6a edição revista, ampliada e atualizada
30
Coordenação Leonardo Garciacoleção
SINOPSES
paraconcursos
DIREITO
AMBIENTAL
2018?
1
C a p í t u l o
Meio Ambiente e
Direito Ambiental
1. A QUESTÃO AMBIENTAL E OS REFUGIADOS CLIMÁTICOS
Na medida em que cresce a degradação irracional ao meio am-AHDáPDƤDKƤDOLDBH@JƤçƤá@PQN@JƤ@EDP@áCçƤáDF@PHâ@KDáPDƤ@ƤMQ@JHC@CDƤ CDƤ âHC@Ƥ C@OƤ LDOOç@OƤ DƤ BçJçB@áCçƤ DKƤ NHOBçƤ @OƤ EQPQN@OƤ FDN@ĢDOƤ PçNá@ ODƤBQNH@JƤ@ƤK@HçNƤDƤDfB@UƤPQPDJ@ƤCçOƤNDBQNOçOƤ@KAHDáP@HOƤLDJçƤ Poder Público e por toda a coletividade.
Nesse sentido, em especial a partir dos anos 60 do século pas-sado, os países começaram a editar normas jurídicas mais rígidas para a proteção do meio ambiente. No Brasil, pode-se citar, por exemplo, a promulgação do antigo Código Florestal, editado por
meio da Lei 4.771/1965, substituído pelo novo Código Florestal (Lei
Ƥ@OOHKƤBçKçƤ@ƤLei 6.938/1981, que aprovou a Política
Nacional do Meio Ambiente.
,QáCH@JKDáPDƤçƤK@NBçƤEçHƤ@ƤConferência de Estocolmo (Suécia),
ocorrida em 1972ƤLNçKçâHC@ƤLDJ@Ƥ.-4ƤBçKƤ@ƤL@NPHBHL@ĖçƤCDƤƤ
países, onde se deu um alerta mundial sobre os riscos à existência humana trazidos pela degradação excessiva, em que pese à pos-tura retrógrada do Brasil à época, que buscava o desenvolvimento econômico de todo modo, pois de maneira irresponsável se pre-F@â@Ƥ@ƤLNDEDNěáBH@ƤLçNƤQKƤCDODáâçJâHKDáPçƤDBçáġKHBçƤ@ƤMQ@JMQDNƤ custo ambiental (“riqueza suja”) do que uma “pobreza limpa”.
%KƤƤND@JHUçQ ODƤáçƤ1HçƤCDƤ*@áDHNçƤ@Ƥ#çáEDNěáBH@ƤC@OƤ-@ĢDOƤ 4áHC@OƤOçANDƤ,DHçƤ!KAHDáPDƤDƤ$DODáâçJâHKDáPçƤhƤ#-4,!$ƤBçáGD-cida como ECO-92 ou RIO-92, oportunidade em que se aprovou a
Declaração do Rio, documento contendo 27 princípios ambientais,
bem como a Agenda 21, instrumento não vinculante com metas
mundiais para a redução da poluição e alcance de um desenvolvi-mento sustentável.
Note-se que tais documentos não têm a natureza jurídica de PN@P@CçOƤ HáPDNá@BHçá@HOƤ LçHOƤ áĖçƤ HáPDFN@KƤ EçNK@JKDáPDƤ çƤ çNCD-á@KDáPçƤIQNƦCHBçƤAN@OHJDHNçƤK@OƤFçU@KƤCDƤEçNPDƤ@QPçNHC@CDƤĚPHB@Ƥ JçB@JƤDƤKQáCH@JƤ/çNƤçB@OHĖçƤC@Ƥ%#. Ƥ@HáC@ƤEçN@KƤ@LNçâ@CçOƤHK-portantes tratados internacionais, como a Convenção do Clima e a Convenção da Diversidade Biológica.
%áPNDKDáPDOƤ@LDO@NƤCçƤBNDOBDáPDƤDOEçNçƤCDƤ@JFQáOƤâHOHçáĔNHçOƤ
apenas existem vestígios de uma nova visão ético-ambiental, que
precisa ser implantada progressivamente.
#çKƤ DEDHPçƤ DKAçN@Ƥ MQDHN@Ƥ EDJHUKDáPDƤ çƤ GçKDKƤ áĖçƤ PDKƤ çƤ poder de ditar as regras da natureza, contudo tem o dever de respeitá-las, sob pena de o meio ambiente ser compelido a pro-mover a extinção da raça humana como instrumento de legítima CDEDO@Ƥ á@PQN@JƤ LçHOƤ ĚƤ HáDFĔâDJƤ MQDƤ çƤ AHBGç GçKDKƤ ĚƤ L@NPDƤ CçƤ todo natural, mas o egoísmo humano (visão antropocêntrica pura) cria propositadamente uma miopia transindividual, em que poucos possuem lentes para superá-la.
É preciso compreender que o crescimento econômico não po-derá ser ilimitado, pois depende diretamente da disponibilidade dos recursos ambientais naturais, que são limitados, já podendo, inclusive, ter ultrapassado os lindes globais da sustentabilidade.
A única saída será a adoção progressiva de métodos de pro-dução menos agressivos ao meio ambiente, por meio de pesados investimentos na pesquisa e utilização das tecnologias “limpas”. É crescente em todo o Planeta Terra o número de pessoas que são EçN@C@OƤ@ƤDKHFN@NƤC@OƤUçá@OƤMQDƤG@AHP@KƤDKƤN@UĖçƤCDƤ@JPDN@ĢDOƤ do ambiente, quer dentro do seu país ou mesmo para outro, sendo
chamados de refugiados ambientais ou climáticos.
!OƤODB@OƤ@ƤDOB@OODUƤCDƤ@JHKDáPçOƤ@ƤCDODNPHfB@ĖçƤ@ƤDJDâ@ĖçƤ do nível de mares e rios, a alteração de ventos climáticos e o des-K@P@KDáPçƤOĖçƤ@LDá@OƤ@JFQáOƤE@PçNDOƤ@KAHDáP@HOƤMQDƤâěKƤFDN@áCçƤ a migração territorial de povos em todo o mundo em busca de melhores condições de vida ou mesmo para sobreviver.
$DƤ @BçNCçƤ BçKƤ HáEçNK@ĖçƤ LQAJHB@C@Ƥ áçƤ site da Revista Veja DKƤK@NçƤCDƤƤbDKAçN@Ƥ@ƤfFQN@ƤCçƤNDEQFH@CçƤ@KAHDáP@JƤ@HáC@Ƥ áĖçƤODI@ƤNDBçáGDBHC@ƤLDJ@Ƥ.NF@áHU@ĖçƤC@OƤ-@ĢDOƤ4áHC@OƤB@JBQJ@--se que existam hoje 50 milhões de pessoas obrigadas a deixar suas casas por problemas decorrentes de desastres naturais ou
21 Cap. 1 • Meio Ambiente e Direito Ambiental
mudanças climáticas. Enquanto alguns especialistas propõem que o termo seja aplicado a todos que perderam seus lares devido a @JPDN@ĢDOƤCçƤKDHçƤ@KAHDáPDƤçQPNçOƤ@BNDCHP@KƤMQDƤçƤKDJGçNƤĚƤE@-zer a distinção entre quem se desloca dentro do próprio país e os MQDƤOĖçƤçANHF@CçOƤ@ƤBNQU@NƤENçáPDHN@OƤHáPDNá@BHçá@HOƤ#@OçƤODƤBçá-cretizem as previsões de elevação do nível dos oceanos, também GĔƤçƤNHOBçƤCDƤ@JFQK@OƤá@ĢDOƤCDO@L@NDBDNDKƤ%OPHK@PHâ@OƤC@Ƥ.-4Ƥ HáCHB@KƤMQDƤDKƤƤçƤáĥKDNçƤCDƤNDEQFH@CçOƤ@KAHDáP@HOƤDOP@NĔƤ
entre 250 milhões e 1 bilhão de seres humanos”1.
2. DEFINIÇÃO E ESPÉCIES DE MEIO AMBIENTE
Para o Dicionário Aurélio da língua portuguesa, ambiente é o “que
cerca ou envolve os seres vivos ou as coisas, por todos os lados”. Por isso, alguns entendem que a expressão “meio ambiente” é re-CQáC@áPDƤLçCDáCçƤODƤNDEDNHNƤ@Ƥ@KAHDáPD
` Importante!
A _jwWę¡Òj}>Ò_¡Òj¡Ò>JjÕj se encontra insculpida no artigo 3.º,
I, da Lei 6.938/1981ƤMQDƤLçáPHfB@ƤMQDƤçƤKDHçƤ@KAHDáPDƤĚƤ“o conjunto _jÒU¡_WĥjÊ]ÒjÊ]ÒyßĞU>ÊÒjÒÕjÅ>WĥjÊÒ_jÒ¡Å_jÒvƩÊU>]ÒºßƩU>ÒjÒ biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
-çƤBçáBQNOçƤCçƤ#%2/%ƤL@N@Ƥ/NçKçPçNƤCDƤ*QOPH@ƤDKƤƤEçHƤBçáOHCD-N@CçƤBDNPçƤçƤODFQHáPDƤDáQáBH@CçƤ!PĚƤçƤ@CâDáPçƤC@ƤJDHƤMQDƤHáOPHPQHQƤ@Ƥ /çJƦPHB@Ƥ-@BHçá@JƤCçƤ,DHçƤ!KAHDáPDƤáĖçƤDSHOPH@ƤQK@ƤCDfáHĖçƤJDF@JƤDƤ (ou) regular de meio ambiente. A partir de então, conceituou-se meio @KAHDáPDƤBçKçƤçƤBçáIQáPçƤCDƤBçáCHĢDOƤJDHOƤHágQěáBH@OƤDƤHáPDN@ĢDOƤ CDƤçNCDKƤEƦOHB@ƤMQƦKHB@ƤDƤAHçJĠFHB@ƤMQDƤLDNKHPDƤ@ANHF@ƤDƤNDFDƤ@ƤâHC@Ƥ DKƤPçC@OƤ@OƤOQ@OƤEçNK@OƤ -çƤBçáBQNOçƤCçƤ#%2/%ƤL@N@Ƥ*QHUƤ&DCDN@JƤC@ƤƴƤ1DFHĖçƤDKƤƤEçHƤBçá-OHCDN@CçƤDNN@CçƤçƤODFQHáPDƤDáQáBH@CçƤ!çƤBçáBDADNƤçƤKDHçƤ@KAHDáPDƤ BçKçƤçƤBçáIQáPçƤCDƤBçáCHĢDOƤJDHOƤHágQěáBH@OƤDƤHáPDN@ĢDOƤCDƤçNCDKƤ EƦOHB@ƤMQƦKHB@ƤDƤAHçJĠFHB@ƤMQDƤLDNKHPDƤ@ANHF@ƤDƤNDFDƤ@ƤâHC@ƤGQK@á@ƤçƤ direito ambiental ostenta índole antropocêntrica, considerando o ser humano o seu único destinatário.
Ƥ $HOLçáƦâDJƤ DKƤ GPPLâDI@@ANHJBçKANKQJPHKHCH@HáEçFN@EHBçOKHFN@áPDO CDOJç-B@CçO D NDEQFH@CçO @KAHDáP@HO
%áPNDP@áPçƤ DáPDáCD ODƤ MQDƤ @Ƥ CDfáHĖçƤ JDF@JƤ áĖçƤ ĚƤ OQfBHDáPDƤ L@N@Ƥ@A@NB@NƤPçC@OƤ@OƤKçC@JHC@CDOƤCDƤKDHçƤ@KAHDáPDƤLçHOƤEçB@Ƥ apenas nos elementos bióticos (com vida) da natureza, não tratan-do das criações humanas que compõem o ambiente.
$DƤDEDHPçƤLNDâ@JDBDƤMQDƤDSHOPDKƤ@OƤODFQHáPDOƤespécies de meio
ambiente
• Natural– Formado pelos elementos da natureza com vida ou
ODKƤâHC@Ƥ@AHĠPHBçO Ƥ@ƤDSDKLJçƤC@Ƥ@PKçOEDN@ƤC@OƤĔFQ@OƤHá-PDNHçNDOƤOQLDNfBH@HOƤDƤOQAPDNNĕáD@OƤCçOƤDOPQĔNHçOƤCçƤK@NƤ PDNNHPçNH@JƤCçƤOçJçƤCçƤOQAOçJçƤCçOƤDJDKDáPçOƤC@ƤAHçOEDN@Ƥ C@Ƥ E@Qá@Ƥ DƤ C@Ƥ gçN@Ƥ MQDƤ HáCDLDáCDKƤ C@Ƥ @ĖçƤ @áPNĠLHB@Ƥ para existir;
• Cultural – Composto por criações tangíveis ou intangíveis
do homem sobre os elementos naturais, a exemplo de uma B@O@Ƥ PçKA@C@Ƥ DƤ C@OƤ EçNK@OƤ CDƤ DSLNDOOĖçƤ HáPDFN@áPDOƤ CçƤ patrimônio cultural, como o Samba de Roda do Recôncavo baiano;
• ĮÅÕwU>Òn
Ƥ3@KAĚKƤEçNK@CçƤLçNƤADáOƤENQPçƤCDƤBNH@ĖçƤGQK@-na, mas que por exclusão não integram o patrimônio cultural brasileiro, por lhes carecer valor histórico, paisagístico, ar-PƦOPHBçƤ@NMQDçJĠFHBçƤL@JDçáPçJĠFHBçƤDBçJĠFHBçƤçQƤBHDáPƦfBçƤ que possam enquadrá-los no acervo cultural;
• Laboral (ou do trabalho) – É realizado quando as empresas
cumprem as normas de segurança e medicina do trabalho, proporcionando ao obreiro condições dignas e seguras para o desenvolvimento de sua atividade laborativa remunerada, a exemplo da disponibilização dos equipamentos de prote- ĖçƤHáCHâHCQ@JƤ@ƤfKƤCDƤLNDODNâ@NƤ@ƤOQ@ƤHáBçJQKHC@CDƤEƦOH-ca e psicológiĖçƤHáCHâHCQ@JƤ@ƤfKƤCDƤLNDODNâ@NƤ@ƤOQ@ƤHáBçJQKHC@CDƤEƦOH-ca. De acordo com o artigo 200, inciso VIII, da Constituição, compete ao Sistema Único de Saúde colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
` Qual o entendimento do STF sobre o assunto?
“A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por in-PDNDOODOƤDKLNDO@NH@HOƤáDKƤfB@NƤCDLDáCDáPDƤCDƤKçPHâ@ĢDOƤCDƤƦáCçJDƤ meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está
23 Cap. 1 • Meio Ambiente e Direito Ambiental
subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a bCDEDO@ƤCçƤKDHçƤ@KAHDáPDpƤ#&Ƥ@NPƤƤ5) ƤMQDƤPN@CQUƤBçáBDHPçƤ@KLJçƤ e abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente
UßÕßÅ>]Ò_jÒj¡Ò>JjÕjÒ>ÅÕwU>ÒjÊ«>W¡ÒßÅJ>¡®ÒjÒ_jÒj¡Ò>-biente laboralpƤ!$) ,#ƤƤCDƤ
$DƤ DEDHPçƤ çƤ @NPHFçƤ ƵƤ HáBHOçƤ )Ƥ C@Ƥ +DHƤ Ƥ BçáOHCDN@Ƥ çƤ
meio ambiente como um patrimônio público a ser
necessariamen-te assegurado e pronecessariamen-tegido, necessariamen-tendo em vista o uso coletivo, sendo a expressão utilizada não no sentido de bem de pessoa jurídica pública, e sim expressando o interesse de toda a coletividade na preservação ambiental.
` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
-çƤBçáBQNOçƤCçƤ#%2/%ƤL@N@Ƥ/NçBQN@CçNƤ&DCDN@JƤDKƤƤEçHƤBçáOHCDN@-CçƤDNN@CçƤçƤODFQHáPDƤDáQáBH@Cç .ƤKDHçƤ@KAHDáPDƤĚƤQKƤCHNDHPçƤCHEQOçƤ CHNDHPçƤGQK@áçƤEQáC@KDáP@JƤCDƤPDNBDHN@ƤFDN@ĖçƤK@OƤáĖçƤĚƤBJ@OOHfB@-do como patrimônio público.
3. DIREITO AMBIENTAL
þƤLçOOƦâDJƤCDfáH JçƤBçKçƤramo do direito público composto por
princípios e regras que regulam as condutas humanas que afetem, potencial ou efetivamente, direta ou indiretamente, o meio am-biente em todas as suas modalidades.
Objetiva o Direito Ambiental no Brasil especialmente o controle C@ƤLçJQHĖçƤ@ƤfKƤCDƤK@áPě J@ƤCDáPNçƤCçOƤL@CNĢDOƤPçJDNĔâDHOƤL@N@Ƥ instituir um desenvolvimento econômico sustentável, atendendo às áDBDOOHC@CDOƤC@OƤLNDODáPDOƤFDN@ĢDOƤODKƤLNHâ@NƤ@OƤEQPQN@OƤC@ƤOQ@Ƥ
dignidade ambiental, pois um dos princípios que lastreiam a
Or-dem Econômica é a Defesa do Meio Ambiente, inclusive mediante PN@P@KDáPçƤ CHEDNDáBH@CçƤ BçáEçNKDƤ çƤ HKL@BPçƤ @KAHDáP@JƤ CçOƤ LNç-dutos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação (Artigo 170, VI, da Constituição).
É certa a autonomia didática deste novo ramo jurídico, uma vez que goza de princípios peculiares não aplicáveis aos demais, que serão estudados em capítulo próprio.
Definição de meio ambiente
ĚƤ çƤ BçáIQáPçƤ CDƤ BçáCHĢDOƤ JDHOƤ HágQěáBH@OƤ DƤ HáPDN@ĢDOƤ CDƤçNCDKƤEƦOHB@ƤMQƦKHB@ƤDƤAHçJĠFHB@ƤMQDƤLDNKHPDƤ@ANHF@ƤDƤ NDFDƤ@ƤâHC@ƤDKƤPçC@OƤ@OƤOQ@OƤEçNK@O Espécies de meio ambiente á@PQN@JƤBQJPQN@JƤ@NPHfBH@JƤDƤCçƤPN@A@JGç Direito Ambiental
é o ramo do direito público composto por princípios e NDFN@OƤMQDƤNDFQJ@KƤ@OƤBçáCQP@OƤGQK@á@OƤMQDƤ@EDPDKƤLç-PDáBH@JƤçQƤDEDPHâ@KDáPDƤCHNDP@ƤçQƤHáCHNDP@KDáPDƤçƤKDHçƤ ambiente em todas as suas modalidades, objetivando o BçáPNçJDƤ C@Ƥ LçJQHĖçƤ @Ƥ fKƤ CDƤ K@áPě J@Ƥ CDáPNçƤ CçOƤ L@-drões toleráveis, para instituir um desenvolvimento eco-nômico sustentável, atendendo às necessidades das pre-ODáPDOƤ FDN@ĢDOƤ ODKƤ LNHâ@NƤ @OƤ EQPQN@OƤ C@Ƥ OQ@Ƥ CHFáHC@CDƤ ambiental.
Conquanto já existissem leis ambientais anteriores, a exem-LJçƤ CçƤ #ĠCHFçƤ CDƤ øFQ@OƤ $DBNDPçƤ Ƥ CçƤ @áPHFçƤ #ĠCHFçƤ &JçNDOP@JƤ+DHƤ ƤCDƤ/DOB@Ƥ$DBNDPç JDHƤ ƤDƤC@Ƥ+DHƤ
CDƤ/NçPDĖçƤēƤ&@Qá@Ƥ+DHƤ Ƥentende-se que a “certidão
de nascimento” do Direito Ambiental no Brasil foi à edição da Lei
6.938/1981, pois se trata do primeiro diploma normativo nacional
que regula o meio ambiente como um todo, e não em partes, ao aprovar a Política Nacional do Meio Ambiente, seus objetivos e instrumentos, assim como o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SINAMA, composto por órgãos e entidades que tem a missão de implementá-la.
Antes, apenas existiam normas jurídicas ambientais setoriais, K@OƤáĖçƤQKƤ$HNDHPçƤ!KAHDáP@JƤLNçLNH@KDáPDƤCHPçƤEçNK@CçƤLçNƤQKƤ sistema harmônico de regras e princípios.
` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
-çƤ BçáBQNOçƤ CçƤ #%2/%Ƥ L@N@Ƥ /NçKçPçNƤ CDƤ *QOPH@Ƥ DKƤ Ƥ EçHƤ BçáOH-CDN@CçƤBDNPçƤçƤODFQHáPDƤDáQáBH@Cç O direito ambiental é um direito OHOPDK@PHU@CçNƤMQDƤE@UƤ@Ƥ@NPHBQJ@ĖçƤC@ƤJDFHOJ@ĖçƤC@ƤCçQPNHá@ƤDƤC@Ƥ jurisprudência concernentes aos elementos que integram o ambiente.
?
2
C a p í t u l o
Disposições Constitucionais
sobre o Meio Ambiente
1. NOTAS INTRODUTÓRIAS
Há uma crescente tendência mundial na positivação constitucio-nal das normas protetivas do meio ambiente, notadamente após a ND@JHU@ĖçƤC@Ƥ#-4,!ƤhƤ#çáEDNěáBH@ƤC@OƤ-@ĢDOƤ4áHC@OƤOçANDƤçƤ,DHçƤ !KAHDáPDƤ%OPçBçJKçƤ ƤLDJ@Ƥ.-4
%OODƤ NDBDáPDƤ EDáġKDáçƤ LçJƦPHBçƤ CDBçNNDƤ CçƤ B@NĔPDNƤ B@C@Ƥ âDUƤ mais analítico da maioria das constituições sociais, assim como da importância da elevação das regras e princípios do meio ambiente @çƤ ĔLHBDƤ CçOƤ çNCDá@KDáPçOƤ @Ƥ fKƤ CDƤ BçáEDNHNƤ K@HçNƤ ODFQN@á@Ƥ jurídico-ambiental.
Logo, começaram a nascer as constituições “verdes” (Estado
Democrático Social de Direito Ambiental), a exemplo da
portugue-O@Ƥ ƤDƤC@ƤDOL@áGçJ@Ƥ ƤMQDƤPHâDN@KƤHágQDáBH@ƤCHNDP@Ƥá@Ƥ elaboração da Constituição da República Federativa do Brasil de ƤáçP@C@KDáPDƤá@ƤNDC@ĖçƤCçƤ@NPHFçƤƤLNHáBHL@JƤEçáPDƤJDF@JƤ do patrimônio ambiental natural no nosso país.
Hoje, no Brasil, toda a base do Direito Ambiental se encontra BNHOP@JHU@C@Ƥá@Ƥ+DHƤ,@HçNƤcompetências legislativas (artigo 22, IV, XII e XVI; artigo 24, VI, VII e VIII; artigo 30, I e II); competências
adminis-trativas (artigo 23, III, IV, VI, VII e XI); Ordem Econômica Ambiental
(artigo 170, VI); j¡Ò>JjÕjÒ>ÅÕwU> (artigo 182); meio ambiente
cultural (artigos 215, 216 e 216-A); meio ambiente natural (artigo
225), dentre outras disposições esparsas não menos importantes @Ƥ DSDKLJçƤ CçOƤ @NPHFçOƤ Ƥ Ƥ DƤ Ƥ EçNK@áCçƤ çƤ CDáçKHá@CçƤ
Direito Constitucional Ambiental.
Após a constitucionalização do Direito Ambiental, busca-se ago-N@Ƥ@ƤND@JHU@ĖçƤC@ƤP@NDE@ƤK@HOƤĔNCQ@ƤBçáOHOPDáPDƤá@ƤDEDPHâ@ĖçƤC@OƤ
normas protetoras do meio ambiente, com uma regulamentação HáEN@BçáOPHPQBHçá@JƤB@C@ƤâDUƤK@HOƤNƦFHC@ƤMQDƤLNçFNDOOHâ@KDáPDƤâDKƤ sendo observada pelo próprio Poder Público e por toda a coleti-vidade, cônscios de que o desenvolvimento econômico não mais poderá ser dar a qualquer custo, devendo ser sustentável, ou seja, observar a capacidade de suporte de poluição pelos ecossistemas @ƤfKƤCDƤK@áPDNƤ@ƤLDNDáHC@CDƤCçOƤNDBQNOçOƤá@PQN@HO
A interpretação das regras e princípios ambientais é tão pecu-JH@NƤMQDƤIQOPHfB@ƤçƤCDODáâçJâHKDáPçƤCDƤQK@ƤGDNKDáěQPHB@ƤDOLDBH@JƤ
a exemplo da adoção da máxima in dubio pro ambiente, sendo
CDEDáOĔâDJƤMQDƤçƤHáPĚNLNDPDƤODKLNDƤMQDƤLçOOƦâDJƤLNHâHJDFHDƤçƤOHF-áHfB@CçƤCçƤDáQáBH@CçƤáçNK@PHâçƤMQDƤK@HOƤODI@ƤE@âçNĔâDJƤ@çƤKDHçƤ ambiente.
` Qual o entendimento do STJ sobre o assunto?
$DƤ@BçNCçƤBçKƤçƤ23*Ƥb@OƤáçNK@OƤ@KAHDáP@HOƤCDâDKƤ@PDáCDNƤ@çOƤfáOƤ sociais a que se destinam, ou seja, necessária a interpretação e a inte-gração de acordo com o princípio hermenêutico in dubio pro natura” (REsp 1.367.923, de 27.08.2013).
2. COMPETÊNCIAS MATERIAIS
A todas as entidades políticas compete proteger o meio
am-biente, sendo esta atribuição administrativa comum
ƤBçáEçNKDƤCHO-ciplinado de maneira detalhada no artigo 23, incisos III, IV, VI, VII e 7)ƤC@Ƥ#çáOPHPQHĖçƤ&DCDN@J
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
[...]
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as pai-sagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artís-tico ou cultural;
[...]
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em MQ@JMQDNƤCDƤOQ@OƤEçNK@OƤ
27 Cap. 2 • Disposições Constitucionais sobre o Meio Ambiente
5))ƤhƤLNDODNâ@NƤ@OƤgçNDOP@OƤ@ƤE@Qá@ƤDƤ@ƤgçN@Ƥ [...]
7)ƤhƤNDFHOPN@NƤ@BçKL@áG@NƤDƤfOB@JHU@NƤ@OƤBçáBDOOĢDOƤCDƤCH-reitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e mi-nerais em seus territórios.
` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
-çƤBçáBQNOçƤCçƤ#%2/%ƤL@N@Ƥ*QHUƤ&DCDN@JƤC@ƤƴƤ1DFHĖçƤƤEçHƤBçáOHCDN@-CçƤDNN@CçƤçƤODFQHáPDƤDáQáBH@Cç !Ƥ4áHĖçƤçOƤDOP@CçOƤçƤ$HOPNHPçƤ&DCDN@JƤ e os municípios exercem cumulativamente a competência para prote-FDNƤçƤKDHçƤ@KAHDáPDƤDOLDBH@JKDáPDƤáçƤMQDƤODƤNDEDNDƤ@çƤBçKA@PDƤēƤ LçJQHĖçƤDƤēƤLNçPDĖçƤC@OƤgçNDOP@OƤB@ADáCçƤLçNĚKƤOçKDáPDƤēƤ4áHĖçƤ @ƤBçKLDPěáBH@Ƥ@CKHáHOPN@PHâ@ƤL@N@Ƥ@ƤPQPDJ@ƤC@ƤE@Qá@
Na prática, em alguns casos, a cooperação das entidades polí-PHB@OƤá@ƤDOEDN@Ƥ@KAHDáP@JƤĚƤKDN@KDáPDƤNDPĠNHB@ƤODáCçƤĚƤBçKQKƤ o litígio entre tais entes para o exercício da competência material comum, especialmente no que concerne ao licenciamento ambien-tal de atividades lesivas ao meio ambiente.
)áDSHOPH@ƤJDHƤBçKLJDKDáP@NƤL@N@ƤNDFQJ@KDáP@NƤçƤPDK@ƤBçáEçNKDƤ CDPDNKHá@ƤçƤL@NĔFN@EçƤĥáHBçƤCçƤ@NPHFçƤƤC@Ƥ+DHƤ,@HçNƤ#çáPQCçƤ fá@JKDáPDƤ çƤ #çáFNDOOçƤ -@BHçá@JƤ @LNçâçQƤ QK@Ƥ JDHƤ BçKLJDKDáP@NƤ L@N@ƤNDFQJ@NƤ@OƤBçKLDPěáBH@OƤ@KAHDáP@HOƤBçKQáOƤDáPNDƤ@Ƥ4áHĖçƤçOƤ %OP@CçOƤçƤ$HOPNHPçƤ&DCDN@JƤDƤçOƤ,QáHBƦLHçOƤBçáEçNKDƤCDPDNKHá@ƤçƤ @NPHFçƤƤL@NĔFN@EçƤĥáHBçƤC@Ƥ#çáOPHPQHĖç
Trata-se da Lei Complementar 140, de 8 de dezembro de 2011,
MQDƤfS@ƤáçNK@OƤáçOƤPDNKçOƤCçOƤHáBHOçOƤ)))Ƥ5)ƤD VII do caput e do L@NĔFN@EçƤĥáHBçƤCçƤ@NPHFçƤƤC@Ƥ#çáOPHPQHĖçƤ&DCDN@JƤL@N@Ƥ@ƤBççLD-N@ĖçƤDáPNDƤ@Ƥ4áHĖçƤçOƤ%OP@CçOƤçƤ$HOPNHPçƤ&DCDN@JƤDƤçOƤ,QáHBƦLHçOƤ nas ações administrativas decorrentes do exercício da competên-cia comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer CDƤOQ@OƤEçNK@OƤDƤēƤLNDODNâ@ĖçƤC@OƤgçNDOP@OƤC@ƤE@Qá@ƤDƤC@ƤgçN@
No exercício das suas competências administrativas comuns na DOEDN@Ƥ@KAHDáP@JƤ@OƤDáPHC@CDOƤLçJƦPHB@OƤCDâDNĖçƤçAODNâ@NƤçOƤOD-FQHáPDOƤçAIDPHâçOƤEQáC@KDáP@HOƤ@NPƤƵƤC@Ƥ+#Ƥ
)ƤhƤLNçPDFDNƤCDEDáCDNƤDƤBçáODNâ@NƤçƤKDHçƤ@KAHDáPDƤDBçJçFH-camente equilibrado, promovendo gestão descentralizada, CDKçBNĔPHB@ƤDƤDfBHDáPDƤ
II – garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômi-co socioeconômi-com a proteção do meio ambiente, observando a dig-nidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais;
III – harmonizar as políticas e ações administrativas para DâHP@NƤ @Ƥ OçANDLçOHĖçƤ CDƤ @PQ@ĖçƤ DáPNDƤ çOƤ DáPDOƤ EDCDN@-PHâçOƤCDƤEçNK@Ƥ@ƤDâHP@NƤBçágHPçOƤCDƤ@PNHAQHĢDOƤDƤF@N@áPHNƤ QK@Ƥ@PQ@ĖçƤ@CKHáHOPN@PHâ@ƤDfBHDáPDƤ
)5ƤhƤF@N@áPHNƤ@ƤQáHEçNKHC@CDƤC@ƤLçJƦPHB@Ƥ@KAHDáP@JƤL@N@ƤPçCçƤ o País, respeitadas as peculiaridades regionais e locais.
!Ƥ FDOPĖçƤ @KAHDáP@JƤ CDâDNĔƤ DáâçJâDNƤ PçC@OƤ @OƤ DOEDN@OƤ CDƤ Fç-âDNáçƤDƤPçC@Ƥ@ƤOçBHDC@CDƤAN@OHJDHN@ƤCDâDáCçƤ@HáC@ƤODNƤDfBHDáPDƤ DSPN@HNƤçƤK@HOƤBçKƤçƤKDáçO Ƥ-DOODƤODáPHCçƤGĔƤâĔNH@OƤEçNK@OƤC@OƤ LDOOç@OƤ EƦOHB@OƤ DƤ IQNƦCHB@OƤ LNHâ@C@OƤ @PQ@NDKƤ á@Ƥ OD@N@Ƥ @KAHDáP@JƤ a exemplo da existência de assentos para membros da sociedade civil organizada no Conselho Nacional do Meio Ambiente e da ação popular ambiental que poderá ser proposta por qualquer cidadão.
Demais disso, o desenvolvimento da economia deverá observar @ƤLNçPDĖçƤ@KAHDáP@JƤ@ƤfKƤCDƤLNçKçâDNƤQKƤCDODáâçJâHKDáPçƤOQO-tentável que também objetive reduzir a pobreza e as desigualdades regionais, realizando a dignidade ambiental da pessoa humana.
O que mais se espera com a promulgação da Lei Complementar ƤĚƤMQDƤfá@JKDáPDƤODƤBçáBNDPHUDƤQK@Ƥ@PQ@ĖçƤG@NKġáHB@ƤDƤ CDƤBççLDN@ĖçƤC@OƤPNěOƤDOEDN@OƤCDƤFçâDNáçƤá@ƤLNçPDĖçƤCçƤKDHçƤ @KAHDáPDƤ BçKƤ @Ƥ NDCQĖçƤ CçOƤ BçágHPçOƤ áDF@PHâçOƤ DƤ LçOHPHâçOƤ CDƤ competências ambientais, especialmente no que concerne ao licen-BH@KDáPçƤ@KAHDáP@JƤF@N@áPHáCç ODƤQK@ƤLçJƦPHB@Ƥ@KAHDáP@JƤQáHEçNKDƤ (Política Nacional do Meio Ambiente; Políticas Estaduais do Meio Ambiente; Política do Meio Ambiente do Distrito Federal e Políticas Municipais de Meio Ambiente).
As entidades políticas poderão se valer dos instrumentos de
BççLDN@ĖçƤ@CKHáHOPN@PHâ@ƤLNDâHOPçOƤá@Ƥ+#ƤƤL@N@Ƥ@PQ@NƤBçá-juntamente na proteção ambiental, como os consórcios públicos,
os convênios e os acordos de cooperação técnica, que podem ser
fNK@CçOƤLçNƤprazo indeterminado, dentre outros previstos na
le-gislação ambiental.
Os consórcios públicos são contratos administrativos que po-CDKƤODNƤBDJDAN@CçOƤLDJ@OƤDáPHC@CDOƤLçJƦPHB@OƤ@ƤfKƤCDƤND@JHU@NƤçOƤ seus objetivos de interesse comum, como a preservação do meio