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ALEXANDRE MARQUES PERDIGÃO LAVAGEM DE DINHEIRO E A TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA. Cidade

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Cidade

ARAPONGAS 2018

ALEXANDRE MARQUES PERDIGÃO

LAVAGEM DE DINHEIRO E A TEORIA DA CEGUEIRA

DELIBERADA

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Arapongas 2018

LAVAGEM DE DINHEIRO E A TEORIA DA CEGUEIRA

DELIBERADA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.

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LAVAGEM DE DINHEIRO E A TEORIA DA CEGUEIRA

DELIBERADA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

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deliberada. 2018. 42 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação Direito

UNOPAR – Universidade Norte do Paraná, Arapongas, 2018.

RESUMO

O presente trabalho, vem com o escopo de trazer consigo a questão da lavagem de dinheiro e a teoria da cegueira deliberada, onde, inicialmente será estudado o seu conceito, bem como sua aplicação e sua legislação pátria aplicada. Elementos intrínsecos, tais como, gerações de legislações aplicadas em cada caso concreto, atualizações legislativas, casos que vem sendo trazidos em toda mídia social. A COAF traz consigo inúmeros conceitos e fundamentos essenciais, bem como, a questão de lavagem de dinheiro tornou-se um problema mundial, não apenas no Brasil. A lavagem de dinheiro possui sua estagnação no tocante a produtos ilícitos ora estudados, não sendo possível ter esta questão de uma forma licita. Sua principal fonte de propagação são questões com o trafico de drogas, organizações criminosas e problemas no tocante a politica ora exercida, trazendo consigo uma questão de problemas de insegurança bancária e de instituições financeiras, bem como, traz consigo inúmeros problemas sociais que serão amplamente estudados.

Palavras-chave: COAF; Lavagem de dinheiro; Organização Criminosa; Instituições

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deliberada. 2018. 42 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação Direito

UNOPAR – Universidade Norte do Paraná, Arapongas, 2018.

ABSTRACT

The present work comes with the scope of bringing with it the issue of money laundering and the theory of deliberate blindness, where it will initially be studied its concept, as well as its application and its applied national legislation. Intrinsic elements, such as generations of legislation applied in each concrete case, legislative updates, cases that have been brought in all social media. COAF brings with it countless essential concepts and fundamentals, as well as, the issue of money laundering has become a worldwide problem, not just in Brazil. Money laundering has its stagnation in relation to illicit products studied here, and it is not possible to have this question in a bidding way. Its main source of propagation are drug trafficking issues, criminal organizations and policy issues, bringing with it a problem of bank insecurity and financial institutions, as well as bringing with it numerous social problems that will be extensively studied .

Keywords: COAF; Money laundry; Criminal Organization; Financial Institution;

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1. INTRODUÇÃO ... 13

2. LAVAGEM DE DINHEIRO – ORIGEM HISTORICA E CONCEITO... 15

2.1FASESDALAVAGEMDEDINHEIRO...17

2.2CONCEITODELAVAGEMDEDINHEIRO ...19

3 – CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO – LEGISLAÇÕES APLICAVÉIS. ... 22

3.1 – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA. ... 26

4 – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NO TOCANTE A LAVAGEM DE DINHEIRO ... 32

4.1–ALEI9.613 DE 3 DE MARÇO DE 1998 ...33

4.2–LEI12.683DE2012. ...37

CONCLUSÃO ... 48

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho vislumbra-se a identificar e demonstrar de forma clara e objetiva o tema proposto como um estudo aprofundado, não apenas visando a lavagem de dinheiro e a cegueira deliberada em si, mas, estudar este instituto em uma época onde é viável e presente a corrupção e este é um dos cenários mais complexos que existe hoje no Brasil se faz mister.

A lavagem de dinheiro, atualmente é um dos assuntos mais comentados nas redes sociais e no âmbito social de qualquer cidade, estado ou pais, diante do cenário Brasileiro, a lavagem de dinheiro se tornou um grande marco no pais onde para tudo há um “jeitinho”, dai a fama “jeitinho brasileiro”, embora este cenário já tenha se tornado um grande circo, oportuno mencionar as novas teorias implementadas, (nas quais ainda necessitam de muito aprimoramento por parte dos Brasileiros), bem como demonstrar o que vem a ser a lavagem de dinheiro e como a mesma se tornou tão presente em nosso dia a dia.

No tocante ao problema de pesquisa apresentado, inicialmente será o de que todos em si falam do instituto lavagem de dinheiro, mas realmente todos sabem o seu real significado? Onde se encaixa a famosa teoria da cegueira liberada e como a mesma pode vir ou vem sendo aplicada no Brasil.

O objetivo geral deste trabalho é determinar como se deflagrou a lavagem de dinheiro, onde surgiu e como ela vem sendo aplicada a tantos anos e apenas neste momento fora descoberta em sua intensidade maior. Bem como os objetivos específicos são necessários para que complemente o objetivo geral proposto, tal seja, identificar o inicio da lavagem de dinheiro, bem como sua propagação, não apenas no âmbito da politica, mas definir também quais as maiores modalidades de lavagem de dinheiro e quais as maiores incidências deste ato, neste caso os objetivos específicos visam identificar a propagação da lavagem de dinheiro, bem como analisar o instituto da teoria da cegueira deliberada e propor métodos para o combate deste tipo de ato. É de ciência de todos que o maior ato de lavagem de direito esta se propagando através da politica, onde se utilizam de grandes obras, de grandes empresas Brasileiras para propagar a corrupção e até mesmo enganar o judiciário, na qual deveria ser o defensor de nossos direitos e deveres, o que vem se mostrando muito diferente da ideia inicial proposta, logo, será que a lavagem de dinheiro começou através da politica, ou existem outras modalidades.

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Diante desta temática a ser levantada, observe que o método de abordagem ora utilizado fora o hipotético dedutivo, na qual preconiza que toda pesquisa se funda em um problema, buscando-se uma solução através de hipóteses, teorias e conjecturas, bem como o método de procedimento será o histórico e comparativo fundado em investigações e acontecimentos e semelhanças e diferenças. Partindo através de uma revisão bibliográfica onde se desenvolve com base em material já elaborado, constituído por livros e artigos científicos. Já a abordagem teórica utilizada é a qualitativa onde é considerada a parte subjetiva de um problema, sendo capaz de analisar e identificar dados que não podem partir da premissa de uma questão numérica.

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2. LAVAGEM DE DINHEIRO – ORIGEM HISTORICA E CONCEITO.

Os primeiros países nas quais passaram a criminalizar a lavagem de dinheiro foram Itália e os Estados Unidos, sendo que fora na américa onde a prática da lavagem de dinheiro ganhou força, sendo a mesma aprimorada e passando a ter inúmeras dimensões e procedimentos utilizados.

De acordo com estudos realizados, a primeira tipificação de lavagem de dinheiro surgiu na Itália a partir do ano de 1978, ano conceituado de “anos de chumbo”. Nesta época, as brigadas vermelhas (Brigate Rosse), na qual era o maior grupo armado italiano, onde possuíam ideologias ligadas ao marxismo leninismo, praticaram um serie de ações para desarticular o poder politico estatal1.

Desta forma, no dia 16 de março de 1978, após uma onda severa de sequestros realizados por grupos mafiosos, com finalidade puramente econômica, as brigadas vermelhas acabaram por sequestrar o democrata cristão ALDO MORO, que na época era um dos políticos mais influentes. Sendo que este fato tomou ma repercussão internacional, sendo o mesmo assassinado em maio do mesmo ano, gerando assim como resposta, uma comoção social imensa, forçando o governo italiano a editar normas para este tipo de crime, sendo introduzido o artigo 648 bis no Código Penal Italiano2.

Sendo que, de acordo com o artigo 648 bis do Codice Penale3.

Dos casos de competição no crime, qualquer um substitui ou transfere dinheiro, bens ou outros benefícios derivados de crimes não negligentes; ou realizar outras operações em relação a eles, de modo a impedir a identificação de sua procedência criminosa, é punido com pena de prisão de quatro a doze anos e com multa de mil duzentos e dois a quinze mil quatrocentos e noventa e três euros.

A pena é aumentada quando o fato é cometido no exercício de uma atividade profissional.

A penalidade é reduzida se o dinheiro, bens ou outros benefícios vierem de um crime pelo qual a pena de prisão é inferior a um máximo de cinco anos. O último parágrafo do artigo 648 aplica-se

1 AMBITO JURÍDICO. BRAGA, Juliana Toralles dos Santos. Lavagem de dinheiro – Origem

histórica, conceito e fases. Disponível em: <

http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8425> Acesso em 22 de março de 2018.

2 Ibid. Acesso em 22 de março de 2018.

3 BROCARDI.IT. Articolo 648 bis Codice penale (R.D. 19 ottobre 1930, n.1398) Riciclaggio.

Disponível em: < https://www.brocardi.it/codice-penale/libro-secondo/titolo-xiii/capo-ii/art648bis.html> Acesso em 27 de março de 2018.

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Logo, de acordo com Fábian Caparrós (2008, p. 79)4:

O art. 648-bis de 1978 não só foi o ponto de partida para a política criminal a qual respondem a maioria das reformas penais que, em matéria de lavagem de dinheiro, se tem produzido em diferentes sistemas jurídicos nacionais, como foi também o antecedente jurídico sobre o qual, consciente ou inconscientemente, têm sido construídas muitas das normas repressivas da lei de lavagem de dinheiro em direito comparado.

Já nos Estados Unidos, os motivos nas quais levaram a criminalização da lavagem remontam ao século XX, quando as primeiras formas de organizações criminosas começaram a despontar no mundo, principalmente as máfias, aquelas mesmo que assistíamos em filmes americanos, este ato ocorreu principalmente após a promulgação da famosa “lei seca”, na qual proibia a fabricação e comercialização de bebidas alcoólicas, onde gerava um mercado ilegal de fornecimento destas empresas na qual movimentavam milhões de dólares através da exploração de diversas organizações criminosas5.

Logo, na década de 1920 Al Capone assumiu o controle do crime organizado na cidade de Chicago, onde cumulou considerável fortuna com a comercialização de bebidas ilegais, logo, exatamente por não isolar os lucros do crime, em 1931 o mesmo fora preso por sonegação de tributos após uma grande mobilização das autoridades americanas6.

Entretanto as organizações já haviam se consolide e propagado no pais, tomando ate mesmo outros continentes, seguindo sua tendência ate mesmo durante a grande depressão, dai surge o instituto Sindicato Nacional do Crime (U.S. National

Crime Sindicate – NCS), também criado po Al Capone, protegendo seus lideres contra

a competição de conseguir fundos, a fim de obter a proteção politica e “tributar” os chefes regionais do crime, de acordo com a sua possibilidade de pagamento7.

4 FÁBIAN CAPARRÓS, Eduardo. El Delito de Blanqueo de Capitales. Apud DE CARLI, Carla

Veríssimo. Lavagem de Dinheiro – Ideologia da Criminalização e Análise do Discurso. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008. p. 79

5 MUNDO EDUCAÇÃO. SOUZA, Rainer Gonçalves. Lei Seca dos EUA. Disponível em: <

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historia-america/lei-seca-dos-eua.htm> Acesso em: 23 de março de 2018.

6 AMBITO JURÍDICO. BRAGA, Juliana Toralles dos Santos. Lavagem de dinheiro – Origem

histórica, conceito e fases. Disponível em: <

http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8425> Acesso em 22 de março de 2018.

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E assim começou a ocorrer a lavagem de dinheiro no cenário mundial, já no Brasil, o mesmo torna-se signatário da convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas – Convenção de Viena-, assinando este documento no ano de 1991 através do decreto numero 154, na qual possui como temática a própria lavagem de dinheiro em si, a operação internacional e o combate a outros crimes financeiros8.

Logo ao ratificar o trato, o Brasil assumiu a responsabilidade de normatizar penalmente o ilícito praticado com bens, direitos e valores oriundos do narcotráfico, na qual pode ser observado abaixo.

ARTIGO 3

Delitos e Sanções

1 - Cada uma das Partes adotará as medidas necessárias para caracterizar como delitos penais em seu direito interno, quando cometidos internacionalmente: (...)

b) i) a conversão ou a transferência de bens, com conhecimento de que tais bens são procedentes de algum ou alguns dos delitos estabelecidos no inciso a) deste parágrafo, ou da prática do delito ou delitos em questão, com o objetivo de ocultar ou encobrir a origem ilícita dos bens, ou de ajudar a qualquer pessoa que participe na prática do delito ou delitos em questão, para fugir das consequências jurídicas de seus atos;

ii) a ocultação ou o encobrimento, da natureza, origem, localização, destino, movimentação ou propriedade verdadeira dos bens, sabendo que procedem de algum ou alguns dos delitos mencionados no inciso a) deste parágrafo ou de participação no delito ou delitos em questão;9

Logo, o brasil comprometeu-se em resguardar e punir tal ato, desde meados da década de 1990, devendo o mesmo já ter se consolidado no combate a este tipo de conduta, porém, esta temática será analisada mais a fundo nos próximos capítulos, onde realmente entrará o assunto ora abordado com todas suas especificações, sendo este capitulo apenas uma introdução no tocante a aspectos teóricos e históricos.

2.1 FASES DA LAVAGEM DE DINHEIRO.

As fases no tocante a lavagem de dinheiro, aqui serão analisadas de forma superficial, apenas abrangendo algumas conceituações básicas para que possa adentrar em especificidade destas condutas mais a frente da elaboração deste

8 GALVÃO, Jessica Alves. Lavagem de dinheiro: Surgimento, evolução conceito e fases. Brasilia,

2014. Disponível em: < https://www.conteudojuridico.com.br/pdf/cj049159.pdf> Acesso em 27 de março de 2018. p. 7.

9 BRASIL, Portal Planalto – Presidência da República. .Decreto nº 154 de 26 de Junho de 1991.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0154.htm. Acesso em: 29 de março de 2018.

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trabalho, visando apenas ter um caráter introdutório para que o leitor consiga analisar e entender conceitos básicos que irão faze-los compreender melhor cada tema abordado.

Logo, as fases da lavagem de dinheiro fora criada pela GAFI – Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (GAFI/FATF) na qual preceitua-se como uma organização intergovernamental cujo propósito é desenvolver e promover políticas nacionais e internacionais de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo10.

Essas três fases são independentes e podem ocorrer simultaneamente sendo essas etapas a colocação, ocultação e integração conforme interpretação do COAF. Entretanto, doutrinariamente ocultação e colocação são vistos como sinônimos, e as três etapas são separadas da seguinte forma11:

a. Ocultação, colocação ou placement- Entendida como a primeira fase do crime na qual tenta-se desvincular o dinheiro da sua origem ilícita, buscando disfarçar sua fonte introduzindo os valores no sistema financeiro.

b. Dissimulação, estratificação ou layering: conceitua-se como a criação de diversas etapas de camadas de transações, onde acabam por afastar os valores de sua fonte irregular, a fim de que dificulte o rastreamento do “caminho” que o dinheiro possa deixar, exigindo aqui a utilização de bancos internacionais, contas, vários tipos de investimento e transações e operações sucessivas.

c. Integração ou integration- O dinheiro volta para os criminosos formalmente para que possam desfrutar dos valores sem levantar suspeitas das autoridades nacionais. Geralmente, se fazem investimentos imobiliários, aplicações em empresas, automóveis.

Sendo estas as fases mais conhecidas e mais executadas no processo de lavagem de dinheiro, oportuno mencionar que todo o dinheiro nesta fase extraviado

10 COAF – MINISTERIO DA FAZENDA. GAFI. Disponível em: <

http://www.coaf.fazenda.gov.br/menu/atuacao-internacional/participacao-no-gafi > Acesso em 29 de março de 2018.

11 GALVÃO, Jessica Alves. Lavagem de dinheiro: Surgimento, evolução conceito e fases.

Brasilia, 2014. Disponível em: < https://www.conteudojuridico.com.br/pdf/cj049159.pdf> Acesso em 27 de março de 2018. p. 11.

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começa a ser depositado nos famosos “paraísos fiscais”, onde todo e qualquer rastreamento de dinheiro torna-se quase impossível, não sendo muitas vezes possível identificar sua origem ou o seu “dono”.

2.2 CONCEITO DE LAVAGEM DE DINHEIRO

O conceito mais abrangente no tocante a lavagem de dinheiro, vem sendo amplamente utilizado, tendo em vista que, nos tempos mais recentes este tipo de ato tem se demonstrado mais recorrente, bem como, a mídia e todos do âmbito jurídico veem estudando de forma mais clara e ampla a questão da lavagem de dinheiro.

Esta, é considerada pela doutrina majoritária como sendo um conjunto de operações financeiras ou comerciais na qual buscam uma incorporação na economia de cada país dos recursos, bens e até mesmo serviços que estejam originalizados a atos ilícitos, ou que até mesmo estejam ligados a algum ato ilícito, porém, o objetivo da lavagem de dinheiro é fazer com que os produtos, bens, serviços, e dinheiro propriamente dito originalizado em crime, aparentem estar ligados a um ato licito, ou seja, a lavagem em si constitui dar aquele dinheiro uma licitude errônea, onde, de certo modo, ela está sendo adquirida de forma ilícita, mas, ao ser lavada, passa a demonstrar que fora realizada de forma licita12.

De acordo com doutrinadores que estão cada vez mais empenhados em discutir e levantar esta temática, importante mencionar que a questão de lavagem de dinheiro, embora sua conceituação pareça ser simples e um tanto quanto emblemática, este ato merece uma séria consideração ao ser analisada sobre dois prismas divergentes, sendo que o primeiro traz à tona uma realidade que pouco é conhecida, e que a partir deste momento começará a ser mais visível que é o fato deste ato já ser praticado por contrabandistas e traficantes a muito tempo, bem como o segundo prisma traz a tona a realidade das instituições bancárias e financeiras, não apenas envolvendo bancos, mas tem-se a lavagem de dinheiro em todos os

12 CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. Lavagem de dinheiro,

um problema mundial. Legislação Brasileira. POA – RS. 2003. COAF. p. 13. Disponível em: < http://www.crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_lavagem.PDF> Acesso em: 26 de abr. de 2018.

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segmentos que movimentam valores, tais como, seguradora, empresas privadas, escolas, entre tantos outros segmentos que devem sim ser analisados.

No primeiro aspecto ora citado, temos a questão de que com a lavagem de dinheiro, cada vez mais traficantes, contrabandistas de armas, terroristas, funcionários corruptos, todos ligados mesmo que indiretamente à uma organização criminosa, passam a ter como girar mais os seus negócios, afinal, a lavagem acaba por facilitar o acesso a lucros ilícitos para este tipo de organização, como muitos já disseram, a lavagem de dinheiro impulsiona cada vez mais as organizações, a fim de trazer a sociedade um estado de caos e de terror, estado na qual a sociedade em si já vem sendo exposta.

A lavagem de dinheiro proporciona dar a este tipo de pessoas o poder, não apenas em questões econômicas, mas, poder no tocante a valorização humana, tendo em vista que, ao ter acesso a este dinheiro ilícito através de uma modalidade que pareça ser licita, traz ao seu bojo uma questão prioritária que é, como o estado deverá agir a fim de coibir este tipo de lavagem de recursos na qual, segundo a revista THOMSON REUTERS a lavagem de dinheiro em seu âmbito internacional, apenas em 2017 estaria representando entre 2% e 5% do PIB mundial, ou seja, cerca de R$ 900 BILHÕES de reais em dinheiro sujo, originados de forma ilícita13.

Outro ponto importante, além da questão de organizações criminosas, oportuno lembrar que a lavagem de dinheiro traz em seu aspecto uma mancha nas instituições financeiras14, e, caso não venha a ser controlado, poderá cessar a confiança pública

sobre a integralidade destas instituições, afinal, como muitas pessoas acreditam, as instituições financeiras que acabam levando em suas modalidades subjetivas a fama de ser corrupta, de sempre estar a favor destas organizações a fim de lavar o dinheiro, sendo muitas delas até mesmo acusadas de compactuarem com esta ideia a fim de lucrarem cada dia mais.

Neste caso, as instituições financeiras possuem um papel fundamental para a prática de tal ato, lógico, muitas vezes de forma indireta, porém, possuem um papel fundamental que é dar ao dinheiro sujo uma característica de dinheiro limpo, ou seja,

13 THOMSON REUTERS. WRIGHT, Malcolm. Porque a luta contra a lavagem de dinheiro nunca

termina. Revista online. Fev. 2017. Disponível em: <

https://www.thomsonreuters.com.br/pt/financeiras/blog/porque-a-luta-contra-a-lavagem-de-dinheiro-nunca-termina.html> Acesso em: 26 de abr. de 2018.

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um dinheiro que fora adquirido “visualmente falando” de forma licita e que vem sendo aplicado de tal maneira, a fim de beneficiar instituições, a fim de levantar obras, a fim de dar a alguém necessitado, muitas vezes sendo utilizado como laranja, uma benfeitoria imaginaria, para lavar aquele valor monetário a fim de disfarçar sua real intenção ou sua real originalidade.

Diante desta situação, preconiza Linhares e Oliveira (2016, p. 312).

É fato que as instituições financeiras são um dos meios mais visados para a prática do crime de lavagem de dinheiro. O motivo que faz as instituições financeiras serem muitas vezes utilizadas pelos lavadores está relacionado com as novas tecnologias e a globalização dos serviços financeiros que dão livre circulação ao dinheiro. São inúmeros os tipos de operações que acabam se misturando com um vasto circuito de transações complexas, sendo elas nacionais ou não. Nessas transações o dinheiro sujo se mistura com o dinheiro limpo que as instituições financeiras movimentam legalmente todos os dias, o que favorece o processo de ocultação da origem ilegal15.

Desta forma, oportuno mencionar que no tocante as instituições financeiras, as mesmas acabam não tendo beneficio algum com esta prática de lavagem de dinheiro, muito pelo contrário, este tipo de ato, pode causar grandes prejuízos a instituição, principalmente caso venha a ser monitorada e até mesmo tendo seu nome divulgado perante a mídia e todo corpo midiático possível.

Ao ser objeto de investigação pelo crime de lavagem de dinheiro, as instituições financeiras acabam por ficar expostas a manchas que interferem na sua integridade, a sua reputação e a confiança que passava a seus clientes, clientes estes que estavam certos de que suas aplicações naquela instituição estaria a salvo de qualquer crime.

No tocante a legislação a ser aplicada para este crime, barra-se aqui não apenas em legislação Brasileira, mas sim, há um complilance de legislações que dão embasamento até mesmo para novas regras que possam vir a surgir ou que já estão surgindo, sendo esta temática analisada ao longo do trabalho, sendo estas questões apenas apontadas para dar inicio ao raciocínio aqui pretendido.

15 LINHARES, Cicero Sólon; OLIVEIRA, Talita Rebecca Santos Corrêa de. Compliance: prevenção

ao crime de lavagem de dinheiro nas instituições financeiras. São Paulo. Revista Thesis Juris, v. 5, n. 2, 2016. p. 312. Disponível em: <http://www.revistartj.org.br/ojs/index.php/rtj/article/view/366/pdf> Acesso em 25 de abr. de 2018.

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3 – CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO – LEGISLAÇÕES APLICAVÉIS.

No tocante ao crime de lavagem de dinheiro, este crime possui não apenas legislação determinada no Código Penal e no Código de Processo Penal, como é um crime que vem sendo cada dia mais descoberto e praticado pelo mundo inteiro, legislações vem sendo criadas e modificadas diariamente para que se possa prevenir tal ato e caso o mesmo venha a ser praticado que tenha-se medidas para punir os acusados de forma a trazer uma justiça para a população e até mesmo para que se mantenha a ordem pública.

Em relação a lavagem de dinheiro, existem inúmeras características e formas de se realizar este ato, algumas serão analisadas abaixo em seu aspecto prático e didático para adentramos a legislação a ser aplicada realmente, bem como trazer neste capítulo a maioria da legislação aplicada, sendo cada uma delas referenciada e justificada de forma sucinta para que possamos entender melhor o que cada uma diz e como cada uma delas na sua forma individual possa se tornar um conjunto de combate contra a lavagem de dinheiro.

Diante desta temática, cabe relembrar que para disfarçar o lucro ilícito justamente para não comprometer os envolvidos no processo, a lavagem de dinheiro propaga-se de forma dinâmica, ou seja, por um processo dinâmico na qual requer primeiramente o distanciamento dos fundos de sua origem, onde evita-se a associação direta do indivíduo para com o crime de lavagem, bem como o disfarce constante das inúmeras movimentações dificultando o rastreamento dos recursos, e finalmente a distribuição do dinheiro novamente para os criminosos depois de ter sido movimentado suficientemente no ciclo de lavagem de dinheiro podendo ser até mesmo considerado um dinheiro limpo16.

Diante deste rascunho fundamentado evidenciando as etapas a a serem seguidas para que possa se concretizar a lavagem do dinheiro, ou seja, a sua transformação de ilícito para licito, podendo o mesmo ser utilizado ao final para financiar muitas vezes luxos dos indivíduos, fica claro que este ato vem sendo comumente utilizado, não apenas por narcotraficantes, mas, como o Brasil inteiro está

16 CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. Lavagem de dinheiro,

um problema mundial. Legislação Brasileira. POA – RS. 2003. COAF. p. 13. Disponível em: < http://www.crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_lavagem.PDF> Acesso em: 26 de abr. de 2018.

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acompanhando, este ato tem sido utilizado e muito para fundamentar a corrupção em nossa política Brasileira.

Abaixo, segue o esquema que a lavagem proporciona aos fundos ter sua licitude reconhecida.

ESQUEMA DE LAVAGEM DE DINHEIRO

Fonte: Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande Do Sul – RS17.

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Não apenas disponibilizando o esquema mais utilizado no processo da lavagem de dinheiro, o conselho regional de contabilidade do Rio Grande do Sul explica como se procede cada uma destas etapas.

Antes de adentrar na citação das etapas do conselho, oportuno mencionar que estas são as etapas mais comumente utilizadas par ao desvio de verbas e lavagem de dinheiro ilícito, não deixando claro que esta seria a única forma, realmente existem outras até mesmo mais elaboradas, porém, o começo de toda a história referente a lavagem de dinheiro se deu desta forma a ser explicada abaixo.

Segundo o CRC – RS (2003, p. 14), os mecanismos mais utilizados para lavagem de dinheiro envolvem três etapas independentes que consequentemente ocorrem simultaneamente, na qual são:

1. COLOCAÇÃO – a primeira etapa do processo é a colocação do dinheiro no sistema econômico. Objetivando ocultar sua origem, o criminoso procura movimentar o dinheiro em países com regras mais permissivas e naqueles que possuem um sistema financeiro liberal. A colocação se efetua por meio de depósitos, compra de instrumentos negociáveis ou compra de bens. Para dificultar a identificação da procedência do dinheiro, os criminosos aplicam técnicas sofisticadas e cada vez mais dinâmicas, tais como o fracionamento dos valores que transitam pelo sistema financeiro e a utilização de estabelecimentos comerciais que usualmente trabalham com dinheiro em espécie.

2. OCULTAÇÃO – a segunda etapa do processo consiste em dificultar o rastreamento contábil dos recursos ilícitos. O objetivo é quebrar a cadeia de evidências ante a possibilidade da realização de investigações sobre a origem do dinheiro. Os criminosos buscam movimentá-lo de forma eletrônica, transferindo os ativos para contas anônimas – preferencialmente, em países amparados por lei de sigilo bancário – ou realizando depósitos em contas “fantasmas”.

3. INTEGRAÇÃO – nesta última etapa, os ativos são incorporados formalmente ao sistema econômico. As organizações criminosas buscam investir em empreendimentos que facilitem suas atividades – podendo tais sociedades prestarem serviços entre si. Uma vez formada a cadeia, torna-se cada vez mais fácil legitimar o dinheiro ilegal18.

Neste caso, a lavagem de dinheiro pode sim ser realizada em qualquer lugar, sendo que os criminosos geralmente escolhem localidades e países onde a legislação é inexistente ou até mesmo flexível, e até mesmo localidades em que não possuem esforços de controle fortes o bastante para prevenir este ato e até mesmo capturar os envolvidos, uma localidade que é muito comum a lavagem de dinheiro é a SUIÇA, onde possuem as ilhas fiscais inacessíveis, apesar de ser muito conhecida é pouco acessível, onde quase legislação nenhuma consegue ter o controle de envio de

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dinheiro, e onde traficantes e principalmente políticos envolvidos na corrupção enviam seus recursos até lá para dar legitimidade e licitude ao dinheiro ora sujo aplicado.

Alguns setores são extremamente visados em um processo de lavagem de dinheiro, tais como:

 As Instituições Financeiras – onde no Brasil é controlada pelo BACEN – Banco Central, na qual é uma das instituições mais visadas pelas organizações criminosas, onde de acordo com as novas tecnologias e a globalização de serviços financeiros traz à tona uma velocidade sem precedentes no que tange a circulação de dinheiro, onde busca-se inicialmente e diariamente operações internacionais, buscas de taxas de juros menores, buscas de melhores condições de financiamento e aproveitamento do dinheiro ora aplicado por seus clientes, trazendo neste cenário uma mistura de dinheiro sujo com dinheiro limpo na qual o sujo acaba se misturando com quantias elevadas de valores que o banco movimenta legalmente todos os dias, o que acaba por favorecer de forma clara o processo da dissimulação da origem ilegal, de forma que até mesmo a internet vem a favorecer amplamente este processo trazendo uma maior rapidez aos processos e as transferências, bem como garantindo o anonimato aos indivíduos, diante deste cenário, oportuno mencionar que com as novas tecnologias a serem implementadas, as mesmas, por um lado favorece a rapidez e anonimato aos usuários, porém, também abre precedentes para que pessoas mal intencionadas utilizem esta ferramenta essencial para nossos dias em um instrumento de lavagem de dinheiro portátil, bem como, vale-se destas novas tecnologias para aprimorar cada dia mais este ato19.

Paraísos fiscais e centros off-shore. Estes centros possuem uma finalidade legitima e legal bem como uma justificação comercial aplicável, onde organizações criminosas acabam por se aproveitar de forma geral das facilidades oferecidas por estas instituições justamente para realizarem manobras ilegais, onde, observa-se uma facilidade real para aplicação dos

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valores, sendo este um recurso a parte que muitas pessoas vem se utilizando a fim de dar legitimidade para os valores aplicados.

 Bolsa de Valores. No Brasil esta instituição é fiscalizada pela comissão de valores mobiliários (CVM), onde, significa uma instituição com um ambiente de negociação, na qual investidores podem comprar e vender ações, ou seja, títulos emitidos pelas empresas, sendo elas com capitais públicos mistos ou até mesmo privados, sendo que este processo é intermediado com um auxílio de correspondente de negociações através das corretoras20.

Diante destas informações, inúmeras instituições são alvos fáceis destas organizações criminosas, na qual, se utilizam da modernidade e das novas tecnologias para dar sustento ao crime de lavagem de dinheiro, onde, aproveitando das brechas que essas tecnologias podem introduzir em um sistema bancário, se utilizam para que descaradamente possa lavar os recursos sem que sejam efetivamente identificados.

Logo, as instituições financeiras, bancárias e afins, devem tomar para si este problema evidenciado e criar, métodos de segurança cada vez mais eficientes, a fim de determinar a extinção deste ato que ocorre como uma afronta as instituições, não podendo elas estarem presas a este tipo de ato, embora sejam de suma importância para que seja encerrado o ciclo completo da lavagem, sendo que este ciclo só pode ser completo se enviado a alguma instituição os recursos para serem lavados, estando certo dos riscos que correm, cabe a estas instituições se precaverem cada vez mais e não deixando que isso ocorra.

3.1 – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA.

A lavagem de dinheiro no Brasil fora criminalizada pela Lei número 9.613 de 03 de março de 1998, na qual dispões sobre s crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos

20 BTG PACTUAL DIGITAL. Como funciona a bolsa de valores?. Disponível em: <

https://www.btgpactualdigital.com/blog/investimentos/tudo-sobre-bolsa-de-valores> Acesso em 28 de abr. de 2018.

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previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências21.

Mesmo com toda a aplicabilidade e visualização que vem tendo o crime de lavagem de dinheiro, este é um crime novo, ou seja, não há ainda um estudo consolidado sobre sua situação jurídica, tal como o homicídio ou crimes afins, neste caso, por ser um crime novo na qual vem sendo destrinchado e estudado mais a fundo no presente momento, existem questões interpretativas diversas, existem questões interpretativas que ainda permanecem abertas, que precisam ainda de um complemento da doutrina e da jurisprudência, sendo que, de acordo com os novos casos que vem sendo demonstrados e julgados existira desta forma uma interpretação sólida e estudos mais recentes acerca desta temática.

De acordo com o Juiz Sergio Moro (2010, p. 16):

Assim, a maioria das questões interpretativas suscitadas pela lei de lavagem de dinheiro ainda não encontra solução ou, pelo menos, solução consolidada na jurisprudência brasileira. Para preencher tal lacuna, um recurso cabível é o Direito Comparado. Evidente mente, os exemplos do Direito Comparado devem ser analisados criticamente, mas igualmente sem preconceitos ou estereótipos, nem tudo sendo assimilável ao Direito brasileiro. O que é essencial é ter presente que a criminalização da lavagem de dinheiro não se trata apenas de um novo tipo penal. A criminalização da lavagem de dinheiro significa, acima disso, uma nova política de prevenção e repressão da atividade criminal. Tem por base a constatação de que não basta, par a prevenir ou reprimir o crime, a imposição de pena privativa de liberdade ao criminoso. O que é essencial é privar o criminoso dos ganhos decorrentes de sua atividade, ou seja, confiscar o produto do crime. É a consagração do velho adágio de que o “crime não deve compensar22

Logo, como o conceito de lavagem de dinheiro começará a vir a tona mais recentemente, até então, pouco se falava ou pouco se tinha conhecimento amplo acerca deste crime, neste aspecto, devido as inúmeras causas nas quais já forma julgadas no Brasil e que até mesmo viraram referência internacional, esta temática vem sendo abrangida de forma mais clara e complexa, sendo então que inúmeras

21 BRASIL. Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou

ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L9613.htm> Acesso em: 25 de abr. de 2018.

22 MORO, Sergio Fernando. Crime de lavagem de dinheiro. São Paulo. Editora Saraiva. 2010. p. 16.

Disponível em: < https://www.passeidireto.com/arquivo/36123520/crime-de-lavagem-de-dinheiro---sergio-fernando-moro> Acesso em: 22 de abr. de 2018.

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legislações e leis esparsas foram criadas inicialmente para suprir uma necessidade instantânea.

Destarte, estas aplicabilidades de formas de ingresso, passaram a ser coadjuvantes e essenciais ao estudo depois que começará as investigações primeiramente do MENSALÃO, na qual fora um esquema ilegal de financiamento político organizado pelo PT para corromper parlamentares e garantir apoio ao governo Lula no Congresso. Segundo o Ministério Público, cerca de 141 milhões de reais foram movimentados entre empréstimos bancários e recursos desviados de contratos com setor público23. O mensalão fora anunciado e ocorreu entre os anos de 2003 a 2004

vindo à tona apenas no ano de 2005, dando então o start para que o crime de lavagem de dinheiro e corrupção se tornasse cada vez mais frequente e mais estudado, tendo em vista que com este escândalo, até então imensurável pouco era discutido acerca da temática em âmbito nacional.

Após o mensalão, pode-se citar o esquema da petrobras, onde inicia-se a operação lava jato, pela Policia Federal, na qual, investiga um esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras do país e políticos. A PF estima que o esquema tenha movimentado cerca de 10 bilhões de reais. De acordo com a PF, o esquema ocorreu de 2004 a 2012, mas alguns pagamentos de propina teriam se prolongaram até 2014. No entanto, Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços da Petrobras, afirmou em depoimento que começou a receber dinheiro desviado em 199724.

Desta forma, de acordo com estes escândalos na qual envolvem-se principalmente pessoas do poder, tais como políticos, grandes empresas privadas, empresas públicas, empresários, tem-se que este tipo de crime vem sendo cometido há muito tempo, e até então de forma irreconhecível aos olhos da sociedade, importante dizer que estes não são os únicos casos que ocorreram no Brasil, muitos foram os casos de lavagem de dinheiro e corrupção, porém, estes dois são citados no decorrer do trabalho, tendo em vista que foram os que mais contribuíram para o presente estudo.

23 SOUZA, Beatriz. Mensalão x Lava Jato: compare os casos que chocaram o Brasil. Revista

exame. 2015. Disponível em: < https://exame.abril.com.br/brasil/mensalao-x-lava-jato-compare-os-casos-que-chocaram-o-brasil/> Acesso em: 30 de abr. de 2018.

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No tocante a investigação lava jato, inúmera é sua repercussão, bem como inúmeros são os seus desdobramentos, não atentando-se apenas a lava jato em si, mas, ela por ser a investigação mais ampla, vem sendo citada em vários textos e artigos para ter-se como base de apoio.

Desta forma, a estratégia de prevenção e repressão ao crime de lavagem de dinheiro e afins, é realmente eficaz no tocante ao crime organizado, onde lideres cada vez mais podem sim ser substituídos por outro na qual possua mais poder econômico propriamente dito, mas, a fim de acabar com estes grupos seria necessário a redução econômica dos mesmos privando-os do produto de sua atividade, sendo está uma das estratégias mais eficazes até o momento.

Não apenas a prisão em si, ou o estudo da lavagem de dinheiro, mas, dando alternativas no tocante a lei de retirar dos envolvidos aquilo na quão toma para si, que seria o dinheiro propriamente dito.

Logo, de acordo com MORO, (2010, p. 17):

Deve ficar claro que não se trata de estratégias alternativas, ou seja, prisão sem confisco ou confisco sem prisão. Prisão e confisco se complementam, devendo cada criminoso ser punido na medida de sua culpabilidade. Essa nova política criminal não é apenas retórica, ou pelo menos assim não deve ser. A nova política criminal tem consequências práticas no processo penal. Um processo penal que se esgote na prisão do culpado será diferente do processo penal no qual igualmente se persiga o confisco do produto do crime. Para a investigação, não será suficiente colher provas da autoria e materialidade do crime. Será necessário identificar em tempo hábil o produto do crime e sua localização. Par a persecução, não será necessário apenas provar a responsabilidade criminal do acusado e aplicar- lhe a pena de prisão; será igualmente necessário promover a apreensão ou o sequestro do produto do crime, provar essa condição do bem, e aplicar o confisco. Então o crime de lavagem de dinheiro não significa o mero acréscimo de um novo capítulo ao Código Penal ou o seu estudo, páginas adicionais em manuais de Direito. Compreendido corretamente, como representando uma nova política criminal, os tradicionais institutos e tipos de Direito Penal também devem ser reavaliados. O confisco, usualmente tratado em segundo plano, não só nos manuais de Direito, mas igualmente pela legislação penal, deve ser revalorizado, ganhando nova dimensão. O mesmo ocorre com as medidas assecuratórias, como apreensão e sequestro25.

Diante desta perspectiva, é licito dizer que este tipo de crime tornou-se um crime no âmbito internacional, onde organizações criminosas acabam por fixar sua sede em um pais, comandar crimes a serem praticados em outro pais e ocultar o

25 MORO, Sergio Fernando. Crime de lavagem de dinheiro. São Paulo. Editora Saraiva. 2010. p. 17.

Disponível em: < https://www.passeidireto.com/arquivo/36123520/crime-de-lavagem-de-dinheiro---sergio-fernando-moro> Acesso em: 22 de abr. de 2018.

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produto de sua atividade em um terceiro, neste aspecto, temos uma rede internacional no tocante a lavagem de dinheiro, temos como exemplo a refinaria de Pasadena, na qual a petrobras efetuou a compra e ali a PF identificou milhões de dinheiro desviados, ou seja, os políticos brasileiros (na qual ainda permanecem no brasil) estão em uma localidade, onde compraram uma refinaria para lavar o dinheiro fora de nossa jurisdição, ou seja, em Pasadena (texas, EUA), e evidentemente lavou o dinheiro em algum paraíso fiscal, talvez a suíça26.

Diante disso, importante dizer que a cooperação internacional é relevante para todos os crimes, não apenas o de lavagem, sendo que esta cooperação é um recurso extremamente necessário não apenas para as investigações, mas trazendo em seu bojo um misto de conceituações e novidades para o ordenamento jurídico, deixando ainda cada dia mais difícil a propagação deste tipo de ato, sendo que, quando não há uma cooperação é como se quem ganhasse fosse apenas o criminoso, e o pais na qual não cooperou juridicamente falando, ou facilitando os meios de investigação.

Diante destas perspectivas, não é apenas a Lei número 9.613 de 03 de março de 1998 que trata do crime de lavagem de dinheiro, existem ainda inúmeras legislações esparsas que conseguem identificar e até mesmo coibir esta prática ilícita, aqui pode-se citar a circular 2852 de 1998, na qual já fora revogada, que tratava-se sobre os procedimentos a serem adotados na prevenção e combate às atividades relacionadas com os crimes previstos na Lei nº 9.613, de 03.03.1998, sendo que esta circular fora revogada pela circular 346127 de 200928.

Além destas legislações, tem-se também a Lei 12.683 de 09 de Julho de 2012 na qual altera a Lei no 9.613, de 3 de março de 1998, para tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro29.

26 G1. Entenda a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras. São Paulo. 2014. Disponível

em: < http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/03/entenda-compra-da-refinaria-de-pasadena-pela-petrobras.html> Acesso em: 30 de abr. de 2018.

27 BRASIL. Circular nº 3.461 de 2009. Consolida as regras sobre os procedimentos a serem

adotados na prevenção e combate às atividades relacionadas com os crimes previstos na Lei nº 9.613, de 3 de março de1998.Disponível em: <

https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/normativo.asp?tipo=circ&ano=2009&numero=3461> Acesso em 30 de abr. de 2018.

28 BRASIL. Circular nº 2.852 de 1998. Dispõe sobre os procedimentos a serem adotados na

revenção e combate às atividades relacionadas com os crimes previstos na Lei nº 9.613, de 03.03.1998. Disponível em: <

https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/normativo.asp?tipo=Circular&data=1998&numero=2852 > Acesso em 30 de abr. de 2018.

29 BRASIL. Lei nº 12.683 de 09 de Julho de 2012. Altera a Lei no 9.613, de 3 de março de 1998,

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Diante dos elementos trazidos, bem como a aplicabilidade no tocante a legislação brasileira, oportuno mencionar que apenas fora citada algumas das inúmeras legislações que dão embasamento a temática ora abordada, suas características e formas de aplicação deverão ser analisadas sobre aspectos cruciais e subjetivos no próximo capitulo.

em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12683.htm> Acesso em 30 de abr. de 2018.

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4 – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NO TOCANTE A LAVAGEM DE DINHEIRO

O crime de lavagem de dinheiro, é um conjunto de operações comerciais ou financeiras, na qual constitui um conjunto de operações comerciais ou financeiras para incorporação, sendo ela transitória ou permanente, na economia de cada pais de recursos, bens e até mesmo valores que se originam ou estão ligados a transições ilegais, sendo que, sua tipicidade e sua propagação tem se tornado um englobado transnacional, onde seus efeitos vem a fim de romper fronteiras, tornando-se assim uma preocupação internacional. O que tem-se visto em todas as mídias, e conteúdos jornalísticos, é justamente como a propagação deste ato tem se manifestado cada vez mais na política, em organizações que até então tinham vomo visão algo bom, algo real, algo para ajudar os necessitados.

A realidade é que, o crime de lavagem de dinheiro não afeta apenas a questão econômica de um pais, atinge a todo o seu povo, onde, recursos são retirados dos mesmos, a povo paga por uma corrupção ativa existente na sociedade, os governantes e pessoas nas quais acabam por impulsionar este ato, não veem o quanto eles prejudicam uma nação ao desviar recursos e até mesmo utilizar esse dinheiro ilícito em questões legais.

No tocante ao Brasil em si, oportuno mencionar que o mesmo, ao firmar os compromissos internacionais na convenção de Viena de 1988, o Brasil aprovou a lei 9.613 de 1998, na qual dispõe sobre o crime de lavagem de dinheiro, ocultação de bens, direitos e valores, bem como a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos na Lei, onde cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, a COAF30.

Diante desta situação, o CRC do RS conceitua a lei 9.613/9831 como:

30 CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. Lavagem de dinheiro,

um problema mundial. Legislação Brasileira. POA – RS. 2003. COAF. p. 39. Disponível em: < http://www.crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_lavagem.PDF> Acesso em: 30 de abr. de 2018.

31 BRASIL. Lei 9.613 de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação

de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l9613.htm> Acesso em: 29 de maio de 2018.

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Essa Lei introduz o crime de “lavagem” como delito autônomo, isto é, o processo e o julgamento da “lavagem” de dinheiro independem do julgamento do crime antecedente, podendo a denúncia ser instruída apenas com indícios de que os recursos provêm de crime antecedente. A Lei define como crimes antecedentes à “lavagem” de dinheiro o tráfico de drogas, o terrorismo, o contrabando de armas, o seqüestro, crimes contra a Administração Pública (corrupção), contra o sistema financeiro nacional e os praticados por organização criminosa.

Tendo em vista que a prática de “lavagem” envolve pessoas físicas e jurídicas de várias camadas da atividade econômica, bem como o trânsito de recursos por seus diferentes setores, concluiu-se pela necessidade de se abordar preventivamente o problema, estabelecendo procedimentos que dificultam encobrir a origem dos recursos e facilitam a investigação.

Assim, a Lei define sujeitos, obrigações, sanções e atribuições dos órgãos governamentais fiscalizadores, conferindo maior responsabilidade a intermediários, principalmente a bancos, financeiras, distribuidoras de títulos mobiliários e demais instituições que, por terem como atividade principal ou acessória a movimentação de médias e grandes somas em dinheiro, podem ser utilizadas como canais para a “ lavagem” de dinheiro.

As medidas preventivas estabelecidas pela Lei brasileira, encontradas também em diversos países, determinam ações e procedimentos que visam à colaboração da sociedade no controle das operações ilegais, atividade essa que não pode ser atribuída exclusivamente aos órgãos repressores do Estado.

É nesse contexto que a Lei estabelece as competências do COAF para coordenar mecanismos de cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à “lavagem” de dinheiro; disciplinar e aplicar penas administrativas, sem prejuízo da competência de outros órgãos e entidades; e receber, examinar e identificar as ocorrências de operações suspeitas de atividades ilícitas.

Seu funcionamento segue o modelo de uma Unidade financeira de Inteligência – FIU, ou seja, uma agência nacional, central, responsável por receber, analisar e distribuir às autoridades competentes as denúncias referentes a operações suspeitas de “lavagem” de dinheiro. Essa definição foi elaborada no âmbito do Grupo de Egmont, organização que congrega as FIU de diversos países do mundo com o objetivo de promover o apoio aos programas nacionais de combate à “lavagem” de dinheiro. O Brasil, por meio do COAF, passou a integrar esse Grupo após a Sétima Reunião Plenária, realizada em Bratislava, República da Eslováquia, em maio de 1999.

O caráter transnacional, típico das operações de “lavagem” e dos crimes que usualmente as antecedem, constitui uma das razões pelas quais o COAF tem ampliado seus vínculos com organismos internacionais empenhados na luta contra delitos dessa natureza32.

4.1 – A LEI 9.613 de 3 de março de 1998

No tocante a legislação inicial aplicável ao crime de lavagem de dinheiro, oportuno mencionar que os ministros do Estado de Justiça, da Fazenda, das Relações Exteriores e o Ministro Chefe da Casa Militar da Presidência da República, na qual

32 CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. Lavagem de dinheiro,

um problema mundial. Legislação Brasileira. POA – RS. 2003. COAF. p. 39 - 40. Disponível em: < http://www.crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_lavagem.PDF> Acesso em: 30 de abr. de 2018.

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assinaram a exposição dos motivos número 692 de 18 de dezembro de 1996, na qual em síntese demonstravam que:

Excelentíssimo Senhor Presidente, da República. Submetemos à apreciação de Vossa Excelência o anexo projeto de lei que criminaliza a lavagem de dinheiro e a ocultação de bens, direitos ou valores que sejam oriundos de determinados crimes de especial gravidade. Trata-se de mais uma contribuição legislativa que se oferece ao País, visando ao combate sistemático de algumas modalidades mais frequentes da criminalidade organizada em nível transnacional.

[...]A expressão "lavagem de dinheiro" já está consagrada no glossário das atividades financeiras e na linguagem popular, em conseqüência de seu emprego internacional (money laudering). Por outro lado, conforme o Ministro da Justiça teve oportunidade de sustentar em reunião com seus colegas de língua portuguesa em Maputo (Moçambique), a denominação "branqueamento", além de não estar inserida no contexto da linguagem formal ou coloquial em nosso País, sugere a inferência racista do vocábulo, motivando estéreis e inoportunas discussões. A outra - mas não a última - opção diz respeito à amplitude da tutela penal para abarcar como crimes antecedentes não somente aqueles ligados ao narcotráfico, dos quais a lavagem de dinheiro constitui um dos vasos comunicantes [...]

[...]É certo que a "lavagem de dinheiro" constitui um conjunto de operações comerciais ou financeiras que procuram a incorporação na economia de cada país, de modo transitório ou permanente, dos recursos, bens e serviços que geralmente "se originan e están conexos com transacciones de macro o micro tráfico ilícito de drogas", como o reconhece a literatura internacional em geral e especialmente da América Latina (cf. Raul Peña Cabrera, Tratado de Derecho Penal - Trafico de drogas y lavabo de dinero, Ediciones Juridicas, Lima, Peru, IV/54) 33[...]

No tocante a exposição de motivos, o mesmo traz consigo inúmeras vertentes no que se refere a questões intrínsecas de lavagem de dinheiro, na exposição de motivos número 34 o documento traz consigo a questão de demonstrar as características de introdução deste ato, na qual determina:

34. Observe-se que a lavagem de dinheiro tem como característica a introdução, na economia, de bens, direitos ou valores oriundos de atividade ilícita e que representaram, no momento de seu resultado, um aumento do patrimônio do agente. Por isso que o projeto não inclui, nos crimes antecedentes, aqueles delitos que não representam agregação, ao patrimônio do agente, de novos bens, direitos ou valores, como é o caso da sonegação fiscal. Nesta, o núcleo do tipo constitui-se na conduta de deixar de satisfazer obrigação fiscal. Não há, em decorrência de sua prática, aumento de patrimônio com a agregação de valores novos. Há, isto sim, manutenção de patrimônio existente em decorrência do não pagamento de obrigação fiscal. Seria desarrazoado se o projeto viesse a incluir no novo tipo penal - lavagem de dinheiro - a compra, por quem não cumpriu obrigação fiscal, de títulos no mercado financeiro. É evidente que essa transação se

33 BRASIL. Exposição de Motivos nº. 692. Brasília. 1996. Disponível em: <

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constitui na utilização de recursos próprios que não têm origem em um ilícito34.

No tocante a esta legislação aplicável, a finalidade da lei, nada mas era do que criminalizar as ações de lavagem de dinheiro, não por vontade própria, mas sim por força do tratado na qual o Brasil é signatário, que é o de Viena, onde, naquele momento, o Brasil estava prestes a construir uma lei de segunda geração, sendo que esta classificação tem como escopo o rol dos crimes com antecedentes.

No tocante as gerações, oportuno mencionar os ensinamentos de Mamede, 2014:

Esta classificação tem como pressuposto o rol dos crimes considerados como antecedentes. Assim, o país que optar por uma lei de primeira geração estará limitando o recurso lavado tendo origem apenas nos crimes de tráfico de drogas. Consoante já explicitado, as organizações evoluíram e passaram a buscar recursos em outros tipos de crimes. Também a legislação evoluiu e passou a considerar a prática de legalizar estes recursos como lavagem de dinheiro surgindo, assim, as leis de segunda geração. Os países juridicamente mais desenvolvidos relacionaram como crime antecedente à lavagem de dinheiro todo e qualquer delito que estimulasse a legalização de recursos. Por serem mais abrangentes em suas tipificações penais, estas leis foram chamadas de terceira geração.

Analisando o rol de crimes antecedentes da lei brasileira podemos projetá-la para as de terceira geração. É que o inciso VII do artigo primeiro da lei 9.613/98 considerava como crime antecedente os ilícitos praticados por organização criminosa. Isto, de certo, poderia sugerir uma maior abrangência de crimes. Todavia, numa análise literal da letra da lei, entendemos que, nestes casos, todo delito seria antecedente à lavagem de dinheiro se, e somente se, realizado por “organização criminosa”, afastando, portanto, outros atores delinquentes. Com a promulgação da Lei nº 12.850 de 02 de agosto de 2013, que define organização criminosa a lei de lavagem foi promovida para terceira geração35.

Diante da legislação criada, o brasil, com toda sua vertente e inteligência em cumprir as determinações constantes na convenção de Viena, acabará por tipificar o crime de lavagem de Dinheiro, ou seja, portanto, todo agente na qual a sua conduta

34 Ibid. p.4.

35 MAMEDE, Daniela Castello Branco Guimarães. Prevenção e combate a lavagem de Dinheiro e

ao financiamento do Terrorismo – Legislação e tipologias. Brasília, 2014. p. 33. Trabalho de Conclisão de curso. Disponível em: <

https://repositorio.ucb.br/jspui/bitstream/10869/4452/1/Daniela%20Castello%20Branco%20Guimar%C 3%A3es%20Mamede.pdf> Acesso em: 28 de maio de 2018.

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fique provada a existência de tipicidade e antijuridicidade ali disciplinada, estará incurso nas penas previstas na lei 9.613 de 1998.

No que refere-se a questão da lavagem de dinheiro, oportuno mencionar que a lei de lavagem de dinheiro está diretamente relacionada a uma questão de combate ao tráfico de drogas, ao crime organizado, crimes contra a ordem tributária, crimes contra o sistema financeiro, crimes contra a administração pública, entre outros delitos nas quais geram para seus autores lucros financeiros, ou seja, o objeto inicial desta lei era de privar pessoas dedicadas aos crimes de produtos de suas atividades criminosas, eliminando assim, o incentivo a esta atividade.

No que tange o artigo 1º da referida lei 9.613-98 a lavagem de dinheiro é classificada como um crime derivado, acessório ou parasitário, considerando que trata-se de um delito na qual tem a presunção de um crime anterior já cometido, ou seja, já existe uma infração penal anterior que ocorreu, sendo que a doutrina chamava este crime anterior como um “crime antecedente”36.

Importante dizer que houve uma alteração nesta conceituação, aliás, na sua abrangência, com a introdução da lei 12.683 de 2012, onde, inicialmente alterou o conceito, e deu-se como alteração que a lavagem de dinheiro depende de uma infração penal antecedente. Infração penal seria um gênero na qual engloba duas espécies, o crime e a contravenção. Dependendo desta forma a lavagem de um crime antecedente, para que reste configurada sua aplicabilidade37.

Diante destas mudanças trazidas, já que esta lei será estudada mais a frente, cumpre ressaltar que estas divergências construiu uma ideia de “gerações” sobre s leis de lavagem de dinheiro existentes no mundo.

Neste sentido, o dizer direito trouxe uma explicação mais abrangente do que refere-se as gerações:

Primeira geração: São os países que preveem apenas o tráfico de drogas como crime antecedente da lavagem. Recebem a alcunha de primeira geração justamente porque foram as primeiras leis no mundo a criminalizarem a lavagem de dinheiro. Somente previam o tráfico de drogas como crime antecedente porque foram editadas logo após a “Convenção de

36 CAVALCANTE. Márcio André Lopes. Comentários a Lei 12.683/2012 que alterou a lei de

Lavagem de Dinheiro. Disponível p. 3. em: <

http://staticsp.atualidadesdodireito.com.br/lfg/files/2012/08/Lei-12.683-altera-a-Lei-de-Lavagem-de-Dinheiro.pdf> Acesso em 01 de jun. de 2018.

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Viena” que determinava que os países signatários tipificassem como crime a lavagem ou ocultação de bens oriundos do tráfico de drogas.

Segunda geração: São as leis que surgiram posteriormente e que, além do tráfico de drogas, trouxeram um rol de crimes antecedentes ampliando a repressão da lavagem. Como exemplos desse grupo podemos citar a Alemanha, Portugal e o Brasil (até a edição da Lei n.12.683/2012).

Terceira geração: Este grupo é formado pelas leis que estabelecem que qualquer ilícito penal pode ser antecedente da lavagem de dinheiro. Em outras palavras, a ocultação ou dissimulação dos ganhos obtidos com qualquer infração penal pode configurar lavagem de dinheiro. É o caso da Bélgica, França, Itália, México, Suíça, EUA e agora o Brasil com a alteração promovida pela Lei n. 12.683/201238

Diante disso, as leis de primeira geração seriam aquelas nas quais apenas aceitariam crimes com antecedentes de tráfico de drogas, tendo em vista que o primeiro e principal objetivo da lei seria combater o dinheiro do tráfico.

Já a lei de segunda geração seriam o rol de infrações penais antecedentes, bem como a de terceira geração é no tocante a lavagem de dinheiro de qualquer infração penal antecedente, sendo que, diante desta perspectiva o Brasil está na terceira geração.

4.2 – LEI 12.683 DE 2012.

Em 2012, fora inserida em nossa legislação a lei 12.683 de 9 de julho de 201239,

com a alteração da lei que inseriu no Brasil a intenção do crime de lavagem de Dinheiro, as principais alterações foram no tocante a:

 Exclusão do Rol dos crimes antecedentes, que estaria inserido no primeiro artigo da lei 9.613 de 1998.

 Considerar crime de lavagem de dinheiro ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal;

 A inclusão de novas pessoas e setores sujeitos a cumprimentos de obrigações;

38 Ibid. p. 3.

39 BRASIL. Lei 12.683 de 9 de Julho de 2012. Altera a Lei no 9.613, de 3 de março de 1998, para

tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12683.htm> Acesso em: 30 de maio de 2018.

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 Aumento das sanções para os que deixarem de cumprir obrigações previstas.

No tocante a estas mudanças, cabe aqui, elencar não esporadicamente algumas delas, mas estudar minuciosamente estas inovações ou seja, com a promulgação da lei 12.683 de 2012, muito fora discutido acerca das alterações que logo foram trazidos.

Antes da alteração de 2012, somente havia lavagem de dinheiro se a ocultação ou dissimulação fosse de bens, direitos ou valores provenientes de um crime antecedente. Já com as mudanças trazidas, agora haverá lavagem de dinheiro se a ocultação ou dissimulação for de bens, direitos ou valores provenientes de um crime ou de uma contravenção penal. Desse modo, a lavagem de dinheiro continua a ser um crime derivado, mas agora depende de uma infração penal antecedente, que pode ser um crime ou uma contravenção penal.

Outra mudança é que antes a lei brasileira listava um rol de crimes antecedentes para a lavagem de dinheiro fazendo com que o Brasil, segundo a doutrina majoritária, estivesse enquadrado nas legislações de segunda geração. Agora qualquer infração penal pode ser antecedente da lavagem de dinheiro. A legislação brasileira de lavagem passa para a terceira geração.

Diante disso, outra mudança diz a respeito da autonomia de julgamento, ou seja, o processo de julgamento dos crimes previstos na legislação, o que anteriormente, a Lei de Lavagem afirmava que havia uma autonomia entre o julgamento da lavagem e do crime antecedente, não esclarecendo se esta autonomia era absoluta ou relativa nem o juízo responsável por decidir a unificação ou separação dos processos. Agora, a alteração deixou claro que a autonomia entre o julgamento da lavagem e da infração penal antecedente é relativa, de modo que a lavagem e a infração antecedente podem ser julgadas em conjunto ou separadamente, conforme se revelar mais conveniente no caso concreto, cabendo ao juiz competente para o crime de lavagem decidir sobre a unidade ou separação dos processos.

Outra alteração importante fora no tocante que antes da alteração de 2012 a lei 9.683 de 1998 não explicitava se o crime de lavagem, caso fosse extinta a punibilidade da infração penal antecedente, e agora com as alterações há uma regra expressa no sentido de que poderá haver o crime de lavagem ainda que esteja extinta a punibilidade da infração penal antecedente. Vale ressaltar que já havia julgado do

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STJ nesse sentido, a despeito da omissão legal. A inovação, contudo, é produtiva para que não haja qualquer dúvida quanto a esse aspecto.

Outra inovação ora trazida, lembrando que todas estas alterações estão sendo trazidas em sua essência e não em sua totalidade do Site Dizer Direito40, na qual

estudou a fundo cada alteração e como se fosse viável ou não a sua aplicabilidade. Outra alteração, é a de que a Lei n. 9.683/98 afirmava simplesmente que o art. 366 do CPP não se aplicava aos processos de lavagem de dinheiro, sem explicar qual seria o regramento a ser adotado. Agora a alteração reafirmou que não se aplica o art. 366 do CPP à lavagem de dinheiro, deixando claro que, se o acusado não comparecer nem constituir advogado, será nomeado a ele defensor dativo, prosseguindo normalmente o feito até o julgamento.

No tocante ao caput do artigo 4º da lei, não houve muita alteração, apenas um aprimoramento da redação original, que estava em um sentido menos claro que o original.

Outra diferença fora que antes a Lei previa que o sequestro e a apreensão deveriam ser levantadas se a denúncia não fosse oferecida no prazo de 120 dias. Agora foi revogada essa previsão. No caso do sequestro, o CPP prevê que ele será levantado se a ação penal não for intentada no prazo de 60 dias. Essa regra agora deve ser aplicada também aos processos de lavagem de dinheiro.

Antes, não existia a possibilidade e a previsão expressa no tocante a alienação antecipada para os processos de lavagem de dinheiro já instaurados e em curso do processo, ou até mesmo aqueles que viriam a ser instaurados, destarte, com a inovação trazida a Lei de Lavagem de Dinheiro passou prever, de forma expressa e ampla, a possibilidade de alienação antecipada sempre que os bens objeto de medidas assecuratórias estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para a sua manutenção.

Outras diferenças notadas, são no tocante a alguns questionamentos antes implementados, logo, estes comentários finais dizem no tocante a algumas afirmações e aplicabilidades já realizadas, ou seja, de acordo com a antiga legislação, se a parte prejudicada conseguisse provar que os bens, direitos ou valores apreendidos ou

40 CAVALCANTE. Márcio André Lopes. Comentários a Lei 12.683/2012 que alterou a lei de

Lavagem de Dinheiro. Disponível p. 3. em: <

http://staticsp.atualidadesdodireito.com.br/lfg/files/2012/08/Lei-12.683-altera-a-Lei-de-Lavagem-de-Dinheiro.pdf> Acesso em 01 de jun. de 2018

Referências

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