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A população deste estudo será constituída por estudantes do ensino fundamental, matriculados em escolas públicas municipais e particulares de João Pessoa, nos anos escolares iniciais (1º ao 6º), de ambos os sexos.

Conforme o Instituto nacional de estudos e pesquisas educacionais (INEP, 2017), no município de João Pessoa – PB, foram matriculadas, em 94 escolas públicas municipais, cerca de 26.972 indivíduos. Nas 170 escolas particulares foram matriculadas cerca de 25.156 alunos. Totalizando 52.130 crianças matriculadas entre o 1º e 6º ano ( tabela 2).

Tabela 19. Distribuição de matrículas por ano escolar no município de João Pessoa, PB por tipo de escola.

Tipo de escola

Ano escolar Pública Particular

1º % do total 3.563 13,2 4.627 2º % do total 3.707 13,7 4.297 3º % do total 4.914 18,2 4.281 4º % do total 4.660 17,3 4.126 5º % do total 4.546 16,8 4.027 6º % do total 5.582 20,7 3.800 Total % total 26.972 100 25.158

A pesquisa foi executada nas escolas públicas e particulares da cidade de João Pessoa – PB. Em ambiente a parte da sala de aula, estruturado com cadeiras, mesa, ventilação e iluminação adequada.

Amostra

A amostra da pesquisa será selecionada conforme a técnica de amostragem por conveniência. O tamanho da amostra fora escolhido de acordo com as indicações de Comrey & Lee (1992), que classificam pelo menos 200 participantes como razoáveis.

Serão critérios de elegibilidade da amostra:  Crianças entre 7 e 11 anos e 11 meses;  Ambos os sexos;

 Regularmente matriculados;  Assíduos;

 com déficits sensoriais ou físicos não corrigidos;  que não apresente distorção série-idade;

 sem laudos neurológicos;  transtornos de aprendizagem;  sintomas de TDAH;

 escore abaixo do esperado nos testes de inteligência e atenção.

A amostra contou com 120 crianças, que foram divididas em cinco grupos de idade (7 a 11 anos), a média de idade foi 8,96 anos (dp = 1,42). Todos estudantes assíduos da rede municipal de ensino da cidade de João Pessoa – PB

Tabela 20. Caracterização da amostra Idade f % 7 26 21,7 8 23 19,2 9 24 20 10 24 20 11 23 19,2 Sexo f % Feminino 63 52,5 Masculino 57 47,5 Ano Escolar f % 1 7 5,8 2 25 20,8 3 18 15 4 28 23,3 5 21 17,5 6 21 17,5 Instrumentos

Questionário sócio demográfico: Questionário de fácil aplicação, com questões objetivas de múltipla escolha, de fácil e rápido manejo. Conterá questões que possibilitarão caracterizar os participantes, quanto a idade, sexo, dificuldades de aprendizagem, sintomas para TDAH, além de determinar seu nível socioeconômico.

Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Escala Especial (MPCR): Aplicada a faixa etária de 5 a 11 anos. Constituída por três séries de 12 itens: A, Ab e B. Os itens são distribuídos em ordem crescente de dificuldade, onde a série posterior é mais difícil que a anterior. Cada série é iniciada com itens fáceis, objetivando introduzir o individuo a um novo tipo de raciocínio, que será exigido nos itens seguintes. Todos os itens consistem por uma matriz ou desenho com uma parte em falta, abaixo do mesmo apresenta-se seis alternativas distintas, sendo que apenas uma completa o espaço em branco. O individuo precisa escolher uma das seis alternativas. A intenção do MPCR é analisar um dos

componentes do fator “g”, a capacidade edutiva relacionada à formação de novos insights criativos e construto superior (Bandeira, et al, 2004).

Teste de atenção por cancelamento (TAC): Consiste em três matrizes impressas com diferentes tipos de estímulos. A tarefa é assinalar (cancelar) todos os estímulos iguais ao estímulo-alvo previamente determinado. A primeira parte do teste avalia atenção seletiva e consiste em uma prova de cancelamento de figuras numa matriz impressa com seis tipos de estímulos (cículo, quadrado, triângulo, cruz, estrela e retângulo), num total de 300 figuras, dispostas de modo aleatório, onde a figura – alvo é indicada na parte superior da folha.

A segunda parte avalia atenção seletiva num maior grau de dificuldade. A tarefa é semelhante a primeira parte, no entanto, o estímulo-alvo composto por figuras duplas. Nesta segunda etapa o individuo deve buscar um par de figuras geométricas. A terceira parte avalia atenção seletiva com demanda de alternância, sendo necessário mudar o foco de atenção a cada linha. Pois, o estímulo-alvo muda a cada linha, devendo ser considerada como alvo a primeira figura de cada linha. O tempo máximo de execução para em cada parte da tarefa pe de um minuto.

Para cada parte do TAC são computados três escores diferentes, a saber: (1) número total de acertos – número de estímulos-alvo corretamente cancelados; (2) número de erros – número de estímulos não alvo incorretamente cancelados; e (3) número de ausências – número de estímulos alvo que não foram cancelados. Além disso há a possibilidade de computar o escore total, ou seja, a soma de cada escore obtido em cada parte do TAC. O teste pode ser aplicado de modo coletivo (Godoy, 2012).

Dígitos ordem direta e inversa: Este teste será retirado do WISC-IV quarta edição da Escala de Inteligência para Crianças de David Wechsler, que tem por objetivo avaliar a capacidade intelectual de crianças e adolescentes (6 a 16 anos). Este instrumento é composto por 15 subtestes. Para esta pesquisa será utilizado o subteste memória de dígitos na ordem direta e inversa. A ordem direta mede a memória auditiva sequencial. A memória de dígitos na ordem inversa avalia a capacidade da memória de trabalho. O teste fornece duas sequências numéricas, de 2 a 8 sequências de dígitos, para cada subteste de memória (ordem direta e inversa). Será atribuído 0 ponto se o examinando errar ambas as sequências, 1 ponto se responder corretamente uma das sequências e 2 pontos se acertar ambas as sequências. Os escores para ordem direta e inversa são somados separadamente. O escore máximo para o subteste na ordem direta é 16 pontos e 16 pontos para a ordem inversa, somando ao total 32 pontos.

Teste de Cinco Dígitos: (Five Digits Test – FDT, Sedó, 2014) tem objetivo de avaliar a velocidade do processamento, atenção e funções executivas (controle inibitório e flexibilidade cognitiva). Trata-se de um instrumento não verbal, de aplicação individual, que contempla a faixa etária de 6 a 92 anos de idade.

O FDT é uma tarefa numérica dividida em quatro etapas: leitura, contagem, escolha e alternância. Em suma, as duas primeiras etapas do FDT envolvem processamento atencional automático e velocidade do processamento. A terceira e quarta etapa demanda processamento atencional controlado e fluidez verbal, envolvendo funções executivas (controle inibitório e flexibilidade cognitiva). Para análise do instrumento computa-se o tempo de reação da tarefa, erros cometidos, bem como os escores de interferência (subtração do tempo de leitura, do tempo de escolha, e este do tempo de alternância, dando origem aos escores de inibição e flexibilidade cognitiva) (Oliveira et al., 2014).

Teste de trilhas (TT): O teste de trilhas parte A e B, avalia a atenção alternada e a flexibilidade cognitiva. O teste é composto por duas partes. A parte A é composta por duas folhas, uma para letras e outra para números. Ambas as folhas apresentam 12 letras ou 12 números de A a M e de 1 a 12), dispostos aleatoriamente. O examinando deve ligar as letras em ordem alfabética e os números em ordem crescente. A parte B, consiste em letras e números randomicamente dispostos na folha. O examinando deve ligar os itens em sequências alfabética e numérica. O instrumento computa 3 escores: (1) corresponde a sequência, (2) corresponde às conexões e (3) escore total que corresponde à soma dos outros dois (Montiel & Seabra, 2012).

Stroop versão victória: tem por objetivo avaliar o controle inibitório. É composto por composto por 3 cartões, tamanho 12 cm x 20 cm (altura x largura), todos com 24 estímulos, nas cores verde, azul, vermelho ou amarelo. Os estímulos ficam dispostos em 4 colunas, com intervalo de 1,5 cm entre elas, e 6 linhas, intervalo de 1 cm (Ribeiro, 2011).

É composto por três cartões com retângulos impressos em cores padrão: verde, vermelho, azul e amarelo. No primeiro cartão são apresentados retângulos nas cores verde, azul, vermelho e amarelo. No segundo há palavras “cada, nada, nunca, tudo” impressas nas cores verde, vermelho, azul e amarelo. O último cartão é composto por nomes das cores “amarelo, verde, vermelho, azul” impressos em cores diferentes (ex: “amarelo”, impresso em azul). A instrução para todos os cartões é a mesma, a criança deve nomear rapidamente as cores. No primeiro e segundo cartão a criança deve nomear

rapidamente as cores dos retângulos e das palavras. No terceiro cartão, onde é observado o efeito Stroop, a criança deve nomear as cores em que as palavras foram impressas, e inibir a resposta prepotente de ler o nome das cores.

Durante toda a aplicação se registra o tempo de resposta cada cartão apresentado. Calcula-se o efeito de interferência subtraindo o tempo de resposta do terceiro cartão pelo tempo de resposta do segundo cartão (STRAUSS et al., 2006)

Procedimentos de coleta de dados

Os dados foram coletados em escolas públicas municipais da cidade de João Pessoa (PB) após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), pelos responsáveis dos alunos. Também foi solicitada a assinatura do termo de assentimento (TA), pelos próprios estudantes consentindo a sua participação nesta pesquisa. A bateria de avaliação foi dividida em três etapas, a saber: (1) questionário sócio demográfico; (2) avaliação da atenção e inteligência e; (3) avaliação das funções executivas.

Na primeira etapa foi preenchido, pela pesquisadora responsável, junto a administração da escola o questionário sociodemográfico. Na segunda etapa, foram aplicados os testes que avaliam atenção e inteligência: matrizes coloridas de Raven e TAC. Na terceira etapa foram aplicados os instrumentos que avaliam as funções executivas.

Cada etapa durou cerca de 40 minutos. A segunda e terceira etapa foram realizadas em ambiente a parte da sala de aula, de forma individualizada. Entre a segunda e terceira etapa houve um intervalo de 24 horas, para evitar efeitos de fadiga por parte dos participantes.

Foram treinadas para aplicação três pesquisadoras. Tendo em vista que os instrumentos utilizados eram em versão “lápis e papel” todo o material (folhas de resposta, lápis comum, borracha) foram disponibilizados pelos aplicadores.

Procedimentos de análise de dados

As análises foram realizadas com o auxílio do pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences – SPSS (versão 21.0 para Windows) e o Rstudio. Para atender aos objetivos foram efetuadas análises estatísticas descritivas: aferição de frequência absoluta, porcentagens, médias, desvios padrão. Foi utilizada a seguinte estatística inferencial além da Manova para diferenças de médias e post hoc de bonferroni:

1. Modelagem de equação estrutural (MEE): que permite testar modelos teóricos da relação das variáveis latentes (MT, CI, FC) – modelos estruturais. Esta testagem foi realizada através da análise confirmatória exploratória (CFA).

- Índices de ajuste da CFA:

Qui-quadrado (X²): índice de ajuste absoluto que indica a discrepância entre o modelo S e o modelo Ʃ.

Qui quadrado dividido pelos graus de liberdade (X²/df): índice de ajuste absoluto que considera os graus de liberdade devido a sensibilidade do qui quadrado

Erro quadrático médio de aproximação (RMSEA): índice de ajuste absoluto que mostra a qualidade de ajuste de covariância da amostra e do modelo à matriz de covariância

Comparative fit index (CIF): índice de ajuste comparativo, um ajuste incremental, que mostra se e em que medida a qualidade do ajustamento do modelo modelo S e o modelo Ʃ

Os modelos serão considerados de bom ajuste quando: X² apresentar p > 0.05; X²/df entre 1 e 3; RMSEA < 0.06; CFI >=0.90.

Procedimentos éticos

Os procedimentos éticos foram baseados nas diretrizes da resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde/MS e suas Complementares, outorgada em 13 de Junho de 2013. Com finalidade de assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, ao(s) sujeito(s) da pesquisa e ao Estado, e a Resolução/UFPB/CONSEPE.

Vale salientar que este estudo faz parte de um projeto de pesquisa “guarda-chuva”, intitulado Funções Executivas na Infância, que foi apreciado e aprovado pelo comitê de

ética do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba sob número de CAAE 12234619.7.0000.8069.

Além da permissão do comitê de ética e da anuência dos diretores das escolas públicas, foi solicitado aos pais prévia autorização para participação dos seus filhos, através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As crianças que aceitaram fazer parte do estudo, por meio de assinatura do Termo de Assentimento (TA), tiveram seus nomes substituídos por nomes fictícios, de maneira que não houve constrangimento para os sujeitos amostrais envolvidos na pesquisa.

Esta estudo apresentou riscos de fadiga, cansaço e desmotivação para os seus participantes. Mas que foram amenizados com a divisão da coleta de dados em três etapas e com intervalo de pelo menos 24 horas entre cada etapa. Ressalta-se que, todas as crianças participaram do estudo de modo voluntário, sendo assim não existiu nenhum tipo de premiação ou pagamento em troca dos dados que foram coletados.

As crianças foram instruídas que poderiam desistir a qualquer tempo de sua participação na pesquisa, bem como os responsáveis poderiam desistir de ceder os dados já coletados. Caso ocorresse qualquer desistência, os dados coletados referentes ao(s) desistente(s) não seriam utilizados nas análises estatísticas e, consequentemente nas futuras publicações científicas.

RESULTADOS

Tabela 21. Estatística descritiva (médias e desvios-padrão) dos grupos de idade (7 a 11 anos)

7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos Manova

Tarefas M(DP) M(DP) M(DP) M(DP) M(DP) F P Trilhas 7,5 (3,71) 9,9 (3,64) 13,5 (3,64) 13,3 (3,60) 15,4 (4,28) 13,51 <0,001 Flexibilidade Fdt* 76,8 (20,77) 57,8 (19,79) 45,3 (15,26) 40,7 (17,03) 40,0 (14,14) 18,90 <0,001 Stroop* 10,7 (12,38) 14,4 (10,16) 9,0 (5,51) 11,7 (6,53) 11,9 (7,14) 0,36 0,87 Inibição* FDT 58,9 (23,55) 44,7 (13,53) 34,5 (9,73) 38,9 (22,11) 32,4 (11,37) 7,97 <0,001

Dígitos 10,5 (2,24) 10,8 (2,36) 12,4 (2,06) 12,33 (2,27) 13,5 (2,04) 8,83 <0,001

*Variável mensurada em tempo de reação (segundos)

As análises descritivas não apresentam diferenças a nível significativo para o gênero. Logo, entende-se que o desempenho de meninas e meninas nas tarefas que mensuraram FEs não foram diferentes.

No entanto, nota-se (tabela 21) que há diferenças entre desempenhos no progredir da idade. Estas diferenças são estatisticamente significativas. Análises de post hoc Bonferroni indicam que para tarefa de Trilhas as diferenças de desempenho começam a surgir entre 8 e 9 anos. Sendo assim não os desempenhos não são significativamente diferente entre 7 e 8; 10 e 11 anos. A medida de flexibilidade do FDT apresenta evidências diferentes: observa-se diferença significativa entre 7 e 8 anos. Nos demais pares de grupos não há diferenças significativas.

As análises post hoc revelaram que não há diferenças entre os pares de grupos para a tarefa de stroop. Nem mesmo entre os grupos de idade extremos (7 e 11 anos). Divergente do que é observado na medida de controle inibitório do FDT, onde evidencia- se diferenças significativas a a partir dos 8 anos. O teste de dígitos não apresenta diferenças de desempenho a partir dos 9 anos.

Análise fatorial confirmatória (AFC)

As análises fatoriais confirmatórias foram realizadas no programa RStudio por meio do pacote lavaan. Utilizou-se o método Maximum Likelihood (ML) para estimação dos índices de qualidade de ajuste.

A AFC foi realizada para avaliar se a estrutura fatorial do desempenho em funções executivas nos grupos foi a mesma. Com base na literatura foram estabelecidos os melhores modelos para a amotra como um todo (7 a 11 anos).

Os resultados evidenciaram que o melhor ajuste foi o modelo bifatorial controle inibitório e flexibilidade cognitiva (tabela 22), sugerindo que as funções executivas tem como estrutura um primeiro fator: flexibilidade cognitiva; e um segundo fator: controle inibitório e memória de trabalho são indistinguíveis.

A comparação de modelos revelou que além do modelo bifatorial (CI e FC) o modelo fator geral também apresentou melhores índices de ajuste. Este dado indica que subjacente a estrutura das FEs há um fator geral.

Nesta situação deve-se utilizar o principio da parcimônia e optar pelo modelo mais simples, com CFI menor. Sendo assim, o modelo fatorial com melhores índices explicativos para esta amostra seria bifatorial.

Tabela 22. Índices de análise fatorial confirmatória para amostra geral

Modelos gl GFI CFI RMSEA (IC 90%) SRMR

Unifatorial 18,81 5 0,94 0,92 0,152 (0,08- 0,22) 0,07 Trifatorial 15,72 3 0,95 0,92 0,188 (0,10-0,25) 0,06 Fator Geral 15,28 0 0,95 0,93 0,000 0,05 FC e CI + MT 16,14 4 0,95 0,91 0,159 (0,08 – 0,24) 0,06 CI e FC + MT 18,75 4 0,94 0,91 0,175 (0,10-0,25) 0,07 MT e FC +CI 18,81 5 0,94 0,92 0,152 (0,08- 0,22) 0,07

As Figuras de todos os modelos com as respectivas cargas fatoriais são apresentadas a seguir.

Figura 4: Modelo bifatorial FC e CI + MT

Figura 5: Modelo bifatorial CI e FC + MT

Figura 6: Modelo bifatorial MT e FC +CI

Figura 8: Modelo Fator Geral

Em seguida, para avaliar se o modelo o modelo bifatorial era aplicável a cada grupo de idade, foi executado um modelo de invariância para comparação de vários grupos. Seguindo a hipótese de que a estrutura fatorial das FEs muda conforme a progressão da idade (tabela 23).

Tabela 23. Síntese de índices de ajustamento para testar a invariância do modelo.

df CFI RMSEA ∆x² ∆CFI

Idade 7 a 9 anos 8,66 4 0,94 0,126 10 a 11 anos 10,99 4 0,90 0,193 Configural 19,65 8 0,922 0,156 Métrica 20,68 11 0,935 0,121 1,02 0,013 Escalar 31,63 14 0,882 0,141 10,94 0,053

Os resultados da análise fatorial confirmatória multigrupos evidenciam o modelo possui propriedades psicométricas configural e métrica invariantes em relação a idade dos participantes. Entretanto houve variância escalar, resultando numa Invariância parcial do modelo, que por sua vez, não compromete totalmente a comparação entre os grupos (Byrne, 2010).

DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo analisar a organização estrutural das funções executivas (CI, MT, FC) na infância. Logo, foi administrada uma bateria de instrumentos que mensuravam memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva, em uma amostra de crianças entre sete e onze anos.

Os resultados da análise fatorial confirmatória indicaram que de forma global os melhores modelos que caracterizam a estrutura fatorial das FEs em crianças entre 7 e 11 anos é o modelo bifatorial, com os seguintes fatores:

1. Flexiblidade cognitiva

2. Controle inibitório e Memória de trabalho indistinguível (FC e CI +MT). Os resultados da análise fatorial confirmatória entre as faixas etárias indicaram que com a progressão da idade que não há diferenças de estrutura das funções executivas entre as idades, mantendo-se o mesmo achado para a amostra total.

A maioria dos estudos que analisaram a estrutura fatorial das funções executivas encontraram uma estrutura de dois fatores (Lee, et al. 2013; Huizinga, et al. 2006; Monette et al 2015). No entanto, a configuração das estruturas bifatoriais encontradas divergem entre os estudos.

A estrutura bifatorial composta pelos fatores flexibilidade cognitiva e controle inibitório indistinguível da memória de trabalho (FC e CI + MT) comprovada neste estudo, é semelhante a outros estudos que analisaram, respectivamente a estrutura das FEs em crianças de 6 e 7 anos (ven Der vem, et al. 2012); pré-escolares (Monette et al. 2015) e crianças de 11 e 12 anos (St Clair Thompson et al. 2006).

Geralmente a MT e a CI são suporte um do outro e por isto co-ocorrem. A MT é base para CI visto que para agir em oposição a uma tendência inicial é necessário manter e articular com as informações na mente, analisando se elas são apropriadas e o que deve ser inibido. Articulando a memória de trabalho é provável que se diminua a probabilidade de um erro inibitório (Diamond, 2013).

O controle inibitório também pode ajudar MT: 1) ajudando a impedir confusões nas representações mentais, suprimindo pensamentos (ou seja, excluindo informações irrelevantes do espaço de trabalho da MT); 2) resistindo à interferência proativa, excluindo informações não relevantes do espaço de trabalho com capacidade limitada (Zacks & Hasher 2006).

No entanto, os resultados referentes à análise fatorial confirmatória deste trabalho diferem de outros estudos, que apesar de evidenciarem uma estrutura bifatorial divergem

quanto aos fatores que emergiram. Alguns estudos verificaram dois fatores: memória de trabalho e controle inibitório, ao avaliarem crianças entre 6 e 13 anos (Brocki & Bohlin, 2004); pré escolares (Usai et al 2013); e aos 10 anos (Brydges et al 2014).

Outros estudos averiguaram a estrutura bifatorial com os fatores: memória de trabalho e flexibilidade cognitiva, ao analisar crianças entre 9 e 12 anos (van der Sluis et al 2007), e entre 7 e 11 anos (Huizinga, et al. 2006).

Demais estudos, constataram estrutura unifatorial das funções executivas durante a infância, mas para diversas faixas etárias, como Brydges et al 2014 ao analisar crianças entre 8 e 9 anos, Brydges et al 2012 ao analisar crianças entre 7 e 9 anos, Xu et al 2013 ao analisar crianças entre 7 e 13 anos, e Wiebe et al 2011 ao analisar crianças aos 3 anos.

A estrutura trifatorial, que distingue os fatores memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva, semelhante a encontrada em Miyake, et al (2000) é verificada ao fim da infância e na adolescência (Xu et al 2013, Lehto et al 2003, Lee et al 2013, Huizinga et al. 2006).

Estudos longitudinais, indicam para uma mudança na estrutura dos fatores durante a infância. O que revela o desenvolvimento das funções executivas, visto que no inicio da infância observa-se uma estrutura unifatorial, e ao término da infância estrutura trifatorial (Lee et al 2013; Xu et al 2013; Brydges et al 2014).

Alguns estudos refletem essas diferenças nos achados científicos devido as tarefas e métodos utilizados nas investigações. Devido a impureza das tarefas e a variedade de métodos os resultados seriam diversos e discordantes (van Der Sluis et al 2007; ven Der ven et al 2012). Outros estudos associam esses achados aos aspectos neurofisiológicos subjacente as funções executivas (Monette et al 2015).

Sabe-se que o desempenho em FEs está estreitamente associado ao funcionamento do córtex pré-frontal (CPF), assim como o seu desenvolvimento está diretamente associado ao desenvolvimento do CPF (Garon, 2008). Após os 11 anos o CPF passa por mudanças a nível estrutural e funcional. Alguns estudos de neuroimagem demonstraram que a massa cinzenta no CPF aumenta ao longo da infância obtendo seu tamanho limite aos 12 anos. Funcionalmente o CPF se ativa a partir de demandas executivas entre 9 e 12 anos (Durston, et al. 2006). Provavelmente, estas mudanças que o CPF sofre estão relacionadas as mudanças estruturais das FEs, no que diz respeito a separabilidade dos três componentes básicos (MT, CI, FC).

Considerações Finais

Este estudo teve como objetivo analisar a organização estrutural das funções executivas (CI, MT, FC) em crianças entre 7 e 11 anos. Os resultados da análise fatorial confirmatória revelaram que o modelo estrutural para esta faixa etária é o bifatorial onde

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