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ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS

RESUMO

Dias, Émille Burity. (2019). Análise multidimensional das funções executivas na infância. In: Marcos desenvolvimentais das funções executivas na infância. Tese de Doutorado, Centro de ciências humanas, letras e artes, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.

Funções executivas é um termo que abrange diversos componentes, dentre eles estão os mais básicos: memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva. O objetivo deste estudo é analisar a organização estrutural das funções executivas (CI, MT, FC) na infância. Parte-se da hipótese de que no início da infância as funções executivas apresentam uma estrutura unifatorial. Com o avançar do desenvolvimento infantil, a organização das funções executivas se modifica para uma estrutura bifatorial, ao término da adolescência a estrutura modifica-se para trifatorial. Participaram deste estudo: 120 crianças de ambos os sexos, entre 7 e 11 anos, com idade média de 8,96 anos (dp = 1,42). Sendo 47,5% do sexo masculino. As crianças foram distribuídas em cinco grupos, correspondentes a suas idades, cada grupo com em média 20 crianças. Foram utilizados os seguintes instrumentos: questionário sóciodemográfico, matrizes progressivas de Raven, teste de atenção por cancelamento, dígitos ordem direta e indireta, teste de cinco dígitos, teste de trilhas, stroop versão victória. Foi utilizado o software SPSS para efetuar as análises descritivas (médias, desvios-padrão, frequências, porcentagens) e análise inferencial: Manova. Foi utilizado o RStudio para realizar da análise confirmatória exploratória (AFC). Como resultados principais destaca-se que as crianças mais velhas apresentam melhores índices de funções executivas. Começa-se a perceber diferenças de desempenho a partir dos 8 anos. Para a amostra o modelo estrutural de melhor índice foi bifatorial.

PALAVRAS-CHAVE: funções executivas, memória de trabalho, controle inibitório, flexibilidade cognitiva, desenvolvimento, análise fatorial confirmatória

ABSTRACT

Dias, Émille Burity. (2019). Multidimensional analysis of executive functions in childhood. In: Developmental milestones of executive functions in childhood. PhD Thesis, Center for Humanities, Letters and Arts, Federal University of Paraíba, João Pessoa.

Executive functions is a term that covers several components, among which the most basic are: working memory, inhibitory control and cognitive flexibility. The aim of this study is to analyze the organization of executive functions (CI, MT, FC) in childhood. It starts from the hypothesis that in early childhood executive functions will have a one- factor structure. With or advancing in child development, an organization of executive functions will change to a two-factor structure, by the end of adolescence the modified to three-factor structure. Participated in this study: 120 children of both sexes, between 7 and 11 years old, with an average age of 8.96 years (sd = 1.42). Being 47.5% male. As children were divided into five groups, corresponding to their ages, each group with an average of 20 children. The following instruments were used: somiodemographic questionnaire, Raven progressive matrices, cancellation attention test, direct and indirect order digits, five-digit test, trail test and victorious version. SPSS software was used to perform descriptive analyzes (media, standard deviations, frequencies, percentages) and inferential analyzes: Manova. We used either the RStudio to perform exploratory confirmatory analysis (CFA). As the main results are displayed as older children have the best rates of executive functions. You start to notice performance differences from the age of 8. For a sample or structural model of the best index, it was bifactorial.

KEYWORDS: executive functions, working memory, inhibitory control, cognitive flexibility, development, confirmatory factor analysis.

INTRODUÇÃO

O termo funções executivas (FEs) refere-se ao conjunto de processos mentais complexos que são primordiais para o sucesso em várias áreas da vida como: manejo da saúde, desempenho acadêmico, desenvolvimento sócio cognitivo (Diamond, 2013).

Os componentes básicos das FEs são: controle inibitório ou inibição (CI); memória de trabalho (MT) e flexibilidade cognitiva (FC) (Lehto et al. 2003, Miyake et al. 2000; Diamond, 2013). A inibição diz respeito ao autocontrole comportamental, controle de interferências externas (atenção seletiva) e internas (cognitiva). A memória de trabalho refere-se a capacidade de reter e manipular a informação num determinado período de tempo. A flexibilidade cognitiva remete-se a capacidade de mudança, alternar regras, tarefas.

Inúmeros estudos (Leon, et al., 2018; Brydges et al., 2014; Xu et al., 2013; Hughes et al., 2009, dentre outros) apresentam evidências acerca da estruturação das funções executivas durante a infância. Percebe-se que há diferenças na estrutura dos componentes das funções executivas durante a infância. No entanto, não há consenso entre os estudos sobre o modelo estrutural que predomina para cada idade.

Alguns modelos estruturais já foram analisados (Xu, et al., 2013):  Um único fator: três fatores (MT, CI, FC) indistinguíveis;

 De dois fatores:

o CI e FC indistinguíveis e MT distinta o FC e MT indistinguíveis e CI distinto o CI e MT indistinguíveis e FC distinto  Três fatores distintos mas correlatos (MT, CI, FC).

Os estudos que analisaram esta questão acerca das FEs não convergem para um consenso, as evidências são variadas, e nota-se algumas diferenças significativas. De acordo com Hughes et al (2009), crianças entre 4 e 6 anos apresentam estrutura de funções executivas unifatorial, ou seja, não são distintas e sim indistinguíveis. A partir dos sete anos a memória de trabalho e a flexibilidade cognitiva se distinguem, e tal distinção persiste até a idade adulta (Huizinga, et al, 2006), apresentando assim uma estrutura bifatorial. Em contrapartida, para St Clair Thompson (2006) e Brydges, et al (2014), afirmam que a estrutura bifatorial ocorre aos nove anos, sendo distinguíveis os fatores inibição e memória de trabalho. Observa-se que há progressão de estrutura de fatores conforme o avançar da idade, havendo a evidência de uma estrutura unifatorial até os nove anos.

Estudos (Shing, et al, 2010; Xu, et al, 2013; Pureza, et al, 2013) concluem que a estrutura das funções executivas muda de forma gradual no decorrer do desenvolvimento.

Sendo assim, este estudo parte da hipótese que no início da infância as funções executivas apresentam uma estrutura unifatorial, provavelmente esta organização permaneça até os nove anos de idade. Com o avançar do desenvolvimento infantil, a organização das funções executivas se modifica para uma estrutura bifatorial. Espera-se que na faixa etária correspondente ao final da adolescência a estrutura das funções executivas seja organizada de forma multifatorial. Deste modo, o objetivo principal deste trabalho é analisar a organização estrutural das funções executivas (CI, MT, FC) entre sete e onze anos de idade.

MÉTODO

Este projeto apresenta delineamento fatorial, onde analisará a organização/estrutura dos fatores das funções executivas (tabela 3).

Tabela 18. Modelos estruturais das funções executivas a serem testados (MT: memória de trabalho, CI: controle inibitório, FC: flexibilidade cognitiva).

Modelos estruturais das funções executivas (Xu, et al, 2013)

1. Três fatores tores Três componentes distintos, mas correlatos 2. Único fator Três componentes sem distinção.

Dois fatores 3. Fator 1:MT Fator 2: CI + FC

MT distinta; CI e FC não se diferenciam

4. Fator 1: CI Fator 2: MT FC

CI distinto; FC e MT não se diferenciam

5. Fator 1: FC Fator 2: CI+MT

FC distinto, CI e MT não se diferenciam

Este projeto irá considerar como variáveis de interesse: memória de trabalho, flexibilidade cognitiva e inibição; idade. Variáveis de controle: sexo, tipo de escola, ano escolar, nível socioeconômico, escolaridade dos pais.

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