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Vir bonus peritissimus aeque.

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Academic year: 2021

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Vir bonus peritissimus aeque.

Estudos de homenagem

a

Arnaldo do Espírito Santo

Maria Cristina Pimentel

Paulo Farmhouse Alberto

(eds.)

Centro de Estudos Clássicos

LISBOA

(2)

Vir bonus peritissimus aeque.

Estudos de homenagem a Arnaldo do Espírito Santo

Edição de:

Maria Cristina Pimentel Paulo Farmhouse Alberto

Revisão: Ana Matafome, Ricardo Nobre e Rui Carlos Fonseca Publicado por:

Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Alameda da Universidade 1600-214 Lisboa – Portugal Tel.: (351) 217 920 005 Fax: (351) 217 920 080 E-mail: centro.classicos@fl.ul.pt Website: http://www.fl.ul.pt/cec Paginação e impressão:

Grifos – Artes Gráficas, Lda.

Capa: Paulo Pereira Foto de capa: José Furtado Número de exemplares: 500 Lisboa | 2013

ISBN: 978-972-9376-29-0 Depósito Legal: 366077/13

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A propósito do termo imperium em Damião de Góis.

Para uma abordagem contrastiva

dos humanismos peninsulares

Ana María Sánchez Tarrío

Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

anatarrio@campus.ul.pt

… e a pesada obrigação que tem nosso rei de sempre prover as suas navegações para a Índia, mantendo em armas um exército de quase vinte mil homens a expensas suas sem auxílio alheio na Mauritânia, na Índia e em todo o seu império; uma armada de trezentas velas de toda a espécie, nunca ociosa, antes ocupada em cons-tantes expedições; despesas grandes extraordinárias com guerras não previstas em todos os lugares onde seja necessário defender fronteiras, proteger aliados, aumen-tar conquistas […] pacificamente pregar a Lei Santa, enquanto os demais príncipes cristãos, esquecidos dos seus deveres, se combatem uns aos outros.

Damião de Góis, De rebus et imperio Lusitanorum 1

No tempo em que Damião de Góis definia com toda a naturalidade o reino luso como imperium – num manifesto apologético da expansão portuguesa dirigido ao humanista italiano Paolo Giovio (1583-1552) e editado em Lovaina em 1539 – Carlos V tinha avançado consideravelmente na fortificação da propaganda europeia em torno da sua controvertida imagem de único “imperador” legítimo.

As colunas que se erigiram em 1529 à imitação das de Trajano em várias cidades italianas, como Génova, Mântua ou Bolonha, clarificaram o epicentro da lógica impe-rial, recente na memória a hecatombe do “Saco de Roma” de 1527 que abalara Europa.

1 Damião de Góis, De rebus et imperio Lusitanorum ad Paulum Iouium Damiani Goes

Discepta-tiuncula. Este é o título que lhe atribui Damião de Góis quando incluiu a obra na edição dos seus Opus-cula (Lovaina, 1544). Mas já fora inserida no final da edição dos seus Commentarii de 1539. Cf. Amadeu Torres, “Os Descobrimentos portugueses nos escritos goesianos”, in Humanismo Português na época dos Descobrimentos, Coimbra, 1993, pp. 37-45, p. 44. Sobre P. Giovio e Portugal, veja-se Américo da Costa Ramalho, Estudos sobre o século XVI, Lisboa, 1980, pp. 1552-1555. Retiro a tradução portuguesa de Dias de Carvalho in Damião de Góis, Opúsculos históricos, Porto, 1945, p. 88.

Maria Cristina Pimentel, Paulo F. Alberto (eds.), Vir bonvs peritissimvs aeqve. Estudos de homenagem a Arnaldo do Espírito Santo, Lisboa, Centro de Estudos Clássicos, 2013, pp. 619-630.

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Na célebre viagem a Itália de 1535-36, o Imperador entrara em Nápoles como o “Ter-ceiro Africano”. Multiplicaram-se uiae triumphales, arcos, estátuas, pinturas e tapizes, orquestração deliberadamente concertada para publicitar pela Europa a passagem de testemunho de Constantino-Carlos Magno para o neto dos Reis Católicos 2.

Até à sua abdicação, em 1556, a imagética propagandística, figurativa e literária de matriz clássica teve para Carlos um elevado peso estratégico 3. Nestes movimentos

de autopromoção e legitimação imperial, Carlos V refinava, em termos de linguagem humanística, a herança do seu avô Maximiliano I, que tanto trabalhara já no seu “ge-dechtnus” e que se prezara de comparar as suas experiências bélicas na Borgonha com a Guerra das Gálias 4.

Eleito em 1519 e, em seguida, coroado em Aquisgram (1520), o monarcha uniuer-salis construía um modelo político que contrariava as soberanias monárquicas euro-peias, em pleno processo de consolidação, incluída a portuguesa 5. A tal ponto que certa

historiografia, adequadamente criticada 6, o tem celebrado como um dos precedentes

históricos da contemporânea unificação europeia 7.

Um aparelho propagandístico de tal dimensão e abrangência europeia em torno do imperium autro-húngaro sugere imediatamente o número e a importância das suas fragilidades.

Entre elas poderemos considerar a “inquietante polissemia” do termo imperium, beneficiando aqui da expressão de Paulo Pereira na sua caracterização do estilo manue-lino 8: o mesmo termo foi utilizado por Damião de Góis em 1539 para definir uma

go-vernação imperial que se apresentava como antítese do sentido austro-húngaro: como baluarte contra a guerra intestina entre os príncipes europeus.

O imperium de Góis responde sobretudo a uma lógica caracteristicamente pa-triótica 9, habitual numa secção considerável da literatura humanística portuguesa,

in-centivada e subsidiada deliberadamente pela monarquia desde a época de D. João II. 2 Alfred Kohler, Carlos V 1500-1558. Una biografía, Madrid, 2000, pp. 104-115.

3 Karl Brandi, Kaiser V, vol. 2, 1941, pp. 416-426; J. Jacquot (ed.), Les fêtes et cérémonies au temps

de Charles-Quint, Paris, 1960; Fernando Checa Cremades, Carlos V y la imagen del héroe en el Rena-cimiento, Madrid, 1987; Cf. Roy Strong, Arte y poder: fiestas del RenaRena-cimiento, 1450-1650, Madrid, 1988.

4 Alfred Kohler, op. cit., pp. 23ss, 69ss.

5 José Antonio Maravall, “Las etapas del pensamiento político de Carlos V”, Revista de Estudios

Políticos, 100, 1958, pp. 93-145; Franz Bosbach, “Monarchia uniuersalis. Ein politischer Leitbegriff der frühen Neuzeit”, Schriftenreihe der Historischen Kommission bei der Bayerischen Akademie der Wissen-schaften, 32, Göttingen, 1988; “Humanisten und die Monarchia Uniuersalis. Politisches Denken und poli-tisches Handeln in der Zeit Karls V”, Res Publica Litterarum, 9, 1986, pp. 37-47.

6 Rainer Wholfeil, “Kaiser Karl V. Ahnherr der europäischen Union? Überlegungen zum

Verhält-nis von Geschichte und Tradition”, in Studies in Medieval and Reformation Thought 61, 1997, p. 241; Cf. Alfred Kohler, Carlos V…, op. cit., pp. 396-98.

7 Wyndham Lewis, Charles of Europe, Paris, 1932; Manuel Fernández Álvarez, Carlos V. Un

hombre para Europa, Madrid, 1976; Henrique Barón Crespo, “La Europa de Carlos V y la Europa de Maastricht”, in Correspondance. Carlos V y la noción de Europa, número especial, 1994, p. 14.

8 Incorporamos aqui a expressão de Manfredo Tafuri a propósito do maneirismo (Retórica y

experimentalismo, Sevilla, 1978, p. 18) evocada por Paulo Pereira para caracterizar o estilo manuelino: A Obra Silvestre e a Esfera do Rei. Iconologia da Arquitectura Manuelina na Grande Extremadura, Coimbra, 1990, p. 33.

9 Para a instrumentalização da cultura clássica na obra goesiana veja-se a valiosa síntese de Arnaldo

Espírito Santo, “Valores humanísticos em Damião de Góis”, Classica, 25, 2006, pp. 153-165, e ainda “A mãe da eterna memória: leitura e reminiscência dos clássicos em Damião de Góis, referências directas”, in Congresso Internacional Damião de Góis na Europa do Renascimento, Actas, Braga, 2003, pp. 349-363.

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Encontramo-nos perante uma inegável funcionalidade do humanismo peninsular, há décadas convenientemente sublinhada por Jorge Alves Osório, a propósito da obra his-toriográfica de João de Barros e das suas críticas a historiadores castelhanos, no quadro do “serviço” dos humanistas à “propaganda” política 10.

Um termo recorrente nos textos portugueses quinhentistas e nas suas exegeses

Antes de procurar dilucidar a singularidade da interpretação portuguesa do es-pinhoso vocábulo convém recordar que ele ocorre paralela e reiteradamente na litera-tura neolatina portuguesa contemporânea, assim como na literalitera-tura romance, da obra historiográfica de Duarte Galvão a Os Lusíadas. Em todo este abundante conjunto de ocorrências, o termo usa-se para proclamar sem pejo a actualização e superação do imperium antigo por obra das caravelas portuguesas, perante o público pátrio e o europeu.

Na literatura humanística portuguesa contemporânea de Carlos V está longe de ser excepcional a contundência com que, em 1529, se identificava D. João III com o imperador Tito, na carta-dedicatória ao Commentum Plinii, primeiro documento da filologia humanística portuguesa, escrito por Martim de Figueiredo, autoproclamado herdeiro do magistério de Poliziano 11.

D. João III emergia também como novo Augusto na obra de George Buchanan, prócer de um Portugal, nova Roma, que está longe de ser invenção camoniana 12. Até a

obra ficcional de matriz medieval, a Crónica do Imperador Clarimundo (Lisboa, 1520) de João de Barros – romance de cavalaria singular, porque concebido como “pintura metafórica” da história de Portugal segundo o seu autor 13 – apresentava Alexandre

como antecessor dos reis de Portugal.

Com a denominação “Humanismo Cívico Imperial”, Luís de Sousa Rebelo de-mostrou a deliberada participação de um significativo elenco de humanistas portugue-ses na constituição de um repertório literário especificamente português e de matriz clássica, justificativo ou legitimador da dimensão imperial do reino 14. A

Historiogra-fia da época da Expansão, particularmente a historiograHistoriogra-fia da Arte, tem assinalado a componente propagandístico-patriótica dos reinados de D. Manuel I e D. João III, tanto mais decisiva ou imprescindível pelo carácter internamente conflitual do próprio 10 Jorge Alves Osório, “Humanismo e História”, in Humanismo Português na época dos

Descobri-mentos, Coimbra, 1993, p. 480.

11 Ana María S. Tarrío, “O Commentum de Martinho de Figueiredo (1529) e as lições plinianas

de Poliziano (Naturalis Historia, Bodleian Library Auct.Q.1.2)”, in Os clássicos no tempo: Plínio o Velho, e o Humanismo Português. Actas do Colóquio Internacional, CEC/FLUL, Lisboa, 31 de Março de 2006, Lisboa, 2007, pp. 95-110.

12 Reijer Hooykaas, O Humanismo e os Descobrimentos na Ciência e nas Letras Portuguesas do

século XVI, Lisboa, 1983, pp. 89-136; Davide Bigalli, Immagini del Principe. Ricerche su politica e umane-simo nel Portogallo e nella Spagna del Cinquecento, Milano, 1985, pp. 56-60; Luís Sousa Rebelo, “Damião de Góis, Diogo de Teive e os arbitristas do século XVII”, in Humanismo Português na época dos Descobri-mentos, Coimbra, 1993, pp. 203-216, pp. 205-206.

13 João de Barros, Ásia de Joam de Barros, ed. António Baião, Coimbra, 1932, p. 3.

14 O seu valioso contributo deverá completar-se com mais indagação noutros âmbitos da produção

humanística do Quinhentos. Assim, a obra de Martim de Figueiredo, que abre o seu contributo filológico pliniano com uma dedicatória que celebra a analogia entre D. João III e o imperador romano dedicatário da Naturalis Historia: Ana María S. Tarrío, “O Commentum de Martinho de Figueiredo (1529)…, cit.

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campo do poder real, pela significativa resistência e contestação interna à monarquia do ponto de vista político e jurídico, evidenciando o carácter problemático dos concei-tos “coroa”, “reino” e “república” 15.

Ainda no campo jurídico-teológico, o contributo português para a chamada “Es-cola Peninsular da Paz” tem evidenciado a controvertida abordagem do conceito do imperium do ponto de vista dos direitos dos indígenas e da perspectiva das reclamações dos restantes reinos europeus interessados na expansão marítima. As duas monarquias ibéricas parecem ter obedecido neste campo a uma lógica menos concorrencial do que complementar, reflectida no carácter eminentemente peninsular das discussões do ponto de vista ideológico (idêntico suporte aristotélico-tomista, interligação uni-versitária dos professores e manuais) e político (análoga problemática entre indígenas e colonos) 16.

Imperium Lusitanicum: continuidade e eficácia de um tópico da literatura humanística

A eficácia da configuração imperial portuguesa, contemporânea do imperium ca-rolino, descansa no facto de que o humanismo português, desde os seus primórdios, tinha já consolidado o seu contributo decisivo na caracterização do reino perante o papado e o público europeus como reino de uma nova energia, como inaudita e pro-digiosa porta para o desconhecido, antes da feliz conjuntura dinástica que permitiu o Sacro Império.

Quando D. Manuel I mandava cunhar moedas com o lema do imperador Cons-tantino In hoc signo uinces 17, que significativamente será o de D. João III, avançava

numa lógica herdada, a de D. João II, o qual deliberadamente subsidiara a formação humanística da sua corte no sentido de dar devida promoção europeia às suas con-quistas, como revelam os trabalhos pioneiros de Américo da Costa Ramalho e de Luís de Matos 18.

A carta de Aldo Manuzio que precede um dos produtos mais relevantes da fi-lologia humanística, o Platão grego de 1513 (Omnia Platonis Opera), preparada por Mussuro e dedicada ao novo Papa Leão X, filho de Lorenzo de Medicis, consagra este trabalho prévio e a sua evidente eficácia diplomática e literária. O protagonista secular,

15 Cf. Diogo Ramada Curto, “Discursos políticos: vocabulários, linguagens e contextos”, in

Histó-ria de Portugal, dir. J. Mattoso, vol. 3, p. 141-143ss..

16 Marco Sgarbi (ed.), Francisco Suárez and his Legacy. The Impact of Suarezian Metaphysics and

Epistemology on Modern Philosophy, Milano, 2010; F. Castilla Urbano, El pensamiento de Francisco de Vitoria. Filosofía política e indio americano, Barcelona, 1992; M. L. Redondo Redondo, Utopía vitoriana y realidad indiana, Madrid, 1992; M. Rodríguez Molinero, La doctrina colonial de Francisco de Vitoria o el derecho de la paz y de la guerra. Un legado perenne de la Escuela de Salamanca, Salamanca, 1993; Pedro Calafate, “O império e a monarquia universal”, in Da origem popular do poder ao direito de resistência, Lisboa, 2012, pp. 219-247.

17 P. Pereira, A Esfera…, op. cit., p. 105.

18 Luís de Matos, L’expansion portugaise dans la littérature latine de la Renaissance, Lisboa, 1991;

Américo da Costa Ramalho, “Quelques aspects de l’Introduction de l’Humanisme au Portugal”, in Actes du XXIe Colloque International d’Études Humanistes, Tours, 3-13 juillet 1978, Paris, 1984, pp. 33-49 ;

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político desta carta, a par do dedicatário religioso, é o Emanuel rex Lusitaniae, o qual nunquam satis laudari potest 19.

A força desta caracterização, na sua unicidade e coerência, não tem paralelo na controvertida imagética projectada pelos Reis Católicos e posteriormente pela Casa de Áustria. Aliás, no documento avulta a significativa ausência de qualquer referência à expansão castelhana.

Nesta aberta predilecção pelo monarca português, seguramente pesou o ambiente de desagregação bélica na Itália, em grande medida provocado pelas ambições do Rei Católico Fernando de Aragão e os seus oponentes franceses. Nesta direcção aponta o próprio Manuzio ao referir os “outros reis” que deveriam imitar D. Manuel I, “em vez de se destruírem ou de aniquilarem as suas pobres gentes”. Manuzio avançava, em 1513, a posição que Damião de Góis defenderá, em 1539, na carta que nos ocupa:

O felicissimum regem! o heroem semper mirandum, colendum, extollendum in coelum laudibus et nobis et posteris seculorum omnium! Atque utinam caeteri Ch-ristianorum reges idem fecerent, nec inter se crudeliter bella gerendo, seipsos ac potius miseros populos absumerent! 20

Neste sentido, se acreditarmos na literalidade das queixosas alegações de Garcia de Resende, no seu Prólogo ao Cancioneiro Geral de 1516, onde criticava o desleixo dos portugueses na devida glorificação das gestas do reino, importaria contrapor que o humanismo neolatino tinha, já na altura, sido bem mais diligente do que induz a pensar o “manifesto” do secretário palaciano, sem considerar aqui a complexa questão da demandada criação de uma epopeia 21.

Numa composição de 1516 publicada no mesmo Cancioneiro Geral, de resto, Diogo Velho da Chancelaria utiliza a denominação do reino de D. Manuel I como “cep-tro imperial”. Este império é definido como superação geográfica dos impérios grego e latino e caracterizado numa extensa relação de exotismos nunca vistos pelos europeus:

Deos o fez tam poderoso rei de ceptro imperial. 22

Deos o fez. A particularidade da teoria do direito divino da realeza portuguesa perante a castelhana, o providencialismo da empresa portuguesa no mundo, alcançara consistência anos antes da existência de Carlos V. Assim se verifica na obra publicada 19 Aldo Manuzio, “Aldi Pii Manutii ad Leonem X…”, in Aldo Manuzio editore – Dediche,

Prefa-zioni, Note ai testi, introd. Carlo Dionisotti, trad. ital. Giovanni Orlandi, I, Milão, 1975, pp. 120-13, p. 121. Cf. José de Pina Martins, “Descobertas filológicas e Descobrimentos portugueses numa carta de Aldo Manuzio a Leão X (1513)” in Humanismo Português na época dos Descobrimentos, Coimbra, 1993, pp. 425-437, pp. 431ss.

20 Aldo Manuzio, “Aldi Pii Manutii ad Leonem X…”, ed. Dionisotti, loc. cit., p. 121. Veja-se a

tra-dução deste passo in Pina Martins, Descobertas…, op. cit., p. 432.

21 Garcia de Resende, “Prologo de Garcia de Resende, deregido ao principe nosso senhor”,

Can-cioneiro Geral de Garcia de Resende, ed. Aida Fernanda Dias, Vol. I, Lisboa, 1990, p. 10. Ana Maria S. Tarrío, “Ninguem nom quer dizer: la recusatio de la épica en el Quinientos (Cancioneiro Geral de Garcia de Resende 493)”, in Convivio. Estudios sobre la poesía de cancionero, Granada, 2006, pp. 747-758.

22 Diogo Velho da Chancelaria, “Da caça que se caça em Portugal, feita no ano de Cristo de mil

Quinhentos XVI”, in Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, ed. A. F. Dias, 792, Vol. IV, Lisboa, 1993, p. 151.

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pelo mestre de gramática de D. Manuel, quando ainda era Duque de Beja, no título aparentemente paradoxal De Republica gubernanda per regem de Diogo Lopes Rebelo (Paris, 1496) 23, título que contesta o próprio conceito do Sacro Império (Portugal como

República), incidindo simultaneamente no providencialismo divino da monarquia portuguesa. Esta qualidade de providencialismo desborda da linha historiográfica que nascera do Milagre de Ourique, a qual, por seu lado, também já havia solidificado na visionária Crónica de Afonso Henriques de Duarte Galvão (1502).

Na extensa bibliografia dedicada a Carlos V e ao império Habsburgo, não foi suficientemente frisada a habilidade com que o reino de Portugal articulou a sua pro-jecção “escatológico-imperial” perante a Europa, simultânea e relativamente ao pode-roso aparelho propagandístico contemporâneo do alegado único imperador de toda a Cristandade, Carlos V, apelidado de “primeiro imperador da época moderna” 24.

Uma Coroa e duas estratégias?

Damião de Góis publica a sua apologia do imperium lusitanicum após as conclu-sões do “Tratado de Zaragoza” de 1529, que reconheceu a inserção das ilhas Molucas nos domínios de Portugal, em troca de uma avultada indemnização. Estas resoluções significaram, em termos de auto-imagem para o público europeu, a aparente priori-zação por parte de Carlos das questões relativas ao seu domínio imperial europeu e o seu relativamente menor interesse “imperial” sobre a América. A documentação apre-senta um Imperador que se preocupava com as conquistas sobretudo na sua qualidade de financiamento para as suas campanhas militares europeias e que se considerava imperador de apenas três continentes, Ásia, África e Europa, de acordo com a visão tradicional do orbe e da teoria imperial de cunho medieval defendida pelo seu ideólogo Mercurino Gattinara 25.

Sempre em termos de auto-imagem imperial (e menos em termos de negócio efectivamente lucrativo para a coroa portuguesa), a resolução da disputa pelas Ilhas Molucas tinha-se verificado vantajosa para o reino de Portugal na sua apresentação perante a Europa como o reino definitivamente focado no imperium ultramarino.

Este é o contexto que explica também o inferior peso relativo da componente ul-tramarina neste breve mas hábil e significativo perfil de Carlos V, oferecido por Garcia de Resende na sua Miscellânea, elaborada por volta de 1530-1536:

Vii Carlos imperador de seus avos herdar tanto que foy jaa mayor senhor que ho Carlo Magno sancto e ditoso vencedor;

herdou gram parte d’Espanha

23 Artur Moreira de Sá, “Introdução” a Diogo Lopes Rebelo, in De Republica Gubernanda per

regem, p. V.

24 P. Kennedy, The Rise and Fall of the Great Powers, New York, 1987; P. Schmidt, “Monarchia

uniuersalis vs. monarchiae uniuersales. el programa imperial de Gattinara y su contestación en Europa”, in J. Martínez Millán (coord.), Carlos V y la quiebra del humanismo político en Europa, Madrid, 2001, pp. 115-129, p. 115.

25 F. A. Yates, “Charles Quinte et l’idée d’Empire”, in Fêtes et cérémonies au temps de Charles V,

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Flandres, Borgonha, Alemanha Napole, Aragam, Cecilias, Navarra, Austria e as Antilias, terra rica e muy estranha. 26

Nestes versos de Garcia de Resende avulta igualmente o tom reverencial perante a figura de Carlos V e o reconhecimento da sua supremacia imperial.

As palavras do secretário palaciano ilustram a condição habilmente ambivalente (ou imprecisa) do termo imperium/império na literatura quinhentista portuguesa e são fiel espelho da posição ambígua da Coroa portuguesa. Esta nunca questionou aberta-mente o projecto imperial da Casa de Áustria e as suas consequências políticas, à mar-gem das disputas pela distribuição territorial da jurisdição sobre as terras conquistadas e das limitações e contrariedades duma efectiva dominação lusa das rotas comerciais orientais.

A monarquia lusa não figurou na significativa secção europeia de opositores de-clarados ao Sacro Império. Pelo contrário, a governação de D. Manuel I e de João III caracteriza-se não só pelo acatamento formal do projecto político de Carlos V, mas pela importância do seu apoio estratégico ao Imperador. A política de D. Manuel I parece ter sido decisiva na vitória de Carlos sobre os “comuneros” e sobre os opositores castelhanos ao rei “estrangeiro”, como patenteia a correspondência trocada durante os anos 1517-1523 entre D. Manuel I e os embaixadores portugueses em Castela, o hu-manista João Rodrigues de Sá de Meneses e, posteriormente, Luís da Silveira, e como também foi sublinhado pela historiografia carolina 27. Igualmente importante terá sido

a intervenção de D. Manuel nos problemas do jovem Carlos com o reino da França 28.

O comportamento do Venturoso foi a tal ponto o de um camarada de governação na crise do jovem sucessor do reino de Castela 29, que Jerónimo Osório pôde afirmar

pos-26 Garcia de Resende, Miscellanea de Garcia de Resende, e variedade de historias, costumes, casos

e cousas que em seu tempo accontesceram, in E. Verdelho (ed.), Livro das obras de Garcia de Resende, Lisboa, 1994, 248, p. 582.

27 Vejam-se as cartas de João Rodrigues de Sá de Meneses a D. Manuel I: 16 de Setembro de 1519,

ANTT, Corpo Cronológico, parte I, maço 25, doc. 52; 19 de Setembro de 1520, ANTT, Corpo Cronológico, parte I, maço 26, doc. 69; 23 de Setembro de 1520, ANTT, Corpo Cronológico, parte I, maço 26, doc. 71; 28 de Outubro de 1520, ANTT, Corpo Cronológico, parte I, maço 26, doc. 85; Dezembro de 1520, ANTT, Corpo Cronológico, parte I, maço 26, doc. 101; 3 de Janeiro de 1521, ANTT, Corpo Cronológico, parte I, maço 26, doc. 114; 7 de Julho de 1521, ANTT, Corpo Cronológico, parte III, maço 7, doc. 104. Cartas de Luís da Silveira a D. João III, 23 de Outubro de 1522, in As Gavetas da Torre do Tombo, vol. 4, Lisboa, 1964, pp. 428-429; 3 de Novembro de 1522, As Gavetas da Torre do Tombo, vol. 4, Lisboa, 1964, pp. 85-91. Um en-quadramento historiográfico destas cartas em Isabel Mendes M. R. Drummond Braga, Um Espaço, Duas Monarquias (Interrelações na Península Ibérica no Tempo de Carlos V), Lisboa, 2001, pp. 21-31. Sobre Luís da Silveira: ou João da Silveira, embaixador do rei de Portugal na França: Margarida Garcez Ventura, “Cousas d’Ytalia. Quelques nouvelles sur les conflits entre Charles V et François Ier dans la cour portugaise 1527-1528”, Genova, 1990, pp. 501-510, sep. Atti del IV Congresso Internazionale di Studi Storici: Rapporti Genova – Mediterraneo – Atlantico nell’età moderna.

28 Considere-se como exemplo específico o caso de Diogo de Gouveia, embaixador do rei de

Por-tugal e mediador na paz entre Carlos V, Francisco I e o Papa: Margarida Garcez Ventura, “Cousas d’Ytalia…”, loc. cit.

29 Segundo Joseph Pérez, La revolución de las comunidades en Castilla (1521-22), Madrid, 1977, p.

229 seria a ajuda de Portugal a que permitiu ao partido de Carlos derrotar os “comuneros”. Os movimentos de D. Manuel foram pormenorizadamente analisados por Drummond Braga, op. cit., pp. 24-31: tropas na fronteira, dispostas a intervir a favor do regente em caso de emergência, ponderado refúgio do

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cardeal-re-teriormente que o próprio reino de Castela teria sido oferecido ao monarca português, magnanimamente renitente, uma informação não sustentada porém na documentação conservada 30. Por seu lado, D. João III contribuiu com consideráveis empréstimos para

as campanhas de Carlos e ainda teve um papel diplomático chave como “medianeiro”, como intermediário e fiador do imperador nas negociações de paz com os seus antago-nistas, nomeadamente Francisco I 31.

Ambas as casas reais parecem de facto responder a “um mesmo espaço com duas monarquias” que em situações e campos decisivos se comportou na prática como uma monarquia bicéfala, muitas décadas antes da denominada anexação dinástica: inte-resses dinásticos comuns de famílias monárquicas intensamente fundidas, estratégias defensivas comuns nas rotas das especiarias perante inimigos ou problemas similares (a pirataria francesa e inglesa, as resistências dos poderes indígenas, a delicada diplomacia papal…), etc. 32.

Esta relação de factos conhecidos não serve aqui senão para adequadamente con-trapor e frisar o facto de que a mesma Coroa portuguesa subsidiou paralelamente uma literatura (neolatina e romance) de cunho claramente identitário, a qual exaltava o reino português como nova Roma, como o novo “império” da Cristandade. Contestava assim de maneira discreta e segura o sentido final do Sacro Império.

Nas duas lógicas ou estratégias detectáveis na cultura portuguesa quinhentista (uma que desembocaria na união dinástica e outra na propaganda anti-castelhana da Restauração) o humanismo latino parece associar-se tendencialmente à segunda 33.

Para entender melhor a potencial elasticidade do termo imperium na literatura quinhentista convém incidir todavia na sua “inquietante polissemia”.

A polissemia do termo imperium

A polissemia do vocábulo decorria da sua dilatada e rica peripécia nos períodos antigo e medieval. Quando Damião de Góis escrevia a Giovio, o termo tinha ainda experimentado na Península Ibérica uma bifurcação especial de sentido, assente nas próprias contradições internas do complexo império herdado por Carlos. A história da recepção europeia do conceito antigo de imperium em contexto das Descobertas dividira-se de facto em Castela, já por volta de 1519, num imperium de conteúdo

ibé-gente Adriano de Utrecht em Portugal, 50 mil cruzados entregues em empréstimo ao reibé-gente para enfrentar a “revolução” dos “comuneros”, etc.

30 Jerónimo Osório, Da Vida e Feitos d’El Rei D. Manuel, tomo 3, Lisboa, 1806, liv. 12, pp. 302-307. 31 A. Kohler, Carlos V…, op. cit., pp. 250ss.; Drummond Braga, op. cit., pp. 150ss.; cf. Charles

Piot, “Correspondance Politique entre Charles-Quint et le Portugal de 1521 à 1522”, Compte rendu des Séances de la Commission Royale d’Histoire ou Recueil de ses Bulletins, 4.ª série, tomo 7, Bruxelas, 1880, pp. 60-62.

32 Esta situação foi amplamente abordada e documentada por Drummond Braga, op. cit.. Vejam-se

particularmente as suas “Conclusões”, pp. 517-522.

33 “La memoria de los godos en João de Barros (Geographia d’Entre Douro e Minho)”, in IV Congresso

Internacional de Latim Medieval Hispânico (Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, 12-15 de Outubro de 2005), Lisboa, 2006, pp. 889-904; “Do estado dos leoneses segundo Fernando Oliveira”, Quando Portugal era reino de León. Estudios sobre cultura e identidad antes de Alfonso Henríquez, León, 2011, 225-242; “Del antigoticismo en la Península Ibérica: los godos en la cultura portuguesa”, in Wisigothica, no prelo.

(11)

rico, castelhano, ligado directamente ao Novo Mundo 34, e num imperium “alemão”,

o império universal de matriz medieval gibelina, cujo centro geopolítico era a Itália, teorizado pelo mais decisivo ideólogo político do imperador, Mercurino Gattinara. Este definira claramente o império de Carlos como a unidade política e eclesiástica do conjunto transnacional da Cristandade 35.

No seio da própria Castela, estes dois sentidos produziram a discórdia entre os partidários do modelo imperial europeu e os seus detractores, como Antonio de Gue-vara ou Francisco de Victoria e a denominada “Escola de Salamanca”. Com efeito, as terras descobertas eram jurisdição do imperium no seu sentido restrito, castelhano, porque os domínios americanos ligavam-se apenas à herança materna, à coroa de Cas-tela. Aragão ficava excluído e associado às possessões italianas 36. D. João III sabia que

punha o dedo na ferida quando, na complicada fase de negociações sobre as Ilhas Molucas, pontualizava ao seu embaixador na corte do imperador, António de Azevedo Coutinho, que “nom se contrate com o emperador como emperador mas como Rei de Castela”, em carta de 28 de Março de 1527 37.

No quadro desta bifurcação do termo imperium na própria Península cabe en-tender melhor a “pacífica” coexistência peninsular da imagética do imperium de Carlos como a do imperium português.

Os jogos semânticos em torno do nosso termo mantiveram aparentemente con-trolada a condição paradoxal de um “império” sem imperador que se submetia a um Imperador eleito e coroado. Os monarcas portugueses podiam proclamar o seu “im-pério” enquanto se observavam peninsularmente, perante um Carlos apenas “rei de Castela”. Em simultâneo, perante a diplomacia europeia, saudaram Carlos V como imperador no seu sentido transnacional, como cabeça da Cristandade.

A elasticidade semântica em sentido patriótico alicerçava-se na interpretação ju-rídica medieval do imperator in regno suo, e, por outro lado, resultava da reactivação do sentido do termo imperium na literatura romana antiga no contexto da Expansão: a capacidade específica de comando de tropas, de exercício da força sobre outros povos.

Esta densidade conceptual é patente nas suas ocorrências na literatura neolatina portuguesa, particularmente nas epistulae e orationes que apresentavam o império luso ao Papa e foram concebidas para o público europeu, desde os últimos anos do século XV 38.

Deparamos, em suma, com a referida “inquietante polissemia” do termo impe-rium, dotado de uma versatilidade semântica só possível no tempo da “polifacética e pluralista” ordem política do mundo, o tempo de configuração e relativa indefinição das nações europeias 39.

34 Sintomático é o facto de que Carlos V, em numerosos documentos americanos, apenas se

desig-nou como “emperador sempre augusto”, sem referência a Roma ou ao Império Sacro-Germano. Veja-se P. Schmidt, “Monarchia uniuersalis…”, op. cit., p. 124.

35 Kohler, Carlos V…, op. cit., pp. 96 ss. 36 Ibid., pp. 237ss.

37 ANTT, Corpo Cronológico, parte I, maço 36, doc. 48. Sobre as negociações que envolvem esta carta

veja-se Drummond Braga, op. cit., pp. 132-133.

38 Jorge Alves Osório, “Os primeiros textos em latim de propaganda da Expansão Portuguesa.

Séculos XV-XVI”, in Congresso Internacional Bartolomeu Dias e a sua Época-Actas, vol. IV, Porto, Univer-sidade, 1989, pp. 533-545, p. 545; Luís de Matos, L’expansion…, op. cit., pp. 160-61.

(12)

Sphera Mundi. A singularidade do imperium português

O termo imperium utilizado na prosa de Damião de Góis emerge, comparativa-mente ao modelo habsburgo, como fiel reflexo textual da imagética “imperial” portu-guesa, a qual cedo se destacou pelo superior peso específico do Novo Mundo, muito particularmente da sua componente oriental e do seu impressionante exotismo, convi-vendo com o mais contraditório e complexo repertório dos Áustrias e tirando hábil e discreto proveito das suas desvantagens. No texto de Damião de Góis que constitui o nosso ponto de partida, assim como no referido documento de Aldo Manuzio, Carlos V será o primeiro dos prudentemente não identificados “príncipes cristãos”, os quais “esquecidos dos seus deveres, se combatem uns aos outros” 40.

Perante a divisa imperial de génese borgonhesa Plus ultra 41 (adornada com as

colunas de Hércules), fora já herança de D. João II a Sphera Mundi de D. Manuel I, emblema que tinha evoluído do inicial sentido dinástico-nobiliárquico para o impe-rial 42. A Sphera/Spera Mundi, acompanhada da imagem da esfera armilar, radicava a

Expansão Portuguesa nos logros da matemática da navegação, vinculando esta com poderosa alusão à dimensão profético-bíblica do reino fundado por D. Afonso Henri-ques (“Esperança do mundo”) 43.

Após a morte do Venturoso, a Sphera Mundi continuou a ser “obsessivamente” re-produzida durante o século XVI, convivendo com a divisa escolhida por D. João III In hoc signo uinces. A esfera armilar constituía, de facto, feliz espelho da singular focagem do imperium luso na abertura do mundo, a qual explica a ocorrência no humanismo português de temas ausentes no humanismo castelhano. Assim destaca-se a defesa por parte de João de Barros da superioridade da arquitectura oriental pré-islâmica sobre a greco-romana, chegando a propor a origem hindu da arte clássica, exemplo do que tem sido denominado de “classicismo crítico” 44. Esta posição terá permitido a emergência

de um “novo estilo” de cariz alternativo ao puro renascer dos modelos antigos e expli-caria o “exotismo impressionista” próprio do estilo manuelino 45.

Essa superioridade dos portugueses como testemunhas do exotismo de um mundo bem mais aberto, multifacetado e exótico, permitiria contrabalançar mais ousadamente a perspectiva antiquária do Renascimento, patente na literatura quinhentista de Duarte Pacheco Pereira e Gil Vicente a Luís de Camões.

40 Damião de Góis, De Rebus et Imperio…, op. cit., p. 88.

41 Marcel Bataillon, “Plus oultre: la Cour découvre le Nouveau Monde”, in Les Fêtes de la

Re-naissance II: Fêtes et cérémonies au temps de Charles-Quint, ed. J. Jacquot, Paris, 1960, pp. 13-27; Earl E. Rosenthal, “Plus ultra, non plus ultra, and the Columnar Device of Emperor Charles V”, Journal of the Warburg and Courtauld Institutes, 34, 1971, pp. 204-228; “The Invention of the Columnar Device of Emperor Charles V at the court of burgundy in Flanders in 1516”, Journal of the Warburg and Courtauld Institutes, 36, 1973, pp. 198-230.

42 Ana Maria Alves, Iconologia do poder real no período manuelino, Lisboa, 1985, pp. 22, 50, 57-58. 43 Uma útil síntese da obsessiva representação da esfera armilar no reinado de D. Manuel, as

edifi-cações e a celebração imperial em Paulo Pereira, “O manuelino triunfante”, in História de Portugal, dir. J. Mattoso, vol. 3, Lisboa, 1993, pp. 429 ss.

44 João de Barros, Décadas da Ásia, livro II, cap. III, Coimbra, 1932; retiro a expressão “classicismo

crítico” de Rafael Moreira, “Arquitectura”, in Catálogo da XVII Exposição de Arte, Ciência e Cultura do Conselho da Europa, Arte Antiga, I, Lisboa, 1983, pp. 307-357, p. 311. Cf. Paulo Pereira, A obra silvestre…, op. cit., p. 57.

(13)

A dinâmica de confronto entre os universos abertos pela Expansão ficava secun-darizada no universo imperial centrípeto de Carlos V 46. Tal dimensão constitui uma

singularidade lusitana que se prolongará no tempo, frisada pela investigação historio-gráfica portuguesa e recentemente renovada com a disponibilização de novos docu-mentos latinos inéditos 47.

O sentido do imperium de Góis contrasta também com o de Castela pela sua singular relação com o centro da Europa, concentrada no tráfego comercial, diferente da tensão político-militar que acompanha as campanhas do rei Católico Fernando de Aragão e toda a governação europeia de Carlos V 48.

Do ponto de vista jurídico, o imperium luso defendido por Góis destaca-se tam-bém do modelo de Carlos V, o qual cunhou moedas com a sua efígie com a legenda “Carolus V Imperator”. As moedas de D. Manuel I e D. João III não exibiam efígies régias. A diferença é condizente com a simbologia do poder real em Portugal, onde os reis não são coroados nem ungidos mas alevantados em lugares públicos, e “bradados” pelos próceres da nobreza. A componente religiosa reduzia-se a uma arenga de um pre-lado insigne (e só com D. João III encontramos referência expressa ao juramento sobre os Evangelhos). Esta simbologia de componente civilista herdava-se da aclamação de D. Afonso Henriques e sustenta-se na referida codificação jurídica do reino de Portugal.

A Sphera Mundi e o emblema joanino In hoc signo uinces conseguiram conviver com o Plus Ultra como respectivas mensagens impressivas de afirmação política de ca-rácter imperial sem mutuamente colidir, coexistindo antes na qualidade de índices da vontade de relativa concórdia das duas potências em matéria de expansão, em signifi-cativo contraste com a importância que terá posteriormente a mais agressiva imagética do Dragão Lusitano e do Leão de Castela, no quadro das controvérsias da Anexação Dinástica e da Restauração 49. Neste sentido observa-se uma certa desfocalização

ima-gética no recente título de Serge Gruzinski: L’Aigle et le Dragon, Démesure européenne et mondialisation au XVIe siècle, uma obra de resto necessária, a começar pela lógica comparativa aplicada aos dois reinos peninsulares 50.

46 Rafaella d’Intino, Enformação das cousas da China: textos do século XVI, Lisboa, 1989; Afonso

de Albuquerque, O César do Oriente, introd. T. Earle, F. Villiers, Porto, 2006; Luís Filipe Barreto, Macau: Poder e Saber Séculos XVI e XVII, Lisboa, 2006; Luís Filipe Thomaz, “De foedere et pace inter reges Portugalliæ et Cholecut – A armada dos Albuquerques e o primeiro tratado internacional firmado pelos Portugueses na Índia”, Humanitas, 58, 2006, pp. 309-332.

47 Tomás Pereira, Obras, vol. I, II, Lisboa, 2011, trad. Arnaldo Espírito Santo, edição inserida no

Projecto “Sapientia Sinica” do Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa. Cf. id., “Sinica Moni-menta. A Viagem da Embaixada Chinesa a Nerchinsk em duas versões”, Euphrosyne 40, 2012, pp. 371-379.

48 Sintomaticamente, dos Commentaires à imitação de César, ditados por Carlos V em 1550, e

reve-ladores da apropriação do conceito de imperium antigo, só se conserva uma tradução portuguesa, que en-controu e editou em meados do séc. XIX: Kervyn van Lettenhove (ed), Commentaires de Charles-Quint, Bruxelles, F. Heussner, 1862, BNP H.G. 3371 A.

49 André Simões, “O Leão e o Dragão no Imaginário da Restauração”, in Paulo F. Alberto,

Ro-drigo Furtado (coord.), Quando Portugal era Reino de Leão. Cuando Portugal era Reino de León, León, 2001, pp. 243-257.

50 Serge Gruzinsky, L’Aigle et le Dragon, Démesure européenne et mondialisation au XVIe siècle,

(14)

Conclusão

Nestas páginas, propusemos a elucidação do significado do termo imperium na prosa de Damião de Góis numa perspectiva de contraste ou de contexto, problema-tizando a sua coexistência no período da poderosa propaganda imperial de Carlos V. Em primeiro lugar, compreende-se no seio da tradição medieval que definia o rei como “imperator in regno suo”, definição que no próprio modelo político de Carlos V convivia (conflituosamente) com a interpretação do Sacro Império. O sentido patrió-tico do termo imperium relativamente ao modelo austro-húngaro, patente na obra de Damião de Góis, enquadra-se na sua significativa ocorrência na literatura humanística portuguesa, comprometida com a propaganda imperial desde fins do século XV. O contributo maior do humanismo luso pendia para a configuração imagética contrastiva com Castela, no quadro da duplicidade verificável nas posições da Coroa e da própria cultura literária portuguesa (apoio ao Imperador, por um lado; autopromoção identi-tária imperial, por outro).

No termo imperium de Góis confluem traços maiores da singularidade da lite-ratura humanística portuguesa relativamente a Castela: a habilidade da sua diploma-cia centro-europeia perante a abordagem militar-imperialista de Carlos V, a riqueza polifacetada do seu exotismo, a consequente relativização da hegemonia dos mode-los antigos perante a tendencial lógica centrípeta-europeia do modelo Habsburgo. A Sphera Mundi, a esfera armilar, símbolo de componente matemática concentrada na navegação, neste sentido, contrastada com o Plus ultra de Carlos V, revela-se um fiel espelho desta distinção. Ambos os emblemas são enfim espelho da diferença entre os dois humanismos peninsulares, da sua contraditória capacidade de convivência.

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