• Nenhum resultado encontrado

Efeito da Vitamina A no Desempenho Reprodutivo de Porcas 1. Reproductive Performance of Sows Injected with Vitamin A

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Efeito da Vitamina A no Desempenho Reprodutivo de Porcas 1. Reproductive Performance of Sows Injected with Vitamin A"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Efeito da Vitamina A no Desempenho Reprodutivo de Porcas

1

Paulo Roberto S. da Silveira2, Luiz Carlos O. Fernandes3, José C. de Moraes Filho4, Waldomiro Barioni Júnior5

RESUMO - O efeito da vitamina A (450.000 UI de palmitato de retinol) injetada no dia do desmame (T2) ou na cobrição (T3), sobre o desempenho reprodutivo de 1030 porcas pluríparas, em comparação com porcas injetadas com veículo oleoso (T1), foi estudado. A quantidade de leitões nascidos vivos no parto subseqüente foi 10,74 ± 0,14; 10,67 ± 0,14; e 10,32 ± 0,14, respectivamente, para o grupo de porcas tratadas no desmame, na cobrição e no grupo controle. Diferenças entre os tratamentos com vitamina A (T2 + T3) versus grupo controle (T1) foram observadas por meio da análise de contrastes, para quantidade de leitões nascidos vivos, nascidos totais e peso da leitegada. Não houve diferença entre as médias dos tratamentos na quantidade de natimortos. O aumento da quantidade de leitões nascidos foi atribuído à redução na freqüência de leitegadas com quantidade excessivamente baixa de leitões, o que pode estar relacionado a possível efeito do retinol sobre os níveis endógenos de progesterona nas porcas.

Palavras-chave: reprodução, retinol, suínos, vitamina A

Reproductive Performance of Sows Injected with Vitamin A

ABSTRACT - The effect of vitamin A (450,000 IU, retinol palmitate) injected at weaning (T2) or mating (T3) on the reproductive performance of 1030 multiparous sows was studied in comparison to sow injected with a oil vehicle (T1). The number of piglets born alive at the subsequent parturition was 10.74±.14, 10.67±.14 and 10.32±.14, for sows injected at weaning, mating or control group, respectively. Differences among vitamin A treatments (T2 + T3) versus control group (Tl) were observed, through the contrast analysis, for the amount of piglets born alive, total born and litter weight. There were no differences among treatments for the amount of stillborn. The increase on the amount of piglets born alive was attributed to the reduction on the frequency of litters with small amount of piglets. This fact might be related to a possible retinol effect upon endogenous progesterone levels of the sow.

Key Words: reproduction, retinol, swine, vitamin A Introdução

Um importante aspecto da produtividade geral da porca é freqüentemente avaliado pelo número de leitões produzidos por porca/ano. A taxa de fertiliza-ção sob condições normais é quase 100% (PERRY e ROWLANDS, 1962), e a prolificidade é determinada principalmente pelo número de ovulações e pela mortalidade pré-natal. Embora a seleção para a taxa de ovulação tenha obtido sucesso, o efeito sobre o tamanho da leitegada tem sido desanimador (JOHNSON et al., 1984). Dentro de uma raça, a mortalidade pré-natal é 1,7 vezes tão ou mais impor-tante quanto a taxa ovulatória na determinação do tamanho da leitegada ao nascimento em leitoas normais (LEYMASTER et al., 1986).

Foi relatado, a partir da década de 80, aumento no tamanho da leitegada em porcas injetadas com

vita-mina A e/ou Beta-caroteno, mas não houve efeito com a suplementação na ração (BRIEF e CHEW, 1985; COFFEY e BRITT, 1993; e COFFEY et al., 1990), provavelmente pela ação do fígado como grande armazenador de retinol (BLOMHOFF et al., 1990). HARDY e FRAPE (1982), revisando resulta-dos do Leste Europeu, sugeriram aumentos no núme-ro e no peso dos fetos em leitoas aos 60 dias de gestação e incremento no tamanho da leitegada ao nascimento em porcas, decorrentes do uso parenteral de vitamina A em altas doses no momento da cobrição. Doses biologicamente equivalentes de β-caroteno (200 mg) e vitamina A (50.000 UI) foram compara-das, tendo sido injetadas no desmame, na cobrição e sete dias após a cobrição (COFFEY e BRITT, 1993). As duas formas químicas injetadas aumentaram (P<0,10) o número de leitões nascidos vivos em relação ao grupo de porcas controle (10,6; 10,6; e

1Parte da Dissertação de Doutorado em Zootecnia, apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, pelo primeiro autor. 2Méd. Vet., M.Sc., EMBRAPA-Suínos e Aves, C.P. 21, CEP 89700-000, Concórdia,SC.

3Prof. UFRS, Fac. de Agronomia, Depto. de Zootecnia, Porto Alegre, RS. 4Eng. Agr., Sadia Concórdia S.A. Ind. e Com., Concórdia, SC.

(2)

744

10,0) e a vitamina A reduziu também o número de natimortos. Evidências indicaram que o β-caroteno isoladamente, ou em combinação com a vitamina A, pode aumentar o tamanho da leitegada pela redução da mortalidade embrionária (BRIEF e CHEW, 1985), desde que injetado.

O presente experimento foi realizado para verificar o efeito da injeção de palmitato de retinol, no desmame ou na cobrição, sobre a leitegada subseqüente de porcas pluríparas das raças Landrace e Large White.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido em diferentes me-ses, no período de 1993 a 1995, em uma granja de produção de suínos da Sadia Concórdia S.A., desti-nada à produção de fêmeas cruzadas (F1) a partir das raças Landrace e Large White.

Manejo dos animais

Foram utilizadas 24 porcas pluríparas (entre 2 a 8 parições anteriores) a cada semana, totalizando 1.030 no período experimental. As fêmeas recém desma-madas, após período de lactação de 28 dias, foram recolhidas ao local de pré-cobrição e distribuídas aleatoriamente nos tratamentos. Fêmeas que não retornaram ao cio até o 8o dia pós-desmame foram descartadas do experimento. Uma ração à base de milho e farelo de soja, contendo 13% PB, 0,6% lisina e 3.500 kcal EM/kg, fornecida na quantidade de 2 kg/ dia e formulada segundo as recomendações do NRC (1988), foi fornecida na base de 2 kg/matriz/dia em duas refeições, desde o dia da cobrição. Após os 90 dias de gestação, as porcas receberam 3 kg/ração/ dia e no período pré-cobrição foram oferecidos 6 kg/ ração/dia em três refeições.

No segundo dia pós-desmame, iniciou-se o proce-dimento em dois turnos diários (manhã e tarde), para detecção do estro por intermédio do teste da pressão lombar, auxiliado pela passagem de um macho adulto em frente e atrás das fêmeas que estavam alojadas em gaiolas individuais. Para serem cobertas, as por-cas foram levadas à baia do cachaço. Foram reali-zadas duas cobrições acompanhadas em cada porca, sendo uma no momento da primeira aceitação do macho e a outra 24 horas após.

Após a cobrição, as porcas foram mantidas por quatro semanas em gaiolas individuais e, então, alojadas em baias coletivas até a parição. Os animais que repetiram o cio ou apresentaram outros sinais de falha de gestação foram descartados do experimento. As porcas foram pesadas ao desmame, no início do experimento, na cobrição e na chegada à maternidade para a parição.

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, tendo como parcela

expe-rimental a porca, com observações realizadas do desmame até o parto.

Três tratamentos foram comparados, sendo que ao desmame as fêmeas eram sorteadas aleatoria-mente para um dos tratamentos em estudo:

Tratamento 1 - injeção intramuscular do veículo oleoso apenas, na dose de 1,5 mL no dia do desmame. Tratamento 2 - injeção intramuscular de 450.000 UI de palmitato de retinol na dose de 1,5 mL somente no dia do desmame.

Tratamento 3 - injeção intramuscular de 450.000 UI de palmitato de retinol no dia da cobrição.

Para análise dos dados, o delineamento inteira-mente casualizado, constituído por três tratamentos (T1, T2 e T3), ficou caracterizado pelo modelo:

Yij = µ + ti + εij Yij= a variável dependente; µ = a média geral;

ti = o efeito do i-ésimo tratamento; e

εij = erro supostamente normal, identicamente distribuído - NID (0, σ2).

Os dados foram submetidos à análise de variância pelo método dos quadrados mínimos, por meio do procedimento General Linear Models (GLM) do Statistical Analysis System (SAS, 1990). No modelo para análise de todas as variáveis respostas, utiliza-ram-se o mês de desmame e a raça como covariáveis. Além destas, outras covariáveis foram consideradas, dependendo da variável analisada, como peso da porca no parto, peso na cobrição, peso no desmame e número de leitões no desmame anterior.

As médias ajustadas de tratamento foram com-paradas duas a duas por intermédio do teste F, mas protegido pela significância (P<0,01) da fonte de variação devido a tratamentos. Foram testados tam-bém os contrastes T1 vs. (T2 + T3).

Complementarmente, para as variáveis nascidos totais e nascidos vivos, procedeu-se à categorização em três classes de tamanho de leitegada (≤7; 8-13; ≥14 leitões). A análise geral foi realizada por intermédio de χ2, realizando-se, a seguir, o procedimento de Modelo de Dados Categorizados (CATMOD - SAS), com o objetivo de estudar o comportamento da distribuição dos tratamentos em relação às três classes de tamanho de leitegada. Na segunda análise, levaram-se em conside-ração apenas as classes dos extremos (≤7 e ≥14 leitões). Para análise do CATMOD, utilizou o seguinte modelo:

Yij = µ + ti + εij em que

Yij= variável dependente (classe de tamanho de leitegada);

µ = média;

ti = o efeito de tratamento; e εij = erro experimental.

(3)

As variáveis de desempenho foram taxa de retor-no ao cio pós-cobrição, taxa de parição, intervalo desmama-cio, número de nascidos totais, nascidos vivos, natimortos e peso total da leitegada.

Resultados e Discussão

A comparação entre tratamentos foi realizada em função das respostas de número de leitões nascidos totais, nascidos vivos, natimortos e peso da leitegada, cujas médias ajustadas são apresentadas na Tabela 1.

O fornecimento de vitamina A injetável influen-ciou positivamente o número de leitões nascidos totais, que aumentou (P<0,06) em relação ao grupo controle, embora não tenha se alterado, em razão da sua época de aplicação, desmama ou cobrição das porcas. A análise da distribuição das três classes de tamanho (χ2) das leitegadas mostrou que a distribui-ção de nascidos totais por leitegada teve probabilida-de P≤0,10, quando esta distribuição envolveu as três classes de leitegadas (Tabela 2). Adicionalmente, em

uma análise específica para as classes dos extremos (≤7 e ≥14 leitões), em termos de tamanho de leitegadas (Tabela 3), observou-se que os dois tratamentos com vitamina A (T2 e T3) diferiram do grupo controle (P≤0,09), contribuindo para maiores freqüências na classe de leitegadas supra-numerárias (≥14 leitões), com 33,63 e 37,67% vs. 28,70%, e menores freqüên-cias na classe de leitegadas infra-numerárias (≤7 leitões), com 27,0 e 32,0% vs. 41,0%, respectivamen-te. Os contrastes entre as distribuições diferiram (P≤0,03) nos tratamentos com vitamina (T2 + T3) vs. controle (T1).

A análise de contrastes revelou que o número de leitões nascidos vivos (Tabela 1) foi aumentado (P<0,03) pela injeção de vitamina A (T2 + T3), sendo o incremento de 0,42 e 0,35 leitão realizado no desmame e na cobrição, respectivamente. O estudo da distribuição das leitegadas, em três classes de tamanho (Tabela 2, Figura 1), não revelou diferenças significativas (P≥0,10). No entanto, quando se anali-saram somente duas classes (≤7 e ≥14 leitões), a

Tabela 2 - Freqüências do tamanho de leitegada de porcas multíparas nos diferentes tratamentos*

Table 2 - Frequencies of litter sizes of multiparous sows in the different treatments1

Tratamento Nascidos totais Nascidos vivos

Treatment Total born Born alive

≤ 7 8 - 13 ≥ 14 ≤ 7 8 - 13 ≥ 14 No de leitegadas Vit A desmame (%) 7,52 71,59 20,89 9,75 75,77 14,48 359 Weaning Vit.A cobrição (%) 9,50 65,58 24,93 12,76 72,11 15,13 337 Mating Controle (%) 12,28 68,56 19,16 14,07 75,15 10,78 334 Control

1A probabilidade do x2 para classe de leitegada vs. tratamento foi P<0,10 (nascidos totais) e P>0,10 (nascidos vivos).

1 The probability of x2 for litter class vs. treatment was P<.10 (total born) and P>.10 (born alive).

Tabela 1 - Efeito da vitamina A1 injetável no desempenho reprodutivo de porcas2

Table 1 - Effect of vitamin A1 injection on reproductive performance of sows

Tratamento3

Treatment

Item Vit. A desmame Vit. A cobrição Controle

Weaning Mating Control

No de leitões nascidos totais/leitegada 11,35 ± 0,15a 11,39 ± 0,15a 11,01 ± 0,15b

Total of piglets born/litter

No nascidos vivos/leitegada 10,74 ± 0,14A 10,67 ± 0,14A 10,32 ± 0,14B

Born alive/litter

No de natimortos/leitegada 0,61 ± 0,05a 0,71 ± 0,05a 0,69 ± 0,05a

Stillborn/litter

Peso da leitegada ao nacer, kg 17,59 ± 0,22A 17,54 ± 0,23A 16,91 ± 0,23B

Litter weight

1Injeção i.m. de 450.000 UI de palmitato de retinol ao desmame ou na cobrição. 2Porcas multíparas entre 2 e 8 partos.

3Médias ± E.P. ajustadas pelos quadrados mínimos, com diferentes subscritos na linha, são diferentes: a,b (P<0,06); A,B (P<0,05).

1i.m.injection of 450.000 IU at weaning or at mating. 2Multiparous sows with 2 to 8 farrowings.

(4)

746

distribuição do tratamento de vitamina A (Tabela 3) diferiu do grupo controle (P≤0,09). Os contrastes entre estas distribuições diferiram (P≤0,04) nos tratamentos com vitamina (T2 + T3) vs. grupo controle (T1).

O número de natimortos não foi influenciado pelos tratamentos.

O peso médio das leitegadas ao nascimento (Tabela 1) das porcas que receberam vitamina A, provavelmente em razão do maior número de leitões nascidos totais, foi maior (P<0,02) em relação ao grupo controle.

O intervalo desmame-cio não foi diferente entre o grupo controle (4,47 ± 0,04) e os demais tratamen-tos, apresentando média geral de 4,45 dias. Não obstante, este intervalo foi diferente (P<0,07) para o tratamento com vitamina A no desmame (4,38 ± 0,04) e na cobrição (4,52 ± 0,04).

As taxas de retorno ao cio pós-cobrição, 7,76 (T1); 7,46 (T2); e 9,23 (T3), e a taxa da parição, 88,80 (T1); 89,39 (T2); e 86,40 (T3), não diferiram entre os tratamentos. Os resultados dos efeitos da vitamina A sobre número médio de leitões nascidos vivos e peso total médio da leitegada (Tabela 1), observados neste trabalho, concordam com os relatados por BRIEF e CHEW (1985) e COFFEY e BRITT (1993). Entre-tanto, o efeito da vitamina A sobre o número de natimortos é discordante dos resultados de COFFEY e BRITT (1993). Como esses autores verificaram que o número de natimortos tendeu a ser elevado (1,4), é possível que, sob as circunstâncias de natimortalidade já naturalmente baixa (0,67), como apresentado no presente trabalho, a suplementação com vitamina A injetável não traga benefícios sobre esse parâmetro. <7 8~13 >14 0 10 20 30 40 50 60 70 80 <7 8~13 >14 Controle Vit.A desmame Vit.A cobrição % de leitegada % of litter <7 8~13 >14 0 10 20 30 40 50 60 70 80 <7 8~13 >14 Controle Vit.A desmame Vit.A cobrição % de leitegada % of litter

Figura 1 - Efeito da injeção da vitamina A ao desmame ou na cobrição sobre a distribuição do tamanho das leitegadas para nascidos totais (A) e nascidos vivos (B).

Figure 1 - Effect of vitamin A injections at weaning and at mating on the distribuition of litter sizes for total (A) and born alive piglets (B).

Tabela 3 - Freqüência dos tratamentos* em classes de tamanho de leitegada

Table 3 - Frequency of treatments in litter size class1

Tamanho da leitegada Tratamento

Litter size Treatment

Nascidos totais Nascidos vivos

Total born Born live

Vit. Desm. Vit. Cobr. Controle Vit. Desm. Vit. Cobr. Controle

Weaning Mating Control Weaning Mating Control

≤ 7 leitões (%) 27,00(27) 32,00(32) 41,00(41) 28,00(35) 34,40(43) 37,60(47) (no de leitegadas)

≥ 14 leitões (%) 33,63(75) 37,67(84) 28,70(64) 37,41(52) 36,69(51) 25,90(36) (no de leitegadas)

1As classes de tamanho de leitegada sofreram influência de tratamentos (x2 = 4,74; P<0,09) (nascidos totais) e (χ2 = 4,69; P<0,09) (nascidos vivos).

The classes of litter size were influenced by treatment (x2 = 4.74; P<.09) (total born) e (χ2 = 4.69; P<.09) (born alive).

Significância do contraste entre distribuições (T2 + T3) x T1 (P< 0,04) (Contrast significance among frequency (T2 + T3) x T1 (P<.04)).

Nascidos vivos Born alive Nascidos vivos Born alive B A

(5)

COFFEY e BRITT (1993) sugeriram que doses acima de 50.000 UI de vitamina A ou múltiplas injeções possam ser necessárias para maximizar a resposta quanto ao número de leitões nascidos. No entanto, apesar da dose de vitamina A utilizada neste trabalho (450.000 UI) ter sido nove vezes maior que a avaliada por esses autores (50.000 UI), o incremen-to observado no número de leitões nascidos vivos foi menor (0,42 e 0,35 versus 0,60). Dados de GABRIELLI et al. (1995) não evidenciaram efeito da aplicação de vitamina A sobre tamanho de leitegadas de porcas híbridas de alto padrão genético. Isto pode significar que, em certos grupos de animais, de alta prolificidade, sob condições de perda embrionária já naturalmente baixas, os efeitos da vitamina A não se manifestam, independentemente da dose utilizada.

Com relação à época de aplicação da vitamina A, não se verificou efeito (P>0,06) dos tratamentos sobre o número de leitões nascidos vivos, evidencian-do que se pode utilizar qualquer um evidencian-dos momentos estudados para aplicação da vitamina A nos animais. Entretanto, dados pessoais ainda não publicados, re-lativos à variação das concentrações séricas de vita-mina no 11o dia pós-início do estro, indicam que esta resposta é diferenciada e que a injeção no dia do desmame não mantém as mesmas concentrações elevadas de vitamina A obtidas com a injeção na cobrição. Este resultado favorece a idéia de que a ação do retinol poderia se efetivar a partir de me-canismos que estariam atuando bem antes do mo-mento da elongação dos embriões, talvez já no perí-odo peri-ovulatório. A propósito, a vitamina A injeta-da antes do estro melhorou a uniformiinjeta-dade na distri-buição do estádio meiótico dos oócitos e embriões em leitoas (WHALEY et al., 1994). Coincidentemente foi demonstrado que o tratamento com vitamina A melhorou a qualidade de embriões bovinos aos sete dias em vacas superovuladas (SHAW et al., 1994).

Considerando os resultados de BRIEF e CHEW (1985), não parece ser por meio do aumento na taxa ovulatória que a vitamina A influencia positivamente o tamanho da leitegada, e sim por melhoria na sobre-vivência dos embriões. A redução no intervalo des-mama-cio observada nas porcas que receberam vita-mina A no desmame pode estar relacionada ao maior tempo, para uma ação da vitamina A nos folículos agilizando e sincronizando seu desenvolvimento e a capacidade de secreção de esteróides, de acordo com evidências já relatadas (BAGAVANDOSS e MIDGLEY, 1987; WHALEY et al., 1994).

COFFEY e BRITT (1993), trabalhando com porcas

tratadas com β-caroteno ou vitamina A, verificaram que o aumento no número de leitões nascidos vivos foi atribuído à redução no número de leitegadas com sete ou menos leitões e ao aumento no número de leitegadas com 14 ou mais leitões nascidos. No presente experi-mento ocorreu o mesmo fenômeno, observando-se re-dução (P<0,10) da freqüência de leitegadas com sete ou menos leitões, comparativamente ao grupo controle (Tabela 2; Figura 1). Nessas fêmeas, assumindo-se a menor freqüência de problemas com fertilização (PERRY e ROWLANDS, 1962), é provável que tenham ocorrido perdas embrionárias importantes.

Com base em resultados de trabalhos in vitro, conduzidos por TALAVERA e CHEW (1988) com cultura de tecido luteal de suínos e BAGAVAWDOSS e MIDGLEY (1987) com ratos, em que ficou evidenci-ado que os retinóides se ligam às celulas da granulosa e aumentam a secreção de progesterona, pode-se relaci-onar os efeitos positivos da vitamina A sobre o número de leitões nascidos totais com o seu possível efeito no aumento da produção e secreção de progesterona.

DAY et al. (1963) e ASHWORTH (1991) suge-riram a possibilidade de deficiência endógena de progesterona em porcas, por meio de redução da proporção de fêmeas com perdas embrionárias ele-vadas, obtida com a suplementação de progesterona exógena. Consistentemente, PHARAZYN et al. (1991) observaram que a sobrevivência embrionária estava relacionada à maior concentração de progesterona plasmática no 3o dia da gestação.

A freqüência de leitegadas supranumerárias (≥14 leitões) também foi aumentada pelo tratamento com vitamina A (P<0,10) em relação ao grupo controle (Tabelas 2 e 3). É de se esperar que a suplementação de vitamina A ou β-caroteno acima das exigências dietéticas no início da prenhez, de modo injetável, garantindo maiores níveis circulatórios (COFFEY e BRITT, 1993) e, ou, maior armazenagem em outros tecidos além do hepático (COFFEY et. al., 1990), também possa influir na freqüência dessas leitegadas de grande tamanho. Especialmente nas grandes leitegadas, o suplemento injetável poderia evitar competição entre embriões pela vitamina A, já que sua demanda é elevada durante a fase de elongação dos embriões entre o 11o e 16o dia de prenhez (ROBERTS et al., 1993). TROUT et al. (1991) verificou a possibilidade da vitamina A injetável auxiliar no decréscimo do grau de assincronia entre irmãos de leitegada, permitindo maior sobrevivência a termo, de acordo com as teorias sobre diversidade embrionária (POPE et al., 1990).

Do ponto de vista fisiológico, tem surgido uma série de evidências que ressaltam a importância do

(6)

748

suprimento de vitamina A para o concepto suíno, especialmente após o 10o dia de prenhez. Estas eviden-cias são representadas pela produção da proteína ligadora de retinol (RBP) pelo útero (CLAWITER et al., 1990) e pelo embrião (TROUT et al., 1991), concomitante ao grande aumento de vitamina A verificado no fluido uterino (ROBERTS et al., 1993).

Os dados de COFFEY e BRITT (1993), BRIEF e CHEW (1985) e os deste experimento favorecem a idéia de que a utilização de vitamina A injetável, pela rápida elevação das concentrações plasmáticas da vitamina, desde a fase pré-ovulatória até a fase crítica (9o a 14o dia) do início da embriogênese no suíno, melhora a sobrevivência embrionária.

THOMPSON (1994) sugeriu que o fornecimento de vitamina A na forma injetável é mais efetiva que a suplementação na dieta, porque no primeiro caso a vitamina não é armazenada e depois liberada pelo fígado, mas pode ser diretamente captada pelas células uterinas, ovarianas e embrionárias, onde pro-vavelmente sua ação ocorre. Após a injeção i. m. de 200 mg de Beta-caroteno, foi relatado o seu aumento no plasma, no fígado e nos ovários oito dias pós-tratamento (COFFEY et al., 1990). De acordo com BLOMHOFF et al. (1990), acredita-se que a vitamina A e o β-caroteno possam ficar acumulados no corpo lúteo, pois ambos são substâncias lipo-solúveis e o corpo lúteo é abundantemente preenchido por gotas lipídicas.

Conclusões

O fornecimento de vitamina A injetável, indepen-dente da época de aplicação avaliada, melhorou o desempenho reprodutivo das porcas aumentando o número de leitões nascidos totais e vivos e, conse-qüentemente, o peso da leitegada ao nascer.

Referências Bibliográficas

ASHWORTH, C.J. Effect of pre-mating nutritional status and pos-mating progesterone supplementation on early pregnancy in Large White gilts. Anim. Reprod. Sci., v.26, p.311-321, 1991. BAGAVANDOSS, P., MIDGLEY. A.R. Lack of difference

between retinoic acid and retinol in stimulating progesterone production by luteinizing granulosa cells in vitro.

E n d o c r i n o l o g y, v.121, n.1, p.420-428, 1987.

BLOMHOFF, R., GREEN, M.H., BERG, T. et al. Transport and storage of vitamin A. S c i e n c e, v.250, p.399-404, 1990. BRIEF, S., CHEW, B.P. Effects of vitamin A and b-carotene on

reproductive performance in gilts. J. Anim. Sci., v.60, n.4, p.998-1004, 1985.

CLAWITTER, J., TROUT, W.E., BURKE, M.G. et al. A novel family of progesterone-induced retinol-binding proteins from uterine secretions of the pig. J. Biol. Chem., v.265, p.3248-3255, 1990.

COFFEY, M.T., BRITT, J.H. Enhancement of sow reproductive performance by b-carotene or Vitamin A. J. Anim. Sci., v.71, p.1198-1202, 1993.

COFFEY, M.T., HERMAN, D.L., BRITT, J.H., BOWIE, C.A.

Plasma and tissue response of gestating sow to injection or oral suplementation of beta-carotene (BC) FASEB J., Bethesda, v.4, p.A 384, 1990. Resumo.

DAY, B.N., ROMACK, F.E., LASLEY, J.F. Influence of progesterone-estrogen implants on early embryonic mortality in swine. J. A n i m . S c i., v.22, p.637-639, 1963.

GABRIELLI, E., FERNANDES, L.C.O., KESSLER, A.M. et al.

Uso da vitamina A e ração contendo açúcar no desempenho reprodutivo de matrizes suínas. In: CONGRESSO

BRASILEI-RO DE VETERINÁRIOS ESPECIALISTAS EM SUÍNOS, 7, 1995, Blumenau, SC. Anais...Blumenau, p.133, 1995. HARDY, B., FRAPE, D. Micronutrients and reproduction. In:

COLE, D.J.A.; FOXCROFT, G.R. eds, C o n t r o l o f p i g

r e p r o d u c t i o n. London: Butterworth, 1982. p.621-639.

JOHNSON, R.K., ZIMMERMAN, D.R., KITTOK, R.J. Selection for components of reproduction in swine. Livest.

P r o d . S c i., v.11, p-541-558, 1984.

LEYMASTER, K.A., CHRISTENSON, R.K., YOUNG, L.D. A biological model to measure uterine potential for litter size in swine. In: WORLD CONGRESS ON GENETIC APPLIED TO LIVESTOCK PRODUCTION, 3, 1986, Lincoln, Nebraska. P r o c e e d i n g s... Lincoln p.209-214, 1986. NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Comittee on

Ani-mal Nutrition. Subcomittee on Swine Nutrition. (Washing-ton, EUA). Nutrient requeriments of swine. 9 ed. Whashing(Washing-ton, DC: National Academy Press, 1988. 93 p.

PERRY, J.S., ROWLANDS, I.W. Early pregnancy in the pig. J.

Reprod. Fert., v.4, p.175-188, 1962.

PHARAZYN, A., Den HARTOS, L.A., FOXCROFT, G.R. et al. Dietary energy and protein intake, plasma progesterone and embryo survival in early pregnancy in the gilt. Can. J.

A n i m . S c i., v.71, p.949-952, 1991.

POPE, W.F., XIE, S., BROERMANN, D.M. et al. Causes and consequences of early embryonic diversity in pigs. J. Reprod.

F e r t., p.251-260, 1990. Suplemento 40.

ROBERTS, R.M., XIE, S., TROUT, W.E. Embryo-uterine interaction in pigs during week 2 of pregnancy. J. R e p r o d .

F e r t., p.171-186, 1993. Suplemento 48.

SAS INSTITUTE INC. S A S u s e r ’ s g u i d e : statistics version 6. 4.ed. Cary, NC, 1990. 956p.

SHAW, D.W., FARIN, P.W., WASHBURN, S.P., Retinol palmitate and method of synchronization affect ovulatory response and embryo quality in superovulated cattle. J.

A n i m . S c i., v.72, p.81, 1994. Suplemento 1.

TALAVERA, F., CHEW, B.P. Comparative role of retinol, retinoic acid and b-carotene on progesterone secretion by pig corpus luteum in vitro. J. Reprod. Fert., v.82, p.611-615, 1988. THOMPSON, J. Improving litter size through vitamin A

injection. In: ANNUAL MEETING OF AMERICAM ASSOCIATION OF SWINE PRACTIONERS, 25, 1994 Chicago. P r o c e e d i n g s... Chicago: Americam Association of Swine Practioners, p.18-22, 1994.

TROUT, W.E., McDONNEL, KRAMERR, K.K. et al. The retinol-binding protein of the expanding pig blastocyst: molecular cloning and expression in trophectoderm and embryonic disc. Mol. Endocrinol., v.5, p.1533-1540, 1991. WHALEY, S.L., BRITT, J.H., FARIN, C.E. et al. Effect of vitamin A on oocyte maturation and diets before and after mating. J. Anim. Sci., v.77, p.78, 1994. Suplemento 1.

Recebido em: 16/07/07 Aceito em: 26/03/98

Referências

Documentos relacionados

Estes autores citam que algumas ideias que apareceram no passado e inclusive propostas atualmente no Brasil, como a de que o sistema de capitalização é sempre mais

Dentre as principais conclusões tiradas deste trabalho, destacam-se: a seqüência de mobilidade obtida para os metais pesados estudados: Mn2+>Zn2+>Cd2+>Cu2+>Pb2+>Cr3+; apesar dos

A quest˜ ao ´ e, se n˜ ao podemos imaginar uma ´ etica do dever ser comum a todos, e vivemos em sociedade, e n˜ ao podemos imaginar um tipo de ´ etica espec´ıfica para cada

b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

(2019) Pretendemos continuar a estudar esses dados com a coordenação de área de matemática da Secretaria Municipal de Educação e, estender a pesquisa aos estudantes do Ensino Médio

dois gestores, pelo fato deles serem os mais indicados para avaliarem administrativamente a articulação entre o ensino médio e a educação profissional, bem como a estruturação

[r]

Em muitos casos, principalmente na pós-graduação, ao utilizar determinado texto, ideia ou ilustração sem apresentar o verdadeiro autor, pode-se entender que esta atitude se trata de