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IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA AGROFLORESTAL NA APAE RURAL DE CAMPO MOURÃO, PARANÁ

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Academic year: 2021

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SILVEIRA, Pedro Henrique do Nascimento¹; MOLINA, Leonardo de Souza²; ALEVI, Jacques Yves³; BUENO, Raquel de Oliveira⁴

RESUMO: A agroecologia surge como uma alternativa aos modelos de produção impactantes ao

meio ambiente. Dentro da agroecologia, os sistemas agroflorestais (SAFs) realizam o uso da terra com consórcios de espécies perenes (lenhosas), cultivos temporários, hortaliças e pecuária. Este projeto tem como objetivo implantar SAF na APAE Rural de Campo Mourão. A área onde foi implantado o sistema agroflorestal é de 12000 m2 e foi divida em três áreas, com diferentes características e planejamentos, nas quais foram implantadas a fruticultura, culturas temporárias e sistema sucessional biodiverso. Após a aplicação dessas técnicas, no período de 12 meses, as áreas apresentaram melhora visual do solo.

Palavras-chave: Sistemas agroflorestais. Agroecologia. Recuperação de áreas degradadas. SAFs.

IMPLEMENTATION OF AGROFORESTRY SYSTEM IN THE APAE OF CAMPO MOURÃO, PARANÁ COUNTRYSIDE

ABSTRACT: The Agroecology emerges as an alternative to production models impacting the

environment. Inside the Agroecology, agroforestry systems (SAFs) perform land use with consortia of perennial species (woody), temporary, vegetables and livestock. This project aims to deploy SAF in the APAE of Campo Mourão. The area where it was deployed the agroforestry system is 12000 m² and was divided into three areas, with different features and plans, in which they were deployed fruit, temporary crops and successional system biodiverso. After the application of these techniques in the period of 12 months, the areas presented visual improvement of the soil.

Keywords: Agroforestry Systems. Agroecology. Recovery of degraded areas. SAFS.

¹Graduando Engenharia Ambiental - UTFPR.E-mail: pedrohenriquesilveiro@gmail.com. ² Graduando Engenharia Ambiental - UTFPR. E-mail: leonardo.dsmolina@gmail.com. ³Graduando Engenharia Ambiental - UTFPR. E-mail:jacquesalevi@hotmail.com. 4Professora doutora da UTFPR. E-mail: quelloliveira@gmail.com.

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INTRODUÇÃO

Nos primeiros anos de colonização brasileira instalou-se no país uma sociedade agrícola com caráter exploratório e devastador, as florestas eram enxergadas como barreiras naturais para a ocupação territorial e expansão das fronteiras, o que causou um enorme desmatamento desordenado. Os ciclos econômicos da expansão agronômica ao longo dos anos como o Pau Brasil, Cana de açúcar, cafeicultura, mineração, pecuária dentre outros, também foram fatores fundamentais que contribuíram para a redução da vegetação presente na maioria dos estados brasileiros (ENGEL, 1999; EMBRAPA, 2004). A ideia de que a natureza era algo a ser dominado e explorado durante a chamada Revolução Verde resultou na desvalorização, aos olhos da sociedade urbana e industrial, dos conhecimentos dos povos tradicionais e sua relação com a natureza.

A agroecologia desenvolveu-se como ciência a partir da década de 1970, como alternativa ambientalmente correta na contramão da revolução verde e foi definida como um novo paradigma produtivo, onde se utiliza técnicas e práticas para uma produção ecologicamente sustentável no campo (Leff, 1998).. Além da questão ambiental esta nova prática de produção faz com que se tenha uma integração da sociedade com a natureza, onde as pessoas entendem melhor essa relação e passam a cuidar melhor do ambiente

No campo agroecológico existem os sistemas agroflorestais (SAFs), que consistem em uma forma de uso da terra onde são consorciadas espécies perenes (lenhosas), cultivos temporários, hortaliças e até uso de pecuária de modo que seja possível estabelecer interações ecológicas positivas (NETO et al. 2016). Os SAFs podem ser constituídos de diversas maneiras, compostos por diferentes espécies e sob diferentes tipos de manejos, porém em todos eles a biodiversidade presente é sempre muito maior do que na monocultura, o que ocasiona a melhoria da fertilidade dos solos, garantindo maior sustentabilidade (MACEDO, 2000). A presença de espécies arbóreas no sistema traz benefícios diretos e indiretos, tais como o controle da erosão, aumento da matéria orgânica no solo contribuindo para o aumento da fertilidade do solo, o aumento da biodiversidade, melhoria do microclima local, a diversificação da produção e o alongamento do ciclo de manejo de uma área. O objetivo principal dos SAFs é de otimizar o uso da terra, conciliando a produção florestal com a produção de alimentos (EMBRAPA, 2004).

Deste modo, este estudo teve por objetivo iniciar a implantação de um SAF dentro da área da APAE RURAL de Campo Mourão, com o intuito de recuperar

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algumas áreas que se encontravam degradadas e, por meio deste sistema, futuramente produzir alimentos para serem utilizados nas refeições dos alunos e funcionários da APAE.

ÁREAS DE AGROFLORESTA

A implantação do sistema agroflorestal na área da APAE RURAL de Campo Mourão teve início em setembro de 2016.. A área do sistema agroflorestal abrange aproximadamente 12.000 m², sendo dividas em cinco áreas menores, nominadas de agrofloresta 1 (abrangendo um pomar), agrofloresta 2 (abrangendo uma APP) e agrofloresta 3 (Figura 1). A agrofloresta 1 tem cerca de 3.600 m², a Agrofloresta 2 tem cerca de 2.240 m², e a Agrofloresta 3 cerca de 6.060 m².

Figura 1 – localização das áreas agrofloresta 1, agrofloresta 2, agroflorestal 3, APP, e Pomar dentro da área da APAE Rural de campo Mourão.

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ETAPAS DA IMPLANTAÇÃO

As áreas foram isoladas e foram realizadas as etapas de planejamento e plantio das espécies. Na fase de planejamento foi realizado um levantamento das espécies vegetais do entorno das áreas a serem recuperadas, identificando as espécies de importância comercial, espécies chaves, espécies frutíferas e geradoras de biomassa. Três meses antes do plantio das mudas, foram definidas as espécies mais adequadas ao manejo inicial e quais espécies serão implantadas ao longo de três anos especificando o local a ser plantado e a época de plantio.

Ainda nesta fase, Foi realizado o controle de formigas, por meio da introdução de espécies vegetais repelentes (hortelã, alecrim, poejo e capim limão) as quais foram plantadas apenas em volta das espécies mais frágeis e vulneráveis, tendo em vista que as formigas são grandes aliadas dos sistemas agroflorestais servindo como renovadores naturais do sistema. Para as “pragas” como brocas, moscas e vespas que colocam ovos nas frutas foi utilizado um repelente natural composto por óleo de Neem, calda de mamona, calda de pimenta e fumo, o qual só será utilizado até que o ambiente entre em equilíbrio. Para doenças encontradas nas folhas das árvores foi realizada a poda e o material contaminado foi queimado. Em casos extremamente necessários foi aplicado calda bordalesa segundo as especificações do produto e, alguns indivíduos arbóreos que não mostraram bons resultados, foram retirados do sistema e outros foram reintroduzidos no local.

A implantação (fase de plantio) foi iniciada de forma gradativa, primeiramente na Agrofloresta 2 e APP, seguido da Agrofloresta 1 e Agrofloresta 3. Esta última está em fase de planejamento e não será apresentada aqui. Para efetivar o plantio das mudas foi realizado uma roçada manual nas áreas e a matéria orgânica proveniente da roçada foi enleirada (Figura 2). O começo do plantio foi realizado nos meses de maiores índices pluviométricos (dezembro a março) e nos horários mais frescos do dia, cuidados necessários para diminuir as chances de mortalidade dos indivíduos.

Após o plantio, as mudas foram manejadas e monitoradas semanalmente, o solo foi constantemente adubado com matéria orgânica proveniente das podas contribuindo para que o solo se torne mais fértil, apropriado à introdução de espécies mais exigentes.

Foram realizados dois mutirões são longo do ano, com o objetivo de para proporcionar a interação da comunidade local com o sistema agroflorestal. Neste evento foram realizadas aulas práticas de manejo do sistema agroflorestal e limpeza do córrego na área adjacente à propriedade da APAE retirando todos os resíduos sólidos encontrados dentro do corpo hídrico.

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Figura 2 - Enleiramento da matéria orgânica no solo em sistema agroflorestal a ser implantado na APAE Rural - Campo Mourão, Paraná, Brasil.

IMPLANTAÇÃO DA AGROFLORESTA 2

A primeira área a ser implantada foi a Agrofloresta 2. promovendo a recuperação de uma trilha de equoterapia ao lado do córrego, atendendo a legislação e criando um sistema agroflorestal voltado para um modelo sucessional biodiverso, que basicamente é um modelo de recuperação do ambiente, utilizando a sucessão ecológica natural utilizano a maior diversidade de espécies de plantas possíveis. A trilha foi transposta e no local foram introduzidas algumas espécies arbóreas como: Euterpe edulis Mart., Musa

spp., Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan, Plinia cauliflora (Mart.) Kausel, Eugenia uniflora L., Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr. (Figura 3).

Nesta mesma área, foi feita a cobertura do solo com matéria orgânica (gramíneas depois da roçada) para a recuperação da fauna do solo, melhora da fertilidade do solo e retenção da erosão (NETO et al. 2016). O solo estava exposto pela trilha e o local apresentava uma declividade de aproximadamente 10%, por onde escoava a água criando sulcos e lixiviação de partículas do solo para dentro do córrego, por isso foi utilizada a técnica de diminuição da energia cinética da água proveniente de água da chuva com a colocação de tocos pelos caminhos que a água percorria.Foram introduzidas culturas temporárias como milho, abóbora, mandioca, tomate, cenoura e aveia Preta, que consorciadas com espécies arbóreas frutíferas e lenhos em seis meses apresentou visível melhora na vegetação da área (Figura 4).

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Figura 3 - Espécies introduzidas na APP como forma de recuperação de áreas degradadas utilizando um sistema agroflorestal sucessional biodiverso em área da APAE Rural - Campo

Mourão, Paraná, Brasil.

Figura 4 - Agrofloresta 2 antes e depois da implantação do sistema agroflroestal na área da APAE Rural - Campo Mourão, Paraná.

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IMPLANTAÇÃO DA AGROFLORESTA 1

A implantação da agrofloresta 1 foi iniciada em março de 2017 e foi voltada para a produção de alimento e cultivo de frutíferas, aproveitando o pomar existente na área. Uma técnica utilizada e criada especialmente para essa área foi a “cama de sementes”. Consistiu no plantio de uma bananeira e nas raízes dela foram colocadas sementes de diversas espécies frutíferas e de cultura temporária. A ideia é que essas sementes germinem e promovam competição asim, as menos adaptadas e menores, são retiradas do sistema obedecendo ao estrato/porte de cada planta, formando adensados de espécies vegetais imitando um sistema florestal. A utilização da técnica de “Cama de sementes” se mostrou muito eficaz, onde várias espécies frutíferas germinaram, incluindo mesmo algumas espécies consideradas de difícil germinação como a Atemóia (JUNIOR, 2007). Acredita-se que a umidade fornecida pelas raízes das bananeiras tenha influenciado positivamente a germinação destas sementes, fornecendo água e maior disponibilidade de nutrientes gerados pela atividade microbiana que naturalmente ocorrem em locais mais úmidos (MOREIRA; SIQUEIRA, 2006).

Outra técnica utilizada foi a introdução de sementes de feijão junto com as mudas de frutíferas recém-plantadas, a germinação de feijão ajuda na melhoria do solo uma vez que a cobertura com leguminosas ajudam a manter o solo úmido e fixar nitrogênio (REVISTA RURAL, 2010). A introdução de feijão junto com as mudas de frutíferas auxiliou no brotamento das espécies, mesmo em semanas em que não ocorreu precipitação, além de promover um maior crescimento das mudas se comparada à mesma muda, no mesmo solo em que não foi colocado feijão.

CONCLUSÕES

O sistema agroflorestal mesmo em pouco tempo de funcionamento, e ainda não abrangendo as três áreas, tem se mostrado eficiente desde o momento em que foi implantado, podendo recuperar rapidamente áreas degradadas e produzir alimentos de forma sustentável e de qualidade, aliando a produção economicamente viável a sustentabilidade. É uma ferramenta extremamente viável e funcional quando se trata de recuperação de áreas degradadas e podendo ser aplicada nos mais variados biomas e de diversas maneiras. Estudos futuros como a medição da qualidade do solo e levantamento das espécies de avefauna presentes na área, poderão quantificar a melhora da qualidade do ambiente que este sistema está promovendo na área da APAE Rural.

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REFERÊNCIAS

ANONYMOUS. Editorial: What is agroforestry? Agroforestry Systems, Dordrecht, n.1, v.1, p.7-12, 1982.

CUNHA, Lucia Helena. Reservas extrativistas: uma alternativa de produção e conservação da biodiversidade. Encontro dos Povos do Vale do Ribeira, 2001. EMBRAPA, 2004. Sistemas Agroflorestais – Conceitos e aplicações. Disponível em: <http://saf.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/01.pdf>. Acessado em: 18 Abr. 2017 ENGEL, V. L. Introdução aos Sistemas Agroflorestais. Botucatu: FEPAF, 1999. 70 p.

JÚNIOR, E. J. S.; PROPAGAÇÃO DE ESPÉCIES DE Annonaceae COM ESTACAS CAULINARES. Tese de Doutourado, Jaboticabal, São Paulo, 2007. Disponível em: < http://www.fcav.unesp.br/download/pgtrabs/pv/d/1616.pdf> Acessado em: 02 Mai. 2017.

LEFF, E. - SABER AMBIENTAL Sustentabilidad, racionalidad, complejidad, poder. 1998. 276p. Disponível em:

<https://bibliodarq.files.wordpress.com/2014/12/leff-e-saber-ambiental-sustentabilidad-racionalidad-complejidad-poder.pdf>. Acessado em: 01 Mai. 2017. MACEDO, R. L. G.; VENTURIN, N.; TSUKAMOTO FILHO, A. A. 2000. Princípios de agrossilvicultura como subsídio do manejo sustentável. Informe Agropecuário. v.21 (202) 93-98p.

MOREIRA, Fátima M S; SIQUEIRA, José Oswaldo. Microbiologia e bioquímica do solo. 2. ed. Lavras: Ufla, 2006. 729 p. Disponível em:

<http://www.prpg.ufla.br/solos/wp-content/uploads/2012/09/MoreiraSiqueira2006.pdf>. Acesso em: 12 maio 2017. NETO, N. E. C.; MESSERSCHMIDT, N. M.; STEENBOCK, W.; MONNERAT, P. F. - Agroflorestando o mundo de facão a trator – gerando práxis agroflorestal em rede. Barra do turvo, 179p., 2016

REVISTA RURAL - OS BENEFÍCIOS DA COBERTURA DO SOLO NA INTRODUÇÃO DO FEIJOEIRO 2010. Disponível em:

<http://www.revistarural.com.br/edicoes/item/6467-feijao-os-beneficios-da-cobertura-do-solo-na-introducao-do-feijoeiro> Acessado em: 02 Mai. 2017.

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