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Academic year: 2021

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(1)

17/12/2020

Número: 0600592-76.2020.6.15.0063

Classe: AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL

Órgão julgador: 063ª ZONA ELEITORAL DE SOUSA PB

Última distribuição : 16/12/2020

Valor da causa: R$ 0,00

Assuntos: Inelegibilidade - Abuso do Poder Econômico ou Político

Segredo de justiça? NÃO

Justiça gratuita? NÃO

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO

Partes Procurador/Terceiro vinculado

PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DA PARAÍBA (AUTOR)

FABIA ALVES DE SOUSA (REU) VIRGINIA LEITE SILVA LINS (REU) DAYSON VIEIRA DA SILVA (REU) ANTONIO DO VALE FILHO (REU) FRANCISCA LIRA DE ARAUJO (REU) LUIZ ANTONIO MACIEL (REU)

FRANCISCO SARMENTO DA SILVA (REU) OSÓRIO FERREIRA MIRANDA (REU)

FRANCISCO LUCAS VIEIRA DE CARVALHO (REU) CIDADANIA - NAZAREZINHO - PB - MUNICIPAL (REU) PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DA PARAÍBA (FISCAL DA LEI) Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 59809 773

16/12/2020 22:16

Petição Inicial

Petição Inicial

59809 774

16/12/2020 22:16

AIJE

Petição

59809 775

16/12/2020 22:16

Insta e Face

Outros documentos

59809 776

16/12/2020 22:16

FÁBIA - DOC

Outros documentos

59809 777

16/12/2020 22:16

VIRGÍNIA - DOC

Outros documentos

60389 157 17/12/2020 08:15

Certidão

Certidão 60683 855 17/12/2020 08:46

Despacho

Despacho

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Segue Ação de Investigação Judicial Eleitoral e documentos que instruem a demanda.

Sousa/PB, em 16 de dezembro de 2020.

ANTÔNIO BARROSO PONTES NETO Promotor Eleitoral

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MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL NA PARAÍBA

PROMOTORIA DA 63ª ZONA ELEITORAL

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) ELEITORAL DA 63ª ZONA ELEITORAL, ESTADO DA PARAÍBA.

Cabe à Justiça Eleitoral, no papel de instituição essencial ao regime democrático, atuar como protagonista na mudança desse quadro, em que as mulheres são sub-representadas como eleitoras e líderes, de modo a eliminar quaisquer obstáculos que as impeçam de participar ativa e efetivamente da vida política.

As normas de caráter afirmativo são não só constitucionalmente legítimas, como pragmaticamente necessárias, em um País caracterizado por toda sorte de desigualdade, sobretudo nas oportunidades de participação das mulheres na vida político-partidária (TSE - RP nº 282-73/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, em 23.2.2017).

O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, no uso de suas atribuições Constitucionais e Legais, por intermédio do Promotor Eleitoral ao final assinado, vem, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 22 da Lei Complementar 64/1990, requerer a abertura de

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE) por candidatura fictícia e abuso de poder

em face de

a) FÁBIA ALVES DE SOUSA, brasileira, em união estável, servidora pública, candidata ao cargo de vereadora pelo PARTIDO CIDADANIA, suplente, nascida em 03/04/1985, portadora do CPF 058.012.474-67 e RG 2.819.565 SSP/PB, residente e domiciliada à Rua João Sarmento, Vila Nova, Nazarezinho/PB;

b) VIRGÍNIA LEITE SILVA LINS, brasileira, casada, sem ocupação indicada, candidata ao cargo de vereadora pelo PARTIDO CIDADANIA, suplente, nascida em 21/10/1984, portadora do CPF 055.840.534-73 e RG 2.898.297 SSDS/PB, residente e domiciliada à Rua Cel. João Pereira, S/N, Rua Velha, Nazarezinho/PB;

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c) DAYSON VIEIRA DA SILVA, brasileiro, agricultor, candidato ao cargo de vereador pelo PARTIDO CIDADANIA, eleito, nascido em 13/03/1990, portador do CPF 029.344.861-25 e RG 2.788.468 SSDS/DF, residente e domiciliado à Rua Luiz Alves da Rocha, Centro, Nazarezinho/PB;

d) ANTÔNIO DO VALE FILHO, vulgo “Tarcisio Vale”, brasileiro, agricultor, candidato ao cargo de vereador pelo PARTIDO CIDADANIA,

eleito, nascido em 04/06/1956, portador do CPF 238.181.314-49 e

RG 520660 SSDS/PB, residente e domiciliado à Rua José Cesar de Albuquerque, Centro, Nazarezinho/PB;

e) FRANCISCA LIRA DE ARAÚJO, brasileira, casada, servidora pública, candidata ao cargo de vereadora pelo PARTIDO CIDADANIA, suplente, nascida em 20/12/1967, portadora do CPF 551.812.524-00 e RG 1210194 SSDS/PB, residente e domiciliada no Sítio Poço Redondo, Zona Rural de Nazarezinho/PB;

e) LUIZ ANTÔNIO MACIEL, vulgo “Antônio de Zeca”, brasileiro, em união estável, sem ocupação indicada, candidato ao cargo de vereador pelo PARTIDO CIDADANIA, suplente, nascido em 25/10/1956, portador do CPF 203.863.204-97 e RG 438163 SSP/PB, residente e domiciliado à Rua Rui Barbosa, 21, Torre, João Pessoa/PB; f) FRANCISCO SARMENTO DA SILVA, vulgo “Francisco de

Edival”, brasileiro, casado, agricultor, candidato ao cargo de

vereador pelo PARTIDO CIDADANIA, suplente, nascido em 13/03/1963, portador do CPF 467.487.174-34 e RG 1001717 SSP/PB, residente e domiciliado à Rua Vereador Raimundo Nonato Ponce Leon, S/N, Centro, Nazarezinho/PB;

g) OSÓRIO FERREIRA MIRANDA, brasileiro, casado, servidor público, candidato ao cargo de vereador pelo PARTIDO CIDADANIA,

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RG 003770169 SESPDS/RN, residente e domiciliado à Rua Saulo Vieira Mendes, S/N, Lindolfo Pires, Nazarezinho/PB;

h) FRANCISCO LUCAS VIEIRA DE CARVALHO, vulgo “Lucas

Vieira”, brasileiro, casado, empresário, candidato ao cargo de

vereador pelo PARTIDO CIDADANIA, eleito, nascido em 12/10/1996, portador do CPF 702.059.534-09 e RG 4.048.174 SSDS/PB, residente e domiciliado à Rua José Vieira Lins, S/N, Francisco Mendes Campos, Nazarezinho/PB e;

i) PARTIDO CIDADANIA, Diretório de Nazarezinho/PB, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ 15.300.512/0001-40, representado pelo seu presidente, com endereço à Rua José do Carmo Vale, 31, Centro, Nazarezinho/PB.

pelas seguintes razões fáticas e de direito.

1. OBJETO DA AIJE EM QUESTÃO

A presente Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) é baseada em uma

fraude (art. 14, § 10º CF/88) consistente na apresentação de candidaturas femininas artificiais para a

disputa de assentos na Câmara Municipal, quando, na verdade, as candidatas adiante mencionadas nunca tiveram a real intenção de participar efetivamente de uma postulação eleitoral.

Denomina-se de “candidaturas femininas artificiais” os registros de

postulações eleitorais de mulheres “laranjas” ou “fantasmas”, que têm seus nomes indevidamente inseridos na lista de candidatos de uma coligação, como um método de burlar deliberadamente a legislação eleitoral.

De acordo com os fatos articulados nesta ação, todos devidamente comprovados, ver-se-á que as fraudes aqui farpeadas foram praticadas com base na ausência de

preenchimento da cota legal que impõe a apresentação de, no mínimo, 30% das candidaturas de pessoas de cada sexo (cota de gênero).

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Assim, as candidaturas artificiais não passaram de um mero engodo, premeditadamente esquematizadas para ludibriar a Justiça Eleitoral por meio das fraudes aqui reveladas, burlando-se a legislação pátria, para o atingimento de finalidades ilícitas.

Neste contexto, o objeto da AIJE em tela é confrontar a fraude, hostilizar os ilícitos e impugnar os mandatos eletivos dos beneficiários desta artimanha astutamente planejada e desenvolvida pelas partes aqui representadas.

2. DO CASO ESPECÍFICO

Os Candidatos elencados tiveram suas candidaturas registradas pelo PARTIDO

CIDADANIA, Diretório do município de Nazarezinho/PB, conforme disposto no DRAP 0600202-09.2020.6.15.0063, disputando as eleições municipais de 2020.

A legenda acima indicada apresentou à Justiça Eleitoral, em setembro, a lista de seus candidatos à eleição proporcional, formada por 09 homens e 03 mulheres, quantidade essa que preencheu o percentual mínimo de 30% de candidaturas do sexo feminino, conforme expressamente exigido pelo art. 10, § 3º, da Lei 9.504/97. Em razão disso, o respectivo DRAP foi deferido e admitida a participação do partido, com todos que o integraram, na eleição proporcional do corrente ano.

Durante o período eleitoral, todavia, o Órgão Ministerial tomou conhecimento que as “candidatas”: FÁBIA ALVES DE SOUSA e VIRGÍNIA LEITE SILVA LINS, não estavam concorrendo ao pleito eleitoral, conforme determina a lei, pois “sequer”, PASMEM! faziam campanha, participavam dos eventos políticos (digitais ou presenciais) e captavam votos dos eleitores.

A suspeita foi ganhando forma no momento em que se observava que as candidatas fictícias acima informadas, sequer participaram dos eventos políticos (exemplo: comícios, lives, vídeos, passeatas, etc.).

No dia 15/11/2020, dia do pleito eleitoral, as duas candidatas fictícias compareceram as suas respectivas sessões eleitorais e, FÁBIA ALVES obteve 2 (dois) votos e VIRGÍNA LEITE

obteve 4 (quatro) votos, nitidamente afrontando a postura eleitoral, vez que sequer realizaram

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Não bastasse apenas a inexpressiva votação, observa-se que as candidatas sequer gastaram quaisquer valores com a referida campanha, apenas com serviços advocatícios e contábeis, ou seja, NÃO PROMOVERAM SUA CANDIDATURA, senão vejamos do próprio sistema DivulgaCand Contas do TSE:

Figura 3 – Despesas, Doadores e Fornecedores – Fábia Alves de Sousa

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De forma mais expressiva, conforme documentação anexa (prestação de

contas enviada a Justiça Eleitoral), verifica-se que as mencionadas candidatas, sequer procuraram contratar algum banner, santinho, folder ou assemelhados para promoverem sua candidatura.

Além do mais, NÃO HÁ NENHUMA POSTAGEM NAS REDES SOCIAIS DAS

“CANDIDATAS” SOBRE SUAS PROPOSTAS, SEU IMPULSIONAMENTO OU ALGO RELACIONADO, DEMONSTRANDO QUE TRATOU-SE UNICAMENTE DE CANDIDATURAS “LARANJAS”, conforme anexo.

Para tornar mais grave a situação, a “candidata” FÁBIA é casada/em união

estável com o vice-preito eleito daquele município Agnes Platiny Vale (Aguinho), conforme

as imagens no seu perfil, tendo ambas as candidatas feito campanha unicamente ao prefeito

e isto ainda de forma singela, afastado dos holofotes, conforme se verifica.

O PARTIDO CIDADANIA registrou as referidas candidaturas apenas para cumprir

FORMALMENTE a condição indispensável à sua participação nas eleições proporcionais, qual seja, a

formação da sua lista de candidatos ao Legislativo com pelo menos 30% de mulheres.

Por fim, resta esclarecer que, o PARTIDO CIDADANIA (ao excluir as candidatas fictícias) concorreu com apenas 01 candidata, o que representa 10% em relação ao número total

de candidatos da lista, não cumprindo com as exigências do pleito eleitoral 2020.

3. DO CABIMENTO DA AIJE EM AÇÕES QUE VISEM APURAR FRAUDE À REGRA DA COTA DE GÊNERO DE CANDIDATURAS

Havendo ocorrência de candidatura artificial visando a induzir o juízo eleitoral em erro e corrompendo o hígido cumprimento das leis do processo eleitoral, necessário se faz a atuação pujante do Poder Judiciário em invalidar todos os votos recebidos pela Coligação, que sequer existiria caso a fraude não tivesse sido configurada.

Partindo para as bases teóricas, deve-se destacar que a Lei 12.034, de 2009, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo

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de 70% para candidaturas de cada sexo”. A partir daí, para dar proteção imediata à universalização das chances da postulação eleitoral entre brasileiros, criou-se regra da cota de gênero.

Considerando-se que, historicamente, as chapas proporcionais apresentadas à Justiça Eleitoral eram monopolizadas pelos homens, os partidos e coligações passaram a fazer verdadeiras acrobacias para poder respeitar a representatividade feminina mínima de 30% das candidaturas.

Não há espaços para digressões em relação ao conteúdo da Lei 12.034/2009. Se o legislador determinou a regra da reserva de cota de gênero nas candidaturas proporcionais, é porque esta foi a melhor solução para dar concretude e eficácia às regras constitucionais do sistema democrático brasileiro, com pluralismo político e ampla acessibilidade aos cargos eletivos, por meio de disputa em igualdade de condições entre os postulantes.

Desse modo, o objetivo do legislador foi determinar que fossem efetivamente preenchidas as cotas de gênero, e que não ficassem meramente disponíveis para eventuais candidaturas de mulheres como acontecia sob a vigência da redação anterior do dispositivo legal. Tudo isso sob pena de indeferimento do DRAP da coligação, em caso de descumprimento desta regra afirmativa de representatividade política feminina.

Esse é o posicionamento firme da jurisprudência do TSE, que determina que “a norma prevista no art. 10, § 3º,da Lei 9.504/97 tem caráter objetivo e o seu descumprimento impede a regularidade do registro da coligação ou do partido interessado em participar das eleições” (AgR-REspe nº 117- 81/BA, Rei. Min. Nancy Andrighi).

Diante de todo este contexto de afirmação dos direitos femininos, estando-se ciente do mecanismo de burla que as coligações utilizam para conseguir preencher artificialmente a cota de gênero das candidaturas, a circunstância de várias candidatas do sexo feminino não terem obtido votos irrisórios naquele universo eleitoral, demonstra a existência de FRAUDE em

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Especificamente sobre este tema, é fundamental observar as razões de julgamento dos standard-case RespE n.º 1-49, pelo TSE, que confirmou que a apresentação de candidaturas artificiais femininas é uma espécie de fraude, bem como este fato gera a admissibilidade da AIJE como forma de combater a ilicitude. Vejamos:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO

ELETIVO. CORRUPÇÃO. FRAUDE. COEFICIENTE DE GÊNERO.

[…] Não houve violação ao art. 275 do Código Eleitoral, pois o Tribunal de origem se manifestou sobre matéria prévia ao mérito da causa, assentando o não cabimento da ação de impugnação de mandato eletivo com fundamento na alegação de fraude nos requerimentos de registro de candidatura. 2. O conceito da fraude,

para fins de cabimento da ação de impugnação de mandato eletivo (art. 14, § 10, da Constituição Federal), é aberto e pode englobar todas as situações em que a normalidade das eleições e a legitimidade do mandato eletivo são afetadas por ações fraudulentas, inclusive nos casos de fraude à lei.

E vale salientar que, no caso do registro de candidaturas de mulheres para cumprir a regra da cota de gênero, o poder decorrente do monopólio das candidaturas exercido pelos partidos políticos não se limita ao mero lançamento formal de candidaturas, pois a regra -como ação afirmativa - impõe que o seu conteúdo seja efetivamente respeitado de modo que as postulações eleitorais lançadas sejam efetivas e reais.

De acordo com todas estas razões, sendo a AIJE uma ação constitucional admissível na hipótese de fraude lato sensu, e, considerando-se que a burla às regras legais de proteção à representatividade feminina na política é considerada uma hipótese de fraude, salta aos olhos a admissibilidade processual da presente AIJE.

4. DA FALTA DE REPRESENTATIVIDADE FEMININA NA POLÍTICA

Em termos teóricos, a Constituição de 1988 aparenta ser revestida com a res de perfeição no que se refere à universalização do voto e à concepção de uma democracia plena, com previsão de representatividade política e social de minorias e maiorias, sem quaisquer distinções.

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Além de toda carga democrática axiológica pulverizada na Carta Constituição, para defender o objeto desta ação, menciona-se expressamente os trechos que preconizam que “Todo o poder emana do povo”, “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal” e, como não poderia deixar de ser, “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.

No que atinte à concretização da igualdade plena, nosso problema não é a falta de Texto Constitucional, já que estamos guarnecidos com um modelo jurídico que tem nível de excelência ao prever métodos de materialização da soberania popular. Contudo, no campo fático, de forma dolorosa, há que se reconhecer o fracasso do nosso arranjo democrático no que se refere à participação efetiva das mulheres na política, sendo esta chaga no aparelho brasileiro de representatividade social.

No Brasil, as mulheres vivem em um cenário de sub-representação. Suas aspirações não são debatidas nos parlamentos, bem como as políticas públicas femininas não conseguem ser desenvolvidas ou aprofundadas. E o fato é que existe um hiato de gênero identificado na representatividade política brasileira, que criou um distorcido ambiente sem liderança feminina nos cargos eletivos.

A situação é tão grave que estudos da União Parlamentar Internacional apontam que o Brasil tem menos representatividade feminina na política que a Arábia Saudita. Em novembro de 2018, por meio do levantamento “Women in national parliaments”, a representatividade feminina na política brasileira correspondia a apenas 15,0% na Câmara Federal, enquanto, na Arábia Saudita, este patamar atingiu 19,9% de presença feminina.

A título de contextualização, apresenta-se o seguinte o seguinte infográfico, mostrando dados sobre a conjuntura histórica da participação de mulheres nas eleições, que revela o panorama deplorável que o Brasil vive em relação à sub-representação feminina na política.

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Na “cultura eleitoral paraibana”, o contexto de baixíssima efetividade constitucional é ainda pior do que os dados gerais do Brasil. Basta dizer que apenas 13,8% das cadeiras na Assembleia da Paraíba serão ocupadas por deputadas estaduais durante a legislatura 2019-2021 e, por sua vez, a representatividade feminina na Câmara Federal atingiu apenas 8,3% dos parlamentares eleitos pela Paraíba, para o mesmo quadriênio 2019-2021.

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Os dados chocam. E este fenômeno de baixa representatividade feminina não deveria acontecer, já que o estado brasileiro conta com uma Constituição tão pródiga em relação à valorização da universalização da democracia e ampla igualdade de chances na postulação política. Além disso, conforme está sendo demonstrado ao longo de toda essa AIJE, a Lei Federal 12.034/2009 fora editada pelo legislador pátrio justamente com a intenção de eliminar essa distorção, garantindo a cota de gênero no parlamento, sendo este um método que deveria ter aumentado a efetividade ao Espírito Constitucional.

Com o advento da Lei Federal 12.034/2009,as eleições mostraram que o percentual proporcional de mulheres candidatas subiu, afinal, formalmente as coligações passaram a respeitar a cota de gênero. Contudo, esse respeito foi fictício, já que as coligações passaram a driblar o conteúdo teleológico da norma ao apresentar candidaturas femininas fantasmas.

A autonomia partidária contida no § 1º do art. 17 da CF/88 não significa soberania para desrespeitar, direta ou indiretamente, valores e princípios constitucionais: é imperativo que agremiações observem a cota de gênero não somente em registro de candidaturas, mas também na propaganda e assegurando às mulheres todos os meios de suporte em âmbito intra ou extrapartidário, sob pena de se manter histórico e indesejável privilégio patriarcal e, assim, reforçar a nefasta segregação predominante na vida políticopartidária brasileira (TSE -RP nº 282-73/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, em 23.02.2017). No âmbito do Supremo Tribunal Federal, a decisão mais representativa que houve em relação a dar um basta na discrepância de representatividade política entre gêneros foi o julgamento da ADI 5617, em 15.03.2018. O Pretório Excelso deu interpretação conforme a Constituição ao art.9º da Lei 13.165/2015, determinando a equiparação do patamar mínimo de candidaturas por gênero (30%), ao patamar mínimo de recursos do Fundo Partidário destinados a cada gênero, garantindo-se a percepção de, pelo menos, 30%, pelas candidatas do gênero feminino.

Ao manter uma postura de defesa social e promover a referida interpretação conforme a Constituição, o Supremo se apoiou em cinco relevantes fundamentos, sendo eles: (i) As ações afirmativas femininas prestigiam o direito à igualdade. (ii) É incompatível com o direito à igualdade a distribuição de recursos públicos orientada apenas pela discriminação em relação ao sexo da pessoa. (iii) A autonomia partidária não consagra regra que exima o partido do

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respeito incondicional aos direitos fundamentais, especialmente ao direito à igualdade. (iv) A igualdade entre homens e mulheres exige não apenas que as mulheres tenham garantidas iguais oportunidades, mas também que sejam elas empoderadas por um ambiente que as permita alcançar a igualdade de resultados. (v) A participação das mulheres nos espaços políticos é um imperativo do Estado, uma vez que a ampliação da participação pública feminina permite equacionar as medidas destinadas ao atendimento das demandas sociais das mulheres.

Estes mesmos fundamentos que o STF utilizou em relação à distribuição proporcional do Fundo Partidário também foram utilizados pelo TSE no bojo da Consulta 0600252-18.2018.6.00.0000, quando se decretou que os recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha também deveriam ser rateados, nos mesmos moldes do art.10, § 3º criado pela Lei 12.034/2009, com o objetivo de promover reserva para cota de gênero, assim como também deveria ser rateado o tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV.

Como desfecho desta contextualização, assinala-se que a preocupação com o tema não está apenas na burla ao mens legis da Lei Federal 12.034/2009, mas também com os maléficos efeitos dessa baixa efetividade da isonomia eleitoral. A sub-representação feminina na política gera consequências que se refletem na idealização, construção e execução de políticas públicas que considerem as questões mais essenciais e peculiares das mulheres.

É óbvio que a ausência de mulheres em cargos públicos inviabiliza um debate amplo sobre temas relevantíssimos como saúde pública, segurança pública, abordo, previdência e direitos trabalhistas, além de outras matérias sensíveis que cotidianamente fazem parte da vida social feminina e que seus pontos de vista são ignorados pelos homens, que não conseguem travar um debate adequado e amplo. E vale relembrar o óbvio: elas representam 52% da população do Brasil e não podem ficar alijadas do diálogo sobre as pautas femininas.

Neste particular, configurada a fraude que possibilitou o registro, a

disputa e a recepção dos votos que deram à Coligação impugnada o quociente capaz de eleger os candidatos impugnados, necessário desconstruir os mandatos obtidos a partir do deplorável expediente antidemocrático e temerário.

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Mais uma vez, cabe registrar que esta AIJE é a ação constitucional pertinente para veicular a pretensão da impugnação ao mandato dos eleitos e a pretensão da derrubada de toda coligação, em virtude da fraude à regra da reserva de cota de gênero. E, à luz do art. 14, § 10º da CF/88, a citada “fraude” é compreendida como qualquer manobra que objetive enganar a Justiça Eleitoral e proporcionar resultados diversos daqueles que seriam possíveis, fosse regular e imaculado o ambiente da disputa.

In casu, a Coligação representada, que não tinha candidaturas femininas suficientes e, por isso, nem participaria da eleição proporcional, logrou registrar candidatos, disputar o pleito e receber votos, em tudo ludibriando a Justiça Eleitoral com as ditas candidaturas artificiais, que serviram para burlar o espírito constitucional da representatividade universal na política.

Em verdade, a Coligação impugnada simulou candidaturas que não eram

de verdade, com a finalidade específica de burlar a legislação eleitoral e conseguir a regularidade do DRAP, no que, como se vê, logrou sucesso, já que esse ardil em relação às mulheres possibilitou o incremento da candidatura adicional de muitos outros homens, o que elevou a média total de votos obtida.

5. DO DIREITO APLICADO À ESPÉCIE

A Lei 9.504/97, em seu artigo. 10, § 3º, a partir da redação dada pela Lei 12.034/2009, instituiu política afirmativa da participação das mulheres nos pleitos eleitorais e exigiu providências dos partidos políticos para a formação de quadros femininos aptos a disputar as eleições com reais possibilidades de sucesso ou pelo menos com efetiva busca dos votos dos eleitores. Valendo-se da expressão "preencherá" o mínimo de 30%, o legislador deixou clara a condição de admissibilidade da lista a registro na Justiça Eleitoral e, mais, de sua apresentação ao eleitorado, na expectativa de preenchimento mais equilibrado das cadeiras do parlamento.

Se os referidos atos preparatórios forem praticados com alguma irregularidade, dentre as quais se destaca a não observância do percentual mínimo de mulheres, o partido não terá, a rigor, um DRAP. Daí que outra não é a solução senão o indeferimento do pedido de registro de candidatura por ele apresentado, o que equivale a dizer que toda a lista de

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candidatos não será admitida a registro. Dito com outras palavras, o partido não será

admitido na disputa proporcional e as condições pessoais (condições de elegibilidade e causas de inelegibilidade) de cada um dos candidatos da lista sequer serão avaliadas e julgadas.

Tudo porque, repita-se, o preenchimento da lista com o mínimo de 30% de mulheres é condição indispensável para a participação do partido nas eleições proporcionais.

Na jurisprudência, o tema tem recebido igual tratamento:

RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE COLIGAÇÃO. ELEIÇÕES 2012. DEMONSTRATIVO DE REGULARIDADE DE ATOS PARTIDÁRIOS (DRAP). APRESENTAÇÃO DO NÚMERO DE CANDIDATOS

PROPORCIONAIS SUPERIORES AO PERMITIDO PELA LEI.

INOBSERVÂNCIA DOS PERCENTUAIS DE CANDIDATURA POR SEXO.

VIOLAÇÃO DO ART. 10, §§ 1°. E 3°. DA LEI N. 9.504/97. A ATA

DE CONVENÇÃO DO PARTIDO INTEGRANTE DA COLIGAÇÃO NÃO FOI ASSINADA PELO REPRESENTANTE LEGAL. IMPOSSIBILIDADE DA CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIAS. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA N. 03 DO TSE. INTIMAÇÃO DO REPRESENTANTE DA COLIGAÇÃO NA PRIMEIRA INSTÂNCIA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. IMPROVIMENTO DO RECURSO. 1. A coligação apresentou número de candidatos proporcionais superior ao permitido pela lei e a informação do Cartório da 34ª Zona Eleitoral também demonstrou que não foram observados os percentuais de candidatura por sexo. 2. O § 3°, do

art. 10, da Lei n. 9.504/97, na redação dada pela Lei n. 12.034/2009, passou a dispor que, "do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo'', substituindo-se, portanto, a locução anterior "deverá reservar'' por 'preencherá", a demonstrar o atual caráter imperativo do preceito quanto à observância obrigatória dos percentuais mínimo e máximo de cada sexo. Precedentes do TSE e desta Corte. 3. O representante da

coligação, inobstante tenha sido regularmente intimado, não sanou a irregularidade concernente aos percentuais de candidatura por sexo e também não providenciou a assinatura da presidente e da secretaria na ata da convenção do Partido Trabalhista Cristão – PTC. 4. A jurisprudência do TSE somente admite a abertura de prazo na sede recursal, no caso de não ter sido dada oportunidade para a regularização da falha na primeira instância, hipótese que não diz respeito ao presentes autos. 5. Improvimento do recurso, com a manutenção da sentença que indeferiu o registro da coligação.

(Recurso Eleitoral nº 15209, Acórdão nº 465 de 17/08/2012, Relator(a) MARCO ANTONIO PINTO DA COSTA, Publicação:

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Se o mínimo de 30% é condição para a participação do partido nas eleições e se o Partido Impugnado não apresentou candidaturas reais, ao contrário, apresentou candidaturas fictícias, ele (partido Impugnado) sequer poderia ter sido admitido ao registro.

A AIJE, prevista no art. 22, da Lei 64/1990, se amolda exatamente a esta finalidade, vejamos:

Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito.

[…] (BRASIL, 1990).

Como se sabe, a fraude cogitada no mencionado dispositivo é compreendida como qualquer manobra que objetive enganar a Justiça Eleitoral ou o próprio eleitorado e proporcionar resultados diversos daqueles que seriam possíveis, fosse regular e imaculado o ambiente da disputa.

No caso, o Partido Impugnado, que não tinha candidaturas femininas suficientes e por isso, nem participaria da eleição proporcional, logrou êxito ao registrar candidatos, disputar o pleito e receber votos, em tudo enganando a Justiça Eleitoral com as aparentes candidaturas, as candidaturas fictícias. Para ficar com as palavras do TSE, o partido impugnado

“ocultou” o real conteúdo da sua lista, simulou candidaturas que não o eram de verdade, com

a finalidade clara de burlar a legislação eleitoral e de ludibriar a Justiça Eleitoral, no que, como se vê, logrou sucesso.

O TSE, sobre o tema, de inclusão de candidatas fictícias para aparente preenchimento do percentual mínimo, assim se posicionou:

RECURSOS ESPECIAIS. ELEIÇÕES 2016. VEREADORES. PREFEITO. VICE-PREFEITO. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL

ELEITORAL (AIJE). ART. 22 DA LC 64/90. FRAUDE. COTA DE GÊNERO. ART. 10, § 3º, DA LEI 9.504/97. 1. O TRE/PI, na linha

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quanto às candidaturas das coligações Compromisso com

Valença I e II ao cargo de vereador nas Eleições 2016, fixando as seguintes sanções: a) cassação dos registros das cinco

candidatas que incorreram no ilícito, além de sua inelegibilidade por oito anos; b) cassação dos demais candidatos registrados por ambas as chapas, na qualidade de beneficiários. [...] TEMA DE FUNDO. FRAUDE. COTA DE GÊNERO. ART. 10, § 3º, DA LEI 9.504/97. ROBUSTEZ. GRAVIDADE. AFRONTA. GARANTIA FUNDAMENTAL. ISONOMIA. HOMENS E MULHERES. ART. 5º, I, DA CF/88. 4. A fraude na cota de gênero de candidaturas representa afronta à isonomia entre homens e mulheres que o legislador pretendeu assegurar no art. 10, § 3º, da Lei 9.504/97 - a partir

dos ditames constitucionais relativos à igualdade, ao pluralismo político, à cidadania e à dignidade da pessoa humana - e a prova de sua ocorrência deve ser robusta e levar em conta a soma das circunstâncias fáticas do caso, o que se demonstrou na espécie. 5. A extrema semelhança dos registros nas contas de campanha de cinco candidatas - tipos de despesa, valores, data de emissão das notas e até mesmo a sequência numérica destas - denota claros indícios de maquiagem contábil. A essa circunstância, de caráter indiciário, somam-se diversos elementos específicos. [...] sem que elas

realizassem despesas com material de propaganda e com ambas atuando em prol da campanha daqueles, obtendo cada uma apenas um voto; b) Maria Neide da Silva sequer compareceu

às urnas e não realizou gastos com publicidade; c) Magally da Silva votou e ainda assim não recebeu votos, e, além disso, apesar de alegar ter sido acometida por enfermidade, registrou gastos

-inclusive com recursos próprios - em data posterior; d) Geórgia

Lima, com apenas dois votos, é reincidente em disputar cargo

eletivo apenas para preencher a cota e usufruir licença remunerada do serviço público. 7. Modificar as premissas fáticas

assentadas pelo TRE/PI demandaria reexame de fatos e provas (Súmula 24/TSE). CASSAÇÃO. TOTALIDADE DAS

CANDIDATURAS DAS DUAS COLIGAÇÕES. LEGISLAÇÃO.

DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. 8. Caracterizada a fraude e, por

conseguinte, comprometida a disputa, não se requer, para fim de perda de diploma de todos os candidatos beneficiários que compuseram as coligações, prova inconteste de sua participação ou anuência, aspecto subjetivo que se revela imprescindível apenas para impor a eles inelegibilidade para eleições futuras. Precedentes. 9. Indeferir apenas as candidaturas fraudulentas e as menos votadas (feito o recálculo da cota), preservando-se as que obtiveram maior número de votos, ensejaria inadmissível brecha para o registro de "laranjas", com verdadeiro incentivo a se "correr o risco", por inexistir efeito prático desfavorável. 10. O registro

das candidaturas fraudulentas possibilitou maior número de homens na disputa, cuja soma de votos, por sua vez, contabilizou-se para as respectivas alianças, culminando em quociente partidário favorável a elas (art. 107 do Código Eleitoral), que puderam então registrar e

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glosa apenas parcial, pois a negativa dos registros após a data do pleito implica o aproveitamento dos votos em favor das legendas (art. 175, §§ 3º e 4º, do Código Eleitoral), evidenciando-se, mais uma vez, o inquestionável benefício auferido com a fraude. 12. A adoção de critérios diversos

ocasionaria casuísmo incompatível com o regime democrático. 13. Embora o objetivo prático do art. 10, § 3º, da Lei 9.504/97 seja incentivar a presença feminina na política, a cota de 30% é de gênero. Manter o registro apenas das candidatas também

afrontaria a norma, em sentido contrário ao que usualmente ocorre. INELEGIBILIDADE. NATUREZA PERSONALÍSSIMA. PARCIAL

PROVIMENTO. 14. Inelegibilidade constitui sanção personalíssima que incide apenas perante quem cometeu, participou ou anuiu com a prática ilícita, e não ao mero beneficiário. Precedentes. 15. Embora incabível aplicá-la indistintamente a todos os candidatos, constata-se a anuência de Leonardo Nogueira (filho de Ivaltânia Nogueira) e de Antônio Gomes da Rocha (esposo de Maria Eugênia de Sousa), os quais, repita-se, disputaram o mesmo pleito pela mesma coligação, sem notícia de animosidade familiar ou política, e com ambas atuando na candidatura daqueles em detrimento das suas. CASSAÇÃO. DIPLOMAS. PREFEITA E VICE-PREFEITO. AUSÊNCIA. REPERCUSSÃO. SÚMULA 24/TSE. 16. Não se vislumbra de que forma a fraude nas candidaturas proporcionais teria comprometido a higidez do pleito majoritário, direta ou indiretamente, ou mesmo de que seria de responsabilidade dos candidatos aos cargos de prefeito e vice-prefeito. Conclusão diversa esbarra na Súmula 24/TSE. CONCLUSÃO. MANUTENÇÃO. PERDA. REGISTROS. VEREADORES. EXTENSÃO.

INELEGIBILIDADE. IMPROCEDÊNCIA. CHAPA MAJORITÁRIA.

17. Recursos especiais dos candidatos ao cargo de vereador

pelas coligações Compromisso com Valença I e II desprovidos, mantendo-se cassados os seus registros, e

recurso da Coligação Nossa União É com o Povo parcialmente provido para impor inelegibilidade a Leonardo Nogueira e Antônio Gomes da Rocha, subsistindo a improcedência quanto aos vencedores do pleito majoritário, revogando-se a liminar e executando-se o aresto logo após a publicação (precedentes). (Recurso Especial Eleitoral nº 19392, Acórdão, Relator(a) Min. Jorge Mussi, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 193, Data 04/10/2019, Página 105/107). De outro lado, a fraude na composição da lista de candidatos a vereador também caracteriza abuso de poder, praticado pelo partido, que tem a exclusiva prerrogativa constitucional de conduzir as candidaturas à Justiça Eleitoral e tem a responsabilidade de, em prévia convenção partidária, formar o grupo de candidatos que vai buscar os votos do eleitorado, para tanto obedecendo fielmente os parâmetros legais, mais marcadamente aquele ditado pelo art. 10, § 3º, da Lei 9.504/97, ou seja, o percentual mínimo de candidaturas femininas. Mas o partido aqui impugnado agiu de forma contrária à lei, tangenciando a disposição legal mencionada e desviando-se do rumo traçado pelo ordenamento jurídico de regência.

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E, mais, conduziu o Juízo ao erro quando do registro, oferecendo um

DRAP ideologicamente falso, afirmando candidaturas que não o eram de verdade, daí que abusou do poder que a lei lhe conferiu.

6. DO CABIMENTO DA AIJE – AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL

A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) consubstancia a garantia da limpeza do certame, valor jurídico indispensável à eficácia social da democracia representativa.

A esse respeito, a Constituição Federal, em seu supramencionado art. 14, § 9º, instaurou que Lei Complementar estabeleceria outros casos de inelegibilidade e outros prazos da sua cessação. Essa foi, portanto, a forma encontrada de proteger a normalidade e a legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico. Ou, então, como citado expressamente pela própria lei, abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.

Nesse sentido, a Lei Complementar 64/1990 (Lei das Inelegibilidades) positiva, então, a chamada Ação de Investigação Judicial Eleitoral.

Nas palavras do experiente (atuou como magistrado em todos os graus de jurisdição, até chegar ao STF) e festejado Ministro Luiz Fux, a fraude Eleitoral é sempre uma

forma de abuso de poder. 7. DOS REQUERIMENTOS

Diante do elencado, o MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, por intermédio do seu Promotor Eleitoral, requer o que segue:

a) Que seja recebida a presente AIJE, com os documentos que a

instruem;

(21)

c) A produção de todas as provas admitidas em direito; d) Seja, ao final, JULGADO PROCEDENTE o pedido para:

d.1) Reconhecer a prática de fraudo e abuso de poder na composição da lista de candidatos às eleições proporcionais, atribuída ao PARTIDO CIDADANIA e, consequentemente, a

TODOS os candidatos e suplementes naquela coligação;

Desconstituir todos os mandatos obtidos pela Coligação, dos titulares e dos suplementes impugnados;

d.2) Declarar nulos todos os votos atribuídos à coligação

impugnada, para determinar que sejam os mandatos por ele

alcançados, distribuídos, segundo as regras do art. 106 e seguintes do Código Eleitoral.

Ao final, que seja julgada procedente a presente Ação de Investigação Eleitoral, para DESCONSTITUIR OS DIPLOMAS DOS IMPUGNADOS, de forma a retirar a eficácia dos mesmos, aos eleitos e suplentes pertencentes ao PARTIDO CIDADANIA, e a inelegibilidade

pelo período de 08 (oito) anos subsequentes às eleições de 2020.

Ademais, após o reconhecimento de mérito da fraude apresentada deve-se

recalcular o quociente eleitoral, com a finalidade de diplomar e empossar quem disputou o

pleito sem uso de fraude à Lei Eleitoral, após a confirmação da fraude eleitoral quanto ao preenchimento do percentual mínimo de registro de candidaturas para o sexo feminino, diante da violação do disposto no art. 10, §3º da Lei nº 9.504/97.

Nestes termos, pede e espera deferimento. Sousa/PB, data do sistema.

(assinatura eletrônica)

ANTÔNIO BARROSO PONTES NETO

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MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL NA PARAÍBA

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EXTRATO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

JUSTIÇA ELEITORAL

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RELATÓRIO FINANCEIRO

A Justiça Eleitoral recebeu em 13/11/2020 às 17:07h(horário de Brasília) a prestação de contas Relatório Financeiro, número de controle

Estimável em dinheiro Financeiro VALOR - R$ 1.045,00 1.045,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1.045,00 0,00 1.045,00 (A) (B) (C) Página: 1 de 16/12/2020 20:42 4

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ELEIÇÕES 2020

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JUSTIÇA ELEITORAL

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RELATÓRIO FINANCEIRO

Baixas de recursos estimáveis em

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DESPESA CONTRATADA

FUNDO PARTIDÁRIO

OUTROS RECURSOS

DESPESA EFETIVAMENTE PAGA

Total de despesas não pagas

FEFC 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 --0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 --0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Página: 2 de 16/12/2020 20:42

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JUSTIÇA ELEITORAL

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RELATÓRIO FINANCEIRO

Baixas de recursos estimáveis em

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DESPESA CONTRATADA

FUNDO PARTIDÁRIO

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DESPESA EFETIVAMENTE PAGA

Total de despesas não pagas

FEFC 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 522,50 0,00 0,00 0,00 0,00 522,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1.045,00 (D) (E) (G) (H) (F) 0,00 Página: 3 de 16/12/2020 20:42

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JUSTIÇA ELEITORAL

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RELATÓRIO FINANCEIRO

A Justiça Eleitoral recebeu em 06/11/2020 às 09:56h(horário de Brasília) a prestação de contas Relatório Financeiro, número de controle

Estimável em dinheiro Financeiro VALOR - R$ 1.045,00 1.045,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1.045,00 0,00 1.045,00 (A) (B) (C) Página: 1 de 16/12/2020 20:41 4

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ELEIÇÕES 2020

EXTRATO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

JUSTIÇA ELEITORAL

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RELATÓRIO FINANCEIRO

Baixas de recursos estimáveis em

dinheiro

DESPESA CONTRATADA

FUNDO PARTIDÁRIO

OUTROS RECURSOS

DESPESA EFETIVAMENTE PAGA

Total de despesas não pagas

FEFC 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 --0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 --0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Página: 2 de 16/12/2020 20:41

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Baixas de recursos estimáveis em

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DESPESA CONTRATADA

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OUTROS RECURSOS

DESPESA EFETIVAMENTE PAGA

Total de despesas não pagas

FEFC 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 522,50 0,00 522,50 0,00 0,00 522,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 522,50 0,00 0,00 1.045,00 (D) (E) (G) (H) (F) 0,00 Página: 3 de 16/12/2020 20:41

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AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (11527) - Processo nº

0600592-76.2020.6.15.0063

Certidão de Revisão da Autuação

Certifico que, nos termos do art. 23, § 2º, da Resolução n.º 23.417/2014-TSE, revisei a

autuação dos autos, que consta como investigante, o Representante do Ministério Público

Eleitoral em desfavor dos candidatos: Fábia Alves de Sousa, Virgínia Leite Silva Lins,

Dayson Vieira da Silva, Antônio do Vale Filho, Francisca Lira de Araújo, Luiz Antônio

Maciel, Francisco Sarmento da Silva, Osório Ferreira Miranda, Francisco Lucas Vieira de

Carvalho e o Partido Cidadania, através de seu representante legal, Sr. Alanderson

Roberto Lins, investigados.

Sousa-PB, 17 de dezembro de 2020.

Renata Abrantes de Sá Sarmento

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JUSTIÇA ELEITORAL

063ª ZONA ELEITORAL DE SOUSA PB

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (11527) Nº 0600592-76.2020.6.15.0063 / 063ª ZONA ELEITORAL DE SOUSA PB

AUTOR: PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DA PARAÍBA

REU: FABIA ALVES DE SOUSA, VIRGINIA LEITE SILVA LINS, DAYSON VIEIRA DA SILVA, ANTONIO DO VALE FILHO, FRANCISCA LIRA DE ARAUJO, LUIZ ANTONIO MACIEL, FRANCISCO SARMENTO DA SILVA, OSÓRIO FERREIRA MIRANDA, FRANCISCO LUCAS VIEIRA DE CARVALHO, CIDADANIA NAZAREZINHO PB -MUNICIPAL

DESPACHO

Notifiquem-se os representados a fim de que, no prazo de cinco dias, ofereçam defesa, podendo

juntar documentos e arrolar testemunhas, no máximo de seis (art. 22, I, a, c/c V, LC 64/90).

A citação deverá ocorrer, preferencialmente, por Mural Eletrônico.

Sousa-PB, data e assinatura eletrônicas.

VINICIUS SILVA COELHO

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