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Aventuras-solo online de RPG: construindo narrativas não lineares em Matemática AUTOR RESUMO ABSTRACT

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Academic year: 2021

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Aventuras-solo online de RPG: construindo narrativas não lineares

em Matemática

AUTOR

Danilo Lemos Batista, IFS, danilo_math@hotmail.com

RESUMO

Este pôster apresenta uma experiência de produção de aventuras-solo de RPG, em um ambiente de colaboração online. O texto descreve o processo de construção das aventuras, e alguns elementos estruturantes de uma proposta de formação docente voltada ao uso das tecnologias da informação e comunicação. Os resultados mostram que a elaboração das narrativas referenciadas em História da Matemática ampliam o repertório dos licenciandos ao passo que promove a investigação de temas e conteúdos matemáticos.

Palavras-chave: aventuras-solo de RPG online, ensino de Matemática, formação de professores

ABSTRACT

This poster presents an experience of producing solo adventure's RPG, in a collaborative environment online. The text describes the process of building adventures, and some structural elements of a proposal for teacher education in the use of information technology and communication. The results show that the preparation of accounts referenced in the History of Mathematics expand the repertory of undergraduates while promoting research themes and mathematical content.

Keywords: solo adventure's RPG online, mathematics teaching, teacher training

1 Introdução

A sociedade atual é marcada pela flexibilização dos processos de informação, comunicação e interação. Contexto que experimenta novas formas de linguagem, e vai além da linearidade da leitura e escrita, da mensagem fechada, do emissor que se coloca numa posição hierárquica e que não permite o diálogo com o receptor.

Vivenciar esta dinâmica na escola significa possibilitar que alunos e professores sejam sujeitos do seu tempo, que sejam protagonistas da história, que vivenciem o diálogo com outros sujeitos e com a história, num universo de acontecimentos inerentes aos contextos sociais, mediados por tecnologias. Este trabalho discute a implementação de uma interface que permite a produção

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colaborativa, atendendo a esse processo dinâmico: um jogo de RPG, Roleplaying

Game, jogo de interpretação de papéis, vivenciado de acordo com a ambientação da

história, enredo, cenário e problematização. Nele a trama criada potencializa o desenvolvimento social e cognitivo do sujeito, e exige conhecimento sobre o contexto da história e a cooperação entre os participantes.

A criação de uma narrativa ficcional e de forma colaborativa, é considerada, aqui, como uma proposta de ação formativa, que promove o desenvolvimento de habilidades associadas ao profissional da Educação, e em especial da Educação Matemática. Segundo Rodrigues (2004),

A habilidade narrativa pode ser aprendida com maior ou menor competência. O domínio do código narrativo, quando acontece, provoca o aparecimento do contador de histórias para os outros (…) Dominar o código significa descobrir a essência das narrativas e retransmití-las em outras palavras, linguagens e mídias.

O jogo RPG tradicional tem uma narrativa aberta à manipulação dos seus interagentes (os jogadores), está sempre em processo de construção, mesmo quando toda a história é escrita anteriormente. Sobre esse tipo de jogo Rodrigues afirma que “o RPG é uma forma específica de atividade, com sentido e função social. O Roleplaying Game é um jogo de produzir ficção manifesta oralmente e em grupo” (RODRIGUES, 2004). No entanto, ao entendermos a aventura-solo como um tipo de RPG construído para apenas um jogador, elaborado como um texto que leva a personagem a distintos desfechos na narrativa, relativizamos tal conceito. Mais ainda, ao utilizarmos os recursos dos hipertextos, inerentes á linguagem que emerge da estrutura da rede de computadores, dotamos esse tipo de construção de uma dinâmica própria, de maneira que tanto otimiza a passagem entre um trecho da narrativa e outro, quanto possibilita a inserção de elementos híbridos (imagem, texto, vídeo, etc), que enriquecem a experiência promovida. Nesse sentido, ao procurar manter uma coerência nos fatos narrados, de maneira que o jogador esteja imerso em situações que resgatam conhecimentos relacionados à Matemática, e em uma estrutura que se utilize desses elementos, o criador (que nesse caso pode assumir parte do papel do jogador definido como mestre) amplia seu repertório mediante pesquisa e debate entre os pares.

A plataforma discutida neste trabalho se refere a um ambiente de colaboração online denominado como Wiki, uma página eletrônica que permite a

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edição colaborativa1. Sendo assim, ao adotar tal recurso se faz necessária a

definição do tipo de linguagem que permita que a narrativa seja construída. Tal linguagem é a linguagem da hipermídia, pois segundo afirma Silva (2006, p. 148),

Na hipermídia o usuário conta com elementos hiperlinkados num sistema rizomático com múltiplas entradas e saídas, no qual pode mover-se com muita liberdade. Ele guia-se por meio de sinais e dispõe de palavras e conteúdos que, ao ser acionados, apresentam ligações múltiplas que conduzem a outras palavras e conteúdos configurando um mapa de caminhos intricados e labirínticos por onde o usuário pode navegar e, nesse ambiente, permutar e potencializar.

Os hiperlinks, assim como os hipertextos, “quebram a linearidade em unidades ou módulos de informação. (...) Nós e nexos associativos são os tijolos básicos de sua construção”(Santaella, 2004). E ao ampliarmos o universo de linguagens adotadas, pois além dos textos temos a imagem como principal referência nesse espaço, esses nós podem se constituir tanto de um link textual, como um endereço de um site.

Neste texto discutiremos a criação desse tipo de produto: aventuras-solo paradidáticas online referenciadas, principalmente, em temas da História da Matemática. Sobre o uso da História da Matemática em situações didáticas, Miguel e Miorim (2004) destacam que são

Várias [...] funções que a história poderia desempenhar em situações de ensino, tais como o desenvolvimento de atitudes e valores mais favoráveis diante do conhecimento matemático, o resgate da própria identidade cultural, a compreensão das relações entre a tecnologia e herança cultural, a constituição de um olhar mais crítico sobre os objetos matemáticos, a sugestão de abordagens diferenciadas e a compreensão de obstáculos encontrados pelos alunos.

Ao apresentar as potencialidades desse tipo de recurso em um curso de formação de professores, vem sendo proposto o planejamento e elaboração dessas aventuras de RPG por grupos de licenciandos em Matemática. A descrição das etapas do processo é apresentada na seção seguinte.

2 Relato da atividade

A atividade desenvolvida com os alunos de licenciatura em Matemática, ocorre geralmente na disciplina de História e Filosofia da Matemática. Ela se distribui em 3 etapas: apresentação e discussão acerca dos jogos de RPG aplicados no 1A exemplo da enciclopédia online Wikipedia.

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ensino; exemplificação e planejamento das aventuras paradidáticas; e implementação das aventuras na plataforma wiki.

Na primeira etapa das atividades os alunos são apresentados aos fundamentos teóricos acerca do uso dos jogos de RPG como ferramentas pedagógicas. Nesse sentido, com o propósito de inserir os alunos não-jogadores (aqueles que não conhecem ou nunca tiveram uma experiência como participantes de uma partida de RPG, seja em formato tradicional, eletrônico ou de tabuleiro), é aplicada uma aventura-exemplo utilizando o RPG tradicional, sem tabuleiro. Na aventura são evidenciados elementos básicos da narrativa ficcional, abordando questões acerca da criação da ambientação, das personagens e do enredo da aventura a ser construída. Nesse caso, ao discutirmos tais elementos utilizamos referências utilizados por jogadores mestres e que, geralmente, são encontrados em livros de regras que explicam a mecânica do jogo que optou-se jogar. Ao referenciarmos na História da Matemática, por exemplo, apresentamos personagens fictícios que permeam uma aventura previamente construída.

Após a aplicação do jogo-exemplo, são discutidas as especifidades de uma aventura-solo de RPG. Uma aventura que geralmente é construída como uma narrativa textual, que apresenta em um dado momento, desdobramentos que levam o leitor a diferentes caminhos, e consequentemente, a finais distintos de uma mesma história. Nesse sentido, os alunos são apresentados à plataforma utilizada para a elaboração das aventuras: um site wiki2. No site já se encontra uma

aventura-exemplo, em construção, que deve servir de referência.

Figura 1 – Site do Mathematwiki

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Na etapa que segue, as ações são voltadas para a pesquisa de referenciais na História da Matemática e da Matemática para a elaboração de aventuras permeadas de situações-problema que evoquem fatos, personagens ou idéias matemáticas.

Nesta etapa, considerada a mais importante, os licenciandos são orientados a realizarem pesquisa complementar acerca dos temas já abordados em sala de aula, de maneira que aumentem o repertório de referencias históricos para, só assim, escolherem o tema da aventura e planejarem as situações que farão parte da história. Nesse caso, os temas são livres, e os grupos de alunos se reúnem e discutem como as aventuras devem ser construídas.

Após a fase de discussão e planejamento, onde são definidos os direcionamentos que a história irá seguir, ocorre a implementação da aventura na plataforma Wiki. Nesse caso, os alunos são apresentados ao ambiente do serviço do

Wikispaces, que permite a criação de sites colaborativos de forma gratuita. Só então

os trechos das aventuras são transcritas para o ambiente online, de forma que cada cena da história seja descrita em uma página diferente. Após a transcrição, são estabelecidas as conexões entre essas páginas através de links, que relacionam cada trecho com uma opção que deve ser apresentada ao jogador-leitor.

3 Considerações finais

Dentre as reflexões acerca do processo descrito neste trabalho, podemos indicar que o RPG online (do tipo aventura-solo) tem um design hipertextual, labiríntico. Tal característica leva a compreendê-lo como um produto que se adequa muito bem às plataformas tecnológicas adotadas na sociedade contemporânea. Mesmo que os jogos de RPG possuam, em seu formato tradicional, uma dinâmica que evidencia a oralidade e, prioritariamente, a criação em grupo.

Trabalhar com o RPG na escola significa um exercício para o desenvolvimento da linguagem, no sentido de ampliar as suas formas e incitar o desenvolvimento de habilidades para a sua expressão. Exercício que pode resultar no aprofundamento dos significados e sentidos dos conteúdos curriculares da Matemática, principalmente pela possibilidade de implementação de um contexto histórico que pode servir de cenário para discussões acerca de temas dessa ciência, seja em situações-problema que devem ser apresentados de maneira que se produza uma narrativa coerente, ou na criação de links entre personagens ou fatos

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importantes da História da Matemática.

E justamente por apresentar tais possibilidades, pode ser apresentada como mais uma ferramenta de suporte de atividades que prezam pelo uso das TIC em situações didáticas, dentro ou fora do ambiente escolar. Por isso, ao promover uma atividade de criação de aventuras-solo paradidáticas de RPG para futuros professores de Matemática, assumimos a proposta de desenvolver habilidades que, em geral, não são previstas no curriculo das licenciaturas, mas que possibilitam o vislumbre de um horizonte mais amplo no seu campo de atuação, já que passam por uma experiência de produção de conteúdo online, além de fazê-los refletirem sobre a linguagem da hipermídia, presente nas novas mídias que emergem nessa sociedade.

As ações do projeto serão mantidas como atividade do programa da disciplina História da Matemática, do curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe. Além disso, o site se manterá como um espaço de criação colaborativa para parceiros de outras instituições que pretendam se aventurar na criação de narrativas ficcionais embasadas em referenciais da História da Matemática.

4 Referências

MIGUEL, A . MIORIM, M. A . História na Educação Matemática: propostas e desafios. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

RODRIGUES, S. Roleplaying Game e a Pedagogia da Imaginação no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

SANTAELLA, L. Navegar no ciberespaço:o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.

Referências

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