Implementação de métodos especiais
de escuta de crianças e adolescentes
vítimas ou testemunhas de crimes, em
processos judiciais
processos judiciais
Projeto piloto da Coordenadoria da Infância e
Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo
Projeto piloto
Parte-se da compreensão de que
um projeto-piloto deverá servir de incentivo
para a implantação de ação da mesma
para a implantação de ação da mesma
natureza, ainda que em espaços e situações
diversas, o que irá exigir adequação e
construção de novos conhecimentos.
A Coordenadoria da Infância e da Juventude
do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
foi instituída para o aprimoramento da
prestação jurisdicional na área da Infância e da
prestação jurisdicional na área da Infância e da
Juventude e para melhor articulação do Poder
Judiciário com os demais atores do Sistema de
Iniciativas da Coordenadoria
da Infância e da Juventude 1
Constatação da falta de estatísticas do número de
crimes contra a criança e o adolescente, seja na
polícia, seja na Justiça
Apresentação de solicitação à Corregedoria Geral
de Justiça para inclusão nas Normas de Serviço de
classificador para o distribuidor de processos que
tenham crianças e adolescentes como vítimas,
independentemente da classificação do crime (hoje
só há classificador referente aos crimes previstos no
ECA)
Iniciativas da Coordenadoria
da Infância e da Juventude 2
Criação de grupo de trabalho interdisciplinar e
interinstitucional:
com participação de Juízes, representantes do Ministério Público, Defensoria Pública, Núcleo de Apoio dedo Ministério Público, Defensoria Pública, Núcleo de Apoio de
Serviço Social e Psicologia do TJSP, psicólogo e assistente social judiciários e profissionais da rede de proteção;
Visando a elaboração de um fluxo de atendimento e garantia de
direitos, compreensivo, como base para um futuro protocolo de atendimento que melhor garanta respeito aos direitos de crianças, adolescentes, mas também dos ofensores e dos preceitos éticos dos profissionais envolvidos
Projeto Geral
O Projeto Piloto se insere em um Projeto
Geral da Coordenadoria da Infância de
reordenamento institucional
por uma
melhor garantia de direitos de crianças e
melhor garantia de direitos de crianças e
adolescentes: especialização de
competência e abordagem sistêmica no
enfrentamento de crimes contra crianças e
adolescentes
Metas do Projeto de Reordenamento
Institucional
Criar condições de atuação especializada em 4 cidades do
Estado de São Paulo em Crimes contra a criança e o adolescente;
Incorporar o levantamento de dados estatísticos sobre a
ocorrência de crimes contra criança e adolescente nas planilhas do distribuidor;
planilhas do distribuidor;
Instalação de equipamentos necessários à colheita de
depoimento especial de crianças e adolescentes nas 4 cidades (seja nas varas especiais criminais ou nas VIJ)
Estabelecer fluxos operacionais entre as Varas de Crimes
contra Crianças e Adolescentes e as Varas da Infância e Juventude, dentro do quadro maior de garantia de direitos infanto-juvenis.
Atribuições do Sistema de Justiça
Necessidade de especialização do Sistema
para o atendimento de crianças e
adolescentes vítimas de crimes; de forma
articulada com o Sistema de Proteção;
Articulação entre defesa das crianças e
Articulação entre defesa das crianças e
adolescentes e responsabilização daqueles
que violam seus direitos;
Problematização: o sistema de justiça está
estruturado com atribuições separadas entre
as Varas da Infância e as Varas Criminais
Dificuldades estruturais
O modo como a justiça está estruturada, separando
o processamento dos casos de atendimento das
crianças e adolescentes, daqueles em que elas são
vítimas de crimes não vem atendendo a 2 preceitos
fundamentais do ordenamento jurídico:
fundamentais do ordenamento jurídico:
1. O da prioridade absoluta em seu atendimento
visando sua proteção integral (art. 227 da CF);
2. Que as ações em prol da criança, devam atender a
seu melhor interesse (art. 3 da CIDC)
Problemas e desafios
Inexistência de quantificação do número de delitos contra
crianças e adolescentes e, por consequência o
desconhecimento da quantidade de crianças e adolescentes vitimas de crimes ;
Inexistência da especialização de magistrados das Varas
Criminais no trato com crianças e adolescentes, concerne à falta de qualificação desses profissionais para as necessidades
Criminais no trato com crianças e adolescentes, concerne à falta de qualificação desses profissionais para as necessidades
específicas deste público;
Necessidade de atendimento dos direitos violados, para além da
mera punição do agressor;
Falta de articulação das Varas Criminais com a rede de
atendimento a crianças e adolescentes, importando repetição de atos e superexposição das crianças e adolescentes vitimadas a procedimentos superpostos
Projeto de implementação de métodos especiais
de escuta de crianças e adolescentes em
depoimentos judiciais
Objetivos:
Aprimorar a garantia dos direitos sexuais, ao pleno
desenvolvimento, e a dignidade de crianças e adolescentes enquanto pessoas em desenvolvimento, pelo Sistema de enquanto pessoas em desenvolvimento, pelo Sistema de Justiça, SGD e Sistema de Proteção Especial;
Trabalhar de forma articulada e em rede com os atores
institucionais para atendimento à vítima e responsabilização do agressor, sob o paradigma dos direitos humanos;
Refletir sobre o papel social da Justiça e seu modo de
organização e de gestão de conflitos, sendo o método especial de escuta de crianças um dos aspectos a se considerar;
Objeto do projeto:
Implementação de métodos especiais de tomada de
depoimentos de crianças e adolescentes vítimas ou
testemunhas de crimes, alternativos aos processos
convencionais, buscando escutá-las no âmbito
judicial enquanto sujeitos de direitos;
Desenvolvimento de uma metodologia alternativa
para depoimento de crianças e adolescentes em
processos judiciais, como parte de um processo de
avaliação e acompanhamento que visem sua
proteção na perspectiva do ECA, da CIDC e dos
Direitos Humanos.
Como se dá a participação da criança e do
adolescente nos processos convencionais
A criança é convocada à depor na condição de testemunha principal do
crime, geralmente violência doméstica física ou sexual, perpretada por pessoas próximas;
Tal convocação advém da Justiça Criminal, muitas vezes, sem qualquer
participação das Varas da Infância e Juventude;
O objetivo da oitiva é colheita de prova para criminalização do agressor; O objetivo da oitiva é colheita de prova para criminalização do agressor; Na disputa da lógica adversarial, o poder do adulto se sobrepõe à da
criança, com estratégias da defesa, o acusado (muitas vezes seu próprio pai) acaba sendo inocentado
A fala da criança/adolescente nem sempre é suficiente para provar o
fato e, sua experiência é desacreditada;
O Juizado Criminal não conta com equipe interprofissional própria e, não
Como se dá a participação da criança e do
adolescente nos processos convencionais (II)
Por vezes, o juiz do caso solicita uma avaliação pericial pela equipe
interprofissional da VIJ ou VF, sem que a mesma implique em ações protetivas da criança e da família abusiva;
Os relatórios apresentados pelos profissionais do Serviço Social e da
Psicologia podem ser utilizados como provas técnicas na acusação, mas, em geral, os quesitos tratam da materialidade do fato, enfatizando exames de corpo delito pelo IML.
A criança vítima é inquirida pelo Juiz na presença do representante do
MP, advogado do acusado e eventualmente por defensor público, MP, advogado do acusado e eventualmente por defensor público, muitas vezes na presença do réu;
Ela deve responder às questões formuladas pelos operadores do
direito, independentemente destas serem ou não adequadas ou
pertinentes à sua idade, à sua capacidade de compreensão e ao seu estado emocional;
Entre o fato e a oitiva, pode permanecer na família com o suposto
agressor, ou, separada da família e acolhida em instituição, até prova em contrário;
Proposta do projeto
Modificar a estrutura do Sistema de Justiça, criando Varas Especializadas
da Justiça Criminal para ações relativas à Infância e Juventude.
Promover a competência cumulativa, criminal e da infância e juventude,
limitando a oitiva da criança a um único depoimento que valha tanto para os processos afetos à infância (proteção) como aos criminais
(responsabilização);
Prever ações anteriores e posteriores à audiência, promovendo o
acompanhamento do caso e seu encaminhamento para programas de proteção especial;
Realizar a avaliação interprofissional, o acompanhamento de caso e uso de Realizar a avaliação interprofissional, o acompanhamento de caso e uso de
estratégicas terapêuticas e de proteção da criança e do adolescente;
Evitar que a criança precise expor repetidas vezes seu depoimento no fluxo
de atendimento, desde a denúncia até os programas de intervenção; visando minimizar os danos secundários ou efeitos revitimizantes desta excessiva exposição;
Creditar à participação ativa da criança ou adolescente no processo
judicial, uma possibilidade de reparação e de protagonismo nas decisões que lhe afetam;
Marcos normativos
Art. 12 da Convenção sobre os direitos da criança: os
Estados partes assegurarão à criança que estiver capacitada a formular seus próprios juízos o direito de expressar suas
opiniões livremente, sobre todos os assuntos relacionados à
decisões sobre sua vida, levando-se em consideração sua idade decisões sobre sua vida, levando-se em consideração sua idade e maturidade;
Oportunidade de ser ouvida em todo processo judicial ou
administrativo que afete a mesma;
Resolução 20 de 2005 do Conselho Econômico e Social das
Nações Unidas: diretrizes da Justiça em matérias envolvendo crianças vítimas e testemunhas de crime
Caráter vinculante dessas normas: art. 5º, § 2º, da Constituição
Critérios para escolha das comarcas do
Projeto Piloto
Seleção de Varas que poderiam sediar projeto piloto
estadual voltadas à avaliação de implementação do
projeto e revisão do modelo organizacional das
competências
Prioridade a varas que cumulem competência
Prioridade a varas que cumulem competência
criminal e da infância e da juventude, procurando-se
melhor articular o eixo de responsabilização com o
de proteção a crianças e adolescentes
Articulação dos magistrados criminais com os da
Abrangência do Projeto Piloto
4 Comarcas do Estado de São Paulo: Atibaia, Campinas, São
Caetano do Sul e outra cidade a ser escolhida;
Os juízes, membro do Ministério Público e profissionais da
equipe interdisciplinar das comarcas são consultados sobre a adesão ao projeto;
Todos os profissionais são capacitados para a prática e Todos os profissionais são capacitados para a prática e
recebem informações sobre o projeto, objetivos e metas;
O monitoramento e avaliação do projeto deverão ser feitos
por um grupo de trabalho que inclua os Conselhos de Serviço Social e Psicologia, sob coordenação da Coordenadoria da Infância e Juventude do TJSP, responsável pela
Resultados esperados:
Movimento interno do Poder Judiciário de reflexão sobre o
aprimoramento do Sistema de Justiça, aberto ao diálogo com outros atores do mesmo Sistema (promotores de justiça e defensores públicos), inclusive os assistentes sociais e psicólogos judiciários.
Construção cooperativa, através de um protocolo de
atendimento com outros atores do Sistema de Garantia de Construção cooperativa, através de um protocolo de
atendimento com outros atores do Sistema de Garantia de
Direitos, inclusive os conselhos profissionais do Serviço Social e da Psicologia.
Esta reflexão sobre a rede de atendimento à criança e
adolescente e sua articulação com a Justiça deve ser estruturada em torno do estabelecimento de fluxos de atendimento integrados e ágeis.
Providencias concomitantes à implantação do
projeto que representam direitos sociais
Atendimento inicial integrado pelo IML e um programa de atendimento, evitando-se
múltipla repetição do relato e exposição das experiências vividas pela criança/adolescente e sua consequente revitimização;
O estabelecimento de fluxos junto à rede de atendimento, inclusive com a Delegacia de
Polícia e o Conselho Tutelar, com o mesmo objetivo;
A criação de uma rede de comunicação para que o caso seja remetido com urgência ao
Ministério Público, para a pronta escuta ou avaliação, válida para todo e qualquer processo judicial (processo cautelar de produção antecipada de prova)
Assistência à criança/adolescente para que seja informada de todas as etapas do fluxo e Assistência à criança/adolescente para que seja informada de todas as etapas do fluxo e
possa opinar quanto à sua participação
Atendimento psicoterapêutico e social à criança/adolescente e à sua família
Acompanhamento especializado antes, durante e posteriormente todo o processo,
mesmo posteriormente à sua escuta.
Capacitação de todos os atores (magistrados, promotores de justiça e defensores
públicos, psicólogos e assistentes sociais) para se comunicarem adequadamente com crianças e adolescentes
Capacitação específica dos assistentes sociais e psicólogos judiciários para avaliação
Mudanças implicam em responsabilidade e
comprometimento
O projeto procurou ser inovador ao contar com recursos
tecnológicos de parceiros para permitir inclusive que a criança ou adolescente sequer precisem comparecer ao fórum, se assim o desejarem, evitando-se os constrangimentos decorrentes do ambiente ameaçador.
A Coordenadoria considera que as atribuições dos assistentes
sociais e psicólogos judiciários como atores fundamentais na A Coordenadoria considera que as atribuições dos assistentes sociais e psicólogos judiciários como atores fundamentais na proteção da criança e do adolescente.
O projeto conta com apoio da Secretaria de Reforma do
Judiciário, Secretaria Especial de Direitos Humanos e da Microsoft, além de apoios locais.
Fluxo de procedimento
Antes da audiência ou da escuta para
avaliação especializada;
Quando há confirmação de suspeita de
abuso;
Mecanismos de controle: direito de defesa
pelo defensor público ou advogado;
Durante a audiência e avaliação especial;
Direitos e mecanismos de suporte e de
Definição de atribuições
Papel do advogado da criança ou adolescente;
Papel da equipe interprofissional do Fórum,
Papel da equipe interprofissional do Programa de
atendimento;
Papel do assistente técnico da parte;
Papel do assistente técnico da parte;