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PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 7ª Turma GMRLP/fm/ge

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7ª Turma

GMRLP/fm/ge

RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO EM FACE DE ACÓRDÃO PUBLICADO APÓS A VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 E ANTES DA LEI Nº 13.105/2015 (NCPC), DA EDIÇÃO DA IN 40/2016 DO TST E DA LEI Nº 13.467/2017. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. (violação dos artigos

93, IX, da CF/88, 832 da CLT e 458 do CPC/73 e divergência jurisprudencial). Ao não indicar os trechos da decisão

recorrida em que se encontram

analisadas as matérias objeto do recurso de revista, a parte recorrente não observou o requisito constante do inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT, acrescido pela Lei nº 13.015/2014. No

caso da negativa de prestação

jurisdicional, cabia ao recorrente transcrever o trecho dos embargos de

declaração em que buscou o

pronunciamento do Tribunal Regional, assim como o trecho do acórdão regional em que o TRT deixou de sanar tal omissão. Nesse sentido, são os precedentes da SBDI- 1 e da 7ª Turma deste Colendo TST.

Recurso de revista não conhecido.

TRABALHADOR PORTUÁRIO OGMO

INTERVALO INTERJORNADA – HORAS EXTRAS.

(violação dos artigos 7º, XXXIV, da CF/88, 5º, 6º, 8º e 9º da Lei nº 9.719/98, e 33, caput, §1º, XV, da Lei nº 8.630/93, contrariedade à Súmula nº

110 do TST e à Orientação

Jurisprudencial nº 355 da SDI-1 do TST e divergência jurisprudencial) "O

desrespeito ao intervalo mínimo

interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a integralidade das horas que

foram subtraídas do intervalo,

acrescidas do respectivo adicional."

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(Orientação Jurisprudencial nº 355 da SBDI-1 desta Corte). Recurso de revista

conhecido e provido.

TRABALHADOR PORTUÁRIO OGMO

INTERVALO INTRAJORNADA – HORAS EXTRAS.

(violação dos artigos 7º, XXXIV, da CF/88, e 71, §5º, da Lei nº 4.860/65 e contrariedade à Súmula nº 437 do TST). Ao não indicar os trechos da decisão

recorrida em que se encontram

analisadas as matérias objeto do recurso de revista, a parte recorrente não observou o requisito constante do inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT, acrescido pela Lei nº 13.015/2014.

Recurso de revista não conhecido. TRABALHADOR PORTUÁRIO – OGMO – HORAS EXTRAS – EXTRAPOLAÇÃO DA JORNADA DIÁRIA DE 8 HORAS. (violação ao art. 7º, XIII

e XXXIV, da CF/88) Ao não indicar os trechos da decisão recorrida em que se encontram analisadas as matérias objeto do recurso de revista, a parte recorrente não observou o requisito constante do inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT, acrescido pela Lei nº 13.015/2014. Recurso de revista não

conhecido.

HONORÁRIOS DE ADVOGADO. (violação à

Resolução 126/2005 e art. 5º da IN nº 27 do TST e contrariedade às Súmula nº 219, II, e 329 do TST) Ao não indicar os trechos da decisão recorrida em que se encontram analisadas as matérias objeto do recurso de revista, a parte recorrente não observou o requisito constante do inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT, acrescido pela Lei nº 13.015/2014. Recurso de revista não

conhecido.

PERDAS E DANOS – REEMBOLSO DOS HONORÁRIOS CONTRATUAIS. (violação dos

artigos 389, 395 e 404 do CC) Revela-se inviável o recurso de revista por violação aos artigos 389, 395 e 404 do CC, visto que o Tribunal Regional não

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tratou da matéria alusiva à indenização por perdas e danos em decorrência do pagamento de honorários contratuais.

Sequer há prova do seu

prequestionamento na forma da Súmula nº 297 desta Corte, segundo a qual "1. Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito; 2. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal,

opor embargos declaratórios

objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão; 3. Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração". Recurso de

revista não conhecido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-868-10.2011.5.01.0011, em que é Recorrente ERASTO

DE SOUZA LEITE e Recorrido ÓRGÃO GESTOR DE MÃO DE OBRA DO TRABALHO PORTUÁRIO DOS PORTOS ORGANIZADOS DO RIO DE JANEIRO, SEPETIBA, FORNO E NITERÓI - OGMO/RJ.

O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, mediante o acórdão de págs. 456/462 de seq. 01, decidiu, por maioria, negar provimento ao recurso ordinário do autor.

O reclamante interpõe recurso de revista às págs. 749/761 do seq. 01. Postula a reforma do decidido quanto aos temas: 1) Negativa de prestação jurisdicional, por violação dos artigos 93, IX, da CF/88, 832 da CLT e 458 do CPC/73. Transcreve arestos; 2) Trabalhador portuário – OGMO – intervalo interjornada – horas extras, por violação dos artigos 7º, XXXIV, da CF/88, 5º, 6º, 8º e 9º da Lei nº 9.719/98, e 33, caput, §1º, XV, da Lei nº 8.630/93, contrariedade à Súmula nº 110 do TST e à Orientação Jurisprudencial nº 355 da SDI-1 do TST. Transcreve

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arestos; 3) Trabalhador portuário – OGMO – intervalo intrajornada – horas extras, por violação dos artigos 7º, XXXIV, da CF/88, e 71, §5º, da Lei nº 4.860/65 e contrariedade à Súmula nº 437 do TST; 4) Trabalhador portuário – OGMO – horas extras – extrapolação da jornada diária de 8 horas, por violação ao art. 7º, XIII e XXXIV, da CF/88; 5) Honorários de advogado, por violação à Resolução 126/2005 e art. 5º da IN nº 27 do TST e contrariedade às Súmulas nº 219, II, e 329 do TST; e 6) Perdas e danos – reembolso dos honorários contratuais, por violação dos artigos 389, 395 e 404 do CC.

O recurso foi admitido pelo despacho de págs. 536/538 do seq. 01.

Contrarrazões às págs. 547/557 do seq. 01.

Sem remessa dos autos à d. Procuradoria-Geral do Trabalho, nos termos do artigo 95 do Regimento Interno do TST.

É o relatório.

V O T O

Preenchidos os pressupostos extrínsecos do recurso, o que autoriza a apreciação dos seus pressupostos específicos de admissibilidade.

PREJUDICIAL DE MÉRITO – PRESCRIÇÃO BIENAL – ALEGAÇÃO EM CONTRARRAZÕES

Em contrarrazões, o OGMO suscita a incidência da prescrição bienal ao argumento de que o contrato de trabalho estabelecido entre as partes não encerra relação de emprego, razão pela qual há que ser aplicada a prescrição bienal a cada turno de trabalho laborado pelo avulso, na forma da legislação que disciplina a matéria.

Analiso.

Incialmente, importante registrar que o recorrido não interpôs recurso ordinário contra sentença, todavia apresentou contrarrazões ao recurso ordinário da parte contrária, na qual sustentou

a tese da prescrição bienal (págs. 429/450, do seq. 01).

A Súmula/TST nº 153 estabelece que “Não se conhece de

prescrição não arguida na instância ordinária”.

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A jurisprudência desta Corte, interpretando o alcance de referido verbete, tem firmado o posicionamento de que a prescrição pode ser arguida até a apresentação das contrarrazões ou nas razões do recurso ordinário de maneira a permitir o pronunciamento do TRT sobre o tema.

No sentido da tese ora exposta, cito os seguintes precedentes. In verbis:

"EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 13.015/2014. RECURSO ORDINÁRIO. JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

DA EMPREGADORA COM CONCESSÃO DE EFEITO

MODIFICATIVO. DECLARAÇÃO DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL DA PRETENSÃO AUTORAL. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DA PARTE CONTRÁRIA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. INAPLICABILIDADE DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 142 DA SBDI-1 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.

(...)

PRESCRIÇÃO QUINQUENAL ARGUIDA EM

CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO. EFEITO

DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE. DESNECESSIDADE DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO PRÓPRIO. Todos os argumentos da defesa apresentados em contestação devem ser novamente apreciados em segundo grau recursal, independentemente de provocação das partes, em homenagem ao efeito devolutivo em profundidade que obriga o Juízo ad quem a se manifestar sobre todas as questões debatidas em primeiro grau de jurisdição. Na hipótese, a reclamada não foi sucumbente no mérito propriamente dito e, portanto, não havia interesse em recorrer, sendo , mesmo, desnecessária a apresentação de recurso ordinário adesivo contra a sentença em que se julgou improcedente o pleito, sem tratar da prescrição quinquenal. Conforme a jurisprudência desta Corte, a insurgência da reclamada não seria necessária , porque o Tribunal estava obrigado, por força do efeito devolutivo previsto no artigo 1.013 do CPC/2015 (artigo 515 do CPC/73) , a analisar a prescrição quinquenal alegada em defesa, ainda que não examinada pelo Juízo de primeiro grau, uma vez que devolvida ao exame da Corte ad quem pela apresentação de recurso ordinário da parte autora, mesmo que não tivesse sido suscitada a questão em contrarrazões da parte contrária, o que neste caso foi feito por cautela, como observado pela Turma. Aliás, esta Subseção, na sua composição completa, no

julgamento do Processo nº E-ED-RR-103900-80.2012.5.17.0001, em 21/2/2019, acórdão publicado no DEJT de 8/3/2019, de relatoria do Ministro Cláudio Mascarenhas Brandão, por 10 votos a 4, ocasião em que este magistrado ficou vencido, adotou a tese de que as contrarrazões constituem peça de resistência do recorrido, ante o recurso interposto pela parte contrária, de modo que cabe ao Tribunal Regional, em hipótese como a dos autos, apreciar a prejudicial arguida em contrarrazões ao recurso ordinário, em razão do efeito devolutivo em profundidade do apelo. Assim, com fundamento nas Súmulas nos 153 e 393, item I, desta Corte, reconheceu a possibilidade de exame, pelo Regional, acerca da prescrição arguida em contrarrazões ao recurso ordinário. Considerando-se, pois, que, pelo efeito devolutivo em

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Firmado por assinatura digital em 22/04/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP profundidade, estava o Regional obrigado a examinar a prescrição quinquenal alegada em contestação e renovada em contrarrazões recursais ordinárias, o exame da questão pelo Tribunal Regional não configura supressão de instância. Nesse contexto, não há falar em divergência jurisprudencial, nem em contrariedade à Súmula nº 393 do Tribunal Superior do Trabalho, ante o disposto no artigo 894, § 2º, da CLT. Embargos não conhecidos" (E-ED-RR-2563-61.2011.5.02.0046,

Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT 13/09/2019).

"RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELAS LEIS Nos 13.015/2014 E 13.105/2015. JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU QUE AFASTA A PRESCRIÇÃO ALEGADA EM DEFESA. IMPROCEDÊNCIA TOTAL

DA RECLAMAÇÃO. RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO

SOMENTE PELO RECLAMANTE. PRESCRIÇÃO REITERADA EM CONTRARRAZÕES PELA RECLAMADA. POSSIBILIDADE DE EXAME PELO TRT. EFEITO DEVOLUTIVO. 1. A Eg. 1ª Turma negou provimento ao agravo em recurso de revista da reclamada. Concluiu que "as contrarrazões não são o meio processual próprio para se atacar a decisão proferida pelo Juízo de origem, que expressamente rejeitou a arguição de prescrição, ainda que o pedido do reclamante tenha sido julgado improcedente, visto que nesse caso, há sucumbência processual, ainda que do ponto de vista material não tenha havia prejuízo, em decorrência da improcedência dos pedidos". 2. Nos termos da Súmula 393 desta Corte, "o efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do § 1º do art. 1.013 do CPC de 2015 (art. 515, §1º, do CPC de 1973), transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não renovados em contrarrazões, desde que relativos ao capítulo impugnado". 3. Nesse contexto, cabe ao Regional decidir sobre a prescrição alegada na defesa e renovada em contrarrazões, nos casos em que o juízo de primeiro grau que afasta a prescrição, mas conclui pela improcedência total da reclamação, inexistindo preclusão.

Recurso de embargos conhecido e provido"

(E-Ag-RR-1117-53.2014.5.12.0009, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 15/03/2019).

"AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. PRESCRIÇÃO ARGUIDA EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OFENSA AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA. Esta Corte, com amparo no disposto no art. 162 do Código Civil, consolidou sua jurisprudência por meio da Súmula 153, segundo a qual "não se conhece da prescrição não arguida na instância ordinária" . A par disso, dispõe a Súmula 297 que só está prequestionada a matéria quando, na decisão impugnada, haja sido adotada tese a respeito, incumbindo à parte interessada, desde que a questão tenha sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios, objetivando o pronunciamento acerca do tema, sob pena de preclusão. Portanto, para a parte arguir a prescrição seria imprescindível que tivesse feito até a interposição do recurso ordinário, pois dessa forma teria dado ao recorrido a chance de se manifestar em contrarrazões, assegurando-se o contraditório e a ampla defesa. Com efeito, como a reclamada não o fez em sede de recurso ordinário, operou-se a preclusão para se arguir a prescrição total em embargos de declaração. Prececentes. (....)"

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(Ag-AIRR-2166-64.2010.5.20.0004, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 27/10/2017).

“RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI N.º 11.496/2007. PRESCRIÇÃO. MOMENTO DA

ARGUIÇÃO. SEGUNDA INSTÂNCIA. EMBARGOS DE

DECLARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Em homenagem ao princípio do contraditório, não se afigura razoável admitir a argüição da prescrição a qualquer momento, ainda que na instância ordinária. Conseqüência disso, somente até as razões do Recurso Ordinário, ou nas contra-razões do referido apelo, admite-se à parte reclamada suscitar a prescrição, em ordem a viabilizar a sua discussão no âmbito do Tribunal Regional. Os Embargos de Declaração, pelo seu próprio escopo, não se prestam a resolver matéria até então não devolvida à instância superior. Recurso de Embargos não conhecido." (TST-E-RR-38361/2002-900-10-00.8, Relatora Ministra Maria de Assis Calsing, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DJ 19.12.2008)

"PRESCRIÇÃO. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. DANOS MORAIS E MATERIAIS. O TST, por meio da Súmula 153, reconhece a possibilidade de se arguir a prescrição na instância ordinária, ou seja, até o Tribunal Regional. Logo, é de se reconhecer que esse último momento seja no prazo do recurso ordinário ou das contrarrazões.(...) Recurso de Revista de que não se conhece." (RR-4300-30.2005.5.05.0401, 5ª Turma, Rel. Min. João Batista Brito Pereira, DEJT de 24.09.2010)

Entretanto, no caso específico dos autos, conquanto o recorrido tenha levantado a prescrição em sede de contrarrazões em recurso ordinário, verifica-se que o TRT não analisou o tema no acórdão, não tendo sido opostos embargos de declaração pelo suscitante, tampouco interposto recurso de revista ou, ainda, recurso adesivo em face do apelo protocolado pelo reclamante.

Assim sendo, ante a inércia da parte, resta precluso o exame da prescrição. E nem se alegue que, linha da sistemática adotada no Código de Processo Civil, caberia a este Órgão Julgador pronunciar a prescrição de ofício, isso porque a SBDI-1 do TST já pacificou entendimento no sentido de que o art. 219, §5º, do CPC é inaplicável no processo do trabalho. Nesse sentido: AgERR 2157600 - 05.2007.5.09.0010, Min. José Roberto Freire Pimenta, DEJT 07.12.2017; ERR 82841 - 64.2004.5.10.001 6, Min. Dora Maria da Costa, DEJT 07.03.2014/J; ERR 10900 - 71.2008.5.04.0019, Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 21.02.2014/J; EEDRR 1473 - 78.2010.5.12.0012, Min. João Batista Brito

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Pereira, DEJT 19.12.2013/J; e ERR 27600 - 79.2008.5.01.0028 Min. Renato de Lacerda Paiva DEJT 22.02.2013.

Rejeito.

1) NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL CONHECIMENTO

Em suas razões de recurso de revista, sustenta que o acórdão regional merece reforma, porquanto permaneceu omisso, mesmo após oposição de embargos de declaração, quanto aos efeitos do descumprimento do TAC firmado pelo OGMO, sobretudo no tocante à obrigação de observa o intervalor interjornada de 11 horas. Aponta violação dos artigos 93, IX, da CF/88, 832 da CLT e 458 do CPC/73. Transcreve arestos.

Incialmente, cumpre reiterar que o presente recurso de revista foi interposto em face de acórdão publicado após a vigência da Lei nº 13.015/2014.

Pois bem, ocorre que a parte não cuidou de transcrever o trecho dos embargos de declaração em que buscou o pronunciamento do Tribunal Regional, tampouco colacionou no recurso o trecho do acórdão regional em que o TRT deixou de sanar tal omissão, a teor do disposto no art. 896, §1º-A, I, da CLT.

E nem se alegue que tal requisito somente poderia ser exigido a partir da reforma trabalhista (Lei nº 13.467/2017), que inseriu o inciso IV no art. 896, §1º-A, da CLT, segundo o qual cabe ao recorrente “transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência da omissão”.

É que a SDI-1 do TST, interpretando os novos pressupostos introduzidos pela Lei nº 13.015/2014, já havia firmado entendimento no sentido de que é ônus da parte recorrente observar aqueles requisitos formais, concernentes à transcrição, também em relação à negativa de prestação jurisdicional. Nesse sentido, cito o seguinte precedente:

"RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI Nº 13.015/2014. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. DEMONSTRAÇÃO DE EFETIVA E OPORTUNA

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ARGUIÇÃO DA MATÉRIA EM SEDE DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA. NÃO CUMPRIMENTO DO DISPOSTO NO ARTIGO 896, § 1º-A, I, DA CLT. Da natureza especial do recurso de revista decorre a necessidade de observância de requisitos próprios de admissibilidade, entre os quais cabe destacar o disposto no artigo 896, § 1º-A, I, da CLT, introduzido pela Lei nº 13.015/2014, que disciplina ser ônus da parte a indicação do trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do apelo. A previsão contida no novel dispositivo, juntamente com os incisos que lhe sucedem, representa a materialização dos princípios da impugnação específica e dialeticidade recursal, pois objetiva evitar que seja do órgão julgador a tarefa de interpretar a decisão impugnada, para deduzir a tese nela veiculada e a fundamentação que ampara a pretensão, naquilo que corresponde ao atendimento dos pressupostos singulares do recurso interposto. Transpondo tal exigência para os casos em que a parte busca o reconhecimento da negativa de prestação jurisdicional, constata-se que será necessária a demonstração, inequívoca, de provocação da Corte de origem, mediante a oposição de embargos de declaração, no que se refere à matéria desprovida de fundamentação, com fulcro no entendimento da Súmula nº 459 do TST, bem como do trecho do respectivo acórdão, a fim de comprovar a recusa da Corte de origem em apreciar as questões suscitadas nos embargos. A inobservância desse procedimento que comprove a oportuna invocação e delimitação, em sede de embargos de declaração, dos pontos sobre os quais o Tribunal Regional, supostamente, teria deixado de se manifestar, torna inviável a análise da nulidade. Assim, a parte recorrente, ao arguir a nulidade por negativa de prestação jurisdicional, deve indicar no recurso de revista: a) os excertos da petição de embargos de declaração em que se buscou o pronunciamento do Tribunal Regional sobre os vícios apontados; e b) os trechos que demonstrem a recusa do TRT à complementação da prestação jurisdicional, seja porque rejeitou, seja porque ignorou o argumento contido nos embargos de declaração. Recurso de embargos de que se conhece e a que se nega provimento " (E-RR-1522-62.2013.5.15.0067, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Cláudio Mascarenhas Brandão, DEJT 20/10/2017).

Aliás, há muito a 7ª Turma firmou posição no sentido de considerar obrigatório esse requisito em relação à negativa de prestação jurisdicional, senão vejamos:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SUBMETIDO À LEI Nº 13.015/2014. NULIDADE POR

NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. FALTA DE

INDICAÇÃO EXPLÍCITA DOS TRECHOS DA DECISÃO RECORRIDA

QUE COMPROVAM O PREQUESTIONAMENTO DA

CONTROVÉRSIA. ART. 896, § 1º-A, DA CLT. 1. O § 1º-A do art. 896 da CLT, acrescentado pela Lei nº 13.015/2014, dispõe, em seu inciso I, que " sob pena de não conhecimento, é ônus da parte indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista ". 2. No caso, tendo a recorrente suscitado a nulidade do acordão regional por negativa de prestação, cabia-lhe transcrever o acórdão proferido em sede de embargos de declaração, a fim de demonstrar que o Tribunal a quo não proferiu tese acerca do tema, e, assim, comprovar o prequestionamento da controvérsia , requisito que não foi cumprido pela ora

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agravante. 3. Processamento do recurso de revista que encontra óbice no art. 896, § 1º-A, I, da CLT. Precedentes. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (...)" (AIRR-11010-27.2013.5.15.0007, 7ª Turma, Relator Desembargador Convocado André Genn de Assunção Barros, DEJT 27/11/2015).

“AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014. NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL POR NEGATIVA

DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. HORAS EXTRAS.

CONTROVÉRSIA QUANTO À PRESTAÇÃO DE TRABALHO EXTERNO. NÃO ATENDIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS INSCRITOS NO ART. 896, § 1º-A, I, DA CLT, COM A REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI Nº 13.015/2014. De acordo com o § 1º-A do artigo 896 da CLT, com a redação que lhe foi conferida pela Lei nº 13.015/2014, sob pena de não conhecimento do recurso de revista, é ônus da parte: "I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista; II - indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional; III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte". No caso dos autos, em que a Reclamada pretende o processamento do recurso de revista, suscitando a nulidade do acordão regional por negativa de prestação, cabia-lhe transcrever o acórdão proferido em sede de embargos de declaração, a fim de demonstrar que o TRT não emitiu tese acerca da impossibilidade de controle da jornada do trabalhador externo, o que, segundo suas alegações, inviabilizaria o deferimento das horas extras pleiteadas. Assim não procedendo, conclui-se que o processamento do recurso de revista encontra óbice no art. 896, §1º-A, I, da CLT. [...]” (AIRR - 1721-58.2011.5.15.0066, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 14/10/2015, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 16/10/2015)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO - PROCESSO SOB VIGÊNCIA DA LEI Nº 13015/2014 - NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL - MULTA DO ART. 475-J DA CLT - EQUIPARAÇÃO SALARIAL. Após a vigência da Lei nº 13015/2014, de acordo com o posicionamento definido pela 7ª Turma do TST, para atender ao disposto no inciso I do § 1º-A do art. 896 da CLT, deverá a parte, no seu recurso de revista, transcrever o trecho da decisão recorrida que demonstraria a afronta a dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial, ou a divergência jurisprudencial indicada, requisito que não foi cumprido pela ora agravante. No caso de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, no recurso de revista, deve ser transcrito de forma expressa o trecho da decisão proferida em sede de embargos de declaração que consubstancia o prequestionamento da controvérsia, o que não ocorreu na hipótese. Agravo de instrumento desprovido”. (AIRR - 10793-19.2014.5.03.0092, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 30/09/2015, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 02/10/2015)

Não conheço.

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Firmado por assinatura digital em 22/04/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2) TRABALHADOR PORTUÁRIO – OGMO – INTERVALO INTERJORNADA – HORAS EXTRAS

CONHECIMENTO

Em suas razões de recurso de revista, sustenta que o acórdão regional merece reforma, porquanto a Turma do TRT entendeu que o trabalhador avulso, por ter liberdade para pactuar a sua força de trabalho e não se submeter ao OGMO ou ao operador portuário, não faria jus aos direitos decorrentes da jornada de trabalho, tampouco poderia usufruir do intervalo interjornada. Todavia, argumenta que o art. 7º, XXXIV, da CF e a Lei nº 9.719/98 não afastam esse direito do trabalhador portuário e que, de acordo com a legislação especial que rege essa relação de trabalho, cabe ao OGMO, e não ao avulso, organizar os turnos de trabalho. Assevera que “sendo a única administradora da mão-de-obra do trabalhador portuário avulso, a recorrida possui total liberalidade em aceitar ou não que o recorrente trabalhe entre um turno e outro sem a observância do intervalo de 11 horas” e que “Se aceita que tal situação ocorra, não pode se omitir em pagar as horas extraordinárias decorrentes do desrespeito a lei”. Aponta violação dos artigos 7º, XXXIV, da CF/88, 5º, 6º, 8º e 9º da Lei nº 9.719/98, e 33, caput, §1º, XV, da Lei nº 8.630/93, contrariedade à Súmula nº 110 do TST e à Orientação Jurisprudencial nº 355 da SDI-1 do TST. Transcreve arestos.

O Tribunal Regional decidiu o tema pelos seguintes fundamentos:

“DAS HORAS EXTRAS - DOS INTERVALOS INTER E

INTRAJORNADAS

Asseriu o Autor, trabalhador portuário avulso, que cumpria jornadas de 06 (seis) horas, sem que lhe fosse concedida pausa para refeição e descanso. Afirmou, ainda, que para atender à demanda do trabalho portuário, submeteu-se, em várias ocasiões, a trabalhar dois turnos seguidos sem que houvesse respeito ao intervalo mínimo de 11 (onze) horas consecutivas entre duas jornadas e tampouco as horas que sobejaram a oitava diária.

Pugnou, assim, pelo pagamento de horas extras e reflexos.

O Réu alegou em sua defesa que o Autor, como qualquer trabalhador portuário, tem plena liberdade de decidir se irá ou não comparecer ao porto, bem como se candidatar aos serviços oferecidos naquele dia e, bem assim, se participará ou não da escala de rodízio.

A I. Julgadora de origem, com esteio no depoimento pessoal do Demandante e ao fundamento de que a redução do intervalo entre dois turnos está autorizada pela lei e pela norma coletiva e por entender que o trabalhador avulso tem liberdade de trabalhar ou não em tais condições, não

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tendo sequer apresentado, muito embora instado, demonstrativos das horas extras que entendia fazer jus, houve por bem desacolher a pretensão.

Pois bem.

A controvérsia cinge-se à extensão ao trabalhador avulso do direito aos intervalos inter e intrajornada.

O art. 7º, XXXIV, da CRFB/88, assim preceitua, verbis: „Art. 7º. Omissis

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.‟ Trata-se, e isto não se discute, de norma de eficácia plena, não carecendo, portanto, de regulamentação alguma, seja pelo legislador infraconstitucional, seja pelos próprios atores sociais, no âmbito da negociação coletiva.

Nem se argumente que os direitos ali assegurados, limitar-se-íam àqueles previstos tão-somente no bojo da Constituição da República e, isto porque, em simples exercício de hermenêutica, onde o legislador não restringe, não cabe ao intérprete fazê-lo.

Assim, forçoso concluir que essa igualdade alcança todas as verbas do trabalhador com vínculo permanente.

Todavia, o que define o norte a ser seguido na presente hipótese é a singularidade do trabalho prestado pelo trabalhador avulso.

Aliás, o próprio depoimento do Autor, reproduzido às fls. 267, retrata a realidade vivenciada pelos trabalhadores avulsos, verbis: ‘que trabalha em turnos alternados ou no 1º turno das 7h às 13h, sem intervalo ou no 2º das 13h às 19h, porém, na prática, trabalha nos dois turnos todas as vezes que comparece ao trabalho; que está praticamente obrigado a trabalhar nos dois turnos, que se não fizer isso perde a oportunidade; que os dois turnos são remunerados; que a prestação de serviços no 2º turno ocorre com operador portuário diverso.‟(Grifos

acrescidos).

Neste contexto, o que efetivamente impende ser aqui destacado é que o trabalhador avulso possui total liberdade para contratar, aceitando livremente os misteres oferecidos no porto, de acordo com suas exclusivas potencialidades e consoante o interesse próprio no que concerne à duração e repetição dos afazeres que procura, no dia a dia de sua específica situação funcional, não estando submetido ou subordinado ao OGMO ou ao Operador portuário, menos ainda a ordens eventuais que destes possam emanar, como sói ocorrer com os empregados com vínculo de emprego, em geral.

Vale lembrar, outrossim, como bem assentado na r. sentença, que o art. 57 exclui, de forma expressa, as categorias ou os trabalhadores que possuam regulamentação especial quanto à duração do trabalho, do quanto estabelecido no capítulo II da CLT ( „Art. 57 - Os preceitos deste Capítulo aplicam-se a todas as atividades, salvo as expressamente excluídas, constituindo exceções as disposições especiais, concernentes estritamente a peculiaridades profissionais constantes do Capítulo I do Título III.‟)

Nego Provimento”.

Destarte, o TRT negou provimento ao recurso ordinário do reclamante ao argumento de que, levando-se em conta as particularidades do labor desempenhado pelo trabalhador portuário, não lhe é devido o pagamento das horas extras decorrentes da supressão dos

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intervalos interjornadas. Neste sentido, deixou expressamente consignado que: “o que define o norte a ser seguido na presente hipótese é a singularidade do trabalho prestado pelo trabalhador avulso” e que, “Aliás, o próprio depoimento do Autor, reproduzido às fls. 267, retrata a realidade vivenciada pelos trabalhadores avulsos, verbis: „que trabalha em turnos alternados ou no 1º turno das 7h às 13h, sem intervalo ou no 2º das 13h às 19h, porém, na prática, trabalha nos dois turnos todas as vezes que comparece ao trabalho; que está praticamente obrigado a trabalhar nos dois turnos, que se não fizer isso perde a oportunidade; que os dois turnos são remunerados; que a prestação de serviços no 2º turno ocorre com operador portuário diverso”, concluindo que, “neste contexto, o que efetivamente impende ser aqui destacado é que o trabalhador avulso possui total liberdade para contratar, aceitando livremente os misteres oferecidos no porto, de acordo com suas exclusivas potencialidades e consoante o interesse próprio no que concerne à duração e repetição dos afazeres que procura, no dia a dia de sua específica situação funcional, não estando submetido ou subordinado ao OGMO ou ao Operador portuário, menos ainda a ordens eventuais que destes possam emanar, como sói ocorrer com os empregados com vínculo de emprego, em geral”.

O artigo 66 da Consolidação das Leis do Trabalho dispõe, in verbis:

“Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 horas consecutivas para descanso."

Valentin Carrion, in Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, 28ª edição, ed. Saraiva, pg. 66, ao tratar do tema em epígrafe, dispôs, in verbis:

"Entre duas jornadas impõe-se um intervalo mínimo de 11 horas. Não pode ser absorvido pelo descanso semanal (Russomano, Curso; Amaro, Tutela; Süssekind, Instituições). O período referido inicia-se no momento em que o empregado efetivamente cessa seu trabalho, seja serviço suplementar ou normal. A absorção mútua do intervalo semanal e do intervalo diário transforma em horas extras correspondentes."

Vale considerar-se que o artigo 6º da Lei nº 9.719/98 explicita ser do operador portuário e do órgão gestor a obrigação de verificar a presença, no local de trabalho, dos trabalhadores constantes da escala diária. Vejamos:

“Art. 6o

Cabe ao operador portuário e ao órgão gestor de mão-de-obra verificar a presença, no local de trabalho, dos trabalhadores constantes da escala diária.

Parágrafo único. Somente fará jus à remuneração o trabalhador avulso que, constante da escala diária, estiver em efetivo serviço".

A teor da mencionada norma tem-se que o labor do portuário avulso é, efetivamente, passível de controle.

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Noutras palavras, em situações laborais encampadas pelo artigo 7º, XIV, da Carta Magna, as horas suprimidas do intervalo interjornada mínimo de 11 horas, após considerado o lapso de 24 horas de repouso semanal (portanto, 35 horas) são tidas como integrantes da duração do trabalho do obreiro, recebendo sobre-remuneração como se horas extras fossem.

Em outro ponto, dispõe o artigo 7º, inciso XXII, da Constituição Federal, in verbis:

"Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;" Na hipótese de o empregado laborar em desobediência aos ditames insculpidos no artigo 66 da Consolidação das Leis do Trabalho, implicará no descumprimento do dispositivo constitucional em epígrafe, na medida em que o artigo celetário visa proporcionar ao empregado descanso, para que esse restabeleça o desgaste sofrido na jornada laboral.

Além do mais, a garantia de repouso interjornada é norma afeta à saúde do trabalhador, sendo certo que o artigo 8º da Lei nº 9.719/98, assim como os artigos 66 e 67 da CLT, vêm a concretizar o comando constitucional inserto no artigo 7º, XXII, da Constituição Federal, norma de natureza fundamental.

Nesse contexto, prevalece o entendimento insculpido na Súmula nº 110 desta Corte, no sentido da concessão de horas extras e do respectivo adicional aos trabalhadores que tenham prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas consecutivas para descanso entre jornadas. A propósito, tal tema já foi pacificado na SBDI-1 do TST, consoante se observa dos seguintes precedentes: ERR 188100 - 83.2006.5.09.0411, Relator Min. João Oreste Dalazen, DEJT 20.10.2017; EEDRR 1285 - 41.2012.5.09.0322, Relator Min. João Batista Brito Pereira, DEJT 31.03.2017; EEDRR 961 - 51.2012.5.09.0322, Relator Min. Guilherme

Augusto Caputo Bastos, DEJT 24.02.2017/; EEDRR 303800 -

10.2006.5.09.0411, Relator Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, DEJT 16.09.2016/J - 01.09.2016; EEDRR 458 - 57.2012.5.09.0022, Relator Min. Walmir Oliveira da Costa, DEJT 26.08.2016; EEDRR 457 - 45.2012.5.09.0322, Relator Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT 20.03.2015/J; e ERR

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10800 - 06.2007.5.09.0022, Relator Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 23.08.2013.

Nesse diapasão, a não-observância do intervalo interjornada previsto no artigo 66 da Consolidação das Leis do Trabalho enseja, por aplicação analógica, os mesmos efeitos previstos no § 4º do artigo 71 da Consolidação das Leis do Trabalho em relação ao descumprimento do intervalo intrajornada. Nesse sentido a Súmula 437, inciso III e Orientação Jurisprudenciais nº 355 da SBDI-I desta Corte, respectivamente, in verbis:

"INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E

ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT. (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

(...)

III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais" .

"INTERVALO INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA. HORAS EXTRAS. PERÍODO PAGO COMO SOBREJORNADA. ART. 66 DA CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO § 4º DO ART. 71 DA CLT. (DJ 14.03.08)

O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a integralidade das horas que foram subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo adicional." Nessa direção, cito os seguintes precedentes de minha relatoria:

"RECURSO DE EMBARGOS. INTERVALO INTERJORNADA - NATUREZA JURÍDICA - TRABALHADOR AVULSO. A garantia de repouso interjornada é norma afeta à saúde do trabalhador, sendo certo que o artigo 8º da Lei nº 9.719/98, assim como o artigo 66 da CLT, vêm a concretizar o comando constitucional inserto no artigo 7º, XXII, da Constituição Federal, norma de natureza fundamental, assegurando ao trabalhador avulso a observância do direito, cuja responsabilidade pela escalação do trabalhador portuário por dois turnos na mesma jornada recai sobre o gestor de mão-de-obra. Precedentes da SBDI1/TST. Recurso de embargos conhecido e desprovido" (E-RR-6400-43.2007.5.09.0411, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 20/02/2015).

"RECURSO DE REVISTA. (...). HORAS EXTRAS - INTERJORNADAS. (indicação de afronta aos artigos 61, 66, 67 da Consolidação das Leis do Trabalho , 5º, 6º, 7º, 8º da Lei nº 9.719/98 e contrariedade à Súmula/TST nº 110 e à Orientação Jurisprudencial nº 60, II, da SBDI-1 desta Corte ). "O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos

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previstos no § 4º do art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a integralidade das horas que foram subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo adicional." (Orientação Jurisprudencial nº 355 da SBDI-1 desta Corte). Recurso de revista conhecido e provido" (RR-960-97.2013.5.12.0047, 2ª Turma, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 18/09/2015).

“RECURSO DE EMBARGOS - INTERVALO INTERJORNADA - NATUREZA JURÍDICA - TRABALHADOR AVULSO. A garantia de repouso interjornada é norma afeta à saúde do trabalhador, sendo certo que o artigo 8º da Lei nº 9.719/98, assim como o artigo 66 da CLT, vêm a concretizar o comando constitucional inserto no artigo 7º, XXII, da Constituição Federal, norma de natureza fundamental, assegurando ao trabalhador avulso a observância do direito, cuja responsabilidade pela escalação do trabalhador portuário por dois turnos na mesma jornada recai sobre o gestor de mão-de-obra. Precedente da SBDI1/TST. Recurso de embargos conhecido e desprovido. (E-RR - 1229-08.2012.5.09.0322, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT de 24/10/2014). Assim, constatando-se que o intervalo interjornada não era concedido de forma correta, o reclamante tem direito ao pagamento do período de tempo subtraído do intervalo, com o respectivo adicional, à luz do que prescreve a Súmula/TST nº 110, a saber:

“JORNADA DE TRABALHO. INTERVALO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. No regime de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas consecutivas para descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional.”

Ressalte-se, por fim, que, como as horas extras pagas em decorrência do desrespeito ao intervalo interjornada se regem pela mesma lógica aplicável às pagas em virtude da supressão do intervalo intrajornada, e considerando-se a natureza jurídica remuneratória deste último, conclui-se que a redução daquele gera reflexos nas demais parcelas integrantes da eficácia do contrato de trabalho cuja base de cálculo é a remuneração.

Conheço, pois, do recurso de revista, por violação dos artigos 7º, XXXIV, da Constituição Federal e 8º da Lei nº 9.719/98 e por contrariedade à Súmula/TST nº 110.

MÉRITO

Como consequência lógica do conhecimento do recurso de revista, por violação dos artigos 7º, XXXIV, da Constituição Federal e 8º da Lei nº 9.719/98 e por contrariedade à Súmula/TST nº 110, dou-lhe

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provimento para condenar o reclamado ao pagamento como extras das horas suprimidas do intervalo interjornada mínimo de onze horas, com reflexos.

3) TRABALHADOR PORTUÁRIO – OGMO – INTERVALO INTRAJORNADA – HORAS EXTRAS

CONHECIMENTO

Verifico, de plano, que o recorrente, nas razões de recurso de revista, não indicou os trechos da decisão recorrida que consubstanciam o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista, como exige o inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT, acrescido pela Lei nº 13.015/2014.

Dispõe o inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT que: “Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:

I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista; (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014)” (g.n.)

Nesse passo, ao não indicar os trechos da decisão recorrida em que se encontram analisadas as matérias objeto do recurso de revista, a reclamada, ora recorrente, não observou o requisito mencionado no inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT, acrescido pela Lei nº 13.015/2014.

Não conheço.

4) TRABALHADOR PORTUÁRIO – OGMO – HORAS EXTRAS – EXTRAPOLAÇÃO DA JORNADA DIÁRIA DE 8 HORAS

CONHECIMENTO

Verifico, de plano, que o recorrente, nas razões de recurso de revista, não indicou os trechos da decisão recorrida que consubstanciam o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista, como exige o inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT, acrescido pela Lei nº 13.015/2014.

Dispõe o inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT que: “Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:

I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista; (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014)” (g.n.)

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Nesse passo, ao não indicar os trechos da decisão recorrida em que se encontram analisadas as matérias objeto do recurso de revista, o reclamado, ora recorrente, não observou o requisito mencionado no inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT, acrescido pela Lei nº 13.015/2014.

Não conheço.

5) HONORÁRIOS DE ADVOGADO CONHECIMENTO

Verifico, de plano, que o recorrente, nas razões de recurso de revista, não indicou os trechos da decisão recorrida que consubstanciam o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista, como exige o inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT, acrescido pela Lei nº 13.015/2014.

Dispõe o inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT que: “Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:

I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista; (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014)” (g.n.)

Nesse passo, ao não indicar os trechos da decisão recorrida em que se encontram analisadas as matérias objeto do recurso de revista, o reclamado, ora recorrente, não observou o requisito mencionado no inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT, acrescido pela Lei nº 13.015/2014.

Não conheço.

6) PERDAS E DANOS – REEMBOLSO DOS HONORÁRIOS CONTRATUAIS

CONHECIMENTO

Não há como se falar em violação aos artigos 389, 395

e 404 do CC, visto que o Tribunal Regional não tratou da matéria alusiva

à indenização por perdas e danos em decorrência do pagamento de honorários contratuais. Sequer há prova do seu prequestionamento na forma da Súmula nº 297 desta Corte, segundo a qual "1. Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito; 2. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja

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sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão; 3. Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração".

Não conheço. ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal

Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista apenas quanto ao tema “trabalhador portuário – OGMO – intervalo interjornada – horas extras”, por violação dos artigos 7º, XXXIV, da Constituição Federal e 8º da Lei nº 9.719/98 e contrariedade à Súmula/TST nº 110 e, no mérito, dar-lhe provimento para condenar o reclamado ao pagamento, como extras, das horas suprimidas do intervalo interjornada mínimo de onze horas, com reflexos. Custas em reversão no valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais) a cargo do réu, calculadas sobre o valor da condenação alçado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Brasília, 22 de abril de 2020.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) RENATO DE LACERDA PAIVA

Ministro Relator

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