• Nenhum resultado encontrado

Número:

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Número:"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

31/05/2021

Número: 0600756-47.2020.6.11.0000

Classe: AÇÃO PENAL ELEITORAL

Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral Órgão julgador: Juiz de Direito 2 - Gilberto Lopes Bussiki

Última distribuição : 02/12/2020 Valor da causa: R$ 0,00

Assuntos: Calúnia, Difamação, Eleições - Eleição Majoritária Segredo de justiça? NÃO

Justiça gratuita? NÃO

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso PJe - Processo Judicial Eletrônico

Partes Procurador/Terceiro vinculado

EMANUEL PINHEIRO (AUTOR) BRUNO SAMPAIO SALDANHA (ADVOGADO)

CLENILDE FELICIANO BEZERRA FERRAREZ (ADVOGADO) MARINA IGNOTTI FAIAD (ADVOGADO)

FELIPE CARDOSO DE SOUZA HIGA (ADVOGADO) MURILO MATEUS MORAES LOPES (ADVOGADO) TANIA REGINA IGNOTTI FAIAD (ADVOGADO) FRANCISCO ANIS FAIAD (ADVOGADO)

DOMINGOS SAVIO DE BARROS ARRUDA (REU) RENATO DE PERBOYRE BONILHA (ADVOGADO)

Procuradoria Regional Eleitoral (FISCAL DA LEI)

Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 14899 322

(2)

EXCELENTÍSSIMO JUIZ-MEMBRO DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL – GILBERTO LOPES BUSSIKI.

Autos da Interpelação Judicial nº 0600756-47.2020.6.11.0000 Autor : Emanuel Pinheiro

Requerido : Domingos Sávio de Barros Arruda

Domingos Sávio de Barros Arruda, brasileiro, casado, Procurador de Justiça, portador da Cédula de Identidade nº 338-375 SSP-MT, inscrito no CPF sob o nº 345.906.761-68, residente e domiciliado na Rua das Mangabas, 988, Bairro Alphaville 1, em Cuiabá/MT, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por seu advogado que subscreve (procuração anexa), oferecer, em apartado, suas CONTRARRAZÕES ao Agravo Interno interposto por Emanuel Pinheiro, nos autos do processo em epígrafe, requerendo, pois, que sejam elas recebidas regularmente e, posteriormente, encaminhadas à apreciação do órgão julgador colegiado.

Nestes Termos Pede Deferimento.

Renato de Perboyre Bonilha OAB/MT 3844

(3)

EXCELENTÍSSIMOS JULGADORES DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL.

Autos da Interpelação Judicial nº 0600756-47.2020.6.11.0000 Autor : Emanuel Pinheiro

Requerido : Domingos Sávio de Barros Arruda

Domingos Sávio de Barros Arruda, brasileiro, casado, Procurador de Justiça, portador da Cédula de Identidade nº 338-375 SSP-MT, inscrito no CPF sob o nº 345.906.761-68, residente e domiciliado na Rua das Mangabas, 988, Bairro Alphaville 1, em Cuiabá/MT, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por seu advogado que subscreve (procuração anexa), oferecer suas CONTRARRAZÕES ao Agravo Interno interposto por Emanuel Pinheiro, nos autos do processo em epígrafe, nos termos a seguir expostos.

1 - BREVÍSSIMA SÍNTESE DOS FATOS

O agravante aviou perante esse E Tribunal Regional Eleitoral uma Interpelação Judicial em face do agravado por ele ter publicado, em 29.11.2020, na sua rede social (Instagram) uma “enquete” na qual indagava dos seus “seguidores” o seguinte : “Neste

(4)

poderia representar uma ofensa a sua honra o agravante buscou, por meio daquela medida judicial preparatória, explicações do agravado acerca da sua real intenção quanto àquela publicação.

Distribuída a sobredita Interpelação Judicial, o eminente Juiz de Direito – Relator, com a sabedoria que lhe é própria, houve por bem declinar da competência jurisdicional em favor do juízo da 51ª Zona Eleitoral de Mato Grosso porque, conforme assentou, “eventual delito não fora praticado no exercício ou em razão do cargo ocupado pelo interpelado, que se utilizou do seu perfil social e pessoal para interagir com seus seguidores, sem qualquer vinculação com o ofício de Procurador de Justiça por ele desempenhado, o que agasta por consequência, o foro por prerrogativa para eventual julgamento e processamento da ação penal” .

É, pois, dessa decisão que Emanuel Pinheiro recorre.

1. PRELIMINAR – Da ilegitimidade Ad Causam.

Ensina a doutrina que a Interpelação Judicial “é uma medida preparatória e facultativa para o oferecimento da queixa quando, em virtude dos termos empregados ou do verdadeiro sentido das frases, não se mostra evidente a intenção de caluniar, difamar ou injuriar, causando dúvida quanto ao significado da manifestação do autor.”1 Sendo assim, é intuitivo concluir que para aviar uma Interpelação Judicial é necessário que requerente tenha, antes, legitimidade para propor a correspondente e consequente Ação Penal. Logo, quem não pode ajuizar a Ação Penal (principal), não reúne condições de propor a Interpelação Judicial (acessória/preparatória).

Tendo isso como premissa é de ver, por outro lado, que os crimes eleitorais, à teor do que prevê o art. 355 da Lei 4.737/65 (Código Eleitoral), serão sempre de iniciativa pública, ou seja, a Ação Penal deverá em todos os casos, mesmo quando se tratar de

(5)

crimes contra a honra, ser manejada pelo Ministério Público. Confira-se, a propósito, o magistério do festejado Joel José Cândido2 :

“Entende-se a inexistência da ação privada no Direito

Eleitoral. Todos os crimes eleitorais são de ação pública, já que o Estado é o sujeito passivo da lesão a essas normas. Os interesses da ordem jurídica

eleitoral são do Estado, inexistindo violação legal que não atinja a ordem pública tutelada por ele; consequentemente, ele e seus bens e valores sempre serão a objetividade jurídica imediata e prevalente nos casos descumprimento da norma criminal eleitoral. O Estado sempre será a vítima ou o ofendido com a ação delituosa do agente. Mesmo nos crimes contra a honra (que no direito

comum, são, a princípio, de ação penal privada), em Direito Eleitoral são eles, pelo contorno de suas tipicidades, de ação pública, já que o Estado é o que mais se prejudica e se ofende com a ação antijurídica do réu. Vale dizer que

em qualquer das figuras criminais eleitorais a maior lesão é sempre da ordem jurídica pública estatal, o que justifica – a par de possível e concorrente lesividade a interesse ou bem individual – a ação penal pública. O Direito Eleitoral diz com os direitos políticos, diretamente, e em matéria de direitos políticos, cuja fonte é constitucional, o interesse predominante é eminentemente público.”

A legitimidade ativa, exclusiva, do Ministério Público para a propositura da Ação Penal nos Crimes Eleitorais, ainda que se tratem daqueles que afetam a honra, é reconhecida, sem qualquer divergência, pelos tribunais pátrios, notadamente pelo Superior Tribunal Eleitoral; Confira-se:

“PENAL. CRIMES CONTRA A HONRA ELEITORAL. AÇÃO PROPOSTA DIRETAMENTE PELO OFENDIDO. IMPOSSIBILIDADE DE HOMOLOGAÇÃO DA RENÚNCIA À QUEIXA CRIME. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. INTELIGÊNCIA DO ART. 355 DO CÓDIGO ELEITORAL. INICIATIVA EXCLUSIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

(6)

ELEITORAL. Os crimes contra a honra previstos no Código Eleitoral, são sempre

de Ação Penal Pública Incondicionada, cuja titularidade exclusiva é do Ministério Público Eleitoral. É nula que homologa a renúncia à queixa crime, na

ação proposta diretamente pelo ofendido, parte manifestamente ilegítima. (TRE-MT : RC : 14 (TRE-MT; Relator : Des. Márcio Vidal. j. 20.07.2010, publ. DEJE , Tomo 706, 05/08/2010, Pág. 1-2)

“HABEAS CORPUS. PRETENSÃO. TRANCAMENTO. AÇÃO PENAL. DECISÃO REGIONAL. CONCESSÃO PARCIAL. RECURSO ORDINÁRIO. CRIMES CONTRA A HONRA. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. ART. 355 DO CÓDIGO ELEITORAL. DENÚNCIA. INEXISTÊNCIA. .

1. Nos termos do art. 355 do Código Eleitoral, os crimes eleitorais são apurados por meio de ação penal pública incondicionada.

2. Conforme já assentado por esta Corte Superior (Recurso Especial nº 21.295, rel. Min. Fernando Neves), em virtude do interesse público que envolve a matéria eleitoral, não procede o argumento de que o referido art. 355 admitiria ação penal pública condicionada à manifestação do ofendido ou de seu representante legal.

3. Em face disso, não há falar em nulidade da denúncia, por crime de calúnia previsto no art. 324 do Código Eleitoral, sob a alegação de ausência de representação ou queixa dos ofendidos.

Recurso a que se nega provimento.” (TSE. RHC_ - Recurso em Habeas Corpus nº 113 - GUARULHOS - SP . Rel. Min. Caputo Bastos)

Importante destacar que poder-se-ia cogitar a possibilidade, nesses casos de crimes eleitorais contra a honra, de ser aviada Ação Penal Privada Subsidiária, porém, para tanto, seria necessária a comprovação inequívoca da inércia do Ministério

(7)

Público3; circunstância que, a toda evidência, não ocorreu neste caso e sequer foi cogitada pelo agravante, tanto aqui, neste recurso, quanto na própria inicial da Interpelação Judicial.

Diante do exposto neste tópico, é forçoso concluir que em razão de o recorrente não ter legitimidade para propor a Ação Penal (principal) e, via de consequência, não lhe ser facultado o ajuizamento da Interpelação Judicial (acessória/preparatória) , deve este recurso, por arrasto, ser extinto sem julgamento de mérito, na forma prevista no art. 485, VI do Código de Processo Civil, aplicável neste caso por analogia.

2. MÉRITO

Bem se vê que a decisão combatida neste recurso é incensurável, merecendo, porquanto, ser mantida em seus precisos termos.

Com efeito, é de todos sabido, que desde o julgamento da

Questão de Ordem na Ação Penal nº 937 – Rio de Janeiro, ocorrido em maio de 2018, pelo

Plenário do Supremo Tribunal Federal, restou definido que “o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas”, isto é, a conduta supostamente criminosa deve guardar relação direta com as atribuições do cargo público exercido pelo agente. Nessa mesma linha intelectiva vem se pronunciando, reiteradamente, a Corte da Cidadania assinalando, sempre, que se deve conferir ao texto do art. 105, I, "a", da CF a interpretação de que as hipóteses de foro por prerrogativa de função no STJ restringem-se aos casos de crime praticado em razão e durante o exercício de cargo ou função.”(QO na AP 857 – DF ( 2015/0280261-9)

3

Confira-se em : STF - HC 74276 /RS . Rel. Min. Celso de Mello; e TJPE - RESE 0009950 – 97. 2014.8.17.0000. Rel.

(8)

No caso sob exame, como bem destacou o magistrado prolator da decisão recorrida, a conduta do agravado, tida pelo recorrente como provavelmente delituosa, não guarda nenhuma relação com as funções inerentes ao cargo de Procurador de Justiça que ele ocupa. Isso porque, evidentemente, as postagens em redes sociais não estão no rol de atribuições dos membros do Ministério Público; nenhum agente ministerial usa as redes sociais para desempenhar suas tarefas; e, por fim, a “enquete” que incomodou o agravante não veicula matéria relacionada à rotina de trabalho do agravado.

N’outro giro, não custa deixar grafado, embora se revele óbvio, que a “página” do recorrido no Instagram, apesar de pública, ou seja, acessível à qualquer pessoa, é estritamente pessoal. Ali são veiculados poemas, matérias jornalísticas nas quais figuram o recorrido, fotos e comentários sobre família, comidas e restaurantes, bem como publicações onde o agravado emite opiniões sobre temas jurídicos. Isso tudo, por lógico, não permite concluir que o perfil seja um meio de o recorrido exercer sua profissão ou que as suas publicações tenham como objeto as tarefas que são próprias do seu cargo de Procurador de Justiça.

Vale registrar, ainda, que o fato de se ler na referida página virtual a identificação de “figura pública” (opção dada pelo próprio sistema do Instagram), assim como de o agravado ter feito constar no espaço reservado à “biografia” como sendo

“Procurador de Justiça, Mestre em Direito - UFSC e Coordenador do Núcleo de Ações de Competência Originária - NACO/CRIMINAL”, não pode resultar na conclusão de que seja um “perfil profissional”, isto é, algo utilizado para o exercício da profissão do recorrido ou como

instrumento oficial de divulgação dos trabalhos do Ministério Público do Estado de Mato Grosso. Cuida-se, apenas, de uma forma escolhida pelo agravado para se apresentar aos que, eventualmente, visitem o seu perfil na rede social. Nada mais!

Não obstante isso tudo, considerando que o recorrente, ao que parece, não conseguiu entender, com a devida precisão, o sentido do enunciado dos Tribunais Superiores quando afirmam que para a fixação do foro por prerrogativa de função é necessário que a “conduta do agente esteja relacionada às funções desempenhadas”, mostra-se útil,

(9)

num último esforço, tentar esclarecê-lo. Com efeito, quando se diz que a conduta deve guardar relação com as funções desempenhadas, se está a afirmar que deve existir uma “relação de causalidade” entre o crime imputado e o exercício do cargo. É dizer, a conduta alegadamente criminosa deve ter sido cometida no desempenho das funções que são próprias do cargo ocupado pelo agente ou em razão daquelas funções. Portanto, não basta que o agente ocupe um determinado cargo é preciso que aquela conduta taxada como criminosa esteja diretamente relacionada com as funções inerentes, próprias, típicas, do cargo ocupado.

Convém ponderar, derradeiramente, que, de fato, como destacado pelo agravante, é de todo possível que um membro do Ministério Público cometa crimes contra a honra e/ou infrações disciplinares utilizando-se das redes sociais; e, por certo, se assim ocorrer ele deve ser responsabilizado. Contudo, o que se discute neste Agravo é algo diverso. O debate, nesta seara recursal, é saber, tão somente, se o recorrido em razão da conduta por ele praticada – que, segundo o agravante, pode caracterizar crime - goza de foro especial por prerrogativa de função perante o Tribunal Regional Eleitoral. E esse privilégio, pelas razões já deduzidas, não tem lugar na espécie.

Por tudo o que foi exposto, pede-se que seja acolhida a preliminar suscitada para extinguir o feito sem julgamento de mérito ou, caso, não for esse o entendimento desse Sodalício, que se negue provimento ao recurso para, mantendo a decisão guerreada, determine a remessa dos autos para o juízo da 51ª Zona Eleitoral de Mato Grosso.

Cuiabá, 28 de maio de 2021.

Renato de Perboyre Bonilha OAB/MT 3844

Referências

Documentos relacionados

A Tabela 3 apresenta os resultados de resistência ao impacto Izod e as caracterizações térmicas apresentadas em função dos ensaios de HDT, temperatura Vicat e a taxa de queima do

Ainda que das carnes mais consumidas nesta altura em Portugal, tanto os caprinos como os galináceos estão re- presentados apenas por um elemento, o que nos pode dar a indicação que

Estudos sobre privação de sono sugerem que neurônios da área pré-óptica lateral e do núcleo pré-óptico lateral se- jam também responsáveis pelos mecanismos que regulam o

Essa mesma resolução obedece aos critérios da Resolução 274/2000 do CONAMA para classificação das águas em relação à balneabilidade, em que classifica em quatro categorias

§ 1° Caberá ao supervisor informar, via Sistema MONI/SIAAAE, ao Departamento de Ensino ou Unidade equivalente nos campi, para a devida divulgação, o cronograma, os

Parágrafo Segundo - Caso tenha sido indicado, no Quadro “Limites de Concentração por Modalidade de Ativo Financeiro”, nas “Condições Específicas” deste Regulamento, que

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

A Seleção Genômica Ampla (GWS) permite estimar o mérito genético (GEBVs) de indivíduos que ainda não tiveram seus fenótipos coletados baseando-se apenas em