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Fotografando o momento: Henri Cartier-Bresson e Robert Doisneau

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Academic year: 2021

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Fotografando o momento: Henri Cartier-Bresson e

Robert Doisneau

Texto: Caroline Lima dos Santos – aluna do módulo 1 – Focus Escola de

Fotografia

Robert Doisneau tentando roubar a Leica de Cartier Bresson. @ Fotografia de Martine Franck (Agência Magnum), 1986.

Henry Cartier-Bresson começou como professor de fotografia de Robert Doisneau, logo se tornaram dois amigos inseparáveis, foram dois dos maiores fotógrafos de rua em toda a história da fotografia, sendo considerados os pioneiros do que hoje conhecemos como “fotojornalismo” ambos foram fotógrafos humanistas. os dois captavam em preto e branco o movimento dos personagens.

Contemporâneos

Henri Cartier-Bresson era muito mais do que um fotógrafo, era um caçador de Momentos Decisivos, termo que ele utilizou para titular um de seus inúmeros livros. E é exatamente essa filosofia que temos que buscar quando estivermos fotografando. Um número enorme de fotos perde a função visto que apenas uma ou duas poderiam transmitir a mensagem completa.

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Henri Cartier-Bresson era um artista inato. Pensava como artista vivia como artista. Genuíno em tudo o que fazia e em tudo o que diz. Descomplicado para falar, para fotografar, para pintar e para viver.

Influencia e humor

A influencia que Bresson teve na vida de Doisneau foi o que determinou sua marca registrada: Fotografar a vida enquanto ela acontecia na transformação física e social de Paris.

Robert Doisneau respeitava a soberania do contemporâneo Henri-Cartier Bresson no campo da fotografia de rua.

Robert Doisneau acreditava que para ser um bom observador, deve-se tirar a câmera da frente do rosto, para poder realmente ver ao redor, e observar as histórias na medida em que elas acontecem à nossa frente.

Doisneau escorregava a câmera portátil pelo bolso de um casaco. Era preciso ocultar a máquina para que o personagem se distraísse da presença do observador. A imagem deveria surgir natural, sem insinuar a pose do fotografado. Suas imagens vêm acompanhadas de títulos e acrescidas de informações bem-humoradas sobre sua produção. Muitas vezes, como se quisesse chocar o amigo Bresson.

Ele foi também um humorista por necessidade poética, já que humor e poesia andavam juntos, Doisneau costumava dizer que a vida não era alegre e, justamente por esse motivo, o humor surge como uma espécie de refúgio "no qual a emoção que sentimos é aprisionada".

Para Doisneau a calçada valia mais do que o interior de um prédio.

O senso ético de Doisneau é outro aspecto de sua personalidade difícil de ignorar. Em maio de 1936, quando foi eleita a Frente Popular, que levou à criação de um governo de esquerda liderado por Léon Blum, Doisneau recusou-se a fotografar os operários da greve para protegê-los de possíveis represálias dos patrões. Esse é o lado menos conhecido de sua história.

Estilo/Composição

Contemporâneos, Bresson e Doisneau tinham um “timing” perfeito para prever o momento exato para um clique. Documentaram e retrataram a realidade de uma mesma cidade, Paris, e souberam se colocar para captar imagens inesquecíveis; arte em sua definição mais plena. Apesar de terem um estilo parecido, uma das diferenças fundamentais entre os amigos fotógrafos está no olhar quase humorístico das fotos de Doisneau. Apesar da maestria impecável de seu trabalho, seus retratos carregam algo de leve e despretensioso, Robert Doisneau, por sua vez, concentrava-se mais nos detalhes, devido, provavelmente, à sua formação como litógrafo. Para este, o enquadramento desempenhava um papel certamente secundário. Ele estava muito mais interessado em dar a cena um caráter espontâneo, com formas não escolhidas, deixando a escolha aleatória à composição. Seu estilo é, sobretudo, divertido. Suas imagens são leves, sem julgamentos, sendo, na sua grande maioria, momentos pessoais de pessoas comuns. Suas fotografias proporcionam o sentido real daquilo que é fotografado, isto é, Doisneau não se impunha sobre os assuntos por ele fotografados.

Enquanto Cartier-Bresson tinha um rigor relacionado a pintura para retratar o mais cotidiano dos eventos, muito em parte devido ao seu interesse enorme em pintura, o que o levava a utilizar vários elementos de composição e equilíbrio desta arte em seu trabalho como fotógrafo.

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Para Bresson uma composição com geometria como base era a condição absoluta para uma fotografia bem-sucedida. Tinha que haver uma relação entre as formas caso contrário a fotografia em si parecia "não harmoniosa".

Olhando para os seus enquadramentos, podemos observar a procura por cumprir as leis da proporção áurea, que ele havia aprendido a utilizar durante seu treinamento na academia Lhote. Para montar essa imagem, primeiro é necessário localizar um fundo da qual o arranjo de formas agrada o fotógrafo. Depois disso, espere até o movimento na forma de crianças, cães, mulheres, etc. encontrar seu lugar nesta composição. Tudo o que você precisa fazer é pressionar o botão do obturador ou como Bresson descreve: "o olho esculpe o assunto e a câmera tem que fazer seu trabalho de imprimir no filme a decisão do olho.”.

A importância que Bresson atribuiu ao enquadramento de suas fotos pode ser vista na intensidade com que ele lutou ao longo de sua vida para que suas fotos não fossem editadas. Ele não queria que a foto perdesse toda a informação que nela continha, por causa do enquadramento. Para evitar que suas fotos fossem cortadas, ele fez um selo e fixou na parte de trás de suas fotos escrito” não recorte”. Esta medida não alcançou o objetivo desejado, Bresson então decidiu, no início da década de sessenta, cercar suas fotos com uma caixa preta, que, sendo visível, garantia a autenticidade de suas fotos.

Para Bresson, a fotografia e o desenho estão muitos próximos. Enquanto o desenho é meditação, a foto é um tiro. No desenho podemos ficar bastante tempo ou refazê-lo se preciso for, porém na foto corremos contra o tempo, sem a certeza de que ficará bom.

Leica

A Câmera utilizada por Bresson foi de extrema importância para captar os momentos decisivos de suas fotos, A câmera de marca alemã era pequena, permitindo com que o fotógrafo se tornasse invisível nas ruas em que fotografava, um modelo Leica 35mm. Utilizava um lenço em suas mãos para esconder sua câmera, Bresson criou uma identidade em seu processo fotográfico que ainda possui reconhecimento entre seus admiradores. Já Doisneau iniciou seu trabalho como fotógrafo com a câmera Rolleiflex. Bem depois ele também mudou para a marca Leica, a exemplo de Bresson.

Durante uma entrevista, Bresson expressou o carinho que sentia por sua câmera da seguinte maneira: "A Leica é para mim um livro de desenhos, um sofá de psicanalista, uma metralhadora, um grande beijo quente, eletroímã, uma memória, um espelho da memória.

Amizade

Para Doisneau, Bresson era de certa forma seu ídolo, admirava o que podia fazer com a Leica. A amizade deles era realmente verdadeira, nunca com inveja um do outro, com um estilo tão semelhante e diferente ao mesmo tempo. A sua forte amizade também apareceu no dia do funeral de Doisneau em abril de 1994. "Nós não teremos mais o riso sensível, nem o humor penetrante e profundo" disse Cartier-Bresson antes de jogar na sepultura de seu amigo uma metade de maçã e, em seguida, comer a outra, mostrando com este gesto a profunda irmandade entre ele e seu amigo Doisneau.

Um jornal Belga "La Libre Belgique" encontrou a palavra certa para descrever a tragédia da morte de Cartier-Bresson alguns anos depois em agosto de 2004: "O olho do século fechou", dizia no titulo do jornal.

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“Não tiro fotos da vida como ela é, mas sim de como queria que ela fosse.” Robert Doisneau (1912-1994)

“Fotografar, é colocar na mesma linha de mira, a cabeça, o olho e o coração”. Henri Cartier-Bresson. (1908 - 2004)

As fotos destes dois fotógrafos permaneceram imortais.

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Referencias Bibliográficas

http://atraves.tv/da-vida-para-as-paredes-de-uma-galeria/ http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,doisneau-um-olhar-terno-para-o-mundo,527121 https://www.cartacapital.com.br/cultura/alegres-barricadas http://dasartes.com.br/materias/simplesmente-doisneau-a-vida-como-ela-e/ https://la-magie-des-photos.jimdo.com/bresson-doisneau/ https://blogcasadaphotographia.wordpress.com/galeria-2/mestres-da-fotografia/estrangeiros/henri-cartier-bresson/ http://byuinparis.blogspot.com.br/2009/11/cartier-bresson-and-doisneau.html https://blogcasadaphotographia.wordpress.com/galeria-2/mestres-da-fotografia/estrangeiros/robert-doisneau/ http://www.thingsiliketoday.com/foto-piu-belle-di-robert-doisneau/

Referências

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