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A PRECARIZAÇÃO NO TRABALHO DOS PROFESSORES

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Academic year: 2021

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A PRECARIZAÇÃO NO TRABALHO DOS PROFESSORES

Carlos Henrique Ferreira Magalhãe

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Este trabalho teórico tem como objetivo identificar e analisar os pressupostos político-educacionais que vem orientando a formação de professores desde a década de 70 no Brasil. Tem na sua metodologia a busca dos princípios científicos abordados por Pedro Demo ( 1986): coerência, consistência, objetivação para elaborar nossa reflexão teórica a partir de algumas idéias e fatos levantados com a história.

Entende-se que a educação tornou-se uma das ferramentas do Estado para atender aos interesses do mercado e paulatinamente as estratégias vem sendo modificadas ao longo dos últimos 30 anos. A teoria do Capital Humano no final da década de 60 levantou a promessa que os Estados subdesenvolvidos ao aplicarem em educação poderiam alcançar sua condição de país desenvolvido. Ledo engano, pois o que existe são nações desenvolvidas e nações não-desenvolvidas. Não há chance, não há possibilidade que uma nação dita subdesenvolvida possa vir a ser desenvolvida. Pois, os meios de produção atuais exigem que o acúmulo de capital por parte de alguns somente pode acontecer com o aumento generalizado da miséria e da precarização dos homens em sociedade. A relação ter educação e trabalho colocada pela Teoria do Capital Humano por Schultz criou no Imaginário Social que a partir da capacidade individual de cada sujeito, a partir da construção individual das suas competências, este teria o seu trabalho conquistado no mercado. Esta afirmação teve na história um breve período de realização e também em poucas nações. Entre os anos de 1945 e 1972 o capitalismo teve uma fase com menores contradições.(Boron, 1994). Pois foi o momento em que o PIB teve seu aumento generalizado no mundo, o desemprego estava em que queda no mundo com o 1 Professor Assistente do DEF da Universidade Estadual de Maringá-PR,

membro do Grupo de Pesquisa Educação Física Escolar e Formação Profissional ( Edufesc)CNPQ. Endereço:Rua Dr. Antonio Azevedo n 477, bl.b,ap.03.Jardim Monte Carlo.Maringá-PR Cep: 87080-390.. email: henryferrer@bol.com.br ou henryferrer@ig.com.br

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aumento das taxas de lucro do capital. Foi o momento em que a aliança capital trabalho amorteceu as contradições do capitalismo. A social democracia de Keynes logrou alguns aspectos de melhora das condições do trabalhador nos países ditos de primeiro mundo que outrora eram designados como G7. Os intelectuais hegemônicos e os intelectuais adaptados estavam conseguindo amortecer as possibilidades de conflitos sociais neste percurso histórico. E a educação talvez tenha tido neste momento histórico realizado com um êxito significativo as determinações de Adam Smith que dizia no século XVIII a necessidade do Estado promover uma educação que busque a formação de homens ordeiros e submissos. Estes pressupostos liberais do século XVIII foram resgatados no século XX a partir de 1980 com a ascensão do neoliberalismo que no que diz respeito à Educação vai preconizar a formação de indivíduos para atender as competências. Esta noção veio reforçar o fetichismo em torno da individualidade. Pois, se o ser social não possui trabalho é devido a sua incompetência, ao invés de ser problematizado as atuais relações sociais de produção que encaminham nossa sociedade à barbárie. Esta finalidade para a educação constituem-se como pistas para tentarmos entender os motivos e as razões da precarização da formação dos professores. Quais os possíveis pressupostos que os professores devem conquistar para superar a precarização de seu trabalho? Acredito que a atitude de refletir sobre a ação é uma prerrogativa teórica adotada e enfatizada como uma necessidade por Freire(1999), Demo(1998), Moreira (1999), Frigotto (1999) entre outros autores preocupados com a construção de uma prática pedagógica crítica. Isto nos remete a uma das categorias da dialética a prática social( Triviños,1987), um pouco esquecida em virtude de um pós-estruturalismo, nos estudos acadêmicos,que vem fortalecendo as práticas conservadoras de nossa sociedade. Realmente é a realidade, a prática social, que deve ser resgatada como critério de verdade como também nos diz Vazquez( 1986). Não me refiro a prática pragmática, mas a prática como objeto de reflexão como condição de percebermos seu movimento e suas contradições rumo a uma intervenção transformadora.

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admitindo a postura de que este venha a se construir como um intelectual orgânico. Afinal todos somos intelectuais, entretanto ainda tem se tornado difícil perceber a favor de qual projeto político estamos servindo e isto é algo que não pode ser desconsiderado. Refletir a respeito da prática pedagógica exige uma justaposição dos nossos planos de ensino ao plano de nação que pretendemos (Maturana, 2002). Refletir a respeito desta prática pedagógica exige que relembremos os valores que estão construindo as interações humanas de nossa sociedade. Valores que hegemonicamente vem orientando a construção de um homem egoísta, covarde e traiçoeiro conforme afirmações de Maquiavel (Kosik,1968). Valores que vem orientando a construção de uma democracia liberal que faz acreditar que vivemos numa sociedade democrática pelo simples fato de “participar ”das votações em eleições .

É lógico que a educação não é a responsável por mudar a sociedade (Konder, 1998), mas é um espaço de luta importante para discutir os valores hegemônicos do tempo presente a fim de construir as possibilidades contra-hegemônicas, como comenta Giroux (1997) e Gramsci ( 1985), para lutar contra este homem construído hegemonicamente pelo Capital que o transforma em egoísta, traiçoeiro e covarde. Portanto refletir a respeito da prática é refletir a respeito do cotidiano escolar e assim de nossa sociedade opressora. É assumir conforme Gramsci(1985) nos ensina que a formação de um professor exige a sua formação política. Formação política que nos exige formar nossos educandos para ampliar a sua curiosidade epistemológica e a sua insubimissão. (Freire, 1998).

Isto nos remete a alguns pressupostos que Marx levantou para pensar o Homem. Na atual sociedade Capitalista conforme Kosik(1965) o homem tem obstáculos para potencializar a sua capacidades e seus talentos. Tem obstáculos de alcançar a totalidade, de ser auto-ativo, e pessoal ( Fritzhand,1968). Constato que para atuar como um professor intelectual transformador exige-se negar o ideal de Homem de Maquiavel. Caso consigamos potencializar as nossas capacidades e os nossos talentos em nosso trabalho estaremos criando as condições para tomarmos decisões com maior autonomia.

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O homem conforme Marx, deve ser um dos fundamentos para a consolidação de pressupostos para formação de professores caso acreditemos que a Educação é um espaço de luta social para formar sujeitos que neguem esta sociedade antidemocrática. O que está em jogo aqui também é como o saber do professor será consolidado. O saber fazer e o saber pensar, afirma Maturana (2002). O saber-fazer desprovido de uma reflexão significa um saber pragmático, repetitivo construtor da precarização do trabalho do professor ,no sentido de que deixa de considerar e de revelar as contradições do contexto político-econômico vivido,levando à reprodução do sistema. Daí a falta de movimento, a falta de avanço, e a falta de êxitos em qualquer proposição, em qualquer ação, ainda que se proponha à transformação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BORON, Atílio. Estado, Capitalismo e Democracia na América Latina. Editora Paz e Terra. 1994.

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Autores Associados. Campinas. SP. 6º edição. 1996.

__________. Metodologia Científica em Ciências Sociais . São Paulo. Editora Atlas. 1986.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Editora Paz e Terra 1999..

FRIGOTTO, Gaudêncio, A Formação e a profissionalização do educador: novos desafios. In Da Silva, Tomaz Tadeu & Gentili,Pablo( org). Escola S.A. Quem ganha e quem perde no mercado educacional do neoliberalismo. 2 º edição. CNTE. Brasília. 1999.

___________________.Educação e a Crise do Capitalismo Real. Editora Cortez. 1997. ___________________. Educação e Crise do Trabalho. ( org.). Petrópolis. Editora Vozes. 1998.

FRITZHAND, Marek. O Ideal de Homem segundo Marx. In Humanismo Socialista. Portugal. Edições 70. 1968.

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GIROUX, Henry A. Os Professores como Intelectuais. Artes Médicas. Porto Alegre.1987.

GRASMCI, Antonio. Os Intelectuais e a Organização da Cultura. Circulo do Livro. 1985.

KONDER, Leandro. O que é Dialética. Editora Brasiliense.SP. 1998.

KOSIK, Karel. O Homem e a Filosofia. In Humanismo Socialista. Portugal. Edições 70. 1968.

MATURANA R.,Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte. Ed.UFMG. 2002.

MOREIRA, Antonio Flávio.(Org.) Currículo: Políticas e Práticas. Papirus Editora.Campinas. SP.1999.

TRIVIÑOS, Augusto N.S.Introdução à pesquisa em Ciências Soiciais: pesquisa qualitativa em educação. S.P. Atlas. 1987.

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