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PERTURBAÇÕES SOMATOFORMES Revisão da Epidemiologia nos Cuidados Primários de Saúde

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PERTURBAÇÕES SOMATOFORMES

Revisão da Epidemiologia nos Cuidados Primários

de Saúde

Objectivo: Os valores da prevalência encontrados para a somatização dependem das classificações nosográficas empregues, dos instrumentos de medida utilizados e dos contextos onde a colheita de dados for efectuada. O objectivo do estudo foi comparar os valores de prevalência encontrados nos Cuidados Primários de Saúde (CP) para a somati-zação e as perturbações somatoformes (PSF).

Método: Foi feita uma revisão sistemática dos estudos em que foram estimadas pre-valências de somatização nos CP, desde Julho de 1998 até Junho de 2009. As palavras-chave da pesquisa, na PubMed, foram: somatoform disorders; somatization; somatisation; medically unexplained symptoms; MUS; functional somatic symptoms, tendo sido feito o cruzamento de cada uma destas palavras-chave com primary care. Foi elaborada uma grelha para selecção dos artigos. Os critérios de inclusão dos estudos compreendiam aspectos relacionados com a metodologia e os instrumentos empregues (utilização de entrevista) e a definição clara dos sintomas medicamente não explicados, entre outros. Resultados: Foram incluídos 12 estudos de prevalência e um estudo de meta-análise. Os valores encontrados para a prevalência total das PSF foram bastante díspares, conside-rando os vários estudos, situando-se entre 12% e 57.9%. O mesmo aconteceu no que se refere à Perturbação de Somatização, com valores entre 0.5% e 16.1%, passando por uns 10.1%, referidos num estudo, com os critérios muito restritivos da ICD-10. Os resultados foram mais homogéneos para a somatização definida com critérios mais abrangentes, apresentando o Somatic Symptom Index 4,6 valores na ordem dos 20%, na quase maioria dos estudos seleccionados que estimaram a prevalência segundo este critério. Na maior parte dos estudos as PSF aumentam o risco relativo para outras perturbações mentais (perturbações depressivas e de ansiedade). Alguns estudos concluem pela relativa inde-pendência da somatização em relação àquelas perturbações, atestada pela existência de um efeito específico e cumulativo da somatização (relativamente às perturbações depres-sivas e de ansiedade) sobre o nível de incapacidade e de limitações funcionais bem como sobre o nível do consumo de recursos nos CP.

Conclusão: A última década proporcionou um conjunto de novos estudos que permitem conhecer melhor a extensão da somatização nos CP, sobretudo na Europa e na América do Norte, e ter uma ideia mais fundamentada das necessidades ao nível dos serviços e da investigação, no âmbito referido.

SOMATOFORM DISORDERS

A Revision of the Epidemiology in Primary Health Care

Aim: The prevalence of somatization is dependent on the classification methods and measures used to define it and the context from which the collected data are gathered.

R E S U M O

S U M M A R Y

C.F., M.C.S., M.F.: Departa-mento de Ciências do Compor-tamento. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Uni-versidade do Porto. Porto A.B.: Centro de Bioética. Fa-culdade de Medicina da Uni-versidade de Lisboa. Lisboa © 2010 CELOM

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The aim of this study was to compare the prevalence of somatization and Somatoform Disorders (SFD) in Primary Health Care.

Method: A systematic review of the studies of the prevalence of somatization and SFD in PC (Primary Care) was made, from July 1998 to June 2009. The key words of this in-vestigation, in Pub Med, were; somatoform disorders; somatization; somatisation; medically unexplained symptoms; MUS; functional somatic symptoms, the link with each of these key words having been made to Primary Care. A grid was drawn up for the selection of each article. The criteria for the inclusion of the studies took into account aspects related to the methodology and the instruments used (use of interview) and the clear definition of medically unexplained symptoms, amongst others. Results: Twelve studies with prevalence values in a PC setting and 1 study of meta-analysiswere selected. The values found for the total prevalence of SFD were extremely disperse, taking into consideration the various studies, being between 12% and 57.9%. The same results were found in relation to somatization disorder (between 0.5% and 16.1%) with 10.1%, referred to one study, following the very restrictive criteria of ICD-10. Results were more homogeneous for somatization defined by more abridged criteria, the Somatic Symptom Index 4.6 (SSI4,6) presenting values around 20% in almost the majority of selected studies that estimate the prevalence following this criteria. In the great majority of the studies, SFD increased the relative risk of other mental disorders (depressive and anxiety disorders). Some studies concluded that there was a relative independence of somatization in relation to those disorders, certified by the existence of a specific and cumulative effect of somatization (in relation to depressive and anxiety disorders) on the level of disability and of functional limitations as well as the level of use of resources in PC.

Conclusion: This last decade has enabled a group of new studies that allow us to understand the extent of somatization in PC, especially in Europe and North America, and to have a more clearly based idea of the needs at service level and investigation level, within the referred area.

INTRODUÇÃO

Os valores da prevalência encontrados para a somati-zação dependem das classificações nosográficas empre-gues, dos instrumentos de medida utilizados e dos con-textos em que a colheita de dados for efectuada.

Embora não haja evidência de variação cultural, de país para país, nos aspectos que à somatização dizem respeito, na Europa1 o mesmo não parece ser o caso quando se analisam as diferenças transnacionais, relativamente à an-siedade somática, em estudos que envolvam outros conti-nentes2. Assim, as comparações dos valores de prevalência

encontrados em países fora do continente europeu, de-vem ser olhadas com precaução.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi feita uma revisão sistemática dos estudos em que foram estimadas prevalências de somatização e PSF, nos cuidados de saúde primários (CP), desde Julho de 1998

até Junho de 2009 (para estudos anteriores pode consul-tar-se a revisão sistemática de Creed e Barsky)3.

As palavras-chave da pesquisa, na PubMed, foram: somatoform disorders; somatization; somatisation; me-dically unexplained symptoms; MUS; functional somatic symptoms. Foi feito o cruzamento de cada uma destas palavras-chave com primary care e com population (os resultados obtidos relativamente aos estudos na popula-ção não são mostrados).

Os Critérios de Inclusão aplicados, num primeiro mo-mento, aos estudos encontrados foram os seguintes:

1. Incluírem dados directos de amostras de soma-tizadores, não previamente seleccionadas a partir de ou-tras amosou-tras (serem estudos primários).

2. Incluírem dados de meta-análises ou revisões siste-máticas sobre prevalência de somatização.

3. Artigos escritos em inglês.

4. A distinção entre sintomas físicos e sintomas me-dicamente não explicados deveria ter sido assegurada uti-lizando método claramente exposto.

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estudos de prevalência de apenas uma das categorias diag-nósticas que integram a secção de PSF, não foram consi-derados (por exemplo, estudos de prevalência unicamen-te da Perturbação Dismórfica Corporal ou da Dor, etc.).

RESULTADOS

Foi feita uma primeira análise, através do título e, em alguns casos do resumo, de 1401 artigos (considerando não só os estudos nos CP, mas também na população, estes últimos não analisados neste trabalho). Em seguida, pela leitura atenta dos resumos e, em boa parte dos casos, do artigo integral, e empregando a grelha dos critérios de inclusão, foram seleccionados 65 artigos, tendo sido in-cluídos alguns artigos relevantes para a compreensão da metodologia dos estudos de prevalência, embora não con-tivessem resultados com valores de prevalência.

Estes 65 artigos foram escalpelizados, a partir do texto integral, quanto aos critérios de distinção entre sintomas medicamente explicados e inexplicados, bem como ao tipo de entrevista (se incluía items também para as PSF ou unica-mente para as perturbações depressivas e de ansiedade). Finalmente, aplicando aos critérios definidos, foram incluídos na revisão 12 estudos realizados nos CP, para análise aprofundada. E um estudo de meta-análise sobre sintomas medicamente não explicados, ansiedade e de-pressão, não restrito aos CP.

Prevalências

As várias classificações utilizadas para definição de somatização e PSF, a operacionalização/instrumentos

es-O D U T S E O D O Ã Ç C E L E S E D S O I R É T I R C E D A H L E R G s e t n a p i c i t r a P . 1 comidadeapartirdos18anos;nãoforamincluídosestudosespecificamentesobregruposetáriosparticulares. . 2 dosCP. o ã ç n e v r e t n I . 1 rastreiode:PSF,comoumgrupogeral;PerturbaçãoSSI4,6;MSD(MultisomatoformDisorder) . 2 diagnóstico:categorialdePSF(comoumgrupo);SSI4,6;MSD. a r t s o m A / o h n e s e D . 1 nosCP(doentesconsecutivos)ourepresentativadapopulaçãoquerecorreaosCP. . 2 transversal; . 3 longitudinaloudefollow-up(analisandoosdadosdaamostradaprimeiraavaliaçãodoestudoconsiderado). . 4 paravalidaçãodeinstrumentos. s o t n e m u r t s n I AvaliaçãodoscritériosdePSFdasDSM-III-R,DSM-IV,ICD-10,SSI4,6eMSD,utilizando,pelomenosem . a t s i v e r t n e a m u , a r t s o m a a d e t r a p

A grelha de critérios para incluir os artigos compre-endia ainda items particulares relativos aos participan-tes, tipo de estudo, de amostra e de instrumentos em-pregues:

NOTA: Na análise dos estudos incluídos foi assumida como pergunta condutora da pesquisa a de saber se a somatização (definida

categorialmente) e as PSF apresentavam especificidade em relação às Perturbações Depressivas e de Ansiedade, nos estudos em que as prevalências destas perturbações comórbidas eram também estimadas.

colhidos, as características fundamentais das amostras estudadas e os valores de prevalência de somatização e de PSF encontrados nos estudos, constam do Quadro 2. As estimativas da prevalência de Perturbação de

Somatização constantes dos estudos realizados em

uni-dades de cuidados primários de saúde são escassas e bai-xas, para os critérios da DSM-IV. De Waal et al reportam a prevalência de 0,5%4,5 e Lynch et al a de 0,8%6. Contudo, seguindo os mesmos critérios, num estudo em que o diag-nóstico é feito pelos clínicos gerais, realizado na Bósnia-Herzegovina, é encontrado um valor de 16,1%7, facto que os autores entendem ser justificável, dadas as sequelas da guerra, recentemente ocorrida naquela região. Outros autores8 referem valores tão altos quanto 10,1%, com os critérios da ICD-10 (os mais restritivos).

Quando são consideradas as Perturbações Somatoformes, no seu conjunto, e tendo em conta os critérios da DSM-IV, as estimativas oscilam entre 16,1%, sem a Perturbação Somatoforme sem outra especificação (PSFSOE)4 e 28,8%9 se se considerava também este último diagnóstico. Utilizando os critérios da ICD-10, Fink et al10obtiveram os valores de 57,5% e 30%, respectivamente, integrando ou não a PSFSOE e Toft et al8 relataram a estimativa de 35,9% para prevalência pontu-al das PSF, utilizando os critérios da ICD-10. Estes autores, porém, integraram nas PSF, as perturbações dissociativas com sintomas somatoformes (do grupo F 44.4 em diante).

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l a c o L / a t a D / o d u t s E Desenho N . t n i S o d o ã ç a i l a v A . f o t a m o S ) v a t u o l a u t c a ( e d o ã ç i n i f e D F S P ) . t a m o S . t r e P ( a i c n ê l a v e r P F S P / s e õ ç a v r e s b O s e õ ç a t i m i L l a t e J o y a p m a C -a i c r a G 22 8 9 9 1 a h n a p s E l a s r e v s n a r T 8 2 Q H G I P P S , . c n u f . z i t a m o S . z i t a m o S e . t n e s e r p a 5 2 a i r d n o c o p i h % 3 . 1 2 i u l c n i z i t a m o s e d o i r é t i r C e s a s o i s n a . t r e p , . c o p i h . p e d l a t e . P , k n i F 10 9 9 9 1 a c r a m a n i D l a s r e v s n a r T 1 9 1 : e s a f ª 1 0 9 : e s a f ª 2 ) . f i t a r t s e a r t s o m a ( ) s m e t i 5 2 ( 0 9 -L C S : ª 1 N A C S : ª 2 G C o a o ã t s e u q 1 / V I -M S D 0 1 -D C I f i d n I . P .: : V I -M S D - 27,3% % 1 , 7 : 0 1 -D C I -: E O S F S P 29,93% ) V I -M S D ( : l a t o T (ICD-10): % 5 , 7 5 (c/PSFSOE); % 0 3 (s/PSFSOE) -0 1 -D C I e V I M S D e t n e m a t e l p m o c . t r e p s a n s e t n a d r o c s i d . c o p i h e r o d a d l a t e . D , h c n y L 6 9 9 9 1 A U E l a s r e v s n a r T 2 7 1 : e s a f ª 1 9 1 1 : e s a f ª 2 z i t a m o s e d o ã ç c e S : ª 1 e d . d o m / s e / c S I D a d z l o h c u B s o d e s i l á n A : ª 2 a r a p ( s o c i n í l c s o s s e c o r p ) s a t l u s n o c e d º n o ; V I -M S D V I -M S D . d o m ( ; ) z l o h c u B 6 , 4 I S S -: C P -V I -M S D V I -M S D D S M ; ) . f i d n i ( : . f i d n I . P 79% : . z i t a m o S . P - 0.8% d o m / c . z i t a m o S . P : z l o h c u B 8% : 6 , 4 I S S 6% : D S M 24% e d t s o n g a i d s o ó S u o / c ( . z i t a m o S . t r e P ) z l o h c u B e d d o m / s e u q . d s o m a v a n i m i r c s i d . v r e s s o + r a z i l i t u m a i r i l a t e . L , n e l l A 11,20 1 0 0 2 A U E s e t n e i c a p 5 5 4 1 s o v o n : ) R -I I I -M S D ( I D I C 5 5 4 1 SSI4,6 SSI4,6:22%(tav) e d e p e D . P / c . z i t a m o S -a v i t a c i f i n g i s m ê t s n A e d a d i c a p a c n I s i a m e t n e m . P m o c ó s s e t n e o d e u q . s n A e d e . p e D e . p e D / c s e r o d a z i t a m o S s i a m m a v a t s e o ã n . s n A e . p e d s o / q s o d i m i r p e d . o ã ç a z i t a m o s / s s o s o i s n a l a t e . S , r e k c e B 23 2 0 0 2 a t i d u a S a i b á r A l a s r e v s n a r T 1ª:PHQ:431 3 7 1 : R -D I C S : ª 2 V I -M S D ) D M -E M I R P ( MSD:19.3% o d o ã ç a d i l a v e d o d u t s E a i b á r A a a r a p Q H P a t i d u a S O , e j e r u G 2 4 0 0 2 s e s í a p 4 1 ) o n a 1 ( p u -w o l l o F 6 1 9 5 2 : e s a f ª 1 -e r b o s ( 7 4 4 5 : e s a f ª 2 -a r t s e s o d . t n e s e r p e r s e õ ç -a u t n o p / c s o t ) 2 1 -Q H G o n s a t l a 2 1 -Q H G : ª 1 I D I C : ª 2 0 1 -D C I ) 9 8 9 1 ( 6 , 4 I S S : r o D . P 21,5% : . c o p i H . P 0,8% : . z i t a m o S . P 2,8% : 6 , 4 I S S 19,7%

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l a t e . M ,l a a W 4 4 0 0 2 a d n a l o H l a s r e v s n a r T 6 4 0 1 : e s a f ª 1 3 7 4 : e s a f ª 2 s i a u t c a . t n i s 5 5 ( C S P : ª 1 ) I I I -M S D a d 1 . 2 N A C S : ª 2 V I -M S D : . f i d n I . P 13,1% : . v n o C . P 0,2% : . c o p i h . P 1,1% : . z i t a m o s . P 0,5% : l a t o T 16,1% e d s a c i u q r á r e i h s a r g e R e r t n e V I -M S D a d . n g a i d e d , . p e d s e õ ç a b r u t r e p -o t a m o s e e d a d e i s n a m a r o f o ã n s e m r o f s o d o r t n e D . s a d i u g e s , s o c i t s ó n g a i d s o p u r g . s a d a t i e p s e r m a r o f l a t e . I , e g n y L 13 4 0 0 2 a i d n â l e n o r G l a s r e v s n a r T s o d i h l o c s e 6 7 3 e t n e m a i r o t a e l a s o d a t s i v e r t n e 0 0 1 6 7 3 : ª 1 s o d a e r t s a r ( 0 0 1 : ª 2 N A C S : ) 2 1 -Q H G m o c 0 1 -D C I Total:22.3% TotalincluiF44.7,45, . ) s a v i t a i c o s s i D . P ( 8 4 l a t e J , n o s k c a J 12 5 0 0 2 A U E p u -w o l l o F s e t n e o d ( 0 0 5 . t n i s / c . t u c e s n o c ) s o c i s í f 5 1 -Q H P : ª 1 D M -E M I R P : ª 2 V I -M S D ) D M -E M I R P ( D S M % 2 1 : l a t o T : D S M 5% + / a v i t a c i f i n g i s / c F S P s o e u q a i g o l o t a p o c i s p . z i t a m o s o ã n o ã n d e i s n a e d e p e d . P / c s a d a i c o s s a m a v a t s e . z i t a m o s l a t e . T , t f o T 8 5 0 0 2 a c r a m a n i D l a s r e v s n a r T 5 8 7 1 : e s a f ª 1 1 0 7 : e s a f ª 2 ) a d a c i f i t a r t s e . m a ( s o v o n « / c s o s a c » s a m o t n i s . z i t a m o s e d o ã ç c e S : ª 1 8 -L C S e ) L C S ( N A C S : ª 2 0 1 -D C I : . z i t a m o S . P ) l a u t c a ( % 1 , 0 1 : l a t o T 35,9% s o d a z i l i b a t n o c m a r o F : s e õ ç a c r a m s ª 1 s a s a n e p a a r i z u d n i m e d o p s º n s e t s e s e t s e e u q o ã s u l c n o c m a t n e s e r p a e s s e t n e o d e s a d u g a s e õ ç a u t i s m e . s a c i n ó r c o ã n l a t e . T , s r e o r B 16 6 0 0 2 a n i v o g e z r e H -a i n s o B 0 5 e d s i a m ( 5 8 2 1 ) s o r t n e c Q H P : ª 1 a r a p : G C a t s i v e r t n E : ª 2 5 8 2 1 : ) . z i t a m o S e d . P a V I -M S D P.Somatiz.:16.1% l a t e J , n o s k c a J 24 8 0 0 2 p u -w o l l o F s e t n e o d ( 0 0 5 . t n i s / c . t u c e s n o c ) s o c i s í f 5 1 -Q H P : ª 1 D M -E M I R P : ª 2 V I -M S D ) D M -E M I R P ( D S M : D S M 8% Trata-sedamesma 5 0 0 2 e d a r t s o m a l a t e . M , a c o R 9 9 0 0 2 a h n a p s E G C 5 2 9 1 4 m a r a n o i c c e l e s 6 3 9 7 : a d a c s e t n e o d G C : ª 1 D M -E M I R P : ª 2 : l a t o T 28.8% ) E O S S P / c ( : D S M 14.0% Tav – toda a vida

MSD – Multisomatoform Disorder SSI4,6 – Somatic Symptom Index

CIDI – Composite International Diagnostic Interview SCID – Structured Clinical Interview for DSM-IV SPPI – Standardized Polyvalent Psychiatric Interview PRIME-MD – Primary Care Evaluation of Mental Disorders

PHQ – Physical Health Questionnaire GHQ – General Health Questionnaire

SCAN – Schedules for Clinical Assessment in Neuropsychiatry PSC – Physical Symptom Checklist

Total – Prevalência total das PSF

c/ mod Bucholz – com modificação de Bucholz CG – Clínicos Gerais

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Aplicando o critério do SSI4,6 aos somatizadores que procuram consulta médica, nos CP, os estudos re-ferem valores entre 6% (6) e 22%11,12. O estudo

multi-cêntrico, da Organização Mundial de Saúde (OMS) (2) refere a estimativa global de 19,7%, para o SSI4,6, em-bora com grandes variações entre os locais com valo-res limite de 7.6% para Ibadan e de 36.8% para Santiago do Chile.

Diferenças por sexo

A maioria dos estudos reporta prevalências mais altas para mulheres. Com os critérios da MSD, Roca et al9 encon-traram valores significativamente diferentes para mulhe-res e homens (16.7% vs 9.7%) e Toft et al8 concluem que mais mulheres que homens apresentavam P. de Somatização (ICD-10) e Neurastenia. Num estudo realizado na Grone-lândia, as estimativas de prevalência são também mais al-tas nas mulheres (23.8% vs 9.9%)13.

Contudo, noutros estudos, não são encontradas pre-valências diferentes, consoante os sexos4.

Comorbilidades

Num estudo de meta-análise14 em que foram incluídos 244 estudos (sendo 39 nos CP e 20 na população geral), as perturbações depressivas e ansiosas acompanhavam (em-bora não sempre) as síndromes somáticos funcionais (sín-dromes do cólon irritável, de fadiga crónica, fibromialgia, dispepsia não ulcerosa) embora e evidência desta associ-ação em relassoci-ação aos sintomas medicamente inexplicados fosse limitada. A depressão major estava presente em 58.9% dos doentes com PSF e em 40.9% dos que apresen-tavam PSF com critérios mais abrangentes. Verificou-se igualmente nesta meta-análise que os pacientes com PSF têm uma maior comorbilidade com perturbação de pânico do que aquela que apresentam os doentes com PSF com critérios menos restritivos (SSI4,6, MSD).

No estudo multi-cêntrico patrocinado pela OMS, os indivíduos com PSF apresentaram significativamente um maior risco de ter depressão (de acordo com os critérios da ICD-10) e síndrome de ansiedade generalizada15. Nou-tro estudo concluiu-se que existia uma associação alta-mente significativa das PSF com perturbações de ansie-dade8.

Noutro estudo de prevalência, usando os critérios da DSM-IV, a comorbilidade das PSF com as perturbações de ansiedade e depressivas era três vezes superior ao espera-do para a população estudada4 e 17% dos indivíduos com PSF tinha uma perturbação depressiva, sendo que a mes-ma percentagem de sujeitos com PSF tinha umes-ma

perturba-ção de ansiedade. Jackson e Passamonti, utilizando o cri-tério da MSD, encontraram igualmente dados que permiti-ram concluir que existia uma maior risco relativo, por parte dos pacientes com MSD, de terem outras perturbações mentais12.

Especificidade

Alguns dos estudos incluídos na revisão procuraram investigar se a somatização é independente em relação às perturbações comórbidas, isto é, se é uma entidade com especificidade, discriminável, em relações às perturbações depressivas e de ansiedade. Waal et al4 verificaram que os sintomas e as limitações funcionais dos doentes com PSF se agravam quando está presente comorbilidade com per-turbações depressivas e de ansiedade: as PSF têm efeitos cumulativos em relação aos efeitos das perturbações co-mórbidas. Noutro artigo, a mesma autora et al5 concluem que mesmo a perturbação somatoforme indiferenciada tem um impacto independente no uso dos recursos do sistema de saúde por parte dos pacientes, traduzido em 30% de consultas a mais.

Os resultados do estudo da OMS, realizado em 14 pa-íses, permitiram concluir que a persistência dos sintomas inexplicados medicamente não estava relacionada com a depressão16 e que havia uma associação entre o número dos sintomas somatoformes reportados e o número de dias passados com limitações funcionais, no último mês15.

Já anteriormente tinha sido reportado que a MSD ti-nha um efeito independente (em relação às patologias co-mórbidas) numa série de variáveis relacionadas com inca-pacidade e limitações funcionais17 e, posteriormente, ou-tros autores, relataram conclusões semelhantes18 que con-ferem validade externa relativamente segura ao conceito de somatização e PSF. Conclusões idênticas foram retira-das pelos autores de outros estudos11,12, havendo auto-res que concluiram que os somatizadoauto-res (de acordo com os critérios do SSI4,6), com perturbação depressiva ou de ansiedade simultâneas, não estavam mais deprimidos do que os deprimidos e ansiosos sem somatização11,

permi-tindo defender a especificidade da somatização em rela-ção à depressão.

O número de sintomas e o tipo de órgão/sistema en-volvido pelos sintomas medicamente inexplicados, nas análises efectuadas por alguns investigadores, mostra-ram acrescentar especificidade e valor predictivo ao con-ceito de somatização19. Com efeito, em estudos e artigos de revisão posteriores foi referido o facto de a estabilida-de do diagnóstico estabilida-de somatização aumentar com o agru-pamento de sintomas em síndromes20,21.

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CONCLUSÃO

As diferentes formas de operacionalizar o conceito de somatização e o uso de diferentes sistemas classificativos serão os factores mais relevantes a dificultar esta compa-ração de resultados de prevalência entre os estudos. Os valores díspares de prevalência que foram encontrados, nesta revisão, decorrerão, em parte, do uso de classifica-ções e critérios diversos, como salienta um dos artigos seccionado6. Mesmo para a entidade clínica definida de forma mais estrita, a P. de Somatização, a DSM-IV e a ICD-10 apresentam critérios diferentes: esta última não inclui os sintomas pseudo-neurológicos (que, nesse sistema, fazem parte das P. Dissociativas) apresentando valores de prevalência, por regra, mais baixos, para a P. de Somati-zação, do que os valores da DSM-IV. A P. de SomatiSomati-zação, segundo a DSM-IV, será mais prevalente também porque os critérios não incluem, como acontece na ICD-10, a ne-cessidade e pedido repetidos de investigações médicas tranquilizadoras10 (Comportamento Anormal de Doente). Contudo, um dos estudos apresenta uma prevalência de 10% para esta perturbação segundo a ICD-10.

Os valores de prevalência da forma abrangente de somatização, pelo SSI4,6, apresentam-se como relativa-mente estáveis, em torno dos 20%, através dos vários ti-pos de estudo considerados e através das diferentes regi-ões onde os mesmos foram levados a cabo.

Conflito de interesses:

Os autores declaram não ter nenhum conflito de interesses relati-vamente ao presente artigo.

Fontes de financiamento:

Não existiram fontes externas de financiamento para a realização deste artigo.

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