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MARCOS DESENVOLVIMENTAIS DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS NA INFÂNCIA

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Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

Pós-Graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento

Émille Burity Dias

MARCOS DESENVOLVIMENTAIS DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS

NA INFÂNCIA

JOÃO PESSOA - PB 2019

(2)

Émille Burity Dias

MARCOS DESENVOLVIMENTAIS DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS

NA INFÂNCIA

Tese de doutorado apresentada ao programa de Pós-Graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento, da Universidade Federal da Paraíba, para obtenção do título de doutor.

Orientadora: Profa Dra Carla Alexandra da Silva Moita Minervino

Linha de Pesquisa: Psicobiologia: processos psicológicos básicos e neuropsicologia

JOÃO PESSOA 2019

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D541m Dias, Émille Burity.

Marcos desenvolvimentais das funções executivas na infância / Émille Burity Dias. - João Pessoa, 2019. 110 f. : il.

Orientação: Carla Alexandra da Silva Moita Minervino. Tese (Doutorado) - UFPB/CCHLA.

1. funções executivas. 2. memória de trabalho. 3. controle inibitório. 4. flexibilidade cognitiva. 5. desenvolvimento. I. Minervino, Carla Alexandra da Silva Moita. II. Título.

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Autor (a): Émille Burity Dias

Título: Marcos desenvolvimentais das funções executivas

Tese de doutorado apresentado ao programa de Pós-Graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento, da Universidade Federal da Paraíba, como requisito obrigatório para obtenção do título de doutor.

Aprovado em: João Pessoa, 27 de setembro de 2019.

Banca Examinadora

Dra. Carla Alexandra da S. Moita Minervino Universidade Federal da Paraíba

Presidente e Orientadora

Dra. Mirian Graciela da Silva Stiebbe Salvadori Universidade Federal da Paraíba

Examinador Interno

Dra. Marine Raquel Diniz da Rosa Universidade Federal da Paraíba Examinador Interno

Dra. Thereza Sophia Jácome Pires Universidade Federal da Paraíba Examinador externo

Dra. Monilly Ramos Araujo Melo

Universidade Federal de Campina Grande Examinador Externo

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Dedico este trabalho aos pequenos que movem minha vida: Benício e Laura.

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AGRADECIMENTOS

Os exemplos da minha vida sempre me ensinaram que toda grande conquista é baseada em muito trabalho, dedicação e renúncia. Não existe conquista fácil, para chegar onde se almeja muitas barreiras precisarão ser derrubadas, mas para isso é necessária uma rede de apoio. Minha imensa gratidão a minha rede de apoio, que me permitiu ultrapassar as barreiras e alcançar meus objetivos.

Inicialmente agradeço à Deus, que em sua infinita bondade nunca me deixou desamparada. Sempre colocou no meu caminho as pessoas certas.

Agradeço à minha família: Ayron, por toda palavra de motivação, pelo suporte com as crianças, pela compreensão nos meus momentos de ausência. Agradeço a Benício e Laura por se comportarem muito bem na minha ausência, por me dar carinho e amor nos meus retornos, e por serem a minha maior força.

Obrigada a todos (meus pais, minha sogra, Maria) que cuidaram, alimentaram, ninaram, amaram e que foram um pouco mãe de meus filhos enquanto eu realizava o doutorado.

Agradeço imensamente à professora Carla Minervino, meu maior exemplo e inspiração. Sou grata por ter acompanhado e orientado minha carreira acadêmica desde a graduação; por ter me incentivado; por ter me aconselhado; por não desistir do meu potencial. Agradeço por toda compreensão, pela amizade, pelas broncas, e principalmente pela paciência para comigo.

Agradeço às professoras doutoras que compuseram a banca examinadora: Profa Marine, Profa Mirian, Profa Thereza e Profa Monilly. Minha eterna admiração e gratidão pela colaboração, por cada colocação, pela serenidade e calma neste momento de tensão e muito aprendizado.

Agradeço ao programa de Pós-Graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento, na pessoa do coordenador professor doutor Flávio e do secretário Arthur, pela disponibilidade, pronto atendimento, educação e bom manejo nas questões burocráticas acadêmicas.

Agradeço aos professores do PPGNEC que tanto contribuíram para a minha aprendizagem, compartilhando com os alunos o seu conhecimento.

Agradeço aos meus colegas de curso, que tornaram essa caminhada mais divertida, mais amena, dividindo as aflições e tensões.

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Agradeço imensamente aos meus irmãos do Núcleo de Estudos em Saúde Mental, Educação e Psicometria (NESMEP), principalmente Andry, Fellipi, Faheyna e Victor por compartilharem comigo os seus saberes, momentos de descontração, risadas divertidas, sonhos e realizações.

Agradeço à CAPES pelo fomento, que me permitiu seguir com exclusividade para execução desta tese.

Agradeço a todos os pais e todas as crianças que deram o seu consentimento para a participação neste trabalho, e que foram de grande valia para que eu pudesse executá-lo.

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“Não se volte, se a meta for as estrelas.” Leonardo da Vinci

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ... 14

1 CAPÍTULO 1: Considerações teóricas sobre funções executivas na infância ... 16

2 CAPÍTULO 2: Desenvolvimento das funções executivas na infância ... 38

3 CAPÍTULO 3: Análise multidimensional das funções executivas na infância ... 69

4 CAPÍTULO 4: Conclusão geral ... 91

REFERÊNCIAS ... 95 ANEXOS

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Lista de tabelas

Tabela 1. Modelos explicativos das funções executivas...23

Tabela 2. Distribuição de matrículas por ano escolar no município de João Pessoa, PB por tipo de escola...43

Tabela 3. Caracterização da amostra...45

Tabela 4. Método estatístico utilizado para cada objetivo traçado...50

Tabela 5. Estatística descritiva (médias e desvios-padrão) dos grupos de idade (7 a 11 anos)...51

Tabela 6. Estatística inferencial (MANOVA) da diferença entre os desempenhos dos grupos de idade...52

Tabela 7. Estatística descritiva (médias e desvios-padrão) dos grupos de sexo...52

Tabela 8. Estatística inferencial (teste t) da diferença entre os desempenhos dos grupos de sexo...53

Tabela 9. Estatística descritiva (médias e desvios-padrão) dos grupos ano escolar...53

Tabela 10. Estatística inferencial (MANOVA) da diferença entre os desempenhos dos grupos de ano escolar...54

Tabela 11. Estatísticas descritivas da amostra geral...54

Tabela 12. Dados sumarizados da análise de regressão múltipla para memória de trabalho...56

Tabela 13. Coeficientes de análise de regressão para memória de trabalho...57

Tabela 14. Dados sumarizados da análise de regressão múltipla para flexibilidade cognitiva...57

Tabela 15. Coeficientes de análise de regressão para memória de trabalho...58

Tabela 16 Dados sumarizados da análise de regressão múltipla para inibição...59

Tabela 17 Coeficientes de análise de regressão para inibição...59

Tabela 18. Modelos estruturais das funções executivas a serem testados (MT: memória de trabalho, CI: controle inibitório, FC: flexibilidade cognitiva)...73

Tabela 19. Distribuição de matrículas por ano escolar no município de João Pessoa, PB por tipo de escola...74

Tabela 20. Caracterização da amostra...76

Tabela 21. Estatística descritiva (médias e desvios-padrão) dos grupos de idade (7 a 11 anos)...81

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Lista de Figuras

Figura 1. Modelo de memória de trabalho de Baddeley, 2000...28

Figura 2. Relação entre as variáveis que mensuram as funções executivas...55

Figura 3: Modelo Unifatorial...83

Figura 4: Modelo bifatorial FC e CI + MT...84

Figura 5: Modelo bifatorial CI e FC + MT...84

Figura 6: Modelo bifatorial MT e FC +CI...84

Figura 7: Modelo trifatorial...84

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Lista de Abreviaturas e Siglas FEs = funções executivas

CI = inibição ou controle inibitório MT = memória de trabalho

FC = flexibilidade cognitiva FDT = teste do cinco dígitos

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RESUMO

O presente trabalho trata das funções executivas (memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva) na infância, e tem como objetivo principal analisar o desenvolvimento das funções executivas. Este trabalho foi organizado em três partes, a saber: 1) Considerações teóricas sobre o tema; 2) Desempenho das FEs nos grupos de idade; 3) Análise da estrutura de desenvolvimento das FEs. A amostra foi composta por 120 crianças de ambos os sexos, entre 7 e 11 anos, com idade média de 8,96 anos (dp = 1,42). Sendo 47,5% do sexo masculino. As crianças foram distribuídas em cinco grupos, correspondentes a suas idades, cada grupo com em média 20 crianças. Foram utilizados os seguintes instrumentos: questionário sociodemográfico, matrizes progressivas de Raven, teste de atenção por cancelamento, dígitos ordem direta e indireta, teste de cinco dígitos, teste de trilhas, stroop versão Victória. Foi utilizado o software SPSS para efetuar as análises descritivas (médias, desvios-padrão, frequências, porcentagens) e análise inferencial: teste de correlação de Pearson, Manova, Teste t, e regressão múltipla. Também foi utilizado o Rstudio para execução de análise fatorial confirmatória. Como resultados principais destaca-se que as crianças mais velhas e de anos escolares mais avançados apresentam melhores índices de funções executivas. Sendo a variável que melhor explica o desempenho em funções executivas o ano escolar e a capacidade de atenção seletiva. Entre 7 e 11 anos observa-se estrutura de desenvolvimento bifatorial.

PALAVRAS-CHAVE: funções executivas, memória de trabalho, controle inibitório, flexibilidade cognitiva, desenvolvimento, infância, análise fatorial confirmatória

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ABSTRACT

This paper deals with executive functions (working memory, inhibitory control and cognitive flexibility) in childhood, and its main objective is to analyze the development of executive functions. This paper was organized in three parts, as follows: 1) Theoretical considerations on the subject; 2) Performance of EFs in age groups; 3) Analysis of the development structure of SFs. One sample consisted of 120 children of both sexes, between 7 and 11 years old, with an average age of 8.96 years (sd = 1.42). Being 47.5% male. As children were divided into five groups, corresponding to their ages, each group with an average of 20 children. The following instruments were used: somiodemographic questionnaire, Raven progressive matrices, cancellation attention test, direct and indirect order digits, five-digit test, trail test and victorious version. SPSS software was used to perform descriptive analyzes (means, standard deviations, frequencies, percentages) and inferential analyzes: Pearson's correlation test, Manova, t-test and dynamic regression. It was also used or Rstudio to perform confirmatory factor analysis. As the main results are displayed as older children and older years present the best rates of executive functions. Being a variable that best explains the performance in executive functions or school year and the capacity of selective attention. Between 7 and 11 years, a bifactorial developmental structure is observed.

KEYWORDS: executive functions, working memory, inhibitory control, cognitive flexibility, development, childhood, confirmatory factor analysis.

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APRESENTAÇÃO

Este estudo teve como finalidade investigar o desenvolvimento das funções executivas durante a infância. Sabe-se que as funções executivas é um termo que abrange um conjunto de outras habilidades cognitivas, e devido a sua multidimensionalidade ela é considerada como sendo bastante complexa. Dentre as habilidades, ou componentes, que compõem as funções executivas, estão: memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva. Estas são consideradas funções executivas básicas, e desenvolvem-se primeiro para dar suporte às funções executivas complexas, que são: raciocínio, planejamento, organização, tomada de decisão, dentre outras. Esses componentes atuam de forma harmoniosa com a finalidade de alcançar um determinado objetivo.

Estudos acerca das funções executivas tem sido de grande interesse na área da neurospsicologia. No entanto, observa-se, na literatura, grande foco em amostras de pré-escolares e clínicas (como TDAH, TEA). Estudos que considerem uma amostra típica são escassos. Este fator associado ao fato de que há uma variedade de métodos e técnicas que avaliam as funções executivas na infância contribuem para um intenso debate sobre o tema. Além de refletir em diversas incongruências na literatura, tanto sobre suas definições, habilidades que a compõem, quanto ao seu desenvolvimento.

Diversos estudos indicam que há uma progressão das funções executivas no decorrer da idade. Ou seja, as funções executivas melhoram com o avançar da idade. Mas questões acerca da sua estrutura componencial durante a infância ainda não é um acordo na literatura. Estudos como o de Hugues et al (2009) levantam evidências sobre estrutura unifatoral entre 4 e 6 anos, tornando-se bifatorial a partir dos 7 anos. Enquanto que St Clair Thompson et al. (2006) e Brydges et al. (2014) afirmam uma estrutura bifatorial a partir dos 9 anos. Nota-se que há uma progressão de estrutura durante a infância, sendo esta inicialmente unifatorial e tornando-se multifatorial na idade adulta.

Diante o exposto, esta tese pretende contribuir para as discussões sobre as funções executivas no desenvolvimento típico infantil, buscando entender sua organização estrutural. Sendo assim, foram avaliadas 120 crianças com desenvolvimento típico, de ambos os sexos, estudantes de escolas públicas e com idades entre 7 e 11 anos.

Deste modo, o presente trabalho está disposto em quatro capítulos. No primeiro capítulo será apresentada considerações teóricas sobre as funções executivas, na intenção de introduzir o leitor a temática estudada. No capítulo 2 serão apresentadas evidências

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acerca do desenvolvimento dos componentes das funções executivas (memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva) com o objetivo de apontar diferenças entre idade, sexo e ano escolar. Assim como a relação entre os componentes das funções executivas e quais variáveis (idade, ano escolar, inteligência, atenção) melhor contribuem para o seu desempenho. O terceiro capítulo trará dados acerca do desenvolvimento estrutural das funções executivas na infância. E por fim, o último capítulo fará uma síntese dos dados apresentados, e as principais implicações para a ciência e sociedade. Ao término da tese será possível verificar todas as referências utilizadas e alguns instrumentos utilizados.

Vale ressaltar que os capítulos 1, 2, e 3 foram escritos em formato de artigo. Sendo assim, o leitor pode iniciar esta tese a partir do capítulo que desejar.

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CAPÍTULO 1. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE FUNÇÕES EXECUTIVAS NA

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RESUMO

Dias, Émille Burity. (2019). Considerações teóricas sobre funções executivas na infância. In: Marcos desenvolvimentais das funções executivas na infância. Tese de Doutorado, Centro de ciências humanas, letras e artes, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.

As funções executivas (FEs) podem ser consideradas como habilidades ou processos cognitivos que colaboram para identificar metas, planejar e executar tarefas com a finalidade de conquistar um objetivo. A literatura a respeito das FEs está em ascensão, pois o tema é de interesse significativo da neuropsicologia cognitiva, em uma revisão Baggeta & Alexander (2016) constataram 1400 estudos entre 2000 e 2013. Diante a relevância da temática em questão este estudo tem por objetivo explicitar, apresentar e introduzir teoricamente o tema funções executivas na infância, numa revisão da literatura concisa. Deste modo, abordará considerações essenciais sobre: 1. Definições das funções executivas; 2. Neuropsicologia das funções executivas; 3. Modelos de funções executivas; 4. Modelos na infância; Modelo de Diamond; e 5. Estudos na infância.

PALAVRAS-CHAVE: funções executivas, memória de trabalho, controle inibitório, flexibilidade cognitiva, infância

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ABSTRACT

Dias, Émille Burity. (2019). Theoretical considerations about executive functions in childhood. In: Developmental milestones of executive functions in childhood. PhD Thesis, Center for Humanities, Letters and Arts, Federal University of Paraíba, João Pessoa.

Executive functions (FEs) can be used as cognitive skills or processes that collaborate to identify goals, plan and perform tasks in order to achieve a goal. The literature on FE is on the rise, as the topic is of significant interest to cognitive neuropsychology, in a review by Baggeta & Alexander (2016) after 1400 studies between 2000 and 2013. Given the relevance of the subject in question, this study has as its The objective is to explain, present, present theoretically or the theme executive functions in childhood, in a concise review. This mode addresses considerations about: 1. Executive function settings; 2. Neuropsychology of executive functions; 3. Models of executive functions; 4. Models in childhood; Diamond model; and 5. Studies in childhood.

KEYWORDS: executive functions, working memory, inhibitory control, cognitive flexibility, childhood.

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INTRODUÇÃO

O estudo acerca das funções executivas tem sido de grande interesse na área da neuropsicologia cognitiva. Numa extensiva pesquisa na base de dados Psycinfo, Baggeta & Alexander (2016) constataram 181 estudos sobre a temática em 2013; 1400 estudos entre 2000 e 2013. Os autores catalogaram cerca de 25 diferentes atributos para as funções executivas, sendo o mais comum: processo cognitivo de alta ordem. Segundo os autores, esta variedade de atributos que a literatura menciona confunde, de certo modo, as definições de funções executivas, culminando na falta de consenso sobre o construto. Logo, ressalta-se que cerca de oitenta e três referências definem as funções executivas, sendo os mais citados: Miyake et al (2000) e Friedman & Miyake (2012).

Ademais, não há consenso a respeito dos componentes e processos subjacentes às funções executivas. Lista-se cerca de trinta e nove diferentes componentes e/ou processos, sendo os mais comuns mencionados, respectivamente: controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva. Considerando esta variedade, entra-se no seguinte consenso: o construto das funções executivas é multidimensional. Isto quer dizer que, este construto é composto por inúmeras habilidades (Elsinger, 1996).

Em revisão (Baggeta & Alexander, 2016), enumera-se quarenta e oito modelos de funções executivas, sendo os mais citados: Miyake et al (2000), e Diamond (2006, 2013). Diversos estudos (Hughes et al., 2009; Huizinga, et al., 2006; Brydges, et al., 2014; Shing, et al, 2010; Xu, et al, 2013) relatam que as funções executivas têm estrutura multifatorial. Mas alguns pesquisadores postulam que é um construto inicialmente, unitário e com o avançar do desenvolvimento torna-se multidimensional (Miller, et al, 2012). Entende-se o desenvolvimento das funções executivas como sendo lento e progressivo, provavelmente por estar associado a mielinização tardia do córtex pré-frontal, que tem seu inicio pós-natal, estabelece-se na idade adulta e declina na velhice (Diamond, 2013).

No mais, salienta-se que o funcionamento executivo influencia diversas áreas da vida do ser humano, como exemplo: aprendizagem, ajustamento e funcionamento do indivíduo de maneira apropriada a regras e demandas em distintos contextos (relacionamentos, profissionais, acadêmicos, saúde mental e física, dentre outros), justificando a importância de seu estudo, e crescente investigação sobre a temática.

No Brasil, as pesquisas sobre esta temática estão sempre coadjuvantes ao estudo das funções cognitivas gerais, sendo os estudos, na maioria das vezes, com amostras clínicas (Pureza, et al. 2013).

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Diante o que fora exposto, este artigo tem o objetivo de explicitar, apresentar, introduzir teoricamente o tema funções executivas na infância, numa revisão integrativa. Deste modo, abordará considerações sobre: 1. Definições das funções executivas; 2. Neuropsicologia das funções executivas; 3. Modelos de funções executivas; 4. Modelos na infância; Modelo de Diamond; e 5. Estudos na infância.

Definição de funções executivas

As funções executivas (FEs) podem ser consideradas como habilidades, operações, processos ou capacidades cognitivas que possibilitam ao sujeito identificar metas, planejar e executar tarefas com a finalidade de conquistar um objetivo (Cypel, 2006; Malloy-Diniz, Paula, Loschiavo-Alvares, Fuentes & Leite, 2010; Cosenza & Guerra, 2011).

As FEs oportunizam à pessoa produzir o melhor comportamento para situações sociais, regulá-lo com êxito, de forma autônoma e deliberada (Barros & Hazin, 2013). Em razão de sua característica autorreguladora, podem ser comparadas a um diretor executivo de uma empresa – que comanda e fiscaliza setores; bem como ao maestro de uma orquestra – que coordena e harmoniza diversos instrumentos. As FEs são consideradas como um processo cognitivo que abrange controle comportamental e prepara as pessoas para diversas situações. Elas possibilitam comportamento flexível para mudanças fornecendo as respostas coerentes e suaves (Zelazo, et al. 1997).

Para Diamond (2013) as FEs também podem ser chamadas de controle executivo e controle cognitivo e se referem ao conjunto de processos mentais top-down, necessário quando você precisa se concentrar e prestar atenção. As FEs são requisitadas quando comportamentos automáticos, instintivos ou intuitivos seriam imprudentes, insuficientes ou impossíveis (Espy 2004).

Usar as FEs requer esforço, visto que é mais fácil continuar fazendo o que tem se tem feito do que mudar. Deste modo as habilidades integradas e coordenadas pelas FEs são requisitadas e úteis em novas ações - possibilitando o controle do comportamento -, e não rotineiras – ou seja, quando o processamento automático não é suficientemente adequado (Seabra, Reppold, Dias & Pedron, 2014). Sendo assim, as FEs tem uma importante função adaptativa (Goldberg, 2002).

Esta função adaptativa das FEs torna-se comprometida quando há situações de estresse (Liston et al. 2009), tristeza, (Hirt et al. 2008), solidão (Tun et al. 2012), privação de sono (Barnes et al. 2012), ou problemas na aptidão física (Best 2010).

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Neuropsicologia das funções executivas

As funções executivas apresentam desenvolvimento gradual, com amadurecimento consoante ao desenvolvimento ontogenético. Nota-se que na infância as funções executivas não estão plenamente desenvolvidas, e modificam-se significativamente até o fim da adolescência. Esta mudança acontece graças a uma característica plástica do cérebro, denominada neuroplasticidade, ou seja, a capacidade que o sistema nervoso tem de se alterar em termos de função ou estrutura como resposta às influências ambientais externas ou internas. A neuroplasticidade envolve, portanto, processos como ramificação de dendritos, formação e eliminação de sinapses (Cosenza & Guerra, 2011).

Com o avançar da idade observa-se significativa melhoria das FEs. Os principais saltos no desenvolvimento das FEs ocorrem em três momentos:

(1) do nascimento aos 2 anos; (2) entre sete e nove anos;

(3) entre 16 e 19 anos (Capovilla, et al, 2004).

Na idade adulta as FEs se estabilizam e então, na velhice inicia seu declínio natural (Seabra & Dias, 2012; Malloy-Diniz, Sedo, Fuentes & Leite, 2008). Deste modo, o desenvolvimento das FEs pode ser caracterizado por uma curva em forma de U invertido. O desenvolvimento tardio das funções executivas é comumente associado a maturação maturação prolongada do córtex pré-frontal (Zelazzo, Craik & Booth, 2004). No desenvolvimento intrauterino o cortéx pré frontal - área cerebral responsável pelas funções executivas - inicia seu desenvolvimento. No entanto, é, somente após o nascimento que as conexões do sistema nervoso se amadurecem. O córtex pré-frontal (CPF), especialmente, é a última região a completar seu amadurecimento. Os neurônios do CPF têm dendritos mais densos (Elston, Benavides-Piccione & DeFelipe, 2001), permitindo assim, melhor processamento das informações, inclusive a níveis mais complexos (Roth & Dicke, 2005). Observa-se um desenvolvimento progressivo referente ao processo de mielinização, proliferação neuronal e sinaptogênese do CPF (O’Hare & Sowell, 2008).

Considera-se que o lobo frontal, especificamente o córtex pré-frontal - região filogeneticamente mais moderna do cérebro humano, que compreende as regiões do lobo frontal anteriores ao córtex motor primário - está diretamente relacionada as FE, sendo dividida funcionalmente em três diferentes áreas (Cypel, 2006; Mourão Junior & Melo, 2011; Fuster, 1994).:

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1. Orbitofrontal ou ventromedial: responsável pelas emoções e seleção de objetos; 2. Dorsolateral: participa na avaliação e organização de conceitos, memória de trabalho, organização e expressão de atividades voluntárias;

3. Frontomedial ou giro do cíngulo: interfere na motivação, volição, interesse e atenção sustentada.

O córtex pré-frontal é ativado sempre que há a necessidade do indivíduo aprender coisas novas. Logo, para atividades automatizadas, onde não é necessário raciocínio nem resolução de problemas, o recrutamento das funções executivas torna-se pouco necessário (Diamond, 2013).

Fatores de desenvolvimento do sistema nervoso contribuem significativamente para o bom funcionamento das FEs. Mas, fatores ecológicos são igualmente importantes na contribuição deste bom funcionamento, visto que é necessário um ambiente que estimule tais habilidades, proporcione um bom estado de saúde e nutricional, nível socioeconômico, escolaridade dos pais (Stelzer, Cervigini, Martino & 2011).

Modelos de funções executivas

Existem inúmeros modelos que explicam as funções executivas. No entanto, a maioria se refere ao funcionamento executivo em adultos.

Apesar de não ter utilizado o termo funções executivas, Luria (1973) pode ser considerado um dos pioneiros no estudo do funcionamento executivo. A partir de suas investigações neuropsicológicas, elaborou o modelo de funcionamento cerebral por sistemas. Nesta perspectiva postulou que o cérebro seria decomposto em três unidades hierárquicas, associadas a regiões neuroanatômicas específicas. As unidades funcionais do cérebro atuariam de modo conjunto em favor da regulação do comportamento (Luria, 1973).

Para Luria (1966), a primeira unidade funcional seria a responsável pelas reações fisiológicas básicas, que garantiriam a sobrevivência como batimentos cardíacos e vigília. Tais funções seriam possíveis graças a regiões cerebrais subcorticais, como o tronco encefálico. A segunda unidade funcional garantiria a recepção, análise e armazenamento de informações advindas dos sentidos (visuais, auditivas e táteis). Subjancente a segunda unidade estariam as regiões posteriores do cérebro, como os lobos parietais, occipitais e temporais.

Por fim, a terceira unidade diz respeito à funções mais complexas e executivas. Esta unidade se encarregaria de regular, monitorar e programar a atividade mental, sendo

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o lobo frontal a região cerebral que oportunizaria estas funções. Nota-se que a atribuição da terceira unidade é compatível com habilidades executivas de planejamento, autorregulação e monitoramento. Habilidades estas, que atualmente são associadas às funções executivas.

Outro modelo teórico das FEs que se classifica como construto único é a hipótese do marcador somático, concebido por Damásio (1994). Para este estudioso a escolha racional é guiada por marcadores somáticos. Em outras palavras: a tomada de decisão seria orientada por reações emocionais. Quando se toma uma decisão, o resultado produz uma reação emocional que se bem estabelecida ocorrerá antes das próximas escolhas. Em síntese, a emoção influencia a tomada de decisão.

A hipótese do marcador somático faz associação entre o córtex órbito frontal, giro do cíngulo anterior e amígdala, a partir da averiguação de pacientes com lesões no córtex pré-frontal ventromedial, que apresentam déficits na capacidade de decidir, e na sua função social, sem agravo cognitivo aparente.

O modelo teórico das FEs proposto por Lezak e colaboradores (2004) compreendia que o funcionamento executivo consistia em quatro componentes, a saber: (1) Volição: que trata da capacidade de envolver-se em comportamento intencional, formular objetivo, iniciar atividades, dedicar-se a uma tarefa por longo período de tempo e estar motivado. (2) Planejamento: se refere a habilidade de identificar e organizar as etapas necessárias para atingir um objetivo. Habilidade de memorizar, controlar impulsos e sustentar atenção. (3) Comportamento com propósito: programar atividades com coerência com o objetivo que se pretende alcançar. Iniciar e manter-se numa atividade, flexibilizar o seu curso, inibir comportamentos inadequados. (4) Desempenho efetivo: se refere às habilidades essenciais para volição, planejamento e comportamento em constante automonitoramento. Foi Lezak em 1982, o primeiro a utilizar o termo funções executivas. Até então tem-se Luria utilizando termos como: planejamento, monitoramento e regulação.

De acordo com Miyake (2000) as funções executivas são compostas por componentes/fatores. Através de análise fatorial, Miyake (2000,2012) estabelece que as funções executivas são compostas por fatores independentes como memória de trabalho, flexibilidade cognitiva e inibição, que se correlacionariam moderadamente. E também por um fator geral que coordenaria esses fatores tornando ativo o objetivo da tarefa.

(25)

Os modelos de Lezak e Miyake são bem definidos para adultos. Os modelos de funções executivas na infância, consideram aspectos desenvolvimentais das funções executivas.

Modelos na infância

No que se refere a infância, pode-se pontuar duas vertentes que explicam o desenvolvimento das funções executivas:

1) Os estudos que postulam que as FEs são uma estrutura unificada (Munakata, 2001; Posner e Rothbart, 2007; Zelazo & Frye, 1998; Zelazo & Muller, 2002); 2) Os estudos que postulam que as FEs como uma estrutura de componentes

dissociados (Diamond, 2006 e 2013); e

O modelo postulado por Munakata (2001, 2005) compreende que as funções executivas apresentam natureza unitária na primeira infância. A regulação do comportamento é possível em virtude da inter-relação entre representações latente e ativa. As representações latentes se referem aos hábitos e armazenamento na memória de longo prazo que se expande, de modo gradual, durante todo o desenvolvimento pós natal. A representação ativa seriam as funções cognitivas atenção e memória de trabalho; esta representação apresenta um desenvolvimento lento e progressivo durante toda a infância. As representações ativa e latente funcionam de forma interativa, mas havendo divergência entre elas, a representação ativa é preponderante à latente.

Diamond, 2013 propõe que a memória de trabalho (MT), controle inibitório (CI), e flexibilidade cognitiva (FC) são componentes dissociados e com diferentes trajetórias de desenvolvimento. Esses componentes seguem uma curva de desenvolvimento com períodos de pico que acontecem depois da metade do primeiro ano de vida e entre 3 e 6 anos de idade (Diamond, 2001).

Senn, Espy & Kaufmann (2004) usando path analises da relação entre FEs básicas e complexas concluem que escores de MT e CI são correlatos. Ao passo que FC não se correlaciona com outros escores. O que indica que as FEs se constituem como um construto com estrutura de componentes dissociados mas mutuamente relacionados.

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Modelo de desenvolvimento das funções executivas de Diamond

O modelo de desenvolvimento de Diamond (2013, 2014), entende as funções executivas como conjunto de processos mentais top-down. Essas funções são habilidades essenciais para vários aspectos da vida como manejo da saúde física e mental, sucesso na escola e na vida, e desenvolvimento cognitivo, social e psicológico.

Compõem as funções executivas, três núcleos de funções executivas (Lehto et al. 2003, Miyake et al. 2000):

 Inibição (CI): controle inibitório, incluindo autocontrole (inibição comportamental) e controle de interferências (atenção seletiva e inibição cognitiva);

 Memória de trabalho (MT);

 Flexibilidade cognitiva (FC): também chamada de mudança de cenário, flexibilidade mental ou mudança mental intimamente ligada à criatividade. Os componentes principais das funções executivas (inibição, MT, FC) são fatores dissociados, porém, relacionados. A partir destes núcleos, desenvolvem-se funções executivas de ordem superior como raciocínio, resolução de problemas e planejamento.

a) Inibição

A inibição refere-se à habilidade de controlar a atenção, comportamento, pensamentos e / ou emoções para invalidar uma predisposição preponderante (interna ou atração externa) e, então, inibi-la, fazendo o que é mais apropriado ou necessário no momento. A inibição é importante, pois sem ela o sujeito ficaria em favor de impulsos, hábitos antigos (condicionados) e / ou estímulos no ambiente. Deste modo, a inibição permite que o sujeito mude e que escolha reações e comportamentos ao invés de agir por impulso ou instinto. A inibição envolve: autocontrole e inibição de interferências - inibição cognitiva e atenção seletiva (Diamond, 2013).

Inibição de atenção: refere-se ao controle da interferência a nível da percepção. A atenção seletiva é primordial para tal controle, pois ela filtra os distratores e seleciona os estímulos alvo. A inibição da atenção pode ser voluntária, ou seja, é possível que se escolha deliberadamente qual estímulo inibir, dependendo do seu objetivo (Theeuwes 2010).

Inibição cognitiva: refere-se ao controle de interferências mentais, atuando na supressão de representações mentais prepotentes como aprendizagens, pensamentos, memórias, inclusive o esquecimento intencional (Anderson & Levy, 2009). Usualmente,

(27)

a inibição cognitiva auxilia e da suporte à memória de trabalho, tendendo a se relacionarem fortemente.

Autocontrole: abrange o controle sobre o comportamento, e regulação emocional. Refere-se ao controle de impulsos (ex: controlar a vontade de comer doces quando se está de dieta). Compreende manter condutas socialmente corretas (ex: não furar a fila). Além disso, diz respeito a ter disciplina para permanecer e completar uma tarefa, independente de distrações. Está relacionado com o aspecto final do autocontrole - atrasar a recompensa (Mischel et al. 1989) - forçar-se a esquecer de um prazer imediato por uma recompensa maior a longo prazo. Sem disciplina e capacidade de adiar a recompensa, é impossível completar uma tarefa complexa e longa (ex: escrever uma tese).

b) Memória de trabalho (MT)

A primeira descrição sobre memória de trabalho foi realizada por Baddeley e Hitch (1974) e independente do conceito de funções executivas. Estudos (Diamond, 2013,; Huizinga, et al, 2006; Miyake, et al, 2000; Miyake & Friedman, 2012) tem firmemente associado a memória de trabalho como um componente das funções executivas.

A memória de trabalho está relacionada com a competência de reter e manipular a informação num determinado período de tempo (Diamond, 2006, 2013). Este componente tem por principal função prestar auxílio à atenção seletiva e assim, favorecer a representação mental da informação. A principal característica da memória de trabalho é seu armazenamento temporário, que dura o tempo necessário para que a informação seja manipulada durante o processamento de determinada tarefa (Baddeley, 2007).

A MT é base para realização de operações matemáticas, reorganização de lista de tarefas, reorganização de planejamentos (atualização de novas informações, considerar novas alternativas, relacionar ideias), raciocínio lógico, criatividade (pois envolve a combinação de elementos a partir de novas perspectivas), conhecimento conceitual, tomada de decisões (pois considera eventos passados, objetivos para planos (Diamond, 2013). A MT pode ser classificada em dois tipos a depender do conteúdo informação:

 MT verbal: auditiva

 MT não-verbal: visuo-espacial

O modelo explicativo da MT mais utilizado é o de Baddeley e Hitch (1994) que fora atualizado (Baddeley, 2000) e conjectura que pode-se observar o controle executivo na memória de trabalho através do seu principal componente chamado executivo central que funciona recrutando e gerenciando outros sistemas (alça fonológica e alça visuoespacial)

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durante a execução de tarefas. É sua função acessar a informação, manipulá-la, modifica-la e integrá-modifica-la a elementos da memória de longo prazo. Como também, analisar as informações advindas de imputs sensoriais, seleção de informações mais relevantes, filtro de informações que serão armazenadas e resgatas pela memória de longo prazo de acordo com a necessidade (Baddeley, 2002, 2007).

A alça fonológica permite que informações linguísticas, como os sons da linguagem sejam armazenados temporariamente concomitante ao desenvolvimento de uma tarefa cognitiva. A alça visuoespacial permite a manutenção temporária de letras do alfabeto, bem como diversos outros símbolo na cognição.

O buffer ou retentor episódico coopera para que dados fonológicos e visuoespaciais sejam integrados, principalmente para formar a semântica das informações. Gera uma representação em um sistema de armazenamento temporário até que a informação seja utilizada (Baddeley , 2007; ver figura 1).

Figura 1. Modelo de memória de trabalho de Baddeley, 2000

c) Flexibilidade cognitiva (FC):

A flexibilidade cognitiva envolve diversos aspectos como (Diamond, 2013): Mudança de perspectiva espacial: analisar um objeto/espaço/situação por novo ângulo. Por exemplo: um determinado objeto muda caso seja visualizado por um ângulo diferente?

Mudança de perspectiva interpessoal: Por exemplo: tentar compreender o ponto de vista de outra pessoa. Para alterar a perspectiva é necessário inibir a perspectiva anterior e ativar na MT elementos da nova perspectiva. E é por tal motivo que considerando os componentes básicos das FEs, a flexibilidade cognitiva é mais complexa e desenvolve-se após a MT e inibição (Davidson et al. 2006, Garon et al. 2008).

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Mudança de perspectiva de pensamento: refere-se a mudança da forma como se pensa sobre algo (“pensar fora da caixa”). Por exemplo: optar por uma nova forma de resolução de um determinado problema, tendo em vista que a resolução anterior não está sendo eficaz.

Ajuste de planos: envolve ser flexível o suficiente para se ajustar às prioridades, admitir erros, e aproveitar oportunidades repentinas e vantajosas. Por exemplo: quando se tem um planejamento em mente, e de repente surge uma oportunidade que o obriga a modificar o planejamento.

Criatividade: usar a seu favor ideias inovadoras para uma situação, não ser monótono. Por exemplo: utilizar novas estratégias de aprendizagem quando não se compreende um determinado assunto.

Em suma, a flexibilidade cognitiva é o oposto de rigidez cognitiva, é a habilidade de se adaptar as mudanças do ambiente. Possibilita ao sujeito lidar com situações novas, sem se apegar a padrões comportamentais (Seabra, et al, 2012).

As habilidades de MT, CI, FC são consideradas como funções executivas básicas. Estas funções dão suporte para o posterior desenvolvimento de funções mais complexas como: raciocínio, planejamento, tomada de decisão. Espera-se que ao término da adolescência já se tenha desenvolvido as funções executivas básicas (Diamond, 2006).

Desenvolvimento das funções executivas: estudos na infância

A pesquisa e teorização sobre as FEs na infância tem sido desproporcionalmente focada em crianças em idade pré-escolar (Best et al 2009). Diversos estudos (Leon, et al., 2018; Brydges et al., 2014; Xu et al., 2013; Hughes et al., 2009, dentre outros) trazem considerações sobre o desenvolvimento das funções executivas durante a infância. Sabe-se que existem diferenças na estrutura dos componentes das funções executivas durante a infância. No entanto, não há consenso entre os estudos sobre o modelo estrutural que predomina para cada idade.

Os modelos estruturais das funções executivas podem ser (Xu, et al., 2013):  Um único fator: três fatores (MT, CI, FC) indistinguíveis;

 De dois fatores:

o CI e FC indistinguíveis e MT distinta o FC e MT indistinguíveis e CI distinto o CI e MT indistinguíveis e FC distinto  Três fatores distintos mas correlatos (MT, CI, FC).

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Em um estudo longitudinal (Brydges, et al, 2014) com crianças (n=135) de 8 a 10 anos observaram diferenças estruturais nos períodos de teste (T1 = 8,3 anos e T2 = 10,3 anos). As análises evidenciaram para uma estrutura unifatorial em T1. Já aos 10,3 anos foi revelado um modelo bifatorial MT e CI+FC; ou seja, inibição e flexibilidade cognitiva eram indistinguíveis, enquanto que a memória de trabalho era distinta. Além disso, a estrutura unifatorial observada em T1 fora parcialmente preditiva para os dois fatores observados em T2.

Noutro estudo (Xu, et al, 2013), foi analisada uma grande amostra de crianças e adolescentes Japonesas (N=457) entre 7 e 15 anos, separados em três grupos por idade (G1 = 7-9 anos; G2= 10-12 anos e G3= 13-15 anos). Os resultados deste estudo indicaram uma progressão de desenvolvimento das funções executivas (modelo unifatorial ao três fatores). Especificamente, o modelo unifatorial foi observado no G1 e G2. Notou-se o modelo de três fatores para o G3. Diante essas evidências, foi considerada a hipótese de que as funções executivas desenvolvem-se a partir de uma capacidade geral relativamente unificada para habilidades cognitivas diferenciadas e específicas com o decorrer do desenvolvimento infantil.

Com o objetivo de investigar sobre a organização das funções executivas em crianças da Finlândia, Letho et al. (2003) utilizaram como ferramenta a análise fatorial exploratória em dados de uma amostra de crianças com idade entre 8 e 13 anos (N=108; m=10,5 anos; dp=1,3anos). Concluiram que a memória de trabalho e a flexibilidade cognitiva apresentam correlação moderada durante o avançar da idade. Além disso, a melhor estrutura para as funções executivas nesta faixa etária seria o modelo de três fatores, semelhante aos achados de Miyake. Logo, as funções executivas apresentariam um fator geral, mas seriam diversificadas, sugerindo que os fatores são separados mas relacionados. Para este estudo os modelos unifatorial e bifatorial não apresentaram bons índices.

De acordo com Brydges, et al. (2012), que investigaram 215 crianças da Australia entre 7 anos e 9 anos e 11 meses (m= 8,4 anos dp=1,1anos), a estrutura das funções executivas não se altera nesta faixa etária. Após análise fatorial confirmatória, chegou-se à conclusão de que até os 9 anos e 11 meses a estrutura é unifatorial. As crianças mais velhas (9 anos) obtiveram melhor desempenho nos testes que avaliaram as funções executivas.

As FEs básicas facilitam a resolução de problemas complexos na escola. Numa investigação (Jacobson & Pianta, 2007) sobre relações entre o funcionamento da escola

(31)

e FEs; e as relações preditivas entre os dois, nota-se que associações entre FEs e desempenho acadêmico são significativas, embora geralmente moderadas, e, notadamente, persistem até o sexto ano ou talvez até mais tarde (Jarvis & Gathercole, 2003).

St. Clair-Thompson e Gathercole (2006) encontraram uma associação entre bom desempenho em matemática, MT e inibição em crianças de 11 e 12 anos de idade. Os autores sugerem que as crianças que têm dificuldade em manter informações pertinentes na MT, ignorando informações irrelevantes e mudando de uma estratégia para outra têm dificuldade em usar e avaliar estratégias para resolver problemas de matemática.

Diferentes atividades acadêmicas (por exemplo, matemática, leitura e escrita) parecem envolver diferentes combinações de componentes das FEs. As tentativas de descobrir a causalidade entre as FEs e o funcionamento da escola foram inconclusivas (Best et al, 2009). Uma vez que essas relações sejam esclarecidas, intervenções podem ser desenvolvidas para reforçar os domínios FEs específicos subjacentes a cada habilidade acadêmica (Fischer & Daley, 2007).

Conforme revisão (Best, et al, 2009) nota-se melhora contínua de todos os componentes provavelmente até a adolescência, bem como trajetórias de desenvolvimento um pouco diferentes para cada componente. Embora as formas rudimentares de cada domínio FEs possam surgir cedo na vida, elas não só se tornam totalmente funcionais muito mais tarde. Então, durante o envelhecimento, declínios específicos para FEs surgem.

Em estudo (Brocki & Bohlin, 2004) investigou-se a dimensionalidade (desinibição, memória de trabalho e fluência) do desenvolvimento do funcionamento executivo. Em estudo transversal com 92 crianças de 6 a 13 anos (divididas em quatro grupos). Concluíram, a partir de suas análises que duas estruturas: inibição e memória de trabalho são prevalentes na faixa etária estudada.

Outra perspectiva (Huizinga, et al. 2006) avaliou as FEs de crianças entre 7 e 11 anos, adolescentes de 15 anos, e jovens adultos com 21 anos. A conclusão principal foi que nessas faixas etárias predomina estrutura bifatorial das FEs (MT e FC), sendo este achado consistente com os de Miyake, et al. 2009).

Em contrapartida, ao analisar o desempenho de pré-escolares em FEs, Senn et al (2004) conclui que MT e CI são medidas correlacionadas, e que FC não se correlaciona com nenhuma outra medida. Na infância as FEs são dissociadas, mas os componentes são inter-relacionados em um certo grau.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, diante da significativa falta de consenso sobre o construto das funções executivas, pode-se definir, de modo geral, como um conjunto de habilidades cognitivas que atuam de forma colaborativa para atingir um determinado objetivo. Deste modo, ele é considerado multidimensional. As habilidades cognitivas mais mencionadas pelos estudos na infância são: memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva. Ressalta-se, ainda, a importância das funções executivas para diversas áreas da vida, como acadêmica, profissional, saúde física e mental. Logo, torna-se um construto de importante relevância para estudos. Principalmente, quando se trata da investigação acerca de seu desenvolvimento. Conclusões sobre o desenvolvimento das funções executivas são bastante controversas. Autores (Best et al 2009; Martin & Failows, 2010) sinalizam que o maior motivo da falta de consenso seria devido à variedade de tarefas e métodos. Sendo assim, é espera-se a execução de estudos que tenham a intenção de contribuir para elucidar sobre questões do desenvolvimento da estrutura das funções executivas em crianças.

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CAPÍTULO 2 DESENVOLVIMENTO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS NA INFÂNCIA

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RESUMO

Dias, Émille Burity. (2019). Desenvolvimento das funções executivas. In: Marcos desenvolvimentais das funções executivas na infância. Tese de Doutorado, Centro de ciências humanas, letras e artes, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.

O presente trabalho trata das funções executivas (memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva) na infância, e tem como objetivo principal analisar o desenvolvimento das funções executivas. Especificamente este trabalho pretende: 1) Verificar a correlação entre FEs e idade, desempenho no teste de inteligência e atenção; 2) Comparar o desempenho das FEs nos grupos de idade, sexo e ano escolar; 3) Avaliar o efeito preditivo da idade, ano escolar e inteligência sobre desempenho das FEs. Participaram deste estudo: 120 crianças de ambos os sexos, entre 7 e 11 anos, com idade média de 8,96 anos (dp = 1,42). Sendo 47,5% do sexo masculino. As crianças foram distribuídas em cinco grupos, correspondentes a suas idades, cada grupo com em média 20 crianças. Foram utilizados os seguintes instrumentos: questionário sóciodemográfico, matrizes progressivas de Raven, teste de atenção por cancelamento, dígitos ordem direta e indireta, teste de cinco dígitos, teste de trilhas, stroop versão victória. Foi utilizado o software SPSS para efetuar as análises descritivas (médias, desvios-padrão, frequências, porcentagens) e análise inferencial: teste de correlação de Pearson, Manova, Teste t, e regressão múltipla. Como resultados principais destaca-se que as crianças mais velhas e de anos escolares mais avançados apresentam melhores índices de funções executivas. significativa diferença de desempenho em funções executivas entre os grupos de idade e ano escolar. Sendo a variável que melhor explica o desempenho em funções executivas o ano escolar e a capacidade de atenção seletiva. Os componentes das funções executivas estão relacionados de moderadamente.

PALAVRAS-CHAVE: funções executivas, memória de trabalho, controle inibitório, flexibilidade cognitiva, desenvolvimento, infância

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ABSTRACT

Dias, Émille Burity. (2019). Development of executive functions. In: Developmental milestones of executive functions in childhood. PhD Thesis, Center for Humanities, Letters and Arts, Federal University of Paraíba, João Pessoa.

This paper deals with executive functions (working memory, inhibitory control and cognitive flexibility) in childhood, and its main objective is to analyze the development of executive functions. Specifically, this paper aims to: 1) Verify the correlation between EFs and age, intelligence and attention test performance; 2) Compare the performance of the EFs in the age, sex and school year groups; 3) Evaluate the predictive effect of age, school year and intelligence on the performance of EFs. Participated in this study: 120 children of both sexes, between 7 and 11 years old, with an average age of 8.96 years (sd = 1.42). Being 47.5% male. The children were divided into five groups, corresponding to their ages, each group with an average of 20 children. The following instruments were used: sociodemographic questionnaire, Raven progressive matrices, cancellation attention test, direct and indirect order digits, five-digit test, trail test, stroop winning version. SPSS software was used to perform descriptive analyzes (means, standard deviations, frequencies, percentages) and inferential analysis: Pearson's correlation test, Manova, t-test, and multiple regression. As main results, it is noteworthy that older children and those with more advanced school years have better rates of executive functions. Significant difference in performance in executive functions between age and school year groups. Being the variable that best explains the performance in executive functions the school year and the capacity of selective attention. The components of executive functions are moderately related.

KEYWORDS: executive functions, working memory, inhibitory control, cognitive flexibility, development, childhood.

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INTRODUÇÃO

Pode-se definir funções executivas como um termo “guarda-chuva”, tendo em vista que abrange diferentes processos cognitivos que cooperam para o controle do pensamento e comportamento com intencionalidade a atingir um objetivo (Zelazo & Carlson, 2012). É concordância que existem três componentes básicos das funções executivas: controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva (Lehto et al. 2003; Miyake et al. 2000; Diamond, 2006).

O controle inibitório é a capacidade de controlar a atenção, pensamentos, comportamento e emoções, inibindo estímulos preponderantes externos. É a capacidade é usar a atenção a atenção seletiva para focar e escolher opções de modo não impulsivo. A memória de trabalho se refere a capacidade de manter a informação na mente e manipulá-la por um curto período de tempo. A flexibilidade cognitiva refere-se à habilidade de mudar de perspectiva para resolver um problema, ajustar-se a demandas, regras ou prioridades (Diamond, 2013). Outras habilidades mais complexas, também compõem as funções executivas como planejamento, processamento da informação, monitoramento de múltiplas tarefas e ações (Dixon et al. 2010, Pureza, 2013).

Devido à complexidade, multidimensionalidade e alto nível de interação com outras habilidades cognitivas, as FEs têm sido o foco de inúmeros estudos na neuropsicologia (Pureza, et al. 2013, Viola & Grassi-Oliveira, 2012; Willcutt et al. 2005). No entanto, observa-se que há uma menor atenção para a análise do desenvolvimento das FEs em crianças saudáveis (Pureza et al. 2013), sendo o maioria dos estudos conduzidos em amostras clínicas (Anderson et al. 2010; Johnstone et al. 2007) ou pré-escolares (Blair et al. 2005; Liebermann et al. 2007).

Sabe-se que o desenvolvimento das FEs é bastante complexo e depende da maturação das regiões cerebrais frontais, além da sua intercomunicação com outras áreas corticais, bem como outras estruturas (hipocampo, cerebelo e glanglio basal) (García-Molina et al. 2009; Matute et al. 2008).

Existem três perspectivas que explanam o desenvolvimento das funções executivas durante a infância, a saber:

Perspectiva 1: Estudos (Munakata, 2001; Posner e Rothbart, 2007; Zelazo & Frye, 1998; Zelazo & Muller, 2002) que confirmam que as FEs são uma única estrutura; há os estudiosos;

Perspectiva 2: Os estudos (Diamond, 2006 e 2013) que postulam as FEs como uma estrutura de componentes dissociados;

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Perspectiva 3: estudos (Huizinga, Dolan, Van der Molen, 2006; Lehto, et al. 2003) que afirmam que as FEs apresentam uma estrutura unitária, mas com componentes parcialmente dissociados.

De acordo com Davidson et al (2006) durante os cinco primeiros anos observa-se desenvolvimento parcial das FEs, sendo identificados três componentes: memória de trabalho, flexibilidade e inibição. No entanto, a evolução das FEs aparenta ser progressiva, visto que ao término da adolescência todos os componentes estão completamente desenvolvidos (Diamond, 2006; Hughes & Graham, 2008; Huizinga, et al. 2006). Outra característica do desenvolvimento das FEs é o aspecto assimétrico, tendo em vista que cada componente tem sua própria trajetória de desenvolvimento (Diamond, 2013).

Em estudo com 90 escolares entre 6 e 12 anos Pureza et al (2013) ressalta a significante influência dos anos escolares para o desempenho das FEs, sendo assim quanto maior a escolaridade melhor é o desempenho nas tarefas que mensuram FEs. Além disso observou-se que a flexibilidade cognitiva atinge seu ápice entre 11 e 12 anos de idade, e a memória de trabalho atinge seu pico entre 6 e 8 anos.

Num estudo correlacional (Towse & Maclachlan, 1999) com 42 escolares entre 8 e 11 anos, analisando a relação entre idade, tempo e acurácia na tarefa, observou-se que as crianças mais novas (aproximadamente 6 anos) apresentam mais dificuldades nas tarefas que demandam memória de trabalho do que os mais velhos.

Em estudo com 92 crianças, entre 6 e 13 anos, Brocki & Bohlin (2004) constataram que fatores biológicos e demográficos influenciam o desempenho das FEs, havendo significativa diferença no decorrer do desenvolvimento. Bem como observa-se forte relação entre os componentes inibição e memória de trabalho.

Outros estudos (Davidson et al. 2006; Molina et al. 2009; Huizinga et al. 2006) concordam que os componentes apresentam desenvolvimento distintos com base na idade, sendo que o mais significativo desenvolvimento acontece entre o inicio e final da infância.

Deste modo, o objetivo geral é analisar o desenvolvimento das funções executivas na infância. Especificamente objetiva-se: 1. Verificar a correlação entre funções executivas (memória de trabalho, controle inibitório, flexibilidade cognitiva), idade, ano escolar, inteligência e atenção; 2. Comparar o desempenho das funções executivas (memória de trabalho, controle inibitório, flexibilidade cognitiva) nos grupos de idade,

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sexo e ano escolar; 3. Avaliar o efeito preditivo de variáveis idade, atenção, inteligência e ano escolar sobre desempenho das funções executivas.

MÉTODO

Este estudo apresenta delineamento de levantamento onde analisará a diferença de desempenho dos componentes das funções executivas e tem como variáveis de interesse: memória de trabalho, flexibilidade cognitiva e inibição; idade. Variáveis de controle: sexo, QI, atenção.

População e local do estudo

A população deste estudo é constituída por estudantes do ensino fundamental, matriculados em escolas públicas municipais e particulares de João Pessoa, nos anos escolares iniciais (1º ao 6º), de ambos os sexos.

Conforme o Instituto nacional de estudos e pesquisas educacionais (INEP, 2017), no município de João Pessoa – PB, foram matriculadas, em 94 escolas públicas municipais, cerca de 26.972 indivíduos. Nas 170 escolas particulares foram matriculadas cerca de 25.156 alunos. Totalizando 52.130 crianças matriculadas entre o 1º e 6º ano ( tabela 2).

Tabela 2

Distribuição de matrículas por ano escolar no município de João Pessoa, PB por tipo de escola.

Tipo de escola

Ano escolar Pública Particular

1º % do total 3.563 13,2 4.627 2º % do total 3.707 13,7 4.297 3º % do total 4.914 18,2 4.281 4º % do total 4.660 17,3 4.126 5º % do total 4.546 16,8 4.027

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6º % do total 5.582 20,7 3.800 Total % total 26.972 100 25.158

A pesquisa foi executada nas escolas públicas da cidade de João Pessoa – PB. Em ambiente a parte da sala de aula, estruturado com cadeiras, mesa, ventilação e iluminação adequada.

Amostra

A amostra da pesquisa foi selecionada conforme a técnica de amostragem por conveniência. O tamanho da amostra foi escolhido de acordo com as indicações de estudos anteriores. Abaixo estão listados os critérios de elegibilidade da amostra:

 Crianças entre 7 e 11 anos e 11 meses;  Ambos os sexos;

Regularmente matriculados;  Assíduos;

 sem déficits sensoriais ou físicos não corrigidos;  que não apresente distorção série-idade;

 sem laudos neurológicos;

 sem indicações de transtornos de aprendizagem;  sem indicações de sintomas de TDAH;

 com escore dentro do esperado nos testes de inteligência e atenção.

No total foram avaliadas 178 crianças. No entanto, apenas 120 crianças se encaixaram nos critérios de elegibilidade. Sendo assim, a amostra contou com 120 crianças, que foram divididas em cinco grupos de idade (7 a 11 anos), a média de idade foi 8,96 anos (dp = 1,42). Todos estudantes assíduos da rede municipal de ensino da cidade de João Pessoa – PB

Referências

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