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39.ª RAPv/13.º ENACOR

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39.ª RAPv/13.º ENACOR

Recife/PE - BRASIL - 16 a 19 de setembro de 2008

EFEITO DA ADIÇÃO DO LÍQUIDO DA CASCA DA CASTANHA DE CAJÚ

(LCC) NAS PROPRIEDADES DE LIGANTES ASFÁLTICOS

MODIFICADOS COM EVA

Ana Ellen V.de Alencar1, Pedro C. de A. Júnior 2, Daniel R .do Nascimento3, Jorge B. Soares 4, Sandra de A. Soares 5

1,5Universidade Federal do Ceará, Departamento de Química Orgânica e Inorgânica, Campus do Pici - Bloco 940, CEP

60455-760 Fortaleza, Ce, e-mail: 1ellenvalencar@yahoo.com.br, 5sas@ufc.br.

2,3, 4Universidade Federal do Ceará, Departamento de Engenharia de Transportes, Campus do Pici - Bloco 703, CEP

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RESUMO

Os ligantes asfálticos convencionais apresentam limitações para uso em pavimentos de vias que apresentam alto volume de tráfego devido à elevada solicitação de carga. Asfaltos modificados por polímeros têm sido praticados como uma boa alternativa para vias de tráfego intenso apresentando uma melhora em propriedades tais como: elasticidade, flexibilidade, recuperação elástica, deformação permanente e envelhecimento. Ligantes asfálticos modificados por polímeros, no entanto, podem apresentar separação de fases acarretando problemas de estocagem. O LCC (líquido da castanha de caju), por suas características, mostra-se promissor para aumentar a estabilidade da mistura ligante-polímero e aumentar a adesividade do ligante com os agregados. Em adição, o LCC é uma fonte rica de compostos fenólicos e tem sido utilizado como antioxidante, aumentando a estabilidade de lubrificantes e gasolina. Neste trabalho, o ligante asfáltico foi modificado com os seguintes aditivos: (i) EVA 4% p/p; (ii) EVA 4% p/p e LCC 2% p/p, visando avaliar as propriedades reológicas dos ligantes modificados e em relação às propriedades antioxidantes do LCC. Os resultados dos ensaios realizados no reômetro de cisalhamento dinâmico (DSR) mostraram que a presença dos aditivos aumentou a rigidez e a elasticidade a altas temperaturas, além de apresentar boa estabilidade a estocagem à temperatura de 180°C. Para avaliação das propriedades mecânicas das misturas asfálticas, corpos de prova foram moldados utilizando-se o método de dosagem Superpave. Os resultados dos ensaios de resistência à tração, módulo de resiliência, vida de fadiga e adesividade foram satisfatórios. Os resultados preliminares indicam que o LCC pode ser utilizado como aditivo para melhorar as propriedades do asfalto, além de contribuir para reduzir o teor de matéria não renovável (petróleo) na composição da mistura.

PALAVRAS-CHAVE: ligante, misturas asfálticas, EVA, LCC. ABSTRACT

The use of conventional asphalt binder on pavement surface courses of heavy traffic roads presents limitations due to the magnitude of the applied loads. Polymer modified asphalts have been used as a good alternative for such roads traffic presenting an improvement in properties as: elasticity, flexibility, elastic recovery, permanent deformation and aging. Polymer modified asphalt binder, however, can present phase separation which leads to storage problems. The CNSL (cashew nut shell liquid), due to its characteristics and properties, is a promising material to increase the stability of the binder-polymer mixture and to increase the binder-aggregate adhesion. In addition, the CNSL is a rich phenolic composite source and has been used as antioxidant, increasing the stability of lubricant and gasoline. In this work, the asphalt binder was modified with: (i) EVA 4% p/p; (ii) EVA 4% p/p and CNSL 2% p/p, aiming to evaluate the rheological properties of the modified binder and the antioxidant properties of the CNSL. The results of dynamic shear rheometer (DSR) tests had shown that the presence of the investigated additives increases binder stiffness and elasticity at high service temperatures, and it also provides good storage stability at the temperature of 180°C. Mechanical properties of the asphalt mixtures designed with the Superpave design were measured: tensile strength, fatigue life, resilient modulus and adhesion. The preliminary results indicate that the CNSL can be used as an additive to improve the properties of the asphalt, besides contributing to reduce the content of non renewable sources (petroleum) in the composition of the mixture.

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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de novas metodologias no campo da engenharia rodoviária tem sido uma preocupação recente visando a melhoraria da qualidade das vias pavimentadas tornando-as mais seguras e resistentes. Algumas inovações introduzidas nesta área têm sido praticadas com a aplicação de asfaltos modificados. Neste contexto, o uso de polímeros na pavimentação demonstrou melhorar o desempenho dos asfaltos, contribuindo de modo efetivo para a redução da formação de trilhas de roda, da desagregação do revestimento e do trincamento térmico. Além disso, contribui para aumentar a vida de fadiga do revestimento (Lucena, 2005; Yildrim, 2007).

Um dos principais plastômeros utilizados é o copolímero de etileno e acetato de vinila (EVA) que tem demonstrado aumentar a rigidez, estabilidade da mistura e a resistência à deformação permanente (Morales et al., 2004). Também é considerado que a incorporação do líquido da castanha de caju (LCC) para o ligante pode ser vantajosa, em termos de melhorar a compatibilidade do material como também do ponto de vista econômico. O LCC é um subproduto das indústrias de beneficiamento da castanha. Também se acredita que a adição de LCC, com característica de antioxidante, pode ajudar a melhorar a homogeneidade da mistura (Alencar et al., 2008).

O ligante asfáltico puro é caracterizado, reologicamente, como um material viscoelástico e comporta-se como um fluido Newtoniano quando misturado com agregados minerais a altas temperaturas. Diversos autores (Zanzotto et al., 1996; Stastna et al., 1994) confirmam a validez do princípio de superposição tempo-temperatura para ligantes asfálticos puros e modificados por polímeros. O método de superposição tempo-temperatura nos permite obter curvas mestras que utilizam a equivalência entre freqüência e temperatura. Os resultados de módulo complexo (G*) e ângulo de fase (δ) a uma dada temperatura podem ser dispostos horizontalmente em uma escala log-log fornecendo uma curva mestra (Polacco et al., 2003), permitindo entender as características do ligante em uma gama extensa de freqüências específicas que são de interesse técnico, mas difíceis de serem alcançadas num equipamento.

Estabilidade a estocagem

Uma das preocupações em relação aos ligantes modificados por polímeros é a estabilidade durante prolongados períodos de estocagem a elevadas temperaturas. Trata-se da instabilidade no que diz respeito à morfologia do ligante, e deste modo, a separação de fases parece ser uma tendência e uma limitação para a prática dessas misturas (Gonzalez et al., 2004). Aparentemente, a maior causa dessa instabilidade é devido à coalescência Browniana, seguida pela floculação gravitacional.

Misturas asfálticas

As misturas realizadas nesta pesquisa são do tipo Concreto Asfáltico (CA) com graduação densa. Utilizando-se do método de dosagem Superpave (Compactador Giratório Superpave), por processo úmido, o comportamento mecânico de misturas com o CAP 50/70 modificado com EVA e EVA + LCC é comparado com o comportamento mecânico da mistura CAP 50/70.

O principal objetivo de se usar ensaios reológicos na especificação de ligantes é identificar correlações entre as propriedades dos ligantes asfálticos com o desempenho da mistura em serviço e, a partir desses ensaios, obter previsões da vida de fadiga, resistência à deformação permanente e resistência às trincas térmicas dos concretos asfálticos. Será analisado também o efeito da estabilidade à estocagem a altas temperaturas.

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MATERIAIS UTILIZADOS

Ligante asfáltico:

Ligante Asfáltico (LA) com grau de penetração 50/70 processado na PETROBRAS/LUBNOR obtido a partir da destilação a vácuo de petróleo brasileiro proveniente do Campo Fazenda Alegre, no estado do Espírito Santo.

Aditivos:

O copolímero de etileno e acetato de vinila (EVA) foi fornecido pela Politeno na forma de pellets, com teor de acetato de vinila de 28% (m/m).

O Líquido da Castanha de Caju (LCC) foi proveniente da fábrica de castanha CIONE (Fortaleza/Ce).

Agregados naturais

Neste trabalho foram empregados os seguintes materiais granulares, de natureza granítica, na confecção das misturas asfálticas estudadas: brita ¾” e pó-de-pedra .Os agregados naturais foram provenientes da Pedreira de Itaitinga, localizada a aproximadamente 30 km da cidade de Fortaleza – Ceará. Estes foram submetidos aos diversos tipos de ensaios de caracterização segundo as normas do DNER, quais sejam: Granulometria (DNER-ME 83/98), Abrasão Los Angeles (DNER-ME 35/98), Densidade do agregado miúdo e graúdo (DNER-ME 81/98 e DNER-ME 84/95), Adesividade (DNER-ME 79/94) e Índice de Forma (DNER-ME 86/94). Vale salientar que a curva granulométrica se encaixou na faixa C do DNER. O desgaste por abrasão resultou em 46%, inserindo-se nas especificações brasileiras entre 40% e 55%. O agregado apresentou uma boa cubicidade, resultando em um fator de forma maior que o mínimo permitido de 0,50. Pelo ensaio de densidade, obteve-se: 2,655 para a brita ¾”e para a brita 3/8”, 2,651 para o pó de pedra e 2,636 para o fíler.

METODOLOGIA EMPREGADA

Preparação das amostras de ligante asfáltico-EVA-LCC

As misturas foram preparadas utilizando-se um misturador (IKA RW 20) equipado com controle de temperatura, agitador mecânico de alto cisalhamento e hélice cisalhante. O ligante asfáltico foi modificado das seguintes duas formas: (i) EVA 4% p/p; (ii) EVA 4% p/p e LCC 2% p/p. Todas as misturas foram realizadas a uma temperatura de 160 ± 5 °C, rotação de 1000 rpm, por um período de 2 horas. As amostras foram denominadas, respectivamente, de LA + 4% EVA e LA + 4% EVA + 2% LCC.

Ensaios dinâmicos-mecânicos

Os ensaios dinâmicos-mecânicos foram realizados nos LAs modificados (LA + 4% EVA e LA + 4% EVA + 2% LCC) e no LA puro utilizando-se um reômetro de cisalhamento dinâmico da TA Instruments, modelo AR 2000. As amostras foram preparadas em um molde de silicone com 1 e 2 mm de espessura e, respetivamente, com 25 e 8 mm de diâmetro. Os ensaios foram realizados em geometrias de placas paralelas com diâmetro de 25 mm. Os resultados de G* e δ, a uma temperatura

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de referência em 25 °C (varredura de freqüência de 0,01 a 10 Hz e de 5 a 65°C) foram dispostos horizontalmente em uma escala log-log para se originar a curva mestra das amostras.

Estabilidade a estocagem

As amostras (LA + 4% EVA e LA + 4% EVA + 2% LCC) foram colocadas em tubos de alumínio (com 21,25 mm de diâmetro e 123,18 mm de altura) seccionados em três partes. Depois foram armazenados verticalmente a uma temperatura de 180°C durante 24 horas. Retirou-se a parte inferior e superior e foram realizados ensaios reológicos (varredura de freqüência de 0,01-100 Hz a 25°C).

Definição da curva granulométrica

No método de dosagem Superpave são definidas inicialmente três composições granulométricas, sendo uma mistura miúda (mistura 3), uma graúda (mistura 1) e uma intermediária (mistura 2). Na Figura 1, são apresentadas as três misturas.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,01 0,1 1 10 100

Abertura das Peneiras (mm)

P orc en ta ge m P as sa nt e (% ) Faixa C Mistura 2 Mistura 1 Mistura 3

Figura 1. Curvas Granulométricas.

Para cada uma destas misturas, foram moldados dois corpos-de-prova com um teor de ligante inicial de 4,5%. Destas misturas experimentais, ao se obter as propriedades volumétricas, foi escolhida aquela mistura que melhor atende às exigências volumétricas especificadas no método de dosagem Superpave. A Tabela 1 ilustra essas exigências. Sendo Vv o volume de vazios, VAM o volume de vazios de agregado mineral, RBV a relação ligante-vazios e %Gmm a razão entre a densidade aparente do corpo-de-prova e a densidade máxima medida da mistura. A mistura 1 foi a que melhor se enquadrou nas especificações Superpave, sendo esta a escolhida no processo de confecção de corpos-de-prova no teor de ligante de projeto.

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Tabela 1. Propriedades de projeto especificadas no método de dosagem Superpave (Bernucci et al., 2007)

Propriedades da mistura Critério

Vv 4,0% VAM 13,0 min. RBV 65% a 75% Proporção pó/asfalto 0,6 a 1,2 %Gmm @ Ninicial = 8 < 89% %Gmm @ Nmaximo = 160 < 98%

Confeccção e dosagem das misturas asfálticas

A compactação dos corpos-de-prova é realizada para três esforços de compactação (número de giros): Ninicial, Nprojeto, Nmaximo. Os esforços de compactação Ninicial e Nmaximo são usados para se

avaliar a compactabilidade da mistura. O Nprojeto é usado para se selecionar o teor de ligante de

projeto. Estes valores são dados em função do tráfego e variam conforme a norma de dosagem Superpave (Bernucci et al., 2007). Para essa pesquisa, o tráfego foi considerado de médio a alto (vias principais, rodovias rurais), sendo, portanto, Ninicial = 8 giros, Nprojeto = 100 giros e Nmaximo =

160 giros. A norma Superpave para a dosagem de misturas asfálticas pode ser resumida como se segue:

• para cada esforço de compactação (Ninicial, Nprojeto, Nmaximo), determinam-se as alturas dos

corpos-de-prova a partir das quais se estimam as massas específicas da mistura asfáltica; • admitindo que o CP seja um cilindro onde as laterais têm uma certa rugosidade,

corrige-se a massa específica estimada através de um fator de correção dado pela razão entre a massa específica aparente medida e a massa específica aparente estimada a Nmaximo;

• determina-se a massa específica aparente corrigida como uma porcentagem em relação à massa específica máxima medida, para cada número de giros;

• procede-se, então, ao cálculo das propriedades volumétricas, tomando como referência para a escolha do teor de ligante de projeto os dados da Tabela 1.

O procedimento constou na dosagem da mistura com LA 50/70, utilizando a mesma curva granulométrica (mistura 1). Para o LA, o teor de ligante de projeto resultou em 5,7%, enquanto que para o LA + 4% EVA e LA + 4% EVA + 2% LCC encontraram-se teores de ligante de projeto de 5,3 e 5,0 %, respectivamente. A Tabela 2 apresenta os valores de temperatura para aquecimento dos agregados e compactação das misturas.

Tabela 2. Temperaturas empregadas na dosagem e confecção das misturas asfálticas

Temperatura (°C) LA LA+4%EVA LA+4%EVA+2%LCC

Aquecimento dos agregados 175 189 185

Compactação 165 179 172

Módulo de resiliência e resistência à tração por compressão diametral

O módulo de resiliência é definido como a relação entre a tensão de tração gerada no corpo de prova com a deformação de tração recuperável correspondente. Este ensaio consiste em solicitar o corpo de prova dinamicamente por uma carga de compressão distribuída ao longo de duas geratrizes opostas e medir a deformação resiliente ao longo do diâmetro horizontal, perpendicular à carga aplicada. Os corpos-de-prova foram estabilizados à temperatura de 25 °C ± 0,5. Os deslocamentos

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foram medidos através de dois transdutores tipo LVDT. A realização deste ensaio se baseia nas recomendações da norma DNER-ME 133/94. Foi assumido o valor de 0,30 para o coeficiente de Poisson (μ).

A norma DNER-ME 138/94 define os passos para a realização do ensaio de resistência à tração estática. O corpo de prova cilíndrico é posicionado diametralmente em relação à direção da compressão, resultando numa tração, agindo perpendicularmente ao longo do plano diametral que promove a ruptura do corpo nesta direção. É realizado numa prensa Marshall, sendo o corpo de prova apoiado ao longo de suas geratrizes por dois frisos de carga posicionados na parte superior e inferior do corpo de prova.

Para esses ensaios, foram moldados três CPs para cada tipo de CAP no teor de ligante de projeto. Vida de fadiga

O ensaio de vida de fadiga realizado nessa pesquisa consiste na definição do número de repetições de carga e é feito por compressão diametral à tensão controlada (TC), sendo a carga aplicada a uma freqüência de 1 Hz através de um equipamento pneumático. Sabe-se que há casos em que este ensaio é realizado à deformação controlada (DC). Adotaram-se três níveis de tensão de tração: 30%, 40% e 50% da resistência à tração estática. Moldaram-se três corpos-de-prova para cada nível de tensão e definiu-se o número de repetições de carga que leva à completa fratura da amostra. Este número de repetições é essencial para se avaliar a vida útil do revestimento.

Neste ensaio, deve-se manter a temperatura controlada, utilizando-se uma câmara com sistemas de aquecimento e refrigeração ligados a um termostato. A temperatura adotada nesta pesquisa foi de 25 °C.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ensaios dinâmicos–mecânicos

A dependência do módulo complexo (G*) com a freqüência para o LA puro e modificado pelo EVA (LA+4%EVA+2%LCC e LA+4%EVA) está mostrada na Figura 2 através das curvas mestras construídas com a temperatura de referência em 25 °C, e utilizando o princípio da superposição tempo-temperatura (Ferry, 1980).

Verificam-se a partir da Figura 2 que o módulo complexo das curvas mestras mostra tendências comportamentais um pouco diferentes entre o asfalto puro e modificado pelo polímero. Para o ligante asfáltico modificado há um aumento significativo no G* em baixas freqüências (altas temperaturas), onde a rede do polímero EVA é particularmente dominante, e um pequeno decréscimo no módulo complexo em freqüências mais altas (baixas temperaturas). Assim, a rigidez diminui continuamente na medida em que o teor de polímero aumenta (Lu e Isacsson, 2001). Embora as amostras LA+4%EVA e LA+4%EVA+2%LCC apresentem um aumento semelhante no módulo complexo, o efeito é mais acentuado para o ligante modificado apenas com o polímero EVA. Há uma forte correlação entre a resistência à deformação a alta temperatura e G*. Um aumento do módulo complexo (módulo elástico) é de se esperar, uma vez que reflete uma promissora resistência à deformação a alta temperatura (Ouyang et al., 2006).

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10-5 10-4 10-3 10-2 10-1 100 101 102 103 102 103 104 105 106 107 108 G*(Pa) frequência reduzida (Hz) LA LA+4% EVA LA+4% EVA+2% LCC

Figura 2. Curva Mestra de G* em função da freqüência para o LA e LA + 4% EVA e LA + 4% EVA + 2% LCC CAPFA. Temperatura de referência: 25 °C.

A Figura 3 mostra a curva mestra da tan δ, para o LA puro e modificado, tanto por EVA como por EVA+LCC. Assim, como foi verificado por Airey (2002), as curvas mestras referentes à tan δ dos LAs modificados apresentam deslocamentos e descontinuidades das respectivas curvas a freqüências mais baixas (temperaturas mais altas), devido ao processo de fusão do polímero EVA e consistindo, dessa forma, de diferentes estruturas cristalinas a diferentes temperaturas.

Observa-se que, exceto para a região de freqüências angulares altas (baixas temperaturas), a adição de polímeros ao asfalto diminui significativamente o valor da tan δ, o que significa que os aditivos incorporados proporcionam elasticidade ao ligante asfáltico (Lu e Isacsson, 2001). Isto ocorreu de forma mais acentuada para a modificação do LA somente com o copolímero EVA.

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10-5 10-4 10-3 10-2 10-1 100 101 102 103 104 1 10 LA LA+4% EVA LA+4% EVA+2% LCC ta n δ frequência reduzida (Hz)

Figura 3. Curva Mestra do δ em função da freqüência para o LA, LA + 4% EVA e LA + 4% EVA + 2% LCC. Temperatura de referência: 25 °C.

Estabilidade a estocagem

Os resultados das medidas dos ensaios dinâmicos mecânicos a freqüências de 1 e 10Hz são mostrados na Tabela 3.

Uma comparação entre os ligantes estocados e os originais indica que as amostras obtidas do fundo são mais rígidas. Conforme observado por Isacsson e Lu (1999), utilizando-se da técnica de microscopia de fluorescência, indicaram que a amostra do topo é a fase rica em polímero enquanto a do fundo é rica em asfaltenos. As duas fases diferem em suas propriedades reológicas.

O índice de separação (Is) é definido como sendo o logaritmo da relação de G* da fase rica em asfaltenos (fundo) e G*da fase rica em polímero (topo). Os melhores resultados foram obtidos para a amostra de LA+EVA, pois valores mais próximos de zero foram encontrados, indicando, dessa forma, uma menor separação de fases durante o período de estocagem a altas temperaturas. Vale ressaltar, que o ligante asfáltico em estudo apresenta um alto teor de asfaltenos (18,1%), o que afeta a estabilidade a estocagem.

Tabela 3. Estabilidade a estocagem dos ligantes modificados avaliados a partir de ensaios dinâmicos mecânicos a 25°C (1 e 10Hz)

G* (Pa) a 25°C, 1 Hz G* (Pa) a 25°C, 10 Hz Is* a 25°C Sample

Original Topo Fundo Original Topo Fundo 1 Hz 10 Hz LA+4%EVA 7,990.105 7,037.105 8,329.105 47790 2,954.106 3,392.106 0,07 0,06 LA+4%EVA

+2%LCC

4,345.105 1,427.105 5,252.105 2,021.106 7,158.105 2,107.106 0,56 0,47 * Is : índice de estabilidade a estocagem

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Módulo de resiliência e resistência à tração

Na Tabela 4 estão apresentados os resultados dos módulos de resiliência (MR), resistência à tração (RT) e a relação entre módulo de resiliência e resistência a tração estática das misturas.

Tabela 4. Resultados dos ensaios de resistência à tração estática e módulo de resiliência.

Mistura Resistência à tração

(MPa) Módulo de Resiliência (MPa) Relação MR/RT

LA 0,88 2982 3389

LA+4%EVA 1,06 3558 3355

LA+4%EVA +2%LCC 0,98 2726 2783

Comparando os resultados obtidos, verificamos que no caso dos CAPs modificados, por serem ligantes de maior viscosidade em relação ao CAP puro, chegam-se a valores maiores para o módulo de resiliência e resistência à tração. Vale ressaltar aqui que o MR não representa um parâmetro puramente elástico (Soares e Souza, 2003), pois, ao longo do ensaio, são perceptíveis os deslocamentos permanentes que não devem ser contabilizados no cálculo do MR.

Na última coluna, apresenta-se a razão entre MR e RT, obtendo um valor menor quando se usa EVA e EVA com LCC, apesar do MR e RT dos mesmos serem maiores. A razão entre esses parâmetros, do ponto de vista da análise, vem sendo usada como um indicador da vida de fadiga das misturas asfálticas, sendo mais desejável um valor pequeno da razão, dado que, com freqüência, busca-se uma baixa rigidez para evitar elevada absorção de tensões que levem ao trincamento prematuro do revestimento e uma alta resistência à tração, uma vez que a mistura vai resistir mais a esforços de tração.

Vida de Fadiga

A fadiga do revestimento asfáltico pode ser vista como uma forma de ruptura por trincamento devido ao carregamento repetido. A ruptura ocorre como resultado da aplicação repetida de uma tensão consideravelmente abaixo daquela necessária para a ruptura imediata. O dano acumulado produzido pela repetição do carregamento em ciclos de carga-descarga é que leva o material a ruptura. A Figura 4 apresenta as curvas de fadiga para as misturas envolvendo o CAP, e CAP+4%EVA e CAP+4%EVA+2%LCC. A amostra CAP+4%EVA apresenta um número de repetições maior que o CAP e CAP+4%EVA+2%LCC, o que condiz com os resultados de módulo de resiliência encontrados. É preciso cautela para fins de comparação, pois o estado de tensões gerado depende da estrutura e do valor de MR do pavimento.

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100 1000 10000 0,1 1 10 ∆σ (MPa) N ( ciclo s) LA LA+4%EVA LA+4%EVA+2% LCC

Figura 4. Vida de fadiga para as misturas asfálticas estudadas. CONCLUSÕES

As propriedades reológicas do ligante asfáltico apresentaram melhorias quando da modificação com o polímero EVA, principalmente a temperaturas mais altas, onde ocorre o processo de deformação permanente. A temperaturas mais altas (freqüência mais alta) ocorreram formações de diferentes estruturas cristalinas, representados por pontos descontínuos nos ligantes modificados nas curvas relacionadas à tan δ. Este fato está relacionado com a fusão do polímero EVA. Os testes de estabilidade a estocagem revelaram, até certo ponto, uma fase de separação pequena. Revelando-se amostras que devem estar estocadas sob agitação para não ocorrer à separação de fases. Os resultados dos ensaios mecânicos podem ser considerados animadores. Deve-se dar atenção no estudo da utilização destes LAs modificados, já que apresentaram resultados satisfatórios em relação aos defeitos no pavimento, como deformação permanente e vida de fadiga. Utilizou-se o LCC como uma forma de melhorar a compatibilização entre o ligante asfáltico e o polímero.

AGRADECIMENTOS

À Petrobras/Lubnor pelo fornecimento do ligante asfáltico e ao CNPq pelo suporte financeiro. REFERÊNCIAS

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MODELO DE ARQUIVO DE IDENTIFICAÇÃO

categoria: Artigo Científico

título: EFEITO DA ADIÇÃO DO LÍQUIDO DA CASCA DA CASTANHA DE CAJÚ (LCC) NAS

PROPRIEDADES DE LIGANTES ASFÁLTICOS MODIFICADOS COM EVA

autores: Ana Ellen V.de Alencar (1), Pedro C. de A. Júnior(2), Daniel R .do Nascimento (3), Jorge B. Soares(4),Sandra de A. Soares(5).

endereço (1): Universidade Federal do Ceará; Departamento de Química Orgânica e Inorgânica;

Campus do Pici - Bloco 940; CEP 60455-760; Fortaleza; Ce; Brasil; e-mail: ellenvalencar@yahoo.com.br.

endereço (2): Universidade Federal do Ceará; Departamento de Engenharia de Transportes;

Campus do Pici - Bloco 703; CEP 60455-760; Fortaleza; Ce; Brasil; e-mail:

pedrojr2005@hotmail.com

endereço (3): Universidade Federal do Ceará; Departamento de Engenharia de Transportes;

Departamento de Química Orgânica e Inorgânica; Campus do Pici - Bloco 703; CEP 60455-760; Fortaleza; Ce; Brasil; e-mail: daniel@det.ufc.br

endereço (4): Universidade Federal do Ceará; Departamento de Engenharia de Transportes;

Campus do Pici - Bloco 703; CEP 60455-760; Fortaleza; Ce; Brasil; e-mail: jsoares@det.ufc.br

endereço (5): Universidade Federal do Ceará, Departamento de Química Orgânica e Inorgânica,

Campus do Pici - Bloco 940, CEP 60455-760 Fortaleza, Ce, Brasil; e-mail: sas@ufc.br.

modalidade: opcional Tema: 1.Pavimentação

palavras-chave: ligante, misturas asfálticas, EVA, LCC key-words: binder, asphalt mixtures, EVA, CNSL.

Breve Biografia: Ana Ellen V.de Alencar: aluna de doutorado da Química Inorgânica – UFC Pedro C. de A. Júnior: aluno de graduação da Engenharia Civil – UFC

Daniel R .do Nascimento: aluno de graduação da Engenharia Química – UFC Jorge B. Soares:professor Ph.D., Engenharia de Transportes – UFC

Referências

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