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AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO AVANÇADA DE PETRÓLEO COM SISTEMAS MICROEMULSIONADOS

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AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO AVANÇADA DE PETRÓLEO COM SISTEMAS

MICROEMULSIONADOS

Luísa Cimatti Paulino1 (UFRN), Valdir Cotrim Ribeiro Neto2 (UFRN), Hermano Fernandes (UFRN), Afonso Avelino Dantas Neto (UFRN), Tereza Neuma de Castro Dantas (UFRN), Eduardo Lins de Barros Neto (UFRN)

1

UFRN, Departamento de Engenharia Química - PPGEQ, luisa@eq.ufrn.br

2

UFRN, Departamento de Engenharia Química - PPGEQ, valdir@eq.ufrn.br

O petróleo é atualmente a principal fonte de combustível líquido e sua importância está intimamente ligada ao desenvolvimento do cenário energético e com forte influência na economia mundial. Com os métodos convencionais de recuperação de petróleo geralmente apenas 30% do óleo é extraído e isto pode ser creditado, basicamente, a três aspectos: alta viscosidade do óleo, geologia da formação e alta tensão interfacial entre os fluidos do reservatório. Devido ao baixo fator de recuperação pelo método convencional, faz-se necessário o uso de métodos de recuperação avançados (EOR) para atuar nos pontos onde o primeiro processo não atingiu as taxas de extração desejadas. Dentro deste contexto, este trabalho teve como objetivo utilizar sistemas microemulsionados com o propósito de dessorver o óleo da formação rochosa e obter um deslocamento eficiente da emulsão de petróleo. Microemulsões são dispersões macroscopicamente homogêneas e termodinamicamente estáveis, de fluidos imiscíveis, estabilizadas por tensoativos com ou sem um cotensoativo. As microemulsões para serem utilizadas em EOR devem ser estáveis quando em contato com a alta salinidade presente na água do reservatório e apresentar uma eficiência de recuperação maior do que a alcançada pelo processo convencional. As microemulsões foram compostas de 5% querosene, 25% água destilada, 46,67% cotensoativo e 23,33% tensoativo. Estabeleceu-se esta composição buscando a estabilidade da microemulsão quando esta encontrasse a água oriunda do reservatório. O n-butanol foi escolhido como cotensoativo por garantir o equilíbrio de sua solubilidade entre as fases aquosa e oleosa. Os tensoativos do tipo iônico foram o SCO e o BS e com razão cotensoativo/tensoativo (C/T) igual a dois, por possibilitarem a formação de uma grande região de microemulsão rica na fase aquosa. Os testemunhos de arenito Assu e Botucatu foram avaliados em ensaios de porosidade, permeabilidade e granulometria. A formação Botucatu apresentou os maiores valores de permeabilidade (79,2 mD) e porosidade (32,84%) em comparação à formação Assu (23,6 mD e 19,97%, respectivamente). No arenito Assu predominaram as frações de grãos médios e grossos, 42,6%, enquanto no arenito Botucatu os grãos finos e muito finos totalizaram 98,4%. Após estes testes avaliaram-se os testemunhos em um aparato de injeção de fluidos, onde foram submetidos a estágios de saturação com água do mar e petróleo (0,8688 g/cm3 a 20°C), proveniente de uma mistura de 60% petróleo cru e 40% querosene. Após as etapas de saturação, realizou-se a recuperação convencional com água do mar e recuperação avançada com as microemulsões formuladas. O arenito Botucatu mostrou-se mais eficiente para o processo de extração, e, associado à microemulsão composta do tensoativo BS, resultou na melhor eficiência de recuperação, com 90,89% do petróleo original in place.

EOR, Microemulsão, Salinidade, Arenito

1. INTRODUÇÃO

Petróleo (do latim petra = rocha e oleum = óleo) é o nome dado às misturas naturais de hidrocarbonetos que podem ser encontradas no estado sólido, líquido ou gasoso, a depender das condições de pressão e temperatura a que estejam submetidas. O petróleo tanto pode aparecer em uma única fase como pode se apresentar em mais de uma fase em equilíbrio (Rosa et al., 2006).

O petróleo em um reservatório pode ser considerado como um sistema delicadamente equilibrado sob alta pressão, tanto que as frações de composições diferentes são compatíveis, contanto que não haja distúrbio ou mudança significativa a este sistema. Entretanto, uma vez que a recuperação do óleo começa, o sistema do reservatório é perturbado e subseqüentes modificações composicionais ocorrem ao petróleo devido às mudanças tais como temperatura, pressão e química da composição aquosa (Yangming et al., 2003).

Para países em desenvolvimento é importante manter uma produção de óleo capaz de sustentar sua demanda interna, evitando a importação, que geralmente impõe preços mais elevados. Analisando a situação deste ponto de vista, é importante não só explorar e encontrar mais reservatórios, mas também explorar aqueles que já foram descobertos, mas não foram desenvolvidos, devido à falta de tecnologias para torná-los economicamente viáveis. Esta tem sido a situação dos campos de óleos pesados, especialmente na área offshore.

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O declínio da descoberta de novos campos de grandes extensões, que vem sendo observado nos últimos tempos, conduz à conclusão de que a mais provável fonte para ampliação das reservas está no desenvolvimento e aplicações de tecnologias capazes de aumentar o fator de recuperação dos campos já descobertos. Ou seja, a aplicação mais ampla dos métodos avançados de recuperação se apresenta como uma possível resposta para as necessidades de suprimento de energia quando as reservas produzidas pelos métodos convencionais começarem a se esgotar. Assim, o alvo dos métodos avançados de recuperação é a parcela correspondente a 70% do volume de óleo original provado, que é o volume percentual médio restante nos reservatórios após a recuperação convencional (Rosa et al., 2006).

Um dos novos métodos avançados que vem sendo pesquisado em laboratório pelo grupo de Tecnologias de Tensoativos da UFRN é o uso dos tensoativos em sistemas microemulsionados, que foi ponto principal deste estudo. A injeção de microemulsões tem como finalidade a obtenção de um deslocamento eficiente e miscível na quebra de emulsões de petróleo, visando a dessorção do óleo da rocha.

Microemulsões podem ser definidas como dispersões macroscopicamente homogêneas, isotrópicas e termodinamicamente estáveis de fluidos imiscíveis, geralmente óleo e água, estabilizadas por moléculas de tensoativos sozinhas ou misturadas com um cotensoativo (Binks et al., 2002).

Este trabalho se propõe a estudar o efeito de sistemas microemulsionados na recuperação de petróleo. Pelo fato do fluido original da maioria dos reservatórios ser água do mar, procurou-se microemulsões estáveis ao aumento da salinidade. As microemulsões que apresentaram este comportamento foram estudadas em um aparato para avaliação da eficiência de recuperação. Neste aparato, testemunhos (ou plugues) de dois tipos diferentes de arenitos (Botucatu e Assu) serão submetidos às etapas, com vazão constante, de saturação com água do mar e óleo, recuperação convencional com água do mar e recuperação com microemulsão.

2. REVISÃO DA LITERATURA

A primeira tentativa de se deslocar petróleo de rochas reservatório pela injeção de microemulsões foi realizada em 1963 pela Marathon Oil Company em um processo conhecido por Maraflood.RTM. A microemulsão era composta de salmoura, hidrocarbonetos, cotensoativo e alta concentração de tensoativo.

Meyers e Salter (1981) mediram a adsorção do petróleo em testemunhos da formação Berea e Bell Creek, usando a mesma concentração de tensoativo, variando apenas a razão entre a fase oleosa e a salinidade da fase aquosa. Assim, verificaram que a taxa de adsorção de tensoativo nas duas formações aumenta com a diminuição da concentração do tensoativo; mas a retenção do tensoativo é independente da razão óleo/salmoura. A formação Bell Creek apresenta uma maior retenção de tensoativo do que a Berea.

Filoco e Sharma (1998) realizaram estudos para avaliar a salinidade e as propriedades de permeabilidade relativa e saturação residual nas fases de escoamento e de embebição (saturação) em sistemas de duas e três fases. Para tanto, utilizaram testemunhos de formação Berea e dois tipos diferentes de óleo cru. Nos experimentos de embebição o óleo recuperado aumentou significativamente com a salinidade da água conata. As curvas de permeabilidade obtidas durante a fase de escoamento mostraram-se insensíveis à salinidade da água. Contudo as curvas de permeabilidade relativa para a saturação apresentaram uma forte dependência com a salinidade. A dependência da salinidade das saturações residuais e das permeabilidades relativas indicou claramente que as propriedades de molhabilidade na superfície da rocha durante o processo de escoamento é um fator importante.

Babadagli, em 2003, verificou que, dependendo do tipo de rocha e óleo, a tensão interfacial entre estes diminui pela adição de um tensoativo diluído em salmoura, podendo contribuir para a recuperação por inibição capilar com auxílio do escoamento gravitacional em reservatórios naturalmente fraturados. Para os testes de laboratório utilizou-se quatro tipos diferentes de rocha (arenito, folhelho, folhelho dolomítico e chalk - folhelho sedimentar encontrado em regiões européias); diferentes tipos de fase orgânica (óleo cru, querosene, óleo de motor), tensoativos iônicos e não-iônicos de concentrações variadas e salmoura como fase aquosa. Assim, foi encontrado que o tensoativo não iônico alcançou uma maior recuperação de óleo residual, com uma alta taxa de recuperação. Também foi obtida uma correlação entre a recuperação residual e o inverso do Número de Bond (que fornece a razão entre a força gravitacional e a força de tensão superficial), mostrando que quando este aumenta, a recuperação diminui. As curvas de recuperação apresentaram-se como um bom indicador das forças capilares na fase de saturação.

Levitt et al. (2006) avaliaram um número de tensoativos baseados em critérios como baixo custo e alta eficiência para ser usado na recuperação de diferentes tipos de óleo cru. A salinidade foi variada para se observar o tempo de estabilização, a viscosidade da microemulsão, a razão de solubilização óleo-água e a tensão interfacial. Foi observado que a utilização do carbonato de sódio aumentou o tempo de coalescência para microemulsões em equilíbrio e também reduziu a adsorção do tensoativo nas formações rochosas.

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3. METODOLOGIA

O trabalho consiste na avaliação do processo avançado de recuperação de petróleo com microemulsões formadas de diferentes tipos de tensoativos. Também se utilizou dois tipos diferentes de arenito, com diferentes características físicas e de formação.

3.1 Escolha das Fases da Microemulsão

As fases que constituem as microemulsões em estudo foram determinadas após um estudo prévio (PAULINO, 2007), por meio de diagramas de fases, visando encontrar sistemas que apresentassem maior região microemulsionada do tipo óleo em água (O/A) mesmo com o aumento da fase aquosa.

Esta microemulsão também deve ser estável frente ao aumento da salinidade, já que numa condição de reservatório esta encontraria a água do mar oriunda dos processos de recuperação convencional.

3.2 Granulometria das rochas

Para a determinação da granulometria selecionou-se amostras dos dois tipos de arenitos (Assu e Botucatu) e fez-se a trituração destes em moinho de bolas por 1,5 h com rotação de 55 rpm.

As amostras trituradas foram colocadas sobre a peneira de maior abertura da malha e montado o conjunto de peneiras padronizadas (série Tyler de mesh 8 a 400) umas sobre as outras em ordem decrescente de abertura. Este dispositivo foi agitado mecanicamente em um agitador de peneiras por 25 min. As alíquotas recolhidas foram pesadas e classificadas.

3.3 Determinação da porosidade dos testemunhos

Os testemunhos foram cortados com 3,8 cm de diâmetro e 8,7 cm de altura, com auxílio de uma broca diamantada. A porosidade dos testemunhos foi obtida no sistema de avaliação de porosidade (porosímetro) (Figura 1) pela medida de pressão exercida pelo nitrogênio gasoso no sistema quando o testemunho era colocado no vaso V2.

Figura 1. Sistema de análise de porosidade 3.4 Sistema de injeção de fluidos

No sistema de injeção de fluidos (Figura 2), o testemunho, previamente isolado com resina, foi submetido às etapas de saturação com água do mar, quando é feita a medida de permeabilidade do mesmo, saturação com petróleo, recuperação com água do mar e recuperação com as microemulsões em estudo. As etapas de saturação simulam a condição natural de escoamento do fluido pelo reservatório e a recuperação com água possibilita que se quantifique o petróleo após um processo convencional de recuperação. O óleo residual (OR) recuperado após a injeção da microemulsão foi coletado em alíquotas de 1mL para que fosse avaliada a recuperação ao longo da injeção. O transdutor de pressão é utilizado para o monitoramento da mesma ao longo de todas as etapas.

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Figura 2. Representação do sistema de injeção 4. RESULTADOS

4.1 Composição das microemulsões

Foram utilizados dois sistemas microemulsionados que diferem apenas no tensoativo para serem injetados nas formações rochosas, compostos de: 25% de água destilada como fase aquosa, 5% de querosene como fase oleosa, 46,67% de n-butanol como cotensoativo e 23,33% de tensoativo SCO ou BS.

4.2 Análise Granulométrica

Para o estudo granulométrico, o método usado foi o do peneiramento, utilizando-se peneiras padronizadas da série Tyler com aberturas de malha rigorosamente estabelecidas. O diâmetro médio das partículas retidas foi determinado pela média aritmética entre os valores limites da abertura das peneiras em estudo, de 2,362 a 0,038 mm. A Figura 3 apresenta as massas retidas e a respectiva porcentagem em cada peneira utilizada para cada arenito. 0 20 40 60 80 100 120 8 12 20 28 35 65 100 150 270 325 400 <400 Mesh da peneira M assa r et id a ( g ) 60,26 0,16 30,83 4,74 2,14 0,26 0 1,41 0,05 0,10 0,05 0 0 20 40 60 80 100 120 8 12 20 28 35 65 100 150 270 325 400 <400 Mesh da peneira M ass a r et ida (g) 37,81 8,10 3,66 3,66 2,04 20,48 11,44 2,87 1,02 2,04 0,47 6,41 (a) (b)

Figura 3. Massa de grãos retidos em cada peneira para o arenito (a) Botucatu e (b) Assu

A fração de areias médias e grossas é maior no arenito Assu equivalendo a aproximadamente 42,6% dos grãos, enquanto no arenito Botucatu a fração é aproximadamente de 1,6%.

No arenito Botucatu a fração de areias finas, muito finas e silte é predominante equivalendo a aproximadamente 98,4% do total e na formação Assu a fração é de 57,4%. Deve-se salientar que a análise granulométrica destes arenitos foi realizada após a calcinação dos mesmos, não existindo, portanto, a quantidade correspondente à fração de argila.

Esta composição distinta entre as duas formações é proveniente do processo de formação a qual cada arenito foi submetido. Enquanto a formação Botucatu é uma rocha sedimentar de origem eólica, oriunda de um processo de desertificação, a formação Assu possui em sua formação grossas camadas sedimentares de fragmentos de outras rochas ou minerais.

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4.3 Análise de porosidade

A Tabela 1 apresenta o valor de porosidade obtido para cada testemunho e as dimensões para o cálculo do volume sólido foram obtidas com auxílio de um paquímetro. O volume de vazios foi obtido pela subtração entre o volume total e o volume avaliado no porosímetro.

Tabela 1. Valores de volume e porosidade dos plugues analisados

Plugue Tipo de Volume sólido Volume de vazios

(cm3) Porosidade (%) (cm3) arenito 01 Assu 98,78 19,73 19,97 02 Assu 99,35 19,32 19,45 03 Botucatu 98,31 32,24 32,80 04 Botucatu 95,31 31,30 32,84 4.4 Etapas de saturação

Na etapa de saturação com água do mar (densidade 1,025 g/cm3 a 20°C) esta foi injetada à vazão constante de 10 mL/h até que o testemunho apresentou-se saturado, situação observada pela estabilidade da pressão e homogeneidade (ausência de bolhas de ar) na saída do plugue.

A saturação com petróleo (densidade 0,869 g/cm3 a 20°C) foi realizada de forma análoga à anterior, observando-se a ausência de água na saída do plugue como condição de saturação. O petróleo existente no testemunho após a saturação é denominado óleo original in place – OOIP.

4.5 Ensaio de permeabilidade

Conhecidas as características do fluido injetado, bem como as dimensões dos testemunhos estudados, o cálculo da propriedade de permeabilidade é realizado com base na equação da lei de Darcy. Os valores obtidos são descritos na Tabela 2.

Tabela 2. Permeabilidade dos plugues

Plugue Permeabilidade (mD)

01 23,6

02 22,2

03 69,4

04 79,2

O arenito Botucatu apresenta as propriedades físicas de porosidade e permeabilidade maiores que a formação Assu, indicando que a migração dos fluidos em seu interior é realizada com maior facilidade.

4.6 Recuperação convencional

A recuperação com água do mar foi feita no sentido oposto ao das saturações, para evitar a formação de caminhos preferenciais.

Durante esta etapa fez o acompanhamento da pressão ao longo do tempo. Injetou-se água à vazão constante até que nenhum traço de petróleo saísse do testemunho e a pressão se mantivesse constante por um período mínimo de duas horas, garantindo assim a eficiência da recuperação convencional, restando apenas no plugue o óleo residual (OR) que requer métodos avançados para ser produzido.

4.7 Quantificação dos fluidos retidos – etapa de recuperação convencional

O petróleo coletado na saída do plugue permite a quantificação do petróleo recuperado pela injeção de água e o que permaneceu no plugue para ser recuperado com a microemulsão, obtendo assim a eficiência de recuperação convencional em relação ao óleo original in place (Tabela 3).

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Tabela 3. Quantificação do petróleo após recuperação convencional

Plugue Petróleo recuperado (g) Petróleo residual (g) Eficiência de recuperação (%)

01 6,34 3,71 63,08

02 4,17 4,67 47,33

03 9,56 6,79 58,47

04 11,03 4,19 72,47

Analisando-se a Tabela 3, pôde-se observar que apesar dos arenitos da mesma formação apresentarem características físicas semelhantes, as eficiências de recuperação são diferentes. Este fato pode ser explicado pela provável formação de caminhos preferenciais nos plugues diminuindo a eficiência de varrido, mesmo tomando-se todas as precauções para minimizá-los, como a utilização de uma baixa vazão de injeção e a execução do ensaio com o eixo axial do plugue na vertical.

As elevadas eficiências de recuperação em comparação com reservatórios reais se justificam pelo fato do testemunho ter sido recentemente saturado com petróleo e não por um processo lento de migração, fazendo com que este ainda não tenha se estabilizado nos poros da formação ficando mais passível de ser extraído. 4.8 Quantificação dos fluidos retidos – etapa de recuperação avançada

O fluido recuperado foi coletado em amostras de aproximadamente 1 mL para acompanhamento da eficiência de recuperação (Er)com o volume injetado de microemulsão, onde Er foi calculado em função da massa de óleo

recuperada na amostra de 1mL e do óleo original in place.

A quantidade de microemulsão é função do volume poroso do testemunho onde esta foi injetada. Optou-se por delimitar o montante de 3 volumes porosos, pois geralmente após este valor a eficiência de recuperação torna-se mínima, não justificando o tempo despendido nem o valor agregado gasto para este tipo de operação. A Figura 4 mostra os gráficos da eficiência de recuperação em função do volume poroso injetado nos arenitos Assu e Botucatu. 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3, Volume poroso 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 Volume poroso E fic n c ia d e r e c u p e ra ç ã o 03 04 o 5 d u ã p e ra ç e r e c n c ia E fic 01 02 (a) (b) Figura 4. Eficiência de recuperação para os arenitos (a) Assu e (b) Botucatu

As curvas apresentadas na Figura 4 mostram que a recuperação dos fluidos não se inicia juntamente com a injeção da microemulsão. Este comportamento está relacionado à necessidade desta vencer as resistências iniciais oferecidas pelos fluidos originais no plugue, impedindo a recuperação imediatamente no início da injeção, resultando no aumento de pressão.

Os gráficos de recuperação para os plugues 01 e 02 não apresentam o mesmo comportamento devido a resistência resultante da maior heterogeneidade da formação Assu, que possui menor porosidade e permeabilidade quando comparada à formação Botucatu.

A similaridade no comportamento da eficiências de recuperação em função do volume poroso injetado, independente da microemulsão utilizada nos plugues 03 e 04 pode ser explicada pela maior homogeneidade dos grãos e alta porosidade desta formação, o que permite a microemulsão percolar uma maior área no testemunho.

A microemulsão que utilizou o tensoativo BS recuperou uma maior fração do óleo residual em ambas formações rochosas, sendo a provável justificativa para este comportamento o fato da matéria prima do SCO também ser um componente da mistura de óleos utilizados na formulação do tensoativo BS.

As eficiências de recuperação total e para as recuperações convencionais e avançadas, bem como o tensoativo utilizado em cada microemulsão são apresentadas na Tabela 4.

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Tabela 4. Eficiências de recuperação

Plugue Tensoativo

usado

Er Er Er

com água (%) com microemulsão (%) total (%)

01 SCO 63,08 17,87 80,95

02 BS 47,33 26,88 74,21

03 SCO 58,47 20,42 78,89

04 BS 72,47 23,42 95,89

A Tabela 4 mostra que maiores eficiências de recuperação foram obtidas para as microemulsões de BS, em ambos arenitos. Para o plugue 02 pode-se justificar esse fato pela provável formação de caminhos preferenciais na recuperação convencional, que contribuiu para a menor eficiência de recuperação com água dentre todos os testemunhos, sobrando uma maior parcela de óleo residual susceptível à recuperação avançada.

Para a formação Botucatu, mesmo com a menor eficiência de recuperação pelo método convencional, o BS se mostrou mais eficiente em deslocar o óleo residual aprisionado nos poros, promovendo uma maior eficiência de recuperação com microemulsão e, conseqüentemente, a melhor eficiência total de recuperação, recuperando quase todo petróleo presente no testemunho 04.

Mesmo possuindo permeabilidade e porosidade sensivelmente diferentes entre as formações estudadas, os plugues 02 e 04 apresentaram as maiores eficiências de recuperação com microemulsão, evidenciando que a quantidade de petróleo recuperado nesta etapa é devida a capacidade da microemulsão em varrer o óleo da formação.

Entre todos os plugues avaliados, o 01 apresentou a segunda maior eficiência de recuperação total devido ao alto valor na recuperação convencional, o que possivelmente deve-se a uma melhor capacidade de varrido da água no testemunho, fazendo com que esta arrastasse maior quantidade de petróleo.

No plugue 01, a elevada recuperação de óleo com apenas 0,25 volumes porosos injetados quando comparado ao plugue 02, deve-se a provável retenção de petróleo próximo a saída do testemunho, acumulado no final da recuperação convencional.

De um modo geral, a formação Assu necessita de aproximadamente 1,50 volumes porosos para que o maior montante de óleo seja recuperado, respectivamente 14,61 e 24,29% para os plugues 01 e 02. Para o arenito Botucatu a eficiência de recuperação com apenas 1,00 volume poroso já é próxima a máxima obtida.

Em ambos arenitos a continuidade da injeção após as quantidades descritas acima, leva a uma recuperação de aproximadamente 3% do óleo original in place, valor este desprezível frente ao custo da microemulsão e ao tempo despendido nesta operação.

5. CONCLUSÃO

O trabalho apresentado propôs o desenvolvimento de um fluido microemulsionado estável ao contato com a alta salinidade presente na água de um reservatório e que apresentasse eficiência de recuperação maior do que a alcançada pela recuperação convencional. Para isso utilizou-se água do mar como referência e foram avaliados parâmetros como razão C/T e salinidade, tipos de tensoativos e cotensoativos e formação rochosa.

Embora esta técnica ainda esteja sendo desenvolvida em escala de bancada, a mesma abre uma grande possibilidade de encontrar uma aplicação viável dentro do domínio da recuperação de petróleo.

Os tensoativos escolhidos para o estudo foram o SCO e o BS, por serem os mais propícios a formar microemulsão rica em água e por serem altamente solúveis nesta, o que é forte justificativa para a formação de microemulsão do tipo O/A.

Pela análise granulométrica das formações rochosas em estudo, o arenito Botucatu é mais homogêneo, com predominância da fração de finos, o que explica sua porosidade ser elevada em relação ao arenito Assu, que possui uma fração de grãos médio e grossos em aproximadamente 70%. O arenito Botucatu mostrou-se mais favorável ao processo de extração, possivelmente devido aos altos valores de permeabilidade e porosidade quando comparados à formação Assu.

A viabilidade da recuperação avançada é delimitada pela quantidade de microemulsão injetada. Neste trabalho a maior eficiência de recuperação foi atingida utilizando-se o sistema contendo o tensoativo BS, injetando-se 1,0 volume poroso no arenito Botucatu e 1,5 no arenito Assu.

6. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem FINEP/CTPetro através do Programa de Recursos Humanos da Agência Nacional de Petróleo (PRH-ANP 14) pelo suporte financeiro concedido para a realização deste trabalho e o Programa de

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Pós-7. REFERÊNCIAS

BABADAGLI, T. Analisys of oil recovery by spontaneous imbibition of surfactant solution. Society of Petroleum Engineers. United States: SPE Publishing nº 84866, october, 2003.

BINKS, B. P.; ESPERT, A.; FLETCHER, P. D. I.; SOUBIRAN L. Phase behaviour of microemulsions

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residual saturations. Society of Petroleum Engineers. United States: SPE Publishing nº 49320, september, 1998.

LEVITT, D. B.; JACKSON, A. C.; HEINSON, C.; BRITTON, L. N; MALIK, T.; DWARAKANATH, V.; POPE, G. A. Identification and evaluation of high-performance EOR surfactants. Society of Petroleum Engineers. United States: SPE Publishing nº 100089, april, 2006.

MEYERS, K. O.; SALTER, S. J. The effect of oil/brine ratio on surfactant adsorption from microemulsion. Society of Petroleum Engineers. United States: SPE Publishing nº 8989, august 1981.

PAULINO, L. C. Estudo de sistemas microemulsionados utilizando água do mar na recuperação

avançada de petróleo. Fev 2007. 123p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Centro de Tecnologia,

Departamento de Engenharia Química, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2007.

ROSA, A. J.; CARVALHO, R. S.; XAVIER, J. A. D. Engenharia de Reservatórios de Petróleo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2006. 808p.

YANGMING, Z.; HUANXIN, W.; ZULIN, C.; QI, C. Compositional modification of crude oil during oil recovery. Journal of Petroleum Science and Engineering. England: Elsevier Publishing, v. 38, p.1-11, may 2003.

EVALUATION OF ENHANCED OIL RECOVERY WITH MICROEMULSIFIED

SYSTEMS

Petroleum is actually the main source of liquid fuel and its importance is intimately connected to the development of the energetic scene with strong influence on the economy worldwide. With the conventional recovery methods usually 30% of the oil is extracted and this can be credited, basically, to three aspects: high oil viscosity, geology of the formation and high interfacial tension between the reservoir’s fluids. Due to the low recovery factor with conventional recovery, it’s necessary the use of enhanced recovery methods (EOR) to act in points where the conventional process didn’t reach the desired recovery rates. This work had as objective to use microemulsified systems with the purpose to desorb the oil from the rock formation and to attain an efficient displacement of the oil emulsion. Microemulsions are macroscopically homogeneous and thermodynamically stable dispersions, of immiscible fluids, stabilized by surfactants with or without a cosurfactant. To be use in an EOR process, microemulsions must be stable when in touch with the seawater with high salinity and to show recovery efficiency higher than the conventional process. The microemulsions were made of 5% kerosene, 25% distilled water, 46.67% cosurfactant and 23.33% surfactant. The n-butanol was chosen as cosurfactant for guaranteeing the balance among its solubility in aqueous and oily phase. The surfactants were SCO and BS with cosurfactant/surfactant ratio equals two, because they formed a microemulsion rich in aqueous phase. The core plugs of Assu and Botucatu sandstones were appraised in porosity, permeability and granulometry tests. The Botucatu formation presented the largest values of permeability (79.2 mD) and porosity (32.84%) when compared to the Assu formation (23.6 mD and 19.97%, respectively). The Assu sandstone showed the predominance of medium and thick grains, 42.6%, and the Botucatu had the larger quantity of fine and very fine grains, 98.4%.After these tests the core plugs were analyzed in an apparatus of fluid injection, when they were submitted to stages of saturation with seawater and petroleum (0.8688 g/cm3 at 20°C). After saturation stages, it was accomplished the conventional recovery with seawater and the enhanced recovery with the formulated microemulsions. The Botucatu sandstone was more favorable to recovery process, and with the BS microemulsion, showed the best recovery efficiency, 90.89% of the original oil in place.

EOR, Microemulsion, Salinity, Sandstone

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