem muito podendo mesmo ser quase nulos. Logo, a nova junta, não necessitando de tanta amplitude como a inicial, pode ter menores dimensões e até ser de outro tipo. São apresentados dois gráficos, da autoria de Ramberger (2002), com a variação ao longo do tempo da fluência e da retracção (Figura 11). Após 100 dias (3 meses), já se deu cerca de 50 e 25% da deformação expectável por fluência e por retracção, respectivamente. A retracção e a fluência podem ser considerados quase nulas após um período de 5 anos (≅1800 dias) sobre a construção. Nas pontes metálicas, a data de montagem das juntas não é relevante para a ampli-tude de movimentos a considerar uma vez que estes fenómenos não existem.

Fig. 11 - Variação da fluência e da retracção ao longo do tempo (Ramberger, 2002). Apresenta-se, de seguida, a sequência de operações necessárias à substituição de uma junta do tipo elastómero armado, o tipo mais corrente hoje em dia:

• corte do pavimento na zona de influência da junta; • desaperto das fixações;

• levantamento da junta;

• demolição do leito de assentamento; • eventual reforço de armaduras;

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• furação e selagem dos pernos de fixação; • posicionamento da junta de dilatação; • aperto das fixações;

• selagem de alvéolos de fixação; • execução de bandas de transição; • selagem entre módulos de junta.

Noutros tipos de juntas que ficam envolvidas com o betão da estrutura, como os pentes metáli-cos em consola, o procedimento é um pouco diferente após o eventual reforço de armaduras:

• posicionamento da junta com uma estrutura de suspensão; • posicionamento dos pernos de fixação;

• betonagem - o betão deve ter, pelo menos, a mesma classe de resistência do betão estrutural e ser de baixa retracção;

• aperto e corte das fixações; • selagem de alvéolos de fixação.

Independentemente destes procedimentos tipo, pode-se, na substituição de uma junta, particu-larmente se for idêntica, prescindir de quaisquer demolições aproveitando-se o bom estado das zonas de ancoragem, do leito de assentamento e do pavimento.

2.6. Impermeabilidade / drenagem (categoria F)

Estas técnicas incluem a reparação de danos no sistema de drenagem - caleiras, caixas de reco-lha ou tubos de queda, a instalação de peças especiais de remate com elementos rígidos e a selagem dos espaços entre módulos de junta por onde se podem dar infiltrações.

2.7. Conforto de utilização (categoria G)

Se uma junta tem problemas de aderência por deficiência de concepção, pode-se fazer um tra-tamento de superfície com um anti-derrapante (Figura 12). Estes produtos, à base de resinas epóxidas ou de poliuretano, são de possível aplicação sobre superfícies metálicas, geralmente as mais problemáticas em termos de aderência. Quando esta solução não seja satisfatória ou a junta se tenha tornado pouco aderente por envelhecimento, como nas juntas de elastómero, é aconselhável a substituição da junta.

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Quando há ruído excessivo, é conveniente consultar o fabricante das juntas já que, nalguns casos, é possível a instalação de dispositivos redutores de ruído ao nível do pavimento ou sob a junta. As juntas de perfis de elastómero múltiplos, por serem das mais ruidosas, são aquelas cuja tecnologia anti-ruído está mais desenvolvida. Pavimentos especiais e revestimentos infe-riores com placas em material absorvente são as principais soluções disponíveis.

A lista classificativa das técnicas de manutenção e reabilitação é apresentada no Quadro 1. Quadro1-Lista classificativa das técnicas de manutenção e reabilitação em juntas de dilatação

de obras de arte rodoviárias (Marques Lima, 2006).

R-A. Limpeza

R-A1 Remoção de detritos / vegetação R-B. Transição para o pavimento / pavimento

R-B1 Selagem / recarga pontual de zonas afectadas na transição

R-B2 Substituição integral / parcial de banda de transição com / sem reforço de armaduras R-B3 Reperfilamento do pavimento

R-C. Fixação à estrutura

R-C1 Selagem de alvéolos de fixação R-C2 Reaperto de fixações

R-C3 Corte de pernos altos

R-C4 Colocação / substituição de elementos de fixação

R-C5 Reabilitação do leito / zona de assentamento com / sem reforço de armaduras R-D. Geometria / movimentação

R-D1 Remoção de protuberâncias betuminosas ou outras R-D2 Reposicionamento altimétrico / planimétrico da junta R-D3 Rectificação do espaço de junta

R-E. Junta / material da junta

R-E1 Preenchimento / substituição de zonas com material da junta deteriorado R-E2 Substituição de perfis elastoméricos

R-E3 Reabilitação do tratamento anti-corrosivo de elementos metálicos R-E4 Soldadura de elementos metálicos desligados

R-E5 Substituição de elementos metálicos danificados R-E6 Substituição de peças de desgaste submetidas ao uso R-E7 Substituição de módulos de junta

R-E8 Substituição integral de junta R-F. Impermeabilidade / drenagem

R-F1 Instalação / rectificação de sistema de drenagem da junta R-F2 Instalação de remates especiais de junta

R-F3 Selagem de espaços entre módulos de junta R-G. Conforto de utilização

R-G1 Instalação de superfície anti-derrapante R-G2 Instalação de dispositivos redutores de ruído

3. ESTUDO PARAMÉTRICO COM BASE EM CAMPANHA DE CAMPO 3.1. Validação da classificação proposta

Para validar a classificação de técnicas de manutenção e reabilitação proposta, foi efectuada uma campanha de inspecção que compreendeu o estudo de 150 juntas de dilatação

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correspon-dentes a 71 obras de arte. Foram identificadas 430 técnicas, o que corresponde a uma média de 1,16 técnicas por anomalia.

Foram elaborados dois gráficos (Figura 13): o primeiro traduz a frequência absoluta das técni-cas escolhidas na campanha de inspecção; o segundo reflecte a frequência relativa, calculada a partir da divisão do número de registos de cada técnica de manutenção e reabilitação pelo número total das anomalias. Concluiu-se que a lista proposta atingiu ambos os objectivos pre-tendidos: ser exaustiva e não redundante.

26 84 30 16 72 18 5 11 1 10 21 0 19 3 17 0 5 0 39 10 26 3 8 0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 R-A1 R-B1 R-B2 R-B3 R-C1 R-C2 R-C3 R-C4 R-C5 R-D1 R-D2 R-D3 R-E1 R-E2 R-E3 R-E4 R-E5 R-E6 R-E7 R-E8 R-F1 R-F2 R-F3 R-G1 R-G2 7,0% 22,6% 8,1% 4,3% 19,4% 4,9% 1,3% 3,0% 0,3% 2,7% 5,7% 0,0% 5,1% 0,8% 4,6% 0,0% 1,3% 0,0% 10,5% 2,7% 7,0% 0,8% 2,2% 0,0% 0,0% 0% 5% 10% 15% 20% 25% R-A1 R-B1 R-B2 R-B3 R-C1 R-C2 R-C3 R-C4 R-C5 R-D1 R-D2 R-D3 R-E1 R-E2 R-E3 R-E4 R-E5 R-E6 R-E7 R-E8 R-F1 R-F2 R-F3 R-G1 R-G2

Fig. 13 - Frequência absoluta (à esquerda) e relativa (à direita) das técnicas de manutenção e reabilitação identificadas na amostra de juntas de dilatação rodoviárias (Marques Lima, 2006). 3.2. Análise estatística dos resultados

A Figura 14 apresenta a distribuição, por categoria, das técnicas de manutenção e reabilitação identificadas na amostra. Por outro lado, é interessante analisar, para a categoria mais assinala-da, a R-B. Pavimento / transição para o pavimento, quais as técnicas que foram identificadas

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como as mais adequadas para a sua resolução. A Figura 15 demonstra que o nível de degrada-ção dessas anomalias não é elevado uma vez que, normalmente, a sua correcdegrada-ção pode ser efec-tuada apenas com a selagem / recarga pontual das zonas afectadas.

6% 31% 25% 7% 22% 9% 0% R-A. Limpeza

R-B. T ransição para o paviment o / pavimento R-C. Fixação à estrut ura

R-D. Geometria / movimentação R-E. Junt a / material da junta R-F. Impermeabilidade / drenagem R-G. Conforto de utilização

Fig. 14 - Distribuição por categorias das técnicas de manutenção e reabilitação identificadas na amostra (Marques Lima, 2006).

65% 23%

12%

R.B1 - Selagem / recarga pontual de zonas afectadas na transição R-B2 - Substituição integral / parcial de banda de transição R.B3 - Reperfilamento do pavimento

Fig. 15 - Distribuição das técnicas identificadas na amostra para a categoria R-B. Transição para o pavimento / pavimento (Marques Lima, 2006).

O bom nível de conservação das juntas instaladas na Brisa é traduzido pela baixa frequência com que a técnica R-E8 - Substituição integral da junta foi equacionada (2,7% dos casos - Figura 13, à direita).

Na Figura 16, é apresentada a distribuição das técnicas de manutenção e reabilitação por cate-goria e por tipo de junta, da qual se infere:

• as juntas de betume modificado e as juntas seladas com material elástico são aquelas em que as intervenções de reparação são sobretudo relacionadas com o material constituinte, o que é coerente com a natureza das juntas e a sua reduzida vida útil;

• nas juntas de elastómero armado e bandas flexíveis de elastómero, existe uma tendência para intervenções frequentes ao nível das suas fixações (em particular, na substituição do material de selagem dos alvéolos);

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• as juntas abertas, as placas metálicas deslizantes e sobretudo as juntas de elastómero armado compostas são as que exigem uma maior intervenção a nível da sua limpeza (cate-goria R-A.); tal deve-se à sua morfologia própria que favorece a acumulação de detritos; • ainda sobre as juntas de elastómero armado compostas, a sua maior dimensão e a

existên-cia, por vezes, de sistemas complexos de funcionamento acarretam uma maior necessidade de intervenções de correcção de anomalias do foro da geometria e movimentação;

• quase 90% das intervenções de reparação identificadas como necessárias para as juntas ocultas sob pavimento contínuo integram a categoria R-B. Transição para o pavimento / pavimento; este registo é coerente com as características daquelas juntas; os restantes (cerca de) 10% são enquadrados na categoria R-D. Geometria / movimentação.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% J A J O P C J B M J S M E J P E C B F E P M D J E A P M C J E A C R-A R-B R-C R-D R-E R-F R-G

Fig. 16 - Distribuição por categorias das técnicas de manutenção e reabilitação identificadas na amostra (Marques Lima, 2006).

Legenda: JA - juntas abertas; JOPC - juntas ocultas sob pavimento contínuo; JBM - juntas de betume modificado; JSME - juntas seladas com material elástico; JPEC - juntas em perfil de elastómero compri-mido; BFE - bandas flexíveis de elastómero; PMD - placas metálicas deslizantes; JEA - juntas de elastó-mero armado; PMC - pentes metálicos em consola; JEAC - juntas de elastóelastó-mero armado compostas

4. CONCLUSÕES

Neste artigo, foi abordada a manutenção e a reabilitação de juntas de dilatação. Sendo as técni-cas existentes nesta área ainda pouco difundidas, procurou-se efectuar uma descrição sumária de cada uma delas e elaborar uma classificação em que foi também considerada a substituição integral da junta. Pelo contrário, a reabilitação de outros elementos que podem ser causa de anomalias nas juntas, tais como aparelhos de apoios ou encontros, não foi contemplada. Com-plementarmente à descrição das várias técnicas, apresentou-se uma série de documentação grá-fica que procura ilustrar alguns dos procedimentos de trabalho mais usuais.

Da análise dos resultados de uma campanha de campo realizada no parque de obras de arte da Brisa - Auto-estradas de Portugal, são destacadas as seguintes conclusões:

• as técnicas de manutenção e reabilitação mais identificadas foram as relacionadas com a transição para o pavimento / pavimento e com a fixação à estrutura;

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• atestando este facto a elevada preponderância das juntas pré-fabricadas nos dias de hoje, torna-se importante realçar a dificuldade técnica em efectuar reparações, ainda que peque-nas, ao nível dos materiais dessas juntas, o que justifica que a substituição de módulos tenha sido equacionada em cerca de 10% das anomalias detectadas.

5. REFERÊNCIAS

AIPCR/ATC (Asociación Técnica de Carreteras); Juntas para puentes de carreteras - Consi-deraciones Prácticas. Asociación Técnica de Carreteras, Madrid, 2003.

The D.S. Brown Company (www.dsbrown.com).

Fragnet, Michel; Les joints de chaussée. Maintenance et réparation des ponts (sous la direction de Jean Armand Calgaro et Roger Lacroix). Presses de l’École Nationale des Ponts et Chaus-sées. 1997. Chapitre 14, pp. 597-625.

Freyssinet International; Juntas de dilatação WP. Procedimento de inspecção e de manuten-ção. 2001.

Marques Lima, J. Juntas de dilatação em pontes rodoviárias. Desenvolvimento de um sistema de gestão. Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior Técnico, Lisboa, Março de 2006, 261 p.

Maurer-Söhne GmbH Co. KG (www.maurer-soehne.de).

Ramberger, Gunter; Structural bearings and expansion joints for bridges. IABSE (Interna-tional Association for Bridge and Structural Engineering) - AIPC (Association Interna(Interna-tionale des Ponts et Charpentes) - IVBH (Internationale Vereinigung für Brückenbau und Hochbau), 2002.

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