Mundo virtual exige
novas regras para o Direito
Boletim da
J u n h o d e 2 0 0 0 - nº 06
Justiça reconhece
proteção de
marcas na Internet
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Páginas 6 e 7
Comissões
apresentam
sinopses
Foto: Roberto Paes
A decisão da justiça de que a empresa Ayrton Senna Promoções e Empreendimentos (ASPE) é a detentora do domínio sen-na.com.br representa uma vitória nos negócios de e-commerce, assunto que vem preocupando advogados e profissionais das áreas envolvidas com a propriedade intelectual na Internet.
Seminário discutirá
exploração de
patentes
A exploração de patentes e o período de graça no regime da lei atual são os temas que o engenheiro Antonio Mauricio Arnaud, da Pinheiro, Nunes, Arnaud & Scatamburlo S/C Ltda., abordará na palestra que deverá apresentar du-rante o XX Seminário da Pro-priedade Intelectual, a ser realizado em agosto, em São Paulo.
As Comissões de Estudo da ABPI de “Software” e Informática e a Comissão de Marcas apresentam suas sinopses das reuniões rea-lizadas nos dias 17 e 18 de maio, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Durante o mês de junho, várias Comissões de Estudo estarão rea-lizando reuniões e divulgam neste boletim todas as informações.
Durante o último almoço mensal da ABPI, os cerca de 70 participantes assistiram a uma palestra proferida por Nelson Nery Junior, professor titular da PUC-SP. Nela, Nery Junior mostrou a relação existente entre a propriedade inte-lectual, o Código de Defesa do Consumidor, a Internet e o e-com-merce.
Nery Junior ressaltou que o aumento na velocidade de trans-missão das informações, decorrente da expansão da Internet, vem interessando cada vez mais os profissionais dessa área do Direito, preocupados especialmente em coibir abusos e violações no ramo da propriedade intelectual.
Notas
Editorial
A maior parte das atividades econômicas que se desenvolvem no comércio eletrônico acarreta alguma repercussão no âmbito das relações de consumo. Na verdade, a expressão comércio eletrônico tem sido usada nos dias atuais para designar justamente a atividade comercial orientada para o consumidor final e não apenas para as operações entre empresas e entidades, o chamado mercado corporativo.
Com a conexão através da tecnologia antes utilizada apenas nas
transmissões de TV por assinatura, a Internet chegará brevemente aos lares de milhões de brasileiros. A Internet tornou-se, assim, um gigantesco portal de acesso ao mercado de massa.
Para que esse fenômeno ocorresse contribuiu enormente o surgimento dos chamados “estabelecimentos virtuais”, ou seja, dos “sites” por meio dos quais informações, bens e serviços são oferecidos e fornecidos ao público e por ele adquiridos. Um número cada vez maior de transações é agora consumado nesse ambiente digital mediante as chamadas “operações em rede” ( “online transac-tions”): o consumidor escolhe o produto, faz o pedido, realiza o pagamento e, em alguns casos, até recebe o que adquiriu por intermédio do computador.
O lado negativo dessa revolução tecnológica se traduz na facilitação das fraudes, em imediato desafio ao sistema legal vigente, criado para o ambiente convencional. As empresas exercem suas atividades através de sinais distintivos, geralmente conhecidos como nomes comerciais e marcas, e com elas acabam conflitando os endereços de acesso chamados “nomes de domínio”. Ao mesmo tempo em que aperfeiçoa a forma de transmissão de informação, a tecnologia de reprodução digital torna mais difícil o controle da utilização indevida de criações intelectuais e outros conteúdos protegidos que são disponibilizados na Rede.
Talvez o maior problema do ambiente digital seja resolver exatamente essa aparente contradição: como conciliar o progresso tecnológico com as garantias jurídicas existentes. A propriedade intelectual e a proteção do consumidor são valores básicos da sociedade moderna. Conseguirão eles sobreviver a um mundo sem fronteiras físicas claras? O processo de globalização inerente à Internet não esvaziará a efetividade da proteção ao consumidor? O direito vigente precisa apenas ser adaptado ao mundo virtual ou há necessidade de reformular antigos conceitos jurídicos? Algumas dessas inquietações foram objeto do almoço mensal da ABPI realizado em maio passado.
A Internet é
um portal para
o consumo:
devemos
festejar?
Manoel J. Pereira
dos Santos
Diretor-Editor
ABPI recepciona
delegação chinesa
em visita ao Brasil
Para enviar suas
cartas à redação
Basta redigir um e-mail para o endereço abpi@abpi.org.br e colocar no corpo da mensagem o conteúdo da correspon-dência. Sua carta será publicada seguindo um critério de data e você será avisado da edição onde ela será publicada.
Cartas
Foto: Roberto Paes
A ABPI e a ABAPI recep-cionaram uma delegação chinesa, no Clube Marimbás, Rio de Janeiro, no primeiro dia de junho. Estiveram no Brasil seis representantes da direção da repartição de patentes da China, liderados pela senhora Jiang Ying.
A delegação veio ao país para estabelecer contatos com advo-gados, agentes da propriedade in-dustrial e membros do INPI para troca de experiências, uma vez que o governo chinês está estruturando seu sistema de propriedade intelectual.
Segundo o presidente da ABPI, José Antonio Faria Correa, é a primeira vez que esta delegação vem ao Brasil para promover o intercâmbio e a troca de expe-riências. Eles saíram da China com destino às Américas e começaram pelos Estados Unidos. No Brasil, a delegação passou pelo Rio de Janeiro e Brasília. A diretoria da ABPI relatou à delegação chinesa questões ligadas ao Acordo TRIPs, inclusive as que envolvem a lei de patentes brasileira, que ainda estão sendo discutidas pela entidade. A China também é um dos países signatários do acordo.
Domínios virtuais
A decisão da justiça de que a empresa Ayrton Senna Promoções e Empreendimentos (ASPE) é a detentora do domínio sen-na.com.br representa uma vitória nos negócios de e-commerce, assunto que vem preocupando advogados e profissionais das áreas envolvidas com a propriedade intelectual na Internet.
O processo começou porque o Laboratório de Aprendizagem Infantil Meu Cantinho S/C Ltda., de Curitiba, requereu, em novembro de 1997, junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o registro do nome de domínio ayrtonsen-na.com.br. Mas, a ASPE foi cons-tituída em 1983 e detém todos os direitos de propriedade intelectual (marcas, patentes e direitos auto-rais) relacionados ao piloto Ayrton Senna, bem como os direitos de explorar o seu nome e a sua ima-gem.
Em fevereiro de 1999, a ASPE, através do escritório Veirano e Advogados Associados, respon-sável pelos assuntos de proprie-dade intelectual da empresa, propôs ação judicial visando o cance-lamento do nome de domínio e requereu a tutela antecipada até o julgamento final da ação. O processo tramitou perante a 16ª Vara Cível de Curitiba, tendo o juiz responsável pelo caso concedido a tutela e oficiado à Fapesp o cancelamento do registro.
Antes de iniciar o processo, a ASPE enviou uma notificação extra-judicial à escola paranaense visando solucionar a questão amigavel-mente, desde que a escola cance-lasse ou transferisse para a ASPE o
Justiça reconhece a proteção de
marcas na Internet tomando decisão
favorável à Ayrton Senna Promoções e
Empreendimentos
registro do domínio. Inicialmente, o Laboratório Infantil concordou com o pedido, com a condição de administrar um site do piloto Ayrton Senna, o que foi aceito pela ASPE. Mas como nenhuma provi-dência foi tomada junto à Fapesp, a ASPE recorreu à Justiça.
Em agosto de 1999 foi realizada a audiência e, como as partes não chegaram a acordo, o juiz Renato Lopes de Paiva, da 16ª Vara Cível de Curitiba, proferiu sentença condenando o Laboratório Meu Cantinho a cancelar definitiva-mente o registro do domínio.
De acordo com o advogado da Veirano, Fernando Jucá, a decisão provou que, apesar de ainda não existir uma lei regulando os nomes de domínio na Internet, este meio de comunicação não pode servir para uso de marcas ou de nomes por outros que não sejam seus legítimos detentores. “Comprovou, princi-palmente, que o nome comercial e a marca Ayrton Senna pertencem à ASPE desde que ela foi constituída
e que não é necessário criar uma outra lei que regule a situação na Internet, já que existem leis pro-tegendo os nomes das empresas, as marcas e os nomes civis”, frisou o advogado.
O Laboratório Infantil apelou da decisão para o Tribunal de Justiça do Paraná sob argumento de que, à época em que o registro foi solici-tado, não existia norma regulamen-tando essa questão e que, portanto, o mesmo deveria ser concedido a quem primeiro o requeresse. Em acórdão proferido em maio de 2000, o Tribunal de Justiça do Paraná, por unanimidade de votos, negou provimento à apelação e confirmou a decisão de primeira instância. Segundo Jucá, o acórdão comvou que a proteção legal à pro-priedade intelectual é extensiva ao mundo virtual. Ainda é possível recorrer da decisão ao Supremo Tri-bunal Federal ou Superior TriTri-bunal de Justiça mas, para Jucá, as deci-sões já representam uma grande vitória.
A ABPI está definindo sua posição a respeito das possíveis divergências entre a Lei de Patentes brasileira e o Acordo TRIPs. A polêmica foi levantada pelo governo dos Estados Unidos junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) por entender que a legislação nacional está em desacordo com o TRIPs, estabelecido entre mais de cem países no âmbito da propriedade intelectual e do qual o Brasil faz parte.
Pela lei brasileira, a empresa detentora da patente é obrigada a fabricar o seu produto localmente, exceto quando o desenvolvimento do mesmo for inviável. Essa condição, porém, deve ficar comprovada. Já as regras do Acordo não prevêm qualquer discriminação e permitem à empresa importar o produto.
Associação busca o consenso
sobre interpretação do TRIPs
Matéria de capa
Fotos: Roberto Paes
Durante o último almoço mensal da ABPI, realizado em 18 de maio no restaurante Dinho’s Place, em São Paulo, os cerca de 70 participantes assistiram a uma palestra proferida por Nelson Nery Junior, professor titular da PUC-SP. Em sua palestra, Nery Junior mostrou a relação existente entre a propriedade intelectual, o Código de Defesa do Consumidor, a Internet e o comércio eletrônico.
Nery Junior ressaltou que o aumento na velocidade de transmissão das informações, decorrente da expansão da Internet, vem interessando cada vez mais os profissionais dessa área do Direito, preocupados especialmente em
coibir abusos e violações no ramo da propriedade intelectual. Segundo ele, ainda não existem regras específicas. “E a falta de regras é mundial, não temos muitos parâmetros”, acrescentou, obser-vando que a União Européia está tentando criar uma legislação sobre o assunto. Para solucionar os casos, o procedimento tem sido usar as regras do direito tradicional, mas ele reconhece que há necessidade de estudos mais profundos.
No decorrer da sua palestra, foi indagado por José Carlos Tinoco Soares, do escritório de advocacia Tinoco Soares & Filho, sobre direitos autorais relacionados às cópias reprográficas de livros. Respondeu
categoricamente que não são permitidas, apesar de algumas universidades usarem o proce-dimento sem a autorização do autor. Ele lembrou que em Portugal a lei é mais rígida e existem punições severas. Reconheceu, porém, que, na verdade, trata-se mesmo de um problema mais cultural que de normatização.
Sobre a questão da proteção do consumidor, Nery Junior enfatizou que várias normas interferem nesse assunto. Ele explicou que, pelo código do consumidor, bens móveis ou imóveis, materiais ou imateriais, são objetos da relação de consumo. “Para que sejam suscetíveis de se submeterem ao regime jurídico do
Velocidade do mundo virtual exige
novas regras para o Direito
A Internet tem se espalhado pelo planeta de forma
assustadora e os abusos contra a propriedade intelectual
praticados por provedores e usuários inescrupulosos ou
desavisados preocupa os associados da ABPI
código de defesa do consumidor, tem de haver contratação entre consumidor e fornecedor e, se o objeto do negócio for produto ou serviço, teremos uma relação de consumo e sobre ela incidirão as normas do Código”, concluiu. Segundo ele, além do código de defesa do consumidor pode ser aplicada também a lei de proprie-dade intelectual, mas é necessário haver uma compatibilização. “Nossa tarefa é homogeneizar as regras e tirar dos princípios cons-titucionais uma utilidade práti-ca”.
Indagado por Gustavo Leonar-dos, do Momsen-LeonarLeonar-dos, sobre a possibilidade de um escritório ser considerado consumidor por ter adquirido - em nome da pessoa jurídica - um produto, respondeu afirmativamente e acrescentou, ainda, que pode reclamar os seus direitos, conforme o código do consumidor.
Nas questões que envolvem Internet e e-commerce, Nery Junior disse que os problemas ganham proporções cada vez maiores, na medida em que interferem com a propriedade industrial e com os direitos autorais. E citou, como exemplo, os livros virtuais que estão
sendo lançados na Internet, através de acordos entre editoras e portais de negócios para comercializá-los. “Isso vem acontecendo a nível mundial. As regras ainda estão por serem feitas e os problemas já estão acontecendo”, explicou.
Para Nery Junior, a veiculação através da Internet não desca-racteriza a propriedade industrial, pois, havendo o registro da marca ou patente, a proteção existe de qualquer forma. Mas reconheceu
que o problema, de fato, é criar uma forma para coibir abusos e violação à proteção. “Nesses casos, quem res-ponde pelos danos: o provedor, o portal?”, pergunta. Por isso, Nery Junior insiste que é necessário formular regras mais claras, porque as do direito tradicional que têm sido aplicadas são insuficientes.
Outro exemplo de que o Direito precisa de soluções objetivas e mais transparentes foi comentado pelo especialista: o e-card, cartão de crédito virtual. Segundo ele, a utilização desses cartões vem causando alguns problemas, mas as administradoras preferem bancar os prejuízos financeiros. “Certamente já avaliaram a relação custo/ benefício, mas os conflitos que a economia pode resolver não são os mesmos que os do Direito”, frisou. Um tema que tem sido motivo de polêmica refere-se aos contratos de e-commerce, especialmente em relação à lei que deve ser aplicada quando se faz um contrato desta natureza. A questão também existe quanto aos ilícitos praticados na Internet. Para ele, a lei aplicável é a do lugar em que está sediado o site. Por exemplo, se o site está nos Estados Unidos, a lei vigente a ser seguida será a de lá.
O aumento na velocidade
de transmissão das
informações, decorrente
da expansão da
Internet, vem
interessando cada
vez mais os profissionais
dessa área do Direito...
Nelson Nery Junior,
professor titular
da PUC-SP
Nas questões que
envolvem Internet e
e-commerce, os problemas
ganham proporções cada
vez maiores, na medida
em que interferem com a
propriedade industrial e
com os direitos autorais.
Nelson Nery Junior,
professor titular
da PUC-SP
Entrevista
Comissões de Estudo
A exploração de patentes e o período de graça no regime da lei atual são os temas que o engenheiro Antonio Mauricio Arnaud, da Pinheiro, Nunes, Arnaud & Scatamburlo S/C Ltda., abordará na palestra que deverá apresentar durante o XX Seminário da Propriedade Intelectual.
Durante sua exposição, Arnaud fará referências à exploração efetiva, no território nacional, do objeto da proteção da patente. De acordo com a lei brasileira o produto tem de ser fabricado localmente e de modo completo, sendo este mesmo requisito aplicado ao uso integral das etapas do processo patenteado. Dentro desse assunto será abordada a extinção da caducidade, permitida no Brasil até 1982, ano em que o país aderiu, de modo integral, à Revisão de Estocolmo da Convenção de Paris. De acordo com Antonio Arnaud, antes dessa adesão era possível, no Brasil, que um terceiro interessado solicitasse a extinção de uma patente que não estivesse sendo aqui explorada, lançando assim seu objeto em domínio público.
Segundo ele, a caducidade poderia ser solicitada sem qualquer pedido prévio de licença obriga-tória, sob o argumento de que o objeto da patente não estava sendo devidamente explorado no territó-rio nacional. Com nossa adesão in-tegral à Revisão de Estocolmo da Convenção de Paris, a caducidade ficou inviabilizada, mas a lei brasileira em vigor manteve a exigência de exploração local do objeto da patente, esclarece.
Foi justamente com relação a
esse ponto que surgiu o conflito com o Acordo TRIPs, assinado entre mais de cem países no âmbito da propriedade intelectual, e que não exige a produção local como requisito de exploração efetiva para afastar a concessão de licença obrigatória. Antonio Arnaud deve-rá tocar nesse assunto em sua palestra, embora a ABPI ainda esteja estudando as possíveis divergências entre o TRIPs e a legislação brasi-leira. Por enquanto, o engenheiro entende que esse aspecto é de par-ticular interesse das empresas multinacionais , as quais têm a pos-sibilidade de fabricar um produto ou de usar um processo em uni-dades industriais localizadas no ex-terior. Nesses casos, a importação local do objeto da proteção pode ensejar licença obrigatória.
O período de graça é outro tema a ser tratado no mesmo painel. Para o engenheiro, o período de graça dá ao autor de uma solução técnica a oportunidade de requerer patente mesmo se já tiver divulgado o seu invento no período de um ano an-terior ao depósito do respectivo pedido de patente. Para ele, muitas vezes o inventor, entusiasmado com o invento realizado e no afã de obter resultados compensadores, promo-ve sua divulgação prematura, antes de requerer a patente. O período de graça evita que essa divulgação destrua a novidade da invenção e impeça a obtenção da patente, como ocorria na vigência da lei anterior. Mas ele lembra que essa condição é válida apenas para os países que possuem essa norma legal. Na sua opinião, esse dispositivo beneficia também as grandes corporações e institutos de pesquisas cujos inventores tendem a divulgar prematuramente as suas invenções.
Seminário da ABPI discutirá
problemas relacionados
à exploração de patentes
Comissão de “Software” e Informática
Coordenador: Manoel J. Pereira dos Santos • Vice-coordenador: Dirceu Pereira Santa Rosa
No dia 17 de maio de 2000, reuniu-se no auditório do escritório Dannemann, Siemsen, Bigler & Ipanema Moreira a Comissão de “Software” e Informática a fim de iniciar as discussões sobre o tema da Sub-Comissão “Processos Alternativos de Solução de Dis-putas”.
Tendo em vista problemas profissionais que motivaram a ausência justificada do Dr. Peter Eduardo Siemsen, Relator do Tema, referida apresentação será realizada na próxima reunião.
O Vice-Coordenador passou então a palavra à Dra. Sônia Albrecht, que discorreu sobre o tema da sua Sub-Comissão, “Análise da Natureza e Atribuições do Poder Regulador e do Órgão Registrador”, cujos trabalhos a associada estará dirigindo, expondo a proposta de trabalho a ser desen-volvida durante o corrente ano. Após sua apresentação, durante a qual foi mais uma vez incentivada a participação dos associados nesta sub-comissão, iniciaram-se debates iniciais sobre o tema, inclusive com a intervenção do presidente da ABPI, o Dr. José Antônio Faria Corrêa.
Após este debate, o Vice-Coordenador iniciou as discussões sobre o tema “Processos Alterna-tivos de Solução de Disputas”, analisando os procedimentos para a apresentação de reclamações quanto ao registro indevido de domínios “.com”, “.net” e “.org” de acordo com as regras estabelecidas pela ICANN - Internet Corporation for Assigned Names and Numbers - para a solução de disputas. O tema será objeto de debates mais aprofundados após a apresentação do relatório da Sub-Comissão.
Agenda de reuniões das
Comissões de Estudo da ABPI
junho de 2000
No dia 18 de maio de 2000, às 16:00 h, no auditório do escritório Trench, Rossi e Watanabe reuniram-se sob a coordenação de Manoel J. Pereira dos Santos e Hélio Fabri Jr., os membros da Comissão de Estudos de “Software” e Infor-mática e da Comissão de Estudos de Marcas, com a presença também do vice-presidente da ABPI, Ricardo Vieira de Mello, tendo por objetivo discutir os projetos de lei (PL) 2300/ 2000 do Deputado Clementino Coelho e 2535/2000 do Deputado Valdeci Oliveira, nos termos da Convocação de 27 de abril de 2000. Iniciados os trabalhos, o relator do tema, Jorge Knauss de Men-donça, fez uma breve exposição sobre os pontos mais relevantes dos projetos de lei, destacando, ini-cialmente, o fato de terem escopos diferentes e ainda a imprecisão das justificativas apresentadas junto com os PLs. Além disso, foi questionada a necessidade de se alterar o artigo 131 da LPI, haja vista tratar-se de problema de mera interpretação do referido artigo 131 no que diz respeito à sua aplicação no âmbito da Internet.
Por fim, observou o Relator que, na hipótese de se entender cabível a modificação do art. 131, convinha avaliar até que ponto, na sistemática de elaboração de leis, justificar-se-ia, necessariamente, a inclusão de um parágrafo único, na medida em que poderia ser suficiente apenas reformular o caput do artigo 131 da LPI.
Após essa breve exposição, iniciou-se o debate entre os presen-tes, durante o qual foram levan-tados vários pontos a serem discu-tidos, em especial no tocante ao PL 2535/2000 e seus artigos 2° e 4°, dada a menção à “marca notória ou registrada” e ao “nome, pseudô-nimo ou combinação destes”,
“Software” e Informática
Coordenador: Manoel J. Pereira dos Santos • Vice-coordenador: Dirceu Pereira Santa Rosa
Contato: João Paulo ou Carmen Lima, no telefone (021) 532-5655, ou através do e-mail abpi@abpi.org.br • Primeiro encontro: 15.06
Local: Dannemann, Siemsen, Bigler & Ipanema Moreira, Rua Marquês de Olinda, nº 70 - Botafogo, Rio de Janeiro - RJ
Horário: 17:00
Tema: a Comissão discutirá o relatório inicial da Sub-Comissão “Processos Alternativos de Solução de Disputas”, de que é Relator o Dr. Peter Eduardo Siemsen
• Segundo encontro: 29.06 Local: Demarest e Almeida -Advogados, Alameda Campinas, 1070 - Piso Térreo, São Paulo -SP Horário: 17:00
Tema: a Comissão discutirá o relatório inicial da Sub-Comissão “Medidas Judiciais contra Registros Indevidos de Domínio”, de que é Sub-Relatora a Dra. Tatiana Campello Lopes.
Direitos Autorais
Coordenador: Alvaro Loureiro Oliveira • Vice-coordenador: Mariangela Vasallo
Contato: João Paulo ou Carmen Lima, no telefone (021) 532-5655, ou através do e-mail abpi@abpi.org.br
• Próximo encontro: 15.06
Local: Dannemann, Siemsen, Bigler & Ipanema Moreira, Rua Marquês de Olinda, nº 70 - Botafogo, Rio de Janeiro - RJ
Horário: 15:30
Tema: a Comissão propõe a continuidade das discussões em torno da proteção de Direitos de Autor em MP3
Biotecnologia
Coordenador: Maria Thereza Wolff Vice-coordenador: Gabriel Di Blasi Junior
Contato: João Paulo ou Carmen Lima, no telefone (021) 532-5655, ou através do e-mail abpi@abpi.org.br
• Primeiro encontro: 06.06
Local: Dannemann, Siemsen, Bigler & Ipanema Moreira, Rua Marquês de Olinda, nº 70 - Botafogo, Rio de Janeiro - RJ
Horário: 09:00
Tema: a Comissão propõe debater a questão da AIPPI Q.159
-Necessidade e Meios Possíveis de Implementação da Convenção de Biodiversidade nas Leis de Patentes • Segundo encontro: 20.06
Local: Di Blasi, Parente, Soerensen Garcia & Associados S/C, à Rua do Ouvidor, 121 - 12º Andar - Centro, Rio de Janeiro - RJ
Horário: 09:00
Tema: a Comissão continuará com a discussão da Q. 159 da AIPPI
Reunião conjunta das Comissões de Marcas e “Software” e Informática Coordenadores: Jacques Labrunie e Manoel J. Pereira dos Santos Vice-coordenadores: Helio Fabbri Junior e Dirceu Pereira Santa Rosa
respectivamente. Seguiu-se discus-são sobre como equacionar a hipótese prática na qual haja dois legitimados à utilização de um distintivo idêntico como nome de domínio (Tintas Globo vs. TV Globo), o que deverá ser objeto de estudo posterior.
Por fim, as Comissões deci-diram incumbir ao Relator a ela-boração de um Parecer sobre os dois PLs, refletindo as conclusões tiradas
da reunião, de forma a permitir a aprovação de Resolução específica sobre o tema por parte da ABPI. Ficou combinado entre os presentes que todas as sugestões, propostas e contribuições pertinentes a esse Parecer deverão ser enviadas ao endereço eletrônico knauss@dan-nemann.com.br, onde serão orga-nizadas para posterior apresentação aos associados.
Boletim da
Informativo mensal dirigido aos associados da ABPI. Visite a versão on-line deste Boletim
no site da Associação.
ABPI - Associação Brasileira da Propriedade Intelectual - Av. Rio Branco, 277 - 5º andar
- Conj. 506 - Centro - Cep 20047-900 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil - Tel.: 21 532-5655 - Fax.: 21 532-5866 Web Site: http://www.abpi.org.br - E-mail: abpi@abpi.org.br
Comitê Executivo: José Antonio B. L. Faria Correa - Presidente; Gustavo Starling Leonardos
- 1º Vice-Presidente; Ricardo P. Vieira de Mello - 2º Vice-Presidente; Hélio Fabri Junior - 3º Vice-Presidente; Sônia Maria D’Elboux - 4º Vice-Presidente; Esther Miriam Flesch, Diretora Relatora; Adriana Ruoppoli Albanez Diretora Secretária; Manoel J. Pereira dos Santos -Diretor Editor; Luis Fernando Ribeiro de Matos - Tesoureiro.
Conselho Editorial: Clóvis Silveira, Ivan B. Ahlert, José Roberto d'Affonseca Gusmão, Lilian
de Melo Silveira, Otto B. Licks.
Boletim da ABPI: Editor - Manoel J. Pereira dos Santos; Produtor Gráfico - Roberto C. O.
Paes; Jornalista Responsável - Niceia de Freitas (MTb: 15.589); Produção Gráfica: Editora Writers Ltda; Impressão e Acabamento - Gráfica De’Sá.
Notícias
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O próximo almoço será realizado no dia 15 de junho, às 12h30, no Restaurante Casa da Suíça, Rua Cândido Mendes, 157, Rio de Janeiro. O palestrante será o Dr. Régis Fichtner, que falará sobre o tema “Responsabilidade civil pela ruptura de negociações contra-tuais”.
As reservas deverão ser feitas com Carmen Lima no Rio de Janeiro, pelo telefone (21) 532-5655 ou através do e-mail abpi@ab-pi.org.br ou em São Paulo com Marilene Clemente, pelo telefone (11) 5694-4210 ou e-mail marile-ne.clemente@aventis.com, infor-mando a preferência por carne ou peixe, bem como qualquer restrição alimentar.
No número anterior do Boletim da ABPI, na matéria Gert
Danneman homenageado pela
AIPPI, na Itália, na página 8,
afirmamos que o Brasil participa da AIPPI como grupo nacional desde 1968. Na verdade, a participação brasileira nesta associação acontece desde 1963.
Almoço mensal
debaterá a
responsabilidade
civil
O seminário Defesa dos Direitos da Propriedade Intelectual no Ano 2000 foi realizado em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul com o patrocínio do Consulado Geral dos Estados Unidos, da Motion Pic-ture Association, da International Federation of Phonographic Indus-try (IFPI), da Business Software Aliance (BSA) e com o apoio de entidades locais. Os participantes discutiram o impacto que as novas tecnologias estão tendo sobre a propriedade intelectual, o comércio eletrônico e os nomes de domínio.
O presidente da ABPI, José An-tonio B. L. Faria Correa, o coor-denador da Comissão de “Soft-ware” e Informática, Manoel J. Pereira dos Santos, participaram do painel O impacto de novas tecnologias sobre a defesa dos
Errata
Associados participam de seminário
em defesa dos direitos de propriedade
intelectual no ano 2000
direitos intelectuais. Otto Licks, coordenador da Comissão de Repressão às Infrações, tomou par-te no painel sobre Comércio ele-trônico - defesa da propriedade intelectual e industrial. Entre os palestrantes estiveram convidados de renome, como Luis Sette, con-selheiro geral da Microsoft-Brasil; Michael Keplinger, representante da repartição de marcas e patentes dos Estados Unidos; Tânia Heine, desembargadora federal; Mário Augusto Soerensen Garcia, autor do livro “A Propriedade Industrial”, e a juíza federal Liliane Roriz.
No Rio Grande do Sul, o evento chamou a atenção das univer-sidades, que mostraram interesse em proteger as novas tecnologias desenvolvidas em seus laborató-rios. Acima, o folheto promocional do seminário e, ao lado, o almoço de confraternização.
A Comissão de Direito Autoral da ABPI possui posição parcial sobre a questão do MP3. A princípio, os participantes do grupo entenderam que a passagem do fonograma para o sistema MP3 é permitida, desde que seja autorizada pelo autor e obedecendo ainda às ressalvas da lei brasileira.
Apesar das primeiras discussões, a comissão ainda quer chegar a uma conclusão final. Muitos entendem que o MP3 é um suporte que permite difundir ainda mais a música, através da Internet. Mas a questão esbarra no grande problema dos direitos de propriedade intelectual sobre as obras fonográficas.
Para Gabriel Di Blasi, membro da comissão e responsável pela apresentação do tema, a maior dúvida está em saber como utilizar o MP3 licitamente, como disponibilizá-lo e como resolver a
MP3
Circulação de músicas
na Internet provoca discussão
sobre o MP3
relação contratual entre as gravadoras e artistas. Nessa última questão, há interesse de muitas gravadoras em refazer os contratos com os artistas prevendo a utilização do MP3, de forma que eles façam concessão do direito autoral das respectivas obras para divulgação em sites com suporte de MP3. No entanto, há os que defendem que o MP3 pode oferecer autonomia para o autor divulgar seu trabalho através de um site próprio, independente da gravadora.
A questão, porém, requer novas discussões porque há uma corrente que entende que o MP3 é uma forma ilícita, pois tende a ser um meio facilitador para a pirataria de softwares. De acordo com o coordenador da comissão, Alvaro Loureiro Oliveira, várias gravadoras, em Nova York, entraram com ações contra a
MP3.Inc, que foram julgadas procedentes. Mas Alvaro Oliveira reconhece que ainda se trata de uma decisão em primeira instância e, portanto, passível de novos recursos.
Ainda segundo Alvaro Oliveira, um outro caso é o do site Napster, que permite a busca de fonogramas e troca de arquivos, cujo processo foi julgado favoravelmente pela Corte da Califórnia por considerar que se trata apenas de uma ferramenta que não disponibiliza o produto.
A revolução da música digital
O MP3 está sendo considerado responsável pela maior revolução na indústria fonográfica dos últimos tempos, conforme relatou Di Blasi na apresentação do tema durante as reuniões da comissão de estudo. Com o MP3 qualquer um pode produzir e divulgar suas criações pela Internet.
Di Blasi contou a história do MP3, criado por um estudante da Universidade de Utah, Justin Frankel, de apenas 18 anos, que tentava desenvolver um software compacto que tivesse qualidade sonora melhor que a dos CDs. A expansão da Internet, a melhoria dos modems e o crescimento da velocidade dos processadores criaram as condições para a explosão do mercado da música digital.
Para Di Blasi, o MP3 ainda não substitui o CD porque nem sempre é fácil baixar o arquivo MP3 com a música desejada. “Muitos sites ainda trazem um quê de amadorismo visto nos primórdios da Internet”. Tendo em vista as discussões no âmbito da Internet e da indústria fonográfica mundial, Di Blasi considera o MP3 como a revolução do som via Internet. “O mundo MP3 já tem mais de meio milhão de músicas, quase todas gratuitas”.