josevalprofessor@bol.com.br fone: (11) 99871-5348 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE _________________________
FULANA DE TAL, brasileira, casada, portadora do RG n. [...], devidamente inscrita no CPF/MF n. [...], e-mail fulanadetal@email.com.br, e seu esposo FULANO DE TAL, brasileiro, casado, portador do RG n. [...], devidamente inscrito no CPF/MF n. [...], e-mail fulanodetal@email.com.br, residentes e domiciliados na Rua [...] n. [...], no bairro de [...], CEP 8245-100, nesta Capital, vêm, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seus advogados e bastantes procuradores (instrumento de mandato em anexo), propor AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO contra ZURICH SANTANDER BRASIL SEGUROS E PREVIDÊNCIA S.A., inscrita no CNPJ 87.376.109/0001-06, Registro Susep 0507-0, sem e-mail no sítio, estabelecida na Avenida Juscelino Kubitschek n. 2041 e 2235, 22º andar, CEP 04543-011, Vila Olímpia, São Paulo, SP, pelos motivos de fato e de direito abaixo articulados:
1. Os autores são genitores do falecido Beltrano de Tal. Em vida, o jovem fez duas apólices de seguro. A primeira proposta sob n.
josevalprofessor@bol.com.br fone: (11) 99871-5348 [...], produto [...], proteção “Vida Empresa”, no valor de R$ 232.808,00 (duzentos e trinta e dois mil, e oitocentos e oito reais). A segunda proposta sob o n. [...], produto [...], proteção “Vida Homem ”, no valor de R$ 148.451,00 (cento e quarenta e oito mil, quatrocentos e cinquenta e um reais). O total do seguro foi de R$ 381.259,00 (trezentos e oitenta e um mil e duzentos e cinquenta e nove reais). Por fim, os autores esclarecem que são beneficiários do seguro supramencionado.
2. Com o falecimento de Beltrano de Tal, os autores solicitaram o pagamento do seguro, contudo foram surpreendidos com a recusa do réu em cumprir com o contrato. Alegou que se tratava de doença preexistente, visto que ele tinha asma e não teria declarado isso na apólice de seguro.
3. A recusa de pagar o seguro aos autores é ilegal. Não se pode alegar a existência de doença preexistente, se o réu não realizou exames preliminares no falecido a fim de se certificar da inexistência de qualquer moléstia. Nesse sentido, é de clareza meridiana a Súmula 609 do Superior Tribunal de Justiça: “A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente, é lícita se não houve a exigência de exames médicos prévios à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado.”
4. Com o escopo de corroborar com a tese supramencionada, a autora cita decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que analisou demanda idêntica e decidiu a favor do beneficiário, nos seguintes termos:
EMBARGOS À EXECUÇÃO - TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL - CONTRATO DE SEGURO DE VIDA EM GRUPO - Ajuizamento da execução pela viúva e beneficiários - Recusa de pagamento da indenização pela seguradora embargante sob o argumento de o segurado falecido era portador de doença preexistente, além de que contava com mais de 60 anos de idade quando da contratação, em violação a disposição contida em cláusula contratual
josevalprofessor@bol.com.br fone: (11) 99871-5348 que prevê a faixa etária mínima de 14 anos e máxima de 60 anos para contratar o seguro - Desconhecimento da cláusula limitativa por parte dos beneficiários do seguro – Não comprovação da má-fé do sócio falecido que contratou - Improcedência dos embargos - Preliminar de nulidade da sentença rejeitada - Recurso da embargante desprovido. (TJSP; Apelação 1075486-43.2015.8.26.0100; Relator (a): Claudio Hamilton; Órgão Julgador: 25ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 15ª Vara Cível; Data do Julgamento: 20/07/2017; Data de Registro: 21/07/2017)
5. Diferente não é a decisão do Tribunal de Justiça do Paraná:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA. SEGURO DE VIDA.
DOENÇA PREEXISTENTE. AUSÊNCIA DE
PRÉVIO EXAME CLÍNICO À ÉPOCA DA
CONTRATAÇÃO. MÁ-FÉ NÃO CARACTERIZADA. DIREITO AO RECEBIMENTO DA INDENIZAÇÃO. Consoante entendimento jurisprudencial uníssono, a seguradora não pode se eximir do dever de indenizar, alegando, para tanto, a omissão de informações por parte do segurado acerca de doenças preexistentes à contratação quando não exigir a apresentação de exames clínicos ou quando não provar, de forma inequívoca, a má-fé do segurado no momento da contratação. RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJPR - 9ª C.Cível - AC - 1521319-5 - Região Metropolitana de Londrina - Foro Central de Londrina - Rel.: Coimbra de Moura - Unânime - J. 04.08.2016)
6. Observe-se que o jovem Beltrano de Tal não agiu de má-fé ao contratar o seguro, visto que foi honesto ao preencher o contrato de seguro. Há de se ressaltar ainda que ser asmático não é uma “doença preexistente” que implique má-fé contratual, uma vez que a asma atinge 6,4
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milhões de brasileiros, segundo o portal Brasil.
http://www.brasil.gov.br/saude/2015/01/asma-atinge-6-4-milhoes-de-brasileiros 7. Com base nessa afirmação, o Superior Tribunal de Justiça ao julgar o Recurso Especial n. 1.290.072 - PR (2011/0263911-6), Relator Ministro Raul Araújo, publicado no dia 18/11/14, afirmou que: “1. O contrato de seguro há que ser examinado à luz das normas consumeiristas, buscando a equilibrar a relação contratual, notadamente por se tratar de pacto de adesão. 2. Não se justifica o afastamento da Seguradora de pagar a indenização, máxime porque aceitou o aderente, sem investigar o estado de saúde, com a realização de exames prévios à contratação, presumindo-se (ante a ausência de prova cabal em sentido contrário) a boa-fé do Segurado. 3. Se há dispensa (ainda que tácita) do exame de saúde, a Seguradora assume os riscos inerentes ao negócio. 4. A alegação de má-fé do segurado se insere no ‘onus probandi’ que incumbe à Seguradora que sujeita o contratante as "condições gerais" do contrato, no anseio de captar clientela. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.”
Isto posto, requer a Vossa Excelência que se digne de condenar o réu a pagar aos autores o valor de R$ 381.259,00 (trezentos e oitenta e um mil e duzentos e cinquenta e nove reais) referente às apólices de seguro, custos, despesas processuais e honorários advocatícios, tudo devidamente atualizado.
Requer-se a citação do réu pelo correio, nos termos dos artigos 246, inciso I, 247 e 248 todos do Código de Processo Civil, ou por meio do cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, nos termos do artigo 246, § 1º, do Código de Processo Civil, a fim de apresentar defesa sob pena de revelia.
Explicita ainda o requerente que, nos termos do artigo 319, inciso VII, opta pela não realização da audiência de conciliação ou mediação, visto que tentou extrajudicialmente solicitar o pagamento do seguro, no entanto, o réu fez ouvidos moucos ao pedido dos autores.
josevalprofessor@bol.com.br fone: (11) 99871-5348 Requer a concessão dos benefícios da justiça gratuita, nos termos dos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil, visto que os autores são pessoas pobres na acepção jurídica do termo e não têm como arcar com os custos e as despesas processuais sem prejudicar sua subsistência.
Requer a inversão do ônus da prova, nos termos do artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, especialmente pelo depoimento pessoal do réu, sob pena de confissão, oitiva das testemunhas, juntada de novos documentos e outras provas que se fizerem necessárias para o deslinde da demanda.
Dá-se à causa o valor de R$ 381.259,00 (trezentos e oitenta e um mil e duzentos e cinquenta e nove reais) para efeitos fiscais.
Termos em que pede deferimento.
Local e data.