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PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (7ª Turma) GMCMB/jb

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Academic year: 2022

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(1)Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. ACÓRDÃO (7ª Turma) GMCMB/jb AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO AUTOR. LEI Nº 13.467/2017. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA CONSTATADA. Agravo de instrumento provido, para determinar o processamento do recurso de revista, em face de haver sido demonstrada possível afronta ao artigo 93, IX, da Constituição Federal. RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.467/2017. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA CONSTATADA. A persistência de omissão, mesmo após a oposição de oportunos embargos declaratórios com o objetivo de ver definida a moldura fático-jurídica de aspectos relevantes da lide, constitui vício de procedimento que implica nulidade da decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho, quando acarreta prejuízo à parte que a alega (art. 794/CLT). No caso, o exame dos autos revela que a Corte a quo se absteve de analisar as questões atinentes ao cumprimento, pela ré, de obrigação prevista em Convenção Coletiva de Trabalho, de encaminhamento dos empregados dependentes de substâncias psicoativas para tratamento junto aos órgãos e entidades públicas especializadas; ao aspecto de que a ré teria se limitado a oferecer uma única vez suporte ao autor, dependente químico, descartando a assistência na primeira dificuldade; e à efetiva existência nos autos (ou não) de prova de que o autor fora visto comerciando CD’s e DVD’s em frente da Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

(2) fls.2. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. empresa, circunstância na qual se escorou o Juízo Regional para justificar a desídia e a dispensa por justa causa. A ausência de indispensável manifestação do Tribunal Regional acerca de elemento fático, essencial ao deslinde da controvérsia, configura negativa de prestação jurisdicional, a acarretar violação do artigo 93, IX, da CF. Transcendência jurídica constatada. Recurso de revista conhecido e provido.. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-649-71.2015.5.12.0036, em que é Recorrente LUCIANO MIRANDA CHAVES e Recorrido COMPANHIA MELHORAMENTOS DA CAPITAL - COMCAP. Em face do acórdão regional foi interposto recurso de revista, pela parte autora. O Tribunal Regional admitiu parcialmente o processamento do recurso, o que ensejou a interposição de agravo de instrumento, pelo próprio autor. Contraminuta e contrarrazões apresentadas. Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, nos termos do artigo 95, § 2º, II, do Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho. Registrado o bem lançado parecer da Procuradoria Regional do Trabalho (fls. 448-457). É o relatório. VOTO MARCOS PROCESSUAIS E NORMAS GERAIS APLICÁVEIS Considerando que o acórdão regional foi publicado em 13/02/2019, incidem as disposições processuais da Lei nº 13.467/2017. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIMENTO Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

(3) fls.3. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. Conheço do agravo de instrumento, visto que presentes os pressupostos legais de admissibilidade. TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA Nos termos do artigo 896-A da CLT, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 13.467/2017, antes de adentrar o exame dos pressupostos intrínsecos do recurso de revista, é necessário verificar se a causa oferece transcendência. Primeiramente, destaco que o rol de critérios de transcendência previsto no mencionado preceito é taxativo, porém, os indicadores de cada um desses critérios, elencados no § 1º, são meramente exemplificativos. É o que se conclui da expressão "entre outros", utilizada pelo legislador. A parte autora insiste no processamento do seu recurso de revista quanto ao tema: “NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL”. Pois bem. A transcendência jurídica diz respeito à interpretação e aplicação de novas leis ou alterações de lei já existente, e, no entendimento consagrado por esta Turma, também à provável violação de direitos e garantias constitucionais de especial relevância, com a possibilidade de reconhecimento de afronta direta a dispositivo da Lei Maior. É o que se verifica na hipótese dos autos. Assim, admito a transcendência da causa e prossigo no exame do apelo. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL - CONFIGURAÇÃO O ora agravante renova arguição de nulidade do acórdão recorrido, por negativa de prestação jurisdicional a respeito de aspectos fáticos envolvendo a presente ação. Sustenta que o Colegiado Regional deixou de enfrentar questões relevantes, referentes à dispensa por justa causa em razão de desídia do autor, empregado dependente químico que exerce a função de “gari”. Ampara a preliminar em violação dos artigos 93, IX, da Constituição da República, 832 da CLT e 489 do CPC. Observados os requisitos do artigo 896 § 1º-A, I, II, e III, da CLT. Assim se pronunciou o TRT, em grau de recurso ordinário: “RESCISÃO CONTRATUAL Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

(4) fls.4. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. Insurge-se a ré contra a declaração de nulidade da dispensa por justa causa e a determinação de reintegração da parte autora ao emprego, bem como contra a condenação ao pagamento das verbas decorrentes. Alega que não tinha conhecimento da dependência química do Recorrido e que, embora disponibilizasse de acompanhamento por assistente social e de psicólogo, este preferiu não dar início ao tratamento. Sustenta que, as ausências reiteradas ao trabalho caracterizam desídia e abandono do emprego, que permitiram a despedida por justa causa. Examino. Embora não haja dúvidas de que o autor é dependente químico, a prova dos autos demonstra que ele faltou inúmeras vezes ao serviço sem apresentar nenhuma justificativa, sobretudo porque essas faltas nem sequer coincidiram com o comparecimento para atendimento no centro público de reabilitação. Causa espécie, ainda, que em várias dessas faltas o autor tenha sido visto vendendo CDs e DVDs na rua, quase em frente ao estabelecimento da ré, o que significa que não estava incapacitado para atividades laborais em decorrência do uso de substancias tóxicas. Dito isso, embora não desconheça o entendimento predominante no TST, de que o empregado portador de dependência química não pode sofrer despedida por justa causa, entendo que a situação retratada nos autos demonstra que o autor não estava incapacitado de compreender e de se responsabilizar pelos seus atos, razão por que não vejo sentido em penalizar a empresa com a manutenção de empregado que reiteradamente comete desídia, sendo justificada a despedida por justa causa. Observo, por fim, que a ré em nenhum momento deixou o trabalhador à merce da própria sorte, tendo envidado todos os esforços possíveis, inclusive com envio de sua assistente social à residência do autor para prestar-lhe auxílio. Nesses termos, dou provimento para afastar a determinação de reintegração e consectários, julgando improcedente a ação, revertendo ao autor o ônus das custas, de cujo pagamento resta dispensado por estar ao abrigo do benefício da Justiça Gratuita. Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

(5) fls.5. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. Ainda, reverto ao autor o ônus dos honorários periciais, de cujo pagamento resta dispensado por estar ao abrigo do benefício da justiça gratuita, devendo a verba ser satisfeita na forma da Portaria TRT GP 443/13. Por fim, resta afastada a condenação da ré ao pagamento de honorários assistenciais, haja vista que o autor foi a parte sucumbente na demanda. Além disso, nem sequer estavam cumpridos os requisitos da Lei nº 5.584/70.” (fl. 496 – destaquei) Dessa decisão o reclamante opôs embargos declaratórios, nos quais assim sustentou: “Com efeito, esta C. Câmara deu provimento ao Recurso Ordinário da empresa, reconhecendo a existência de desídia por parte do reclamante e a legalidade da demissão por justa causa perpetrada, com base aos seguintes fatos reconhecidos pelo Colegiado como demonstrados: 1) as faltas ao serviço não coincidiram com o comparecimento para atendimento ao centro público de reabilitação, 2) o obreiro foi visto vendendo CD´d e DVD´s na rua, perto do estabelecimento da reclamada, o que afasta a conclusão de sua incapacidade laboral, e 3) a empresa envidou todos os esforços possíveis para prestar auxílio ao demandante, com relação à prestação de assistência frente à sua dependência. Inicialmente, salienta que o pleito exordial embasou-se em três fundamentos: 1) o reclamante não faltou injustificadamente, 2) a empresa não prestou assistência ao obreiro, dependente químico, nos termos da disposição convencional, e 3) o reclamante estava com o contrato de trabalho suspenso na data do aviso prévio. Com relação ao terceiro fundamento para reconhecimento da nulidade da demissão por justa causa não houve qualquer manifestação por parte desta r. Corte Julgadora. Ainda que ao empregador seja permitida a aplicação de penalidade máxima ao empregado em caso de constatação de falta grave a ensejá-la, é certo que tal somente pode se dar na fluência do contrato de trabalho. No curso da suspensão do contrato, como era o caso do reclamante, nada pode inová-lo, muito menos extingui-lo. Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

(6) fls.6. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. O posicionamento consolidado do C. TST se firmou no entendimento de que a dispensa por justa causa durante a suspensão do contrato de trabalho somente produzirá efeitos quando extinto o motivo ensejador da suspensão. (...) Sob outro aspecto, especificamente com relação ao contexto fático delineado por esta E. Turma no acórdão, pontua o demandante que: 1) os documentos juntados com a petição de Id. 49f1e61 demonstram que o reclamante estava em atendimento no CAPS para assistência e acompanhamento em razão da dependência química nos dias 14 e 25 de março de 2015, sendo certo que tais dias foram computados pela empresa como falta injustificada, e 2) inexiste nos autos demonstração de que o reclamante vendia CD´s e DVD´s em frente à empresa, sendo certo que a instrução processual foi encerrada sem a produção de prova testemunhal. Por fim, a perita, em seu laudo, deixa claro que, verbis: (...) No que diz respeito à Empresa, nos autos consta relatório oriundo do Serviço Social formalizando a tentativa de que o Autor iniciasse tratamento, à qual ele não teria respondido, o que é percebido pela Empresa como "desinteresse do Autor em se tratar". Igualmente, consta nos autos observação do Médico do Trabalho de que o Autor somente teria assumido claramente a condição de adicto no momento da demissão. (...) Por outro lado, no que diz respeito à Empresa, tanto a tentativa com resultados infrutíferos do Serviço Social para que o Autor iniciasse um tratamento, assim como, o julgamento de que ele não o teria feito por um "desinteresse", podem estar demonstrando um certo despreparo da Empresa em lidar com questões que implicam uma complexidade que sabidamente transcende à ações e respostas marcadas por uma objetividade que descartaria, a priori, as sabidas dificuldades subjetivas presentes no cerne dos quadros de dependência química. A partir daí, parece cabível a hipótese de que tanto o Autor teria sido negligente quanto aos cuidados referentes Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

(7) fls.7. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. a sua saúde, quanto à Empresa estaria carente de abordagens para a sensibilização dos colaboradores potencialmente com indicação para adesão à Programas Institucionais de Dependência Química. (...) – Id. 5b7646d, pág. 08 Ou seja: a empresa fez uma única tentativa de oferecimento de suporte ao seu empregado adicto, descartando a atenção ao mesmo na primeira dificuldade – o que, nas palavras da expert demonstra despreparo para lidar com referida doença, que demanda ações sistemáticas e em vários níveis -, e não envidando grandes esforços no sentido de cumprir com o que estabelece a Convenção Coletiva da categoria, em sua cláusula 68ª: (...) Nesses termos, ao reconhecer que nenhuma falta coincidia com o comparecimento do reclamante ao centro de reabilitação, que o mesmo vendia CD´s e DVD´s na rua, quase em frente ao estabelecimento da empresa, e que a demandada envidou todos os esforços possíveis para prestar assistência ao obreiro, este Colegiado acabou por incorrer em erro de fato1, pois admitiu fato inexistente. (...) Ainda que esta C. Câmara entenda não ser essencial a análise acerca do que acima aduzido, pugna o obreiro sejam transcritos os elementos de prova invocados – ou de inexistência das mesmas –, para que tais restem expressamente consignados na decisão (de que a empresa registrou como falta mesmo os dias em que o reclamante esteve em atendimento no Centro de Atendimento à Álcool e outras Drogas – CAPS AD, de que a empresa não produziu qualquer prova de que o reclamante vendia CD´s e DVD`s em frente ao estabelecimento, de que somente enviou a assistência social uma única vez para tentar prestar auxílio ao reclamante, tendo desistido na primeira dificuldade, o que configura, segundo a Perita, despreparo da empresa em lidar com questões que implicam uma complexidade que sabidamente transcende à ações e respostas marcadas por uma objetividade que descartaria, a priori, as sabidas dificuldades Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

(8) fls.8. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. subjetivas presentes no cerne dos quadros de dependência química, e de que a CCT da categoria prevê a obrigação do empregador em encaminhar seus empregados dependentes de substâncias psicoativas para tratamento junto aos órgãos e entidades públicas especializadas neste tipo de tratamento).” (fls. 510-12 e 514 – sublinhei) O Juízo Regional rejeitou esses embargos, nestes termos: “Afirma o embargante que o acórdão, ao dar provimento ao recurso da ré para reconhecer a existência de desídia e a legalidade da demissão por justa causa, teria deixado de analisar o terceiro fundamento apontado no pedido inicial, de que o autor estava com o contrato de trabalho suspenso, sendo que no curso da suspensão não pode haver extinção do contrato de trabalho. Faz referência ao entendimento do TST acerca da matéria. Faz referência, ainda, ao fato de que estava em atendimento no CAPS para assistência e acompanhamento em razão da dependência química nos dias 14 e 25 de março e que inexiste nos autos demonstração de que estivera vendendo CDs e DVDs em frente à empresa. Especificamente quanto a este fato, afirma que o julgado incorreu em erro de fato, ao admitir fato inexistente. Sem razão. No tocante à alegada omissão e necessidade de delineamento do quadro fático, observo que o julgador não está obrigado a enfrentar, um a um, todo e qualquer argumento lançado pelas partes, bastando que decida de forma fundamentada para ter-se por observado o requisito do prequestionamento. Trata-se da aplicação do princípio do livre convencimento motivado. Observo que não cabe nova análise de fatos e provas mediante a oposição de embargos declaratórios, sendo que a omissão de que trata o art. 897-A da CLT é aquela que ocorre quando o julgador deixa de analisar algum dos itens objeto de recurso, o que não ocorre na espécie. Observo, ainda, que, ao afirmar que o contrato de trabalho não pode ser rescindido quando suspenso, na verdade o que a Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

(9) fls.9. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. parte objetiva é discutir o mérito da decisão, para o que não se prestam os embargos de declaração. Outrossim, saliento que a eventual ocorrência de erro de fato não constitui hipótese de oposição de embargos de declaração, cujo cabimento é restrito às hipóteses previstas no art. 897-A da CLT. Lembro ao embargante que a eventual má análise da prova, se configurada - alegação de ausência de prova quanto à venda de CDs e DVDs na frente da empresa -, igualmente não carece de correção pela via dos embargos de declaração. Esclareço que acaso a parte entenda que a Câmara não trilhou pelo melhor caminho ao cumprir a função jurisdicional, incumbe-lhe buscar a reforma da decisão pelos meios próprios, não pela estreita via dos embargos declaratórios. Dito isso, entendo que os embargos têm nítido caráter protelatório, razão por que os rejeito e aplico ao embargante a multa prevista no art. 1026, § 2º, do NCPC, condenando-o ao pagamento da multa equivalente a 2% (dois por cento) sobre o valor atualizado da causa, em favor da parte adversa, advertindo-o de que a eventual reiteração da medida implicará na imediata majoração da penalidade ora imposta.” (fls. 516-517). Entendo assistir razão ao agravante. Efetivamente, o exame dos autos revela que a Corte a quo se absteve de analisar as questões atinentes ao cumprimento, pela ré, da obrigação prevista em CCT, de encaminhamento de seus empregados dependentes de substâncias psicoativas para tratamento junto aos órgãos e entidades públicas especializadas; ao aspecto de que a ré teria se limitado a oferecer uma única vez suporte ao autor, dependente químico, descartando a assistência na primeira dificuldade; bem como à efetiva existência nos autos (ou não) de prova de que o autor fora visto comerciando CD’s e DVD’s em frente da empresa. Note-se que a pacífica jurisprudência do TST milita favoravelmente à parte, tanto em relação à impossibilidade da dispensa por justa causa quando suspenso o contrato de trabalho, quanto - e principalmente - à presunção da dispensa discriminatória do trabalhador portador de doença grave ou que cause estigma, como é o caso da dependência química, incontroversa na hipótese vertente. Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

(10) Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. fls.10. Essa mesma jurisprudência, porém, admite afastar tal presunção, desde que demonstrado solidamente nos autos, pelo empregador, que a dispensa do empregado portador de doença grave ocorreu por motivo plausível, razoável e socialmente justificável. A título ilustrativo, trago à colação o precedente a seguir: “AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. [...] DISPENSA DISCRIMINATÓRIA CARACTERIZADA. EMPREGADA PORTADORA DE DOENÇA GRAVE (CÂNCER). CIÊNCIA DA EMPREGADORA. REINTEGRAÇÃO NO EMPREGO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS (R$ 10.000,00). DECISÃO REGIONAL EM CONSONÂNCIA COM A SÚMULA Nº 443 DO TST. Na hipótese, a Corte a quo reformou a sentença em que se julgou improcedente a reclamação trabalhista e, concluindo ter ficado demonstrado que autora foi dispensada, de forma discriminatória, por ser portadora de doença grave (câncer), que causa estigma ou preconceito, determinou a sua reintegração e deferiu o pagamento de indenização por danos morais. Extrai-se do acórdão regional que, à época da dispensa imotivada, ocorrida em maio de 2015, a reclamada tinha conhecimento da patologia da reclamante. Ficou consignado que ‘a documentação adunada aos autos faz prova de que a autora necessitou se afastar do trabalho em razão da doença por 14 dias, sendo que o relatório médico do Id Num. fb58f05 - Pág. 2, está datado de 06/05/2015, ou seja, a apenas dois dias após a despedida imotivada’. Destacou o Regional que ‘a empresa, no mínimo, desde fevereiro de 2015 era sabedora dessa condição, em especial, o departamento de recursos humanos, responsável pelas informações geradas na Ficha Funcional da autora, inclusive, sobre afastamentos e planos de saúde’. De acordo com as premissas fáticas descritas no acórdão recorrido, constata-se que a dispensa imotivada da reclamante é presumidamente discriminatória, na medida em que a empregadora tinha ciência da doença grave que acometia a obreira, não tendo se desincumbido do ônus de comprovar que dispensa não guardou qualquer relação com a enfermidade, como afirmado pelo Regional. Esta Corte superior, por meio da Súmula nº 443, uniformizou o entendimento de que, na hipótese de o Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

(11) Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. fls.11. empregado ser portador de doença grave, como portadores do vírus HIV, câncer, dependência química, etc, ou se o empregado apresenta sinais de doença que suscite estigma ou preconceito, o empregador estará naturalmente impedido de dispensá-lo, à exceção de motivo que justifique a dispensa, sob pena de presumir-se discriminação. A Súmula nº 443 dispõe o seguinte: ‘DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito . Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego’. Desse modo, visando à proteção dos trabalhadores que se encontrem em situações de vulnerabilidade, impõe-se ao empregador uma obrigação negativa, qual seja a comprovação de que a dispensa não possui contorno discriminatório, buscando, assim, assegurar a proteção da dispensa do empregado com dificuldades de reinserção no mercado de trabalho e a concretização do comando constitucional da busca do pleno emprego. Caberia à empregadora provar, de forma robusta, que dispensou a reclamante, portadora de doença grave, por algum motivo plausível, razoável e socialmente justificável, de modo a afastar o caráter discriminatório da rescisão contratual, o que não ocorreu no caso dos autos. Nesse contexto, demonstrada a existência de doença grave da empregada à época da dispensa, a ponto de configurar a presunção de rescisão contratual discriminatória, é perfeitamente aplicável o entendimento consubstanciado na Súmula n° 443 do TST, assegurando-se a reintegração da obreira, bem como o pagamento de indenização por danos morais em decorrência da prática discriminatória violadora da dignidade da trabalhadora. Agravo de instrumento desprovido.” [...] (AIRR-20739-94.2015.5.04.0013, 2ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 27/04/2018 – grifei). No caso, observa-se que o TRT nem sequer citou a obrigação prevista em Convenção Coletiva de Trabalho, mencionada nos embargos declaratórios, Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

(12) fls.12. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. tampouco o aspecto de que a ré teria se limitado a oferecer uma única vez suporte a seu empregado adicto, descartando a assistência na primeira dificuldade – o que foi destacado na prova pericial e na sentença de procedência, e decerto interferiria no delineamento probatório da questão. Identifica-se, ainda, obscuridade no acórdão regional. Não fez consignar se, nos autos, efetivamente há prova – ou não, conforme alegado nos declaratórios – de que o autor fora visto comerciando CD’s e DVD’s em frente da empresa, circunstância na qual se escorou o TRT para justificar a desídia imputada ao reclamante e sua dispensa por justa causa. Portanto, o Tribunal Regional, apesar de instado por meio de embargos declaratórios, tangenciou o exame de premissas fático-probatórias importantes à correta solução da lide, o que impede o exame do tema de mérito nesta instância extraordinária. A persistência das omissões, mesmo com a oposição de oportunos embargos declaratórios objetivando ver definida a moldura fático-jurídica de aspectos relevantes da lide, constitui vício de procedimento que implica nulidade da decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho, por acarretar prejuízo à parte (artigo 794 da CLT), ante a caracterização de negativa de prestação jurisdicional. Nesse passo, verifico possível ofensa ao artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, o que torna plausível a revisão da decisão denegatória. Do exposto, dou provimento ao agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista. RECURSO DE REVISTA Satisfeitos os pressupostos extrínsecos de admissibilidade, passo à análise dos pressupostos recursais intrínsecos. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL - CONFIGURAÇÃO CONHECIMENTO. Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

(13) fls.13. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. Nos termos da fundamentação expendida na decisão do agravo de instrumento, considero que houve afronta ao artigo 93, IX, da CF, razão pela qual conheço. MÉRITO Como consequência lógica do conhecimento do apelo, por afronta ao artigo 93, IX, da Constituição Federal, dou-lhe provimento para anular o acórdão proferido às fls. 516-518, no que tange à apreciação dos embargos de declaração opostos pelo autor. Por conseguinte, determino o retorno dos autos ao Tribunal de origem, a fim que aprecie as questões alusivas ao cumprimento, pela ré, da obrigação prevista em Convenção Coletiva de Trabalho; ao aspecto de que a ré teria se limitado a oferecer uma única vez suporte ao autor, dependente químico, descartando a assistência na primeira dificuldade; e à efetiva existência nos autos (ou não) de prova de que o autor fora visto comerciando CD’s e DVD’s em frente da empresa, na forma da fundamentação, como entender de direito. Fica prejudicada a análise das demais matérias constantes do agravo, bem como do recurso de revista.. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, dar provimento ao agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista. Também à unanimidade, conhecer do recurso de revista, apenas quanto ao tema “NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL”, por violação do artigo 93, IX, da Constituição Federal, e, no mérito, dar-lhe provimento para anular o acórdão proferido às fls. 516-518, no que tange à apreciação dos embargos de declaração opostos pelo autor. Por consequência, determinar o retorno dos autos ao Tribunal de origem, a fim que aprecie as questões alusivas ao cumprimento, pela ré, da obrigação prevista em Convenção Coletiva de Trabalho; ao aspecto de que a ré teria se limitado a oferecer uma única vez suporte ao autor, dependente químico, descartando a assistência na primeira dificuldade; bem como à efetiva existência nos autos (ou não) de prova de que o autor fora visto comerciando CD’s e DVD’s em frente da empresa, na forma da fundamentação, como entender de direito. Fica prejudicada a análise das demais matérias constantes do agravo, bem como do recurso de revista. Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

(14) fls.14. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. Brasília, 25 de agosto de 2021.. Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001). CLÁUDIO BRANDÃO Ministro Relator. Firmado por assinatura digital em 27/08/2021 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100445594009B65824.. PROCESSO Nº TST-RR - 649-71.2015.5.12.0036.

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