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SGPS: TRIBUTAÇÃO DA ALIENAÇÃO DE PARTES DE CAPITAL ALGUMAS DIVERGÊNCIAS DE OPINIÃO

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Academic year: 2021

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(1)

ALGUMAS DIVERGÊNCIAS DE

OPINIÃO

SGPS:

TRIBUTAÇÃO

DA ALIENAÇÃO

DE PARTES

DE CAPITAL

(2)

O enquadramento

contabilístico

Primeiramente interessa analisar o enquadramento contabilístico aplicável à detenção de partes de capital por SGPS no que confere a Demonstrações Financeiras Individuais (ou Separadas, caso a empresa utilize as normas emitidas pelo IASB – D.F.I/S), que é coincidente com o regime contabilístico aplicável a qualquer outra entidade, desde que sujeita ao SNC ou às IAS/IFRS’s. Tal enquadramento dependerá da conjugação de diferentes aspectos essenciais: (1) a utilização do normativo nacional (SNC) ou do normativo internacional (IAS/IFRS) (2) a emissão de dois conjuntos de Demonstrações Financeiras, em que apenas as D.F.I/S serão relevantes para efeitos fiscais, ou a emissão de apenas um conjunto de Demonstrações Financeiras, que será o relevante para efeitos fiscais, (3) a classificação da participada de acordo com o grau de intervenção da SGPS na sua gestão e a (4) negociação ou não das partes de capital em mercado regulamentado.

Recorde-se que, de acordo com o grau de intervenção na gestão da participada, esta pode classificar-se como:

Introdução

Com entrada em vigor do Sistema de Normalização Contabilística (SNC) e consequente alteração do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (CIRC), o regime fiscal da alienação de partes de capital por Sociedades Gestoras de Participações Sociais (SGPS) ficou ainda mais complexo, dado o elevado número de cenários alternativos que poderão ocorrer. Entender o regime fiscal da venda de acções e quotas por SGPS obriga a conjugar os artigos 18.º (n.º 9), 23º (nºs 3, 4 e 5), 45º (n.ºs 3 e 4), 46º (n.ºs 1b e 5b) e 48º (n.ºs 4 e seg.) do Código do IRC e 32º do Estatuto dos Benefícios Fiscais.

Além dos inúmeros cenários alternativos permitidos pela panóplia de normas fiscais aplicáveis, há ainda que ter em atenção as diferentes possibilidades de enquadramento contabilístico, as quais terão diferentes impactos a nível fiscal. Com este artigo pretende-se apresentar de forma compreensiva o regime fiscal da alienação de partes de capital por SGPS, identificando e sistematizando os aspectos relevantes suscitados pelos diferentes métodos contabilísticos, em conjugação com os normativos fiscais aplicáveis.

(3)

FISCALIDADE

· Subsidiária, quando a SGPS intervém sob a forma de controlo na gestão da participada;

· Entidade Conjuntamente Controlada, quando a SGPS intervém sob a forma de controlo conjunto na gestão da participada; ∑

· Associada, quando a SGPS apenas exerce influência significativa na gestão da participada e

· Uma outra empresa, quando a SGPS não exerce influência na gestão da participada, ou, exercendo-a, esta não é significativa. Neste caso vai ser relevante, para efeitos do SNC, se a participada é ou não transaccionada em mercado regulamentado que forme um preço de negociação.

Da conjugação dos aspectos acima referidos, resulta que as partes de capital poderão estar relevadas nas D.F. relevantes para efeitos fiscais de acordo com uma de cinco possibilidades:

· Método da Equivalência Patrimonial · Método Proporcional

· Justo valor por resultados · Justo valor por capital próprio ou · Custo

Entidades que emitem dois

conjuntos de Demonstrações

Financeiras

O quadro seguinte apresenta as possibilidades de enquadramento contabilístico para as entidades que emitem dois conjuntos de Demonstrações Financeiras, Demonstrações Financeiras Consolidadas e D.F.I/S, quer em normativo nacional, quer em normativo internacional:

apenas as partes de capital “com cotações divulgadas publicamente” apresentam justo valor mensurável com fiabilidade, interpretação essa que parece ser a mais plausível face ao disposto no parágrafo 16 (a) da referida norma. Assim, apesar do normativo internacional abranger o âmbito de aplicação do justo valor a acções não cotadas, o normativo nacional parece ter optado por restringir a sua utilização apenas a acções cotadas.

Por outro lado, e ainda no que se refere a participações noutras entidades, a NCRF 27 permite, no seu parágrafo 2, que a entidade detentora, neste caso a SGPS, opte por, alternativamente à aplicação da norma nacional, utilizar “integralmente a IAS 32 — Instrumentos Financeiros: Apresentação, a IAS 39 — Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração e a IFRS 7 — Instrumentos Financeiros: Divulgação de Informações”. Se assim for, a coluna relevante no quadro acima para as participações noutras empresas, sendo estas cotadas ou não, será a correspondente às IAS/IFRS, embora a SGPS esteja em ambiente SNC e aplique todas as NCRF’s, com excepção apenas da NCRF 27. Como se irá demonstrar à frente, esta opção terá importantes consequências fiscais.

As SGPS que utilizem IAS/IFRS nas demonstrações financeiras separadas terão que exercer opções no que se refere ao enquadramento contabilístico de partes de capital. Para Subsidiárias, Entidades Conjuntamente Controladas ou Associadas, as SGPS terão que optar ou pelo custo, ou pelo justo valor por capital próprio, conforme dispõe o parágrafo 37 da IAS 27 – Demonstrações Financeiras Consolidadas e Separadas, em conjugação com o disposto na IAS 39 – Instrumentos Financeiros. Note-se que a IAS 39 permite a opção pelo justo valor por resultados em determinadas condições, as quais não deverão ser preenchidas, na grande maioria dos casos, nas participações de SGPS em Subsidiárias, Entidades Conjuntamente Controladas e Associadas.

Para as participações em outras entidades, as SGPS terão disponíveis apenas as opções previstas na IAS 39, ou seja reconhecimento ao justo valor, seja por resultados, seja por capital próprio, ou ao custo se o justo valor não for mensurável com fiabilidade. A IAS 39 considera, no seu Parágrafo AG80, que “é normalmente possível estimar o justo valor de um activo financeiro que uma entidade tenha adquirido a uma parte externa”. Daqui se retira que a utilização do justo valor em ambiente IAS/IFRS seja mais abrangente que de acordo com a NCRF 27.

O reconhecimento de participações noutras entidades ao justo valor por resultados ocorrerá (IAS 39, parágrafo 9.):

· Se as partes de capital tiverem sido adquiridas para venda num prazo muito próximo;

· Se as partes de capital fizerem parte de uma carteira de instrumentos financeiros identificados que são geridos em conjunto e para os quais existe evidência de um modelo real recente de tomada de lucros a curto prazo;

· Se a SGPS tiver optado por esse enquadramento contabilístico porque, ou ele reduz uma inconsistência de balanceamento contabilístico, ou as partes de capital são geridas e o seu desempenho avaliado numa base de justo valor, de acordo com uma estratégia documentada de gestão do risco ou de investimento.

As entidades que utilizem o SNC e optem por aplicação das IAS 32 e 39 e IFRS 7, alternativamente à IFRS 27, terão, igualmente, a possibilidade de reconhecer as partes de capital noutras entidades

Subsidiárias,

Entidades

Conjuntamente

Controladas e

Associadas

SNC

IAS/IFRS

Método da

Equivalência

Patrimonial

Opção entre custo

ou justo valor por

capital próprio

Justo valor

por

resultados

Justo valor por

resultados, justo valor

por capital próprio, ou

custo, caso o justo valor

não seja mensurável

com fiabilidade

Custo

Outras - cotadas

Outras - não

cotadas

QUADRO 1

ENQUADRAMENTO CONTABILÍSTICO NAS D.F.

INDIVIDUAIS OU SEPARADAS

As entidades que utilizam o SNC estão obrigadas a aplicar o Método da Equivalência Patrimonial (MEP) nas participações em Subsidiárias, Entidades Conjuntamente Controladas e Associadas.

No que se refere a outras entidades, interpreta-se a NCRF 27 – Instrumentos Financeiros no sentido de esta norma prever que

(4)

ao justo valor seja por resultados, apenas nos casos referidos acima, seja por capital próprio, na grande maioria dos casos.

Entidades que emitem apenas

um conjunto de Demonstrações

Financeiras

As entidades emitem apenas um conjunto de Demonstrações Financeiras porque, ou não possuem participações em Subsidiárias ou, possuindo-as, estão dispensadas de emitir Demonstrações Financeiras Consolidadas, nos termos do artigo 7.º do Decreto-lei 158/2009, de 13 de Julho. Em caso de dispensa, embora o SNC não seja muito claro sobre o assunto, a entidade deverá reconhecer a Subsidiária ao MEP. Para as entidades que utilizam as IAS/IFRS, não está prevista dispensa.

O quadro seguinte apresenta as possibilidades de enquadramento contabilístico para as entidades que emitem apenas um conjunto de Demonstrações Financeiras, quer em normativo nacional, quer em normativo internacional:

Tal como quando emitem dois conjuntos de demonstrações financeiras, as entidades que utilizam o SNC e emitem apenas um conjunto estão obrigadas a aplicar o MEP nas participações em Subsidiárias (em caso de dispensa de consolidação), Entidades Conjuntamente Controladas e Associadas. Acresce apenas a opção, recomendada pela NCRF 13 - Empreendimentos Conjuntos e Associadas, de utilização do Método Proporcional para participações em Entidades Conjuntamente Controladas.

Para participações noutras entidades, aplica-se o mesmo enquadramento que foi acima referido para entidades que emitem dois conjuntos de demonstrações financeiras.

A grande diferença está nas entidades que utilizam IAS/IFRS. Neste caso, o reconhecimento será ao Método Proporcional ou MEP para participações em Entidades Conjuntamente Controladas e o MEP para partes de capital em Associadas, e nunca ao custo, ou justo valor, como ocorre nas SGPS que emitem dois conjuntos de demonstrações financeiras.

Subsidiárias

(em caso de dispensa de apresentação de DF Consolidadas)

SNC

IAS/IFRS

Método da

Equivalência

Patrimonial

Não aplicável

Opção entre Método Proporcional e

Método da Equivalência Patrimonial

Justo valor

por resultados

Entidades

Conjuntamente

Controladas

Outras – cotadas

QUADRO 2

ENQUADRAMENTO CONTABILÍSTICO NAS ÚNICAS D.F.

Justo valor por

resultados, justo valor

por capital próprio, ou

custo, caso o justo

valor não seja

mensurável com

fiabilidade

Método da Equivalência Patrimonial

Associadas

Custo

Outras – não

(5)

FISCALIDADE

Para participações noutras empresas aplica-se o que foi acima referido para SGPS que emitam dois conjuntos de Demonstrações Financeiras.

O enquadramento fiscal

Relativamente ao enquadramento fiscal, há que conjugar várias normas do código do IRC e do Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF) para conceber um desenho global das diferentes cenários possíveis no que concerne à venda de partes de capital por SGPS.

Antes de avançar na análise do problema, refira-se que o Código do IRC, no nº 8 do seu artigo 18º, prevê a não relevação fiscal do Método da Equivalência Patrimonial, pelo que, todos os movimentos contabilísticos que decorram da aplicação deste método devam ser eliminados para efeitos fiscais.

Quanto ao Método Proporcional, o Código do IRC é omisso. Não obstante, entende-se que os efeitos da aplicação do mesmo devem ser eliminados. Conforme acima referido, o Método Proporcional aplica-se, por opção, a Entidades Conjuntamente Controladas. Ora, ou estas entidades já sofreram tributação, pelo que a não eliminação dos efeitos da consolidação proporcional resultaria em dupla tributação indesejada pelo legislador ou, se não sofreram, serão tributadas pelo regime de transparência fiscal previsto no artigo 6º

do CIRC. Claro que a omissão desta problemática no CIRC acarreta algum ruído na análise da questão.

Não revela para efeitos fiscais, igualmente, o modelo do justo valor por capitais próprios. Se restavam dúvidas sobre esta situação, o Manual de Preenchimento do Quadro 7 da Modelo 22, emitido recentemente pela DGCI e disponível no Portal das Finanças, veio, na sua página 13, resolver a questão.

Restam, assim, os seguintes modelos de valorização de partes de capital para efeitos fiscais:

· Reconhecimento ao justo valor por resultados, aplicável apenas a participações iguais ou inferiores a 5% em empresas cotadas quando reconhecidas contabilisticamente ao justo valor por resultados (crf. alínea a) do n.º 9 do artigo 18º do CIRC).

· Reconhecimento ao custo, nos restantes casos.

O reconhecimento

ao justo valor para efeitos fiscais

Conforme referido acima, o actual CIRC prevê, na alínea a) do nº 9 do artigo 18º, o regime de tributação pela variação do justo valor, a acções cotadas, quando participadas em 5% ou menos e quando

(6)

reconhecidas contabilisticamente ao justo valor por resultados. Com base neste normativo poder-se-ia concluir que, para aquelas acções, quer os ganhos decorrentes de aumentos de justo valor (seja no ano da venda, seja em anos anteriores), quer as perdas resultantes de descidas de justo valor, seriam consideradas fiscalmente. Não obstante, prevê o n.º 3 do artigo 46º que 50% dessas perdas de valor não serão aceites fiscalmente.

Por outro lado, prevê o n.º 4 do mesmo artigo que a perda não será aceite integralmente na parte que corresponda a lucros distribuídos que tenham beneficiado de eliminação de dupla tributação económica nos termos do artigo 51º do CIRC1.

De referir, neste contexto, que nos casos em que a entidade detentora das acções em apreço utiliza a IAS 39 na respectiva relevação contabilística, seja porque optou pelo normativo do IASB, seja porque optou pelas IAS 32, 39 e IFRS 7, alternativamente à NCRF 27, o regime fiscal do justo valor será afastado na grande maioria dos casos, bastando que as acções sejam reconhecidas ao justo valor por capital próprio. No caso das SGPS, veremos à frente que esta solução pode ser ainda mais atractiva dado esta opção se poder traduzir na inclusão das partes de capital no regime específico do artigo 32.º do EBF. Para as restantes empresas, tais opções poderão ter, também, interesse na medida em que as acções em causa, além de passarem a ser reconhecidas ao custo (actualizável mediante coeficiente) para efeitos fiscais, passarão a beneficiar do regime de reinvestimento previsto no artigo 48º do CIRC.

Com efeito, o Código do IRC afasta (alínea b) do nº 1 do artigo 46º) do conceito de mais e menos valias, os ganhos e perdas gerados com as acções reconhecidas fiscalmente ao justo valor. Desta disposição decorre que, não só tais acções não se enquadram no regime do artigo 32º do EBF, como também não são elegíveis para reinvestimento previsto no artigo 48º do CIRC, nem beneficiam da aplicação do coeficiente de actualização monetária previsto no artigo 47º do CIRC.

O regime especial previsto

no artigo 32º do EBF

O artigo 32º do EBF aplica-se em especial às SGPS e prevê um regime fiscal específico para as mais e menos-valias (e também para encargos financeiros) geradas por SGPS.

Conforme acima analisado, este regime específico não é aplicável a vendas de acções cotadas, quando a participação é igual ou inferior a 5% e quando, nas Demonstrações Financeiras relevantes fiscalmente, tais acções estão reconhecidas ao justo valor por resultados. Se, alternativamente, as acções, ainda que cotadas e com participação igual ou inferior a 5%, forem reconhecidas ao justo valor por capital próprio tal regime aplica-se.

O artigo 32.º do EBF pretende dar às SGPS um enquadramento benéfico no que se refere a mais-valias geradas com a alienação de partes de capital por SGPS. Mas, a verdade é que nem sempre esse regime é benéfico pois, se por um lado prevê a não tributação das mais-valias, por outro prevê a não aceitação fiscal das menos-valias e dos encargos financeiros suportados com a aquisição das partes de capital abrangidas pelo regime.

Assim, ocorrerá que determinadas SGPS prefiram a utilização do regime e outras preferiram a sua não utilização, dependendo das características da sua carteira de títulos. Para aquelas SGPS que prefiram a utilização do regime e quando estão em causa participações iguais ou inferiores a 5% em empresas cotadas, a opção pelo normativo do IASB na sua totalidade, ou, se enquadradas no SNC, a opção pelas IAS 32, 39 e IFRS 7, alternativamente à NCRF

27, permitirá a inclusão no regime, na medida em que tais acções passem a ser reconhecidas ao justo valor por capital, o que ocorrerá na grande maioria dos casos.

Torna-se importante referir que, o regime do artigo 32º do EBF aplica-se apenas quando as partes de capital forem detidas por mais de um ano pela SGPS. Quando elas forem detidas por período inferior, aplicar-se-ão as regras gerais constantes do Código do IRC que, no caso concreto, se traduzirão na tributação integral das mais-valias líquidas, na aceitação fiscal dos encargos financeiros e na aceitação em apenas 50% das menos-valias líquidas. Com o termo “líquidas” pretende-se abranger a soma algébrica das mais e menos valias geradas com a alienação de partes de capital com o mesmo enquadramento fiscal. Assim, tem-se mais-valias líquidas se essa diferença é positiva, e menos-valias líquidas, se é negativa. Para o caso específico de menos-valias geradas com a alienação de partes de capital detidas por menos de um ano, apesar de não se enquadrarem no artigo 32º do EBF, elas não serão, igualmente, aceites fiscalmente (embora o sejam os encargos financeiros) se (artigos 23º do CIRC):

· As partes de capital foram adquiridas pela SGPS alienante a entidades com as quais mantenha relações especiais (ver artigo 63º do CIRC) ou a entidades sujeitas a regime especial de tributação (entidades que beneficiam de isenção ou uma outra SGPS); ∑

· Entre a SGPS alienante e agora entidade adquirente existem relações especiais;

· A entidade adquirente beneficia de regime especial de tributação. Nos termos do n.º 4 do artigo 45º do CIRC, não são igualmente dedutíveis as menos-valias relativas a partes de capital na parte correspondente aos lucros que tenham beneficiado do regime da eliminação da dupla tributação, previsto no artigo 51º, nos últimos quatro anos.

Por seu lado, prevê o artigo 32º que, tratando-se de mais-valias, estas (bem como os encargos financeiros) serão tributadas (dedutíveis) conforme as regras gerais do CIRC, ainda que as acções alienadas tenham sido detidas por mais de um ano, quando:

· As partes de capital tenham sido adquiridas pela SGPS alienante, nos últimos três anos, a entidades com as quais existam relações especiais (ver artigo 63º do CIRC), a entidades residentes em territórios que beneficiem de regime fiscal mais favorável ou a entidades sujeitas a regime especial de tributação (entidades que beneficiam de isenção ou uma outra SGPS);

· A SGPS alienante resultou da transformação, nos últimos três anos, de um outro tipo de sociedade.

Aplicar o regime geral significa, neste caso concreto, tributar integralmente tais mais-valias, ou atenuar a tributação até 50% em caso de reinvestimento dos valores totais de realização, via aplicação do artigo 58º do CIRC.

De referir ainda que as mais-valias fiscais realizadas com a transmissão de acções ou partes de capital adquiridas antes de 1 de Janeiro de 1989 não são tributáveis, em quaisquer circunstâncias, dado o regime transitório previsto no CIRC. Tudo indica que não são, igualmente, tributados ou dedutíveis os ganhos e perdas de justo valor ocorridos com acções cotadas participadas em 5% ou menos adquiridas antes desta data.

(7)

FISCALIDADE

Alterações no regime

de valorimetria

O Código do IRC prevê, ainda, duas normas específicas a aplicar em caso de alterações no regime de valorimetria relevante fiscalmente que decorram de reclassificação contabilística ou de alterações no pressuposto que determina o regime de valorimetria ao justo valor para efeitos fiscais (acções cotadas em 5% ou menos e reconhecidas contabilisticamente ao justo valor por resultados).

Por um lado, o n.º 5 do artigo 23º limita de dedução de perdas obtidas em tais circunstâncias. Por outro, a alínea b) do n.º 5 do artigo 46º equipara tais ocorrências a “alienações onerosas”. Esta equiparação obriga a identificar um regime fiscal aplicável ao respectivo ganho ou perda.

Assim se, por exemplo, uma empresa participada em 5% ou menos deixar de estar cotada, a perda obtida não é aceite fiscalmente, passando a relevar o último valor considerado fiscalmente para efeitos do cálculo de uma mais ou menos valia à data de uma posterior alienação. O mesmo se passará se, por exemplo, a participação passar a ultrapassar os 5% em resultado de compra de novas acções. Uma venda futura dessas acções passará a beneficiar do regime de reinvestimento ou, no caso concreto das SGPS, da aplicação do artigo 32º do EBF.

Da mesma forma, o regime aplica-se se uma participação numa empresa cotada reconhecida contabilisticamente ao justo valor por resultados passar de um valor acima dos 5% para um valor abaixo desse nível em consequência da venda de um lote de acções, ou a uma participação de 5% ou menos numa empresa que passa a estar cotada. Assim, se da operação ocorrer uma perda, essa perda não é aceite fiscalmente. Se ocorrer um ganho, então este ou está enquadrado no regime do artigo 32º não sendo tributado ou, caso não esteja, será tributado. Nada impede no CIRC que se aplique o regime do reinvestimento se em causa estiver uma detentora não SGPS (se for uma SGPS o problema não se deverá por pois o ganho não será tributado por aplicação do artigo 32º do EBF).

Note-se que não parece incluir-se no âmbito de aplicação destes dois artigos a reclassificação contabilística decorrente da transição do POC para SNC. Com efeito, a Informação Vinculativa emitida por Despacho de 24/2/2011, relativa ao processo 39/2011 , recentemente disponibilizada no Portal das Finanças, não prevê a passagem para o regime do artigo 32º do EBF de acções que pelo POC estavam reconhecidas ao custo e que em SNC passam a estar reconhecidas ao justo valor. Com efeito, tal despacho prevê a dedução de metade das perdas apuradas na transição para o SNC por uma SGPS, concluindo-se, à contrari, pela tributação integral dos ganhos.

(8)

Conclusão

Pretendeu-se com este artigo analisar o enquadramento fiscal das alienações de partes de capital detidas por SGPS, conjugação os diversos normativos existentes, quer ao nível fiscal, quer ao nível contabilístico. Face à ausência de clarificações explícitas, foi necessário, em determinados casos, recorrer a interpretações quer

Em empresas Subsidiárias

Método da Equivalência

Patrimonial

Justo valor ou custo

Custo

Partes de capital

Método (ou critério) de relevação contabilística nas

Demonstrações Financeiras (Individuais ou Separadas)

Em SNC

EM IAS/IFRS

Critério fiscal

Em Entidades Conjuntamente

Controladas

Método da Equivalência

Patrimonial ou Método

Proporcional

Justo valor ou custo

Custo

Em Associadas

Método da Equivalência

Patrimonial

Justo valor ou custo

Custo

Em outras empresas

2

Negociadas em mercados

regulamentados

Justo valor ou por resultados ou por capital próprio

Justo valor por

resultados ou

custo

Não negociadas em mercados

regulamentados

Custo ou justo valor ou por resultados ou por capital próprio

Custo

QUADRO 3

ENQUADRAMENTO CONTABILÍSTICO VS ENQUADRAMENTO FISCAL DE PARTES DE CAPITAL

de normas e outra documentação fiscal, quer das próprias normas contabilísticas. A título de síntese, apresentam-se nos quadros abaixo as situações mais comuns e respectivos enquadramentos.

Cujo critério fiscal de

reconhecimento é o justo

valor

Participações iguais ou

inferiores a 5% em empresas

cotadas reconhecidas

contabilisticamente ao justo

valor por resultados

Variação de justo valor

Não aplicável:

· Artigo 32º EBF · Regra de reinvestimento · Coeficiente actualização monetária

Aplicável:

· Limitação de 50% da perda (art. 45º3) · Limitação artigo 45º4

Partes de capital

Caracterização das partes de

capital

Aspectos fiscais relevantes

QUADRO 4

ESPECIFICIDADES DO ENQUADRAMENTO FISCAL DE PARTES DE CAPITAL

Denominação fiscal dos

ganhos e perdas na alienação

Cujo critério fiscal de

reconhecimento é o custo

Todos os outros casos

Mais e menos valias

Aplicável:

· Artigo 32º EBF · Regra do reinvestimento · Coef. actualização monetária · Limitação de 50% da perda (art. 45º3) · Limitações artigos 23º e 45º4

1 Refira-se que o presente artigo não pretende abranger o enquadramento fiscal de dividendos auferidos por SGPS. Quanto a este aspecto em concreto, importa salientar que o artigo 32º do EBf deixou, em 2011, de prever um regime específico aplicável a dividendos auferidos por estas entidades, passando a aplicar-se o regime disponível para a generalidade das empresas, previsto no artigo 51º do CIRC

2 Uma vez que as entidades sujeitas ao SNC podem optar por aplicar as IAS 32 e 39 e IFRS 7 alternativamente à NCRF 27, continuando enquadradas em SNC, as alternativas contabilísticas em SNC e em IAS/IFRS coincidem.

Referências

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