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PLANEJAMENTO DE PROCESSOS NA INDÚSTRIA DE MANUFATURA

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Academic year: 2021

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Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia Campus Flamboyant - Goiânia

Curso: ENGENHARIA CIVIL

Disciplina: ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA Prof(a): MOEMA CASTRO

LEITURA REFLEXIVA - ATIVIDADE DE CLASSE

SILVA, F. B.; BARROS, M. M. S. B. Planejamento de processos de construção para a produção industrializada de edifícios habitacionais: apresentação de um plano de ação. São Paulo: EPUSP, 2013. 21 p. (Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Construção Civil, BT/PCC/580)

PLANEJAMENTO DE PROCESSOS NA INDÚSTRIA DE MANUFATURA

Na indústria de manufatura, o planejamento de processos é escopo de uma área denominada Engenharia de Manufatura ou Engenharia de Processos (CHANG, 1992) e envolve as atividades de: seleção do processo a ser utilizado na manufatura de cada componente; definição detalhada da seqüência de operações; especificação dos equipamentos, ferramentas e demais recursos necessários à produção; e estabelecimento dos parâmetros operacionais (exemplo: tempo de cada operação) (CHRYSSOLOURIS, 2006; MEYERS; STEPHENS, 2005). Ou seja, enquanto o projeto do produto define “o que” deve ser produzido, o planejamento (ou projeto) dos processos de produção define “como” produzir o produto, gerando informações que permitem a programação da produção e sua realização (BUFFA, 1973). Para isso, são necessárias algumas atividades, apresentadas na Figura 1 e detalhadas na seqüência.

Análise do projeto do produto: possibilita a identificação e compreensão das características do produto

ou componente a ser manufaturado, tais como: dimensões, formas, tolerâncias, acabamentos e especificações, para que sejam selecionados processos de manufatura adequados. Avalia-se ainda a construtibilidade do projeto, podendo-se solicitar alterações visando melhorar a eficiência da produção (CHRYSSOLOURIS, 2006);

Análise dos requisitos de produção: trata-se de outro conjunto de dados de entrada, que envolve o

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mês), disponibilidade e capacidade de equipamentos (em fábricas instaladas), que também influenciam na definição dos processos de manufatura (KALPAKJIAN; SCHMID, 2006);

Plano de terceirização da produção: antes de selecionar os processos de produção, é necessário decidir

quais componentes serão produzidos internamente e quais terão sua manufatura terceirizada, o que é conhecido em inglês como make-or-buy plan (CHANG, 1992). Somente a produção interna requer as atividades de planejamento subseqüentes;

Seleção dos processos de manufatura: devido à crescente diversidade de tecnologias de produção,

normalmente é necessário conduzir uma seleção entre os processos de manufatura disponíveis, para escolher aquele que melhor atenda às características estabelecidas (de produto e de produção), ou seja, o modo de produção mais econômico (GOMES, 2010);

Definição da seqüência de atividades: uma vez selecionados os processos de manufatura, inicia-se seu

detalhamento, definindo-se a seqüência de operações (atividades de transformação propriamente ditas) e inspeções (atividades de controle) requeridas para a completa manufatura de um produto ou componente (CHANG, 1992). Também fazem parte dos processos atividades de transporte, estoque e esperas, que, por serem atividades de fluxo e não agregarem valor ao processo em si, são especificadas por outra área denominada Engenharia de Planta, responsável pelo layout e projeto das instalações fabris (MEYERS; STEPHENS, 2005);

Definição dos recursos das atividades: a cada atividade definida para o processo de manufatura,

correspondem recursos necessários à sua consecução, como equipamentos, dispositivos, ferramentas manuais, instrumentos de inspeção e até mesmo recursos humanos (HALEVI; WEILL, 1995). As características técnicas destes recursos deverão ser especificadas, seja para possibilitar sua aquisição ou o seu projeto, no caso, por exemplo, de equipamentos inovadores (GROOVER, 1996);

Definição dos parâmetros do processo: para completar a definição dos processos de manufatura, é

necessário definir seus parâmetros, que englobam a quantidade de recursos, tempo requerido pela atividade, velocidades de processamento, configurações de equipamentos, entre outros (HALEVI; WEILL, 1995). Esses parâmetros devem ser estabelecidos de forma balanceada, sobretudo em linhas de produção com velocidade única, para que não haja sobrecarga em alguns pontos e ociosidade em outros, resultando em uma produção global mais econômica (MEYERS; STEPHENS, 2005)

Observa-se na Figura 1 que as três últimas atividades são feitas de forma simultânea, pois se trata de atividades interdependentes, sobretudo pela necessidade de balanceamento da produção. Ao final, os processos de manufatura planejados são registrados em folhas de processo, que são repassadas às equipes responsáveis por programar o uso dos recursos apontados para operacionalizar a produção

PLANEJAMENTO DE PROCESSOS NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS

Os empreendimentos do setor de construção de edifícios tradicionalmente são de caráter único, ou seja, não apresentam a repetibilidade observada na indústria de produção seriada. Por isso, o planejamento de sua produção normalmente emprega modelos e ferramentas de gerenciamento de projetos ou empreendimentos (project management), que se caracterizam como um esforço temporário para atingir determinado objetivo (KIRSCH, 2008). A seguir, são descritas, de forma geral, as suas atividades, usualmente desenvolvidas pela Engenharia de Planejamento nas construtoras:

Elaboração da Estrutura Analítica de Projeto (EAP): o planejamento tradicional se inicia pela divisão do

empreendimento de acordo com uma estrutura hierárquica denominada Estrutura Analítica de Projeto (EAP) ou, em inglês, Work Breakdown Structure (WBS) (Figura 3) (HARRIS; MCCAFFER, 2006). Os elementos dessa estrutura configuram “pacotes de trabalho”, que, preferencialmente, devem corresponder a uma parte acabada e facilmente discernível do empreendimento completo (MATTOS, 2010). É usual a atribuição desses pacotes de trabalho a subempreiteiros especializados, ficando a construtora responsável pela gestão do todo (CALVERT, 1995).

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Figura 3 - Exemplo de Estrutura Analítica de Projeto (EAP) (MATTOS, 2010).

Definição da seqüência de execução: identificados os pacotes de trabalho e definidos os métodos

construtivos para execução de cada componente do empreendimento, estabelece-se a sua seqüência de execução, respeitando-se as precedências aplicáveis a cada atividade (MATTOS, 2010);

Distribuição das atividades ao longo do tempo: é necessário estimar a duração de cada atividade que

integra a seqüência de execução e distribuí-las ao longo do tempo disponível para execução do empreendimento completo, o que é feito concomitantemente à definição dos recursos necessários, resultando no cronograma da obra. A escala de tempo normalmente utilizada é de semanas ou dias (HARRIS; MCCAFFER, 2006);

Definição da quantidade de recursos: definem-se os recursos requeridos para que cada atividade de

construção transcorra no tempo necessário, observando-se limitações de custo e procurando estabelecer uma produção balanceada (por exemplo, sem picos de mão de obra que onerem a infraestrutura de canteiro de obras) (HARRIS; MCCAFFER, 2006).

MODELO DE PLANEJAMENTO DE PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO (M-PPC)

Com base no levantamento dos modelos de planejamento de processos de construção na indústria de manufatura e na construção de edifícios e na sua análise comparativa, elaborou -se o Modelo de Planejamento de Processos de Construção (M-PPC).

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A seguir, justificam-se as exclusões do escopo:

• as atividades de fluxo não são especificadas no M-PPC por não serem padronizáveis, pois dependem das

características de cada canteiro de obras. Além disso, por ser o canteiro de obras um ambiente dinâmico, o planejamento de processos se tornaria rapidamente obsoleto, exigindo a constante revisão de um planejamento detalhado, o que foi considerado inviável;

• em função da não especificação das atividades de fluxo, não serão definidos no M-PPC os respectivos

recursos;

• excluiu-se do escopo a definição dos equipamentos de segurança do trabalho, pois, apesar de sua importância, entende-se que seja de responsabilidade dos planos específicos de segurança do trabalho. Destaca-se ainda a inclusão da definição de frentes de trabalho e do plano de ataque no M-PPC, devido à importância destes itens para a correta definição de processos de produção na construção de edifícios.

Uma vez estabelecido o escopo, definiu-se um plano de ação para a realização do planejamento de processos de construção, à semelhança do fluxo de atividades da indústria de manufatura (Figura 1). Este plano de ação, que integra o M-PPC, é apresentado na Figura 5 e cada uma de suas atividades é descrita no Quadro 3.

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M-PPC pode ser aplicado tanto para o planejamento da construção do edifício completo quanto para subsistemas específicos, pois as atividades de planejamento desenvolvidas em ambos os níveis são semelhantes. Enquanto a produção do edifício é composta por diversos macroprocessos de construção, a produção de um subsistema corresponde a um único processo, composto por diversas atividades (que também poderiam ser encaradas como “microprocessos”).

Atividade Descrição (ação do responsável pelo planejamento de

processos)

Análise de projetos Auxilia na elaboração dos projetos do edifício e/ou de seus subsistemas, analisando suas características (dimensões, formas, especificações, tolerâncias, requisitos de qualidade, etc.) e avaliando sua construtibilidade, requisitando revisões de projeto quando necessário.

Análise de Auxilia na definição dos requisitos de construção do edifício e/ou

requisitos de de seus subsistemas, analisando sua adequação aos processos

construção de construção que possivelmente serão empregados.

Análise de Avalia quais subsistemas ou componentes do edifício serão

terceirização da produzidos internamente e quais terceirizados.

construção

Seleção dos Para cada subsistema ou item a ser construído internamente,

processos de seleciona o processo de construção que atende aos requisitos de

construção projeto e de produção da forma mais econômica possível.

Definição da Define a sequência de processos (produção do edifício completo)

sequência ou de atividades (produção de um subsistema). No caso das

atividades, define operações e inspeções e as descreve sucintamente.

Definição dos Define os recursos necessários (equipamentos, ferramentas,

recursos instrumentos e recursos humanos) para cada processo ou

atividade e analisa o possível compartilhamento de recursos entre processos distintos. Os recursos materiais são dados de entrada, definidos por projetos.

Definição dos Estabelece os parâmetros do processo (tempos de execução,

parâmetros quantidades de recursos, configurações de equipamentos), para

que o processo esteja balanceado.

Definição de Define as frentes de trabalho para cada processo de construção

frentes de trabalho do edifício (quantidades de equipes simultâneas) ou para cada

atividade do subsistema (divisão dos membros da equipe).

Quadro 3 - Descrição das atividades do plano de ação do M-PPC.

Para possibilitar a relação entre o nível do edifício e do subsistema, estabeleceu-se o conceito de Unidade Base de Processo (UBP), adaptado do conceito de “unidade-base” do modelo de projeto de sistemas de produção da construção de edifícios. Dessa forma, a cada subsistema atribui-se uma UBP conforme as características de repetibilidade do processo de construção a ele associado. Portanto, o PPC do subsistema é elaborado para a sua respectiva UBP. Sendo assim, para conectar os dois níveis de planejamento definidos, é necessário analisar de quantas UBPs de cada subsistema é composto o edifício inteiro, o que deve estar refletido na estruturação do seu planejamento-macro (Figura 6).

As principais diferenças que se observam entre o plano de ação definido para o M-PPC e o planejamento tradicional da construção de edifícios consistem na existência de um planejamento detalhado formal voltado aos subsistemas (que usualmente têm sua execução descrita de forma genérica em procedimentos de execução); e na vinculação entre o planejamento detalhado do subsistema e do edifício, de modo que ambos constituam um planejamento único e coerente, possibilitando a produção industrializada de edifícios habitacionais (desde que sejam observadas as premissas estabelecidas para sua validade).

O M-PPC consiste em uma ferramenta de gestão relativamente simples e de fácil aplicação, direcionada ao planejamento direto das atividades de produção (atividade-fim das construtoras), e, por isso, constitui uma contribuição importante para o desenvolvimento da construção industrializada de edifícios. A sua implantação estimula a organização que o adota a pensar detalhadamente sobre seus processos. Isso ajuda a evidenciar falhas e oportunidades de melhoria, levando a uma produção eficiente, que é o objetivo principal da industrialização da construção.

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F

AÇA A LEITURA REFLEXIVA DO TEXTO E RESPONDA

:

1. Qual a equivalência existente entre às atividades de análise do processo do produto e de análise dos requisitos de produção?

2. Na área da Engenharia de Manufatura, make-or-buy plan é um termo amplamente conhecido aplicado à uma atividade preliminar a seleção dos processos de produção. Caracterize-o de acordo com a atividade a qual se aplica dentro do fluxo de atividades necessárias para o planejamento dos processos de manufatura do edifício e de seus subsistemas.

3. Tendo em vista a necessidade do balanceamento da produção, na Figura 1 se observa que as três últimas atividades acontecem de maneira simultânea. Cite-as e contextualize-as segundo suas proposições.

4. Considerando os modelos e ferramentas de gerenciamento de projetos, como se configura a atividade de Elaboração da Estrutura Analítica de Projeto (EAP)?

5. As atividades de fluxo bem como os equipamentos de segurança do trabalho não estão inclusos no Modelo de Planejamento de Processos de Construção (M-PPC). Localize no texto os argumentos que o autor utiliza para estas exclusões do escopo.

6. Que relação o autor estabelece entre o conceito de Unidade Base de Projeto (UBP) e os níveis das atividades de planejamento da construção do edifício e seus subsistemas?

Referências

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