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quais são as implicações para a civilização ocidental hoje?

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Academic year: 2021

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Se as civilizações são sistemas complexos que mais cedo ou mais tarde sucumbem a disfunções repentinas e catastróficas, em vez de passar serenamente da Arcádia ao Apogeu e então ao Armagedom,

quais são as

implicações

para a

civilização

ocidental

hoje?

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PORTO ALEGRE

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CIVILIZAÇÃO

A SOCIEDADE E SEUS VALORES

Expediente

Fronteiras do Pensamento© Temporada 2017

Curadoria Fernando Schüler Direção Comercial Pedro Longhi Coordenação Editorial Luciana Thomé Marketing Karina Roman Equipe Denise Donicht Francisco Azeredo Michele Marten Pesquisa Juliana Szabluk Editoração e Design Lampejo Studio Revisão Ortográfica Renato Deitos www.fronteiras.com

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NOVAS IDEIAS,

NOVAS ESCOLHAS

“Eu. Você. O outro.” Vivemos a era da instabilidade, com cho-que de princípios e fronteiras desmontadas. Até o final dos anos 1990, havia a ideia de que os valores da democracia e da sociedade de direitos estavam consolidados, em contraposi-ção a diferentes formas de autoritarismo. A última década, no entanto, alterou este cenário.

De acordo com a Freedom House, 2016 marcou o décimo pri-meiro ano consecutivo de recuo da democracia e das liberda-des civis no plano global. No entanto, não há no horizonte fu-turo, felizmente, possibilidades alternativas à democracia. O que existe é uma tensão nos seus limites.

Desde 2015, milhões de refugiados ingressaram no continen-te europeu, vindos de países como Síria, Afeganistão, Ira-que, Kosovo, Albânia e Paquistão. Esta é a pedra angular do mal-estar contemporâneo: não propriamente um “choque de civilizações”, mas um conflito ético cotidiano de valores que independe de nossa nacionalidade ou localização geográfica e nos aflige enquanto civilização.

O conceito de civilização está ligado a características cultu-rais: arquitetura, arte, idiomas, tecnologia, crenças e, espe-cialmente, valores. É este conjunto que nos define. Assim, também é a partir dele que, em momentos de crise, podem surgir as novas ideias. Quando não existem questões agudas e pontuais que nos afetam, podemos nos unir na reconstru-ção, na reforma e na conscientização de valores.

Este é, portanto, o momento positivo de criação. A hora de partilhar conhecimentos e expectativas na busca de uma saí-da. A hora de buscarmos inspiração em trajetórias como a de Daniel Barenboim, pianista e maestro argentino, conhecido por seu trabalho com a West-Eastern Divan Orchestra, uma orquestra que reúne jovens músicos árabes e judeus. A ver-dadeira prova de tolerância e do diálogo pela paz no Oriente Médio. Um cidadão que, mesmo em meio a períodos difíceis, fortalece a esperança, traz expectativas, constrói novos valo-res e desafia o senso comum.

Vivemos a era da desfragmentação das instituições, do poder aos indivíduos e da pós-verdade. A internet é um palanque no qual somos chamados a manifestar nossos posicionamentos sobre tudo a qualquer momento. Neste sentido, nossa melhor possibilidade talvez seja o debate sobre o tipo de valores que devemos pesar e sobre o qual somos convidados a fazer as nossas escolhas.

Num mundo onde as divisas são sutis e o impacto das cultu-ras é real, o pensamento nos aproxima na tarefa de resgatar e fortalecer valores. O que nos define como civilização? Buscar o que nos conecta, o que nos concretiza como “nós”, é um dos grandes desafios atuais. Esta é a proposta do Fronteiras do

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O que é a realidade? Cientistas como Carlo Rovelli dedi-cam suas carreiras para desvendar as origens e os por-quês do mundo e da nossa existência.

Dúvidas que se acentuam ao longo dos séculos. Mesmo após a modernidade, quando o cotidiano é cada vez mais pesado e exigente, frente a uma quase idolatria de con-ceitos como leveza e bem-estar. Temas que aparecem na obra de Gilles Lipovetsky e Eduardo Giannetti.

E que estão alinhados com a necessidade de compaixão e de empatia que Amós Oz defende e traz em seus li-vros. Uma análise social e retrato do humano que tam-bém está presente na ficção de Leonardo Padura.

São preceitos como justiça, direitos humanos e igualdade que nos unem. Thomas Piketty analisa as questões da desigualdade econômica e da re-distribuição de renda.

Enquanto Niall Ferguson analisa o conhecimento e os fatores que levaram a uma supremacia do Ociden-te, mas que agora não irão salvá-lo de uma possível perda frente aos avanços do Oriente.

O conflito nas fronteiras e a questão do mul-ticulturalismo fazem intelectuais como Alain Finkielkraut se manifestarem, mesmo que de for-ma polêmica.

Porque, desde a Grécia antiga, como nos aponta

Martha C. Nussbaum, nosso ponto em comum pode ser mais evidente do que consideramos: a busca por uma vida plena e próspera.

NOSSOS VALORES,

NOSSAS DECISÕES

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CONFERENCISTAS

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CARLO

ROVELLI

(Itália, 1956)

Físico teórico italiano. Autor do best-seller Sete breves

lições de física, no qual popularizou conceitos da ciência. É

um dos pioneiros na pesquisa sobre gravidade quântica.

Tornou-se mundialmente conhecido após publicar Sete breves lições de

física. Seguindo o caminho trilhado

por outros físicos como Brian Greene e Stephen Hawking, Rovelli explica o universo em textos compreensíveis a não cientistas. O livro, traduzido para mais de 40 idiomas, vendeu milhões de exemplares no mundo.

É um dos criadores da Teoria da Gravidade Quântica em Loop.

Seu objetivo é seguir os estudos de Albert Einstein e reconci-liar as incompatibilidades teóricas da Mecânica Quântica e da Relatividade Geral. A Teoria das Supercordas é considerada incompatível com a de Rovelli.

Em seu mais recente livro, A realidade não é o que parece, descreve o desenvolvimento da física através dos tempos – dos clássicos gregos aos dias atuais – com um texto fluido e divertido. O livro recebeu o Prêmio Galileo 2015, em Pádua na Itália. Segundo Rovelli, a ciência é o lugar onde as revo-luções acontecem.

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GILLES

LIPOVETSKY

(França, 1944)

Filósofo francês. Teórico da hipermodernidade, é um dos pensadores mais originais da atualidade. Em seus livros, aborda temas como individualismo contemporâneo, ética, moda e consumo.

A leveza invadiu a nossa rotina e transformou o nosso imaginário, tornando-se um valor e um ideal.

Este é o tema central de seu livro mais recente, Da leveza – Rumo a

uma civilização sem peso. Ao

mes-mo tempo em que a leveza é uma tendência, Lipovetsky mostra que a vida cotidiana é cada vez mais pesa-da e exigente.

Considerado um dos gurus da pós-modernidade, é um dos principais pensadores contemporâneos para os temas da moda e do consumo. Teórico da hipermodernidade, termo cunhado por ele em refe-rência à exacerbação dos valores criados na moder-nidade, tem livros publicados em mais de 18 países.

Lipovetsky é um dos intelectuais mais representativos da cultura “pós-moralista”, baseada no predomínio do indivi-dual sobre o universal e na diversificação total das condutas sociais. Segundo o filósofo, a marca da ética é mostrada em toda parte, mas o estímulo de sacrificar os próprios interes-ses em prol do outro é algo raro.

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EDUARDO

GIANNETTI

(Brasil, 1957)

Economista brasileiro. Considerado um dos economistas mais respeitados do País, atua como professor e cientista social. É autor de Trópicos utópicos e A ilusão da alma.

Em Trópicos utópicos, livro lançado em 2016, analisa aspectos da vida humana e ocidental, como eco-nomia, política, meio ambiente e religião, idealizando um futuro para o Brasil, que se mostra uma alter-nativa aos modelos já conhecidos e rumo a um desenvolvimento pauta-do pelos próprios valores.

Economista, cientista social, professor e escritor, em seu trabalho, une duas facetas aparentemente antagônicas: a do economista liberal atento à reali-dade e a do cientista social defensor das particula-ridades brasileiras. É autor de 11 livros e foi agracia-do com o Prêmio Jabuti em duas ocasiões.

Sobre o consumo, Giannetti defende que se construa um

modelo econômico que preserve a natureza, sem esperar a conscientização voluntária de empresários e consumidores. Assim, serviços e produtos que oneram o meio ambiente fi-cariam mais caros, incluindo, por exemplo, a emissão de CO2 nos custos de produção.

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AMÓS

OZ

(Israel, 1939)

Escritor israelense. Ativista político e um dos mais renomados e premiados intelectuais da atualidade, é reconhecido por obras como Judas e De amor e trevas.

É um dos escritores israelenses mais traduzidos em todo o mundo. Candidato recorrente ao Prêmio Nobel, tem uma extensa obra literária formada por romances, ensaios e críticas e publicada em mais de 40 países. A guerra e a evocação de uma língua e uma nação são elementos presentes em seus livros.

Na adolescência, trocou o sobrenome paterno Klausner e adotou Oz, que significa “coragem” em hebraico. Durante décadas, viveu no kibutz Hulda, um assentamento agrícola. Ativista político, é fundador e principal representante do Mo-vimento Paz Agora, que defende a solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina.

Meu Michel, lançado em 1968, pro-jetou o escritor no cenário literário do Ocidente. Também publicou De

amor e trevas, Judas, A caixa preta, O mesmo mar e Rimas da vida e da morte, entre outros livros. Foi

agraciado com o Prêmio Israel, o Prêmio Goethe e o Prêmio Príncipe das Astúrias.

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LEONARDO

PADURA

(Cuba, 1955)

Escritor e jornalista cubano. Agraciado com o Prêmio Princesa das Astúrias de Letras, é autor de O homem

que amava os cachorros e Hereges.

Ganhou reconhecimento mundial ao lançar a tetralogia de roman-ces policiais “Estações Havana”. Trazendo o investigador Mario Conde como personagem prin-cipal, a série recebeu prêmios internacionais, foi traduzida para mais de 15 países e, recentemen-te, adaptada para a Netflix.

No Brasil, é colunista do jornal Folha de S.Paulo e colaborador do El País. É visto como um dos poucos cronistas da realida-de cubana, embora a sua ficção contenha uma crítica mais sutil do que explícita à vida na ilha. Segundo ele, o gênero policial permite abordar os maiores problemas da sociedade.

Em 2011, publicou O homem que amava os cachorros,

best--seller considerado a sua obra-prima, que narra o assassinato do revolucionário russo Leon Trotski. Também lançou

Here-ges, que mistura romance histórico e noir para abordar a

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THOMAS

PIKETTY

(França, 1971)

Economista francês. Autor do best-seller O capital no século

XXI, é reconhecido mundialmente por suas pesquisas sobre

economia da desigualdade e redistribuição da riqueza.

Tornou-se uma celebridade mundial após lançar o livro O

ca-pital no século XXI, no qual apresenta uma fórmula simples e brutal para explicar a desigualdade econômica. Muitas análi-ses contestaram os dados do livro, mas o economista ganhou a simpatia de vencedores do Prêmio Nobel como Joseph Sti-glitz e Paul Krugman.

Um documentário baseado em O capital no século XXI está sendo rodado. Com direção de Justin Pemberton, de produ-ções como The Nuclear Comeback e The Golden Hour, o filme terá participação de Piketty e será lançado em 2017.

Seu primeiro livro vendeu milhões de exemplares no mundo. Em 2016, publicou A economia da

desigual-dade. Sua publicação mais recente

é Às urnas, cidadãos, que traz um balanço dos mandatos de Nicolas Sarkozy e François Hollande na França e propõe revisão de políti-cas e de aplicação de alíquotas.

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NIALL

FERGUSON

(Escócia, 1964)

Historiador e pesquisador britânico. Professor da

Universidade de Stanford, é apresentador de TV e autor de obras de referência como Civilização e A ascensão do dinheiro.

Seu longa-metragem Kissinger, que apresenta a trajetória do diplomata norte-americano Henry Kissinger, foi premiado no New York Interna-tional Film Festival. E sua série A ascensão do dinheiro, produção da PBS, venceu o Prêmio Emmy de me-lhor documentário.

Em Civilização, relançado no Brasil em 2016, apresenta uma

narrativa referencial para a história do mundo moderno e aborda os seis “aplicativos” que o Ocidente desenvolveu: a competição, a ciência, o direito de propriedade, a medicina, o consumo e a ética do trabalho.

É autor de 14 livros, incluindo Império – Como os britânicos

fi-zeram o mundo moderno, A ascensão do dinheiro – A história financeira do mundo e A grande degeneração – A decadência do mundo ocidental. É também especialista em economia, mercado financeiro e história econômica.

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ALAIN

FINKIELKRAUT

(França, 1949)

Filósofo francês. Um dos mais polêmicos pensadores da França na atualidade, analisa em sua obra o impacto da modernidade e a fragilização do meio social.

Com ideias inspiradas pelos filósofos francês Emmanuel Levinas e alemã Hannah Aren-dt, apresenta o programa Répli-ques, na rádio France Culture.

Atuando como mediador e com dois convidados de posiciona-mentos diferentes, traz refle-xões sobre temas como judaís-mo, nacionalisjudaís-mo, colonização, identidade, racismo, multicul-turalismo e outros assuntos polêmicos.

Seguindo a linha de diversos pensadores atuais, como o filóso-fo francês Michel Onfray, sinaliza a deteriorização do Ocidente através do multiculturalismo e do relativismo. Em 2010, fundou a JCall, instituição sionista de esquerda que tenta influenciar o Parlamento Europeu em assuntos ligados ao Oriente Médio.

Ensaísta e apresentador de rádio, ganhou popularidade ao lançar, em 1997, juntamente com o filósofo francês Pascal Bruckner, Le Nouveau Désordre amoureux, livro que critica o mito da revolução sexual surgida após 1968.

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MARTHA C.

NUSSBAUM

(Estados Unidos, 1947)

Filósofa norte-americana. Professora da Universidade de Chicago e influente intelectual da atualidade, defende a necessidade das humanidades na educação.

Em 2004, fundou, juntamente com Sen, a Associação para o Desenvol-vimento e Capacidade Humanos. A partir de sua experiência na Índia,

inspirou-se a estudar os temas da justiça social e dos direitos huma-nos. Possui três livros editados no Brasil: A fragilidade da bondade, Sem

fins lucrativos e Fronteiras da Justiça.

Foi professora em Harvard até a década de 1980 e, depois, integrou o quadro docente da Universidade Brown até 1995. De 1986 a 1993, foi conselheira de pesquisa do Instituto Mun-dial de Pesquisa em Economia do Desenvolvimento, órgão da ONU fundado pelo Prêmio Nobel de Economia Amartya Sen.

Seus campos de interesse na filosofia são variados: Gré-cia antiga, filosofia romana e política, feminismo, ética e direitos dos animais. É mundialmente reconhecida por sua contribuição à filosofia clássica, moral e política, e seu trabalho reúne estudos dos clássicos, da antropologia, da psicanálise e da sociologia.

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15 de maio | Carlo Rovelli

5 de junho | Gilles Lipovetsky e Eduardo Giannetti DEBATE ESPECIAL

28 de junho | Amós Oz

21 de agosto | Leonardo Padura

28 de setembro | Thomas Piketty AUDITÓRIO ARAÚJO VIANNA

23 de outubro | Niall Ferguson

6 de novembro | Alain Finkielkraut

4 de dezembro | Martha C. Nussbaum

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No palco, um holofote ilumina o púl-pito. Em frente ao microfone, grandes pensadores proporcionam à plateia um dos valores essenciais do

Frontei-ras do Pensamento: o conhecimento.

O projeto, em seus dez anos de histó-ria e mais de duas centenas de confe-rências internacionais realizadas, traz ideias, fomenta debates e estimula a inquietação e o questionamento, apontando os caminhos para as ques-tões fundamentais da atualidade.

O CONHECIMENTO COMO

VALOR ESSENCIAL

A cada temporada, a série de encontros com intelectuais reconhecidos em suas áreas de atuação concretiza o objetivo do Fronteiras de promover educação de alta qualidade, enaltecendo preceitos como liberdade de expressão, diversi-dade geográfica e pluralidiversi-dade de ideias. Desde 2007, o Fronteiras do

Pensamen-to propicia um espaço para a discussão

a respeito do mundo em que vivemos e daquilo que está ao nosso alcance fa-zer pelo nosso futuro.

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Referências

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