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CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA REVERSA DE PNEUS NA CIDADE DE MARINGÁ-PR

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CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA

REVERSA DE PNEUS NA CIDADE DE

MARINGÁ-PR

Daiane Maria De Genaro Chiroli (UEM/UFSC )

dmgenaro@hotmail.com

Olivia Toshie Oiko (UEM )

ooiko@yahoo.com.br

Jaqueline da Silva Santos (UEM )

jaque_silva10@hotmail.com

O presente artigo visa descrever e detalhar a logística reversa de pneus inservíveis na cidade de Maringá-PR, e estabelecer uma representação de seu comportamento dentro da cadeia produtiva. O procedimento técnico utilizado foi o método survey, com questionários elaborados para cada elo participante da cadeia de pneus. Com a pesquisa, foi possível identificar que, embora as ações realizadas pelas empresas sejam informais, a cadeia se mostra estruturada, pois identificou nos elos da cadeia, todas as atividades desenvolvidas dentro do processo logístico reverso dos pneus inservíveis.

Palavras-chaves: Logística reversa; Pneus inservíveis Cadeia reversa de

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1. Introdução

A quantidade dos resíduos dispostos inadequadamente resultante do consumo da sociedade é um grande problema ambiental que, apesar de haver diversos encaminhamentos na tentativa de minimizar o impacto gerado, não foram ainda resolvidos. Contudo, destaca-se a crescente preocupação com a correta destinação do pneu inservível, resíduo este que tem apresentado continuo crescimento (SOUZA, 2011).

Conforme consta no Art. 1º da resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (2009) os fabricantes e os importadores de pneus novos ficam obrigados a coletar e dar destinação adequada aos pneus inservíveis existentes no território nacional. Segundo consta no Art. 3º, para cada pneu novo comercializado para o mercado de reposição, as empresas fabricantes ou importadoras deverão dar destinação adequada a um pneu inservível. Como o pneu tem como sua principal matéria-prima, a borracha vulcanizada, mais resistente que a borracha natural, não se degrada facilmente e, quando queimada a céu aberto, contamina o meio ambiente com carbono, enxofre e outros poluentes. As empresas foram obrigadas a encontrar formas de se adequarem às resoluções ambientais e ainda conseguirem uma vantagem competitiva e muitas vezes se utilizam da logística reversa para gerenciarem este processo.

Porém faltam estudos que detalhem a estruturação da logística reversa de pneus inservíveis, quais seus impactos no mercado consumidor e quais as vantagens obtidas pelas empresas que consolidaram estas atividades dentro de seus processos produtivos.

O número de pneus inservíveis existentes tem relação com o número crescente de veículos nas cidades. A cidade Maringá-PR possui uma frota de 153.118 automóveis, 9.036 caminhões e somados com outros veículos motorizados a frota total atinge o número de 260.736 veículos, ou seja, 1,46 veículos a cada 2 habitantes (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE, 2013).

O presente artigo visa descrever e detalhar a logística reversa de pneus inservíveis na cidade de Maringá-PR, e estabelecer uma representação de seu comportamento dentro da cadeia produtiva.

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3 A Associação Nacional das Empresas de Reciclagem de Pneus e Artefatos de Borracha (AREBOP) - que reúne as empresas de reciclagem de artefatos do Brasil define os pneus inservíveis, que pode ser chamados de pneus em fim de vida ou ainda pneus-resíduos, como aquele que não mais se presta o processo de reforma que permita condição de rodagem adicional (AREBOP, 2013).

No processo de criação de um pneu, além da borracha, há em sua composição uma série de materiais: estrutura em aço ou náilon, fibra de aramide, rayon, fibra de vidro/poliéster; borracha natural e sintética, além de diversos tipos de polímeros; reforçados químicos como carbono preto, sílica e resinas; antidegradantes; promotores de adesão; agentes de cura e produtos auxiliares (AGÊNCIA NACIONAL DA INDÚSTRIA DE PNEUMÁTICOS - ANIP, 2013). Estes compostos quando transformados em resíduos geram um grande passivo ambiental e de saúde pública.

Os pneus inservíveis servem como local para procriação de mosquitos e outros vetores de doenças. Representam um risco constante de incêndios e quando dispostos em terrenos ao ar livre segrega um óleo que se infiltra e contamina o lençol freático. Além disso, a disposição de pneus inservíveis em aterros sanitários é problemática, pois os pneus quando compactados e enterrados voltam à superfície após um determinado tempo. Tal fato diminui a área utilizada nos aterros e consequentemente reduzem a sua vida útil (FREIRES; GUEDES, 2006).

2.1 Métodos e processos para recuperação de pneus

Algumas alternativas foram criadas para que estes resíduos, dos pneus inservíveis, pudessem ser utilizados como matéria prima para um novo produto ou mesmo para utilizar em outras funções que não o transporte. Porem, neste fim de vida útil do pneu é possível classificá-lo como reformável ou não-reformável (SCAGLIUSI, 2011). Nesta classificação são avaliados se há possibilidade de recapeamento, recauchutagem ou remoldagem de pneus, e apenas aqueles classificados como não-reformáveis se tornam um produto para descarte final – o pneu inservível.

Os classificados como não-reformáveis caracterizam-se produto para descarte final, ou seja, o pneu inservível (Figura 1).

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4 Figura 1: Descarte Final pneus não-reformável

Para que haja um processo de reforma, a estrutura do pneu deve estar intacta para que ele cumpra sua função original quando for reutilizado (ANDRADE, 2007). Ao pneu reformável cabem os seguintes processos apresentados na Figura 2:

Figura 2: Processos de pneus reformáveis

De acordo com Lagarinhos; Tenório (2008) o pneu é reconstruído ou reformado a partir de um pneu usado, onde se repõe uma nova banda de rodagem, podendo incluir a renovação da superfície externa lateral. Segue a definição segundo os autores para os seguintes métodos e processos citados anteriormente, recapagem, recauchutagem e remoldagem:

 Recapagem: remoção da banda de rodagem, no reparo estrutural da carcaça com cordões de borracha e na utilização de cola cimento, que dá excelentes resultados na adesão e coesão de vários materiais, inclusive da na borracha, para colar a banda de rodagem na carcaça. Os ombros a parte externa entre a banda de rodagem e seu flanco, parte lateral do pneu não são removidos neste processo.

 Recauchutagem: remoção da banda de rodagem e dos ombros do pneu. Existem dois

processos: o processo a frio um método mais eficiente e a recauchutagem a quente, que demanda menos espaço e oferece ganho de produtividade.

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 Remoldagem: remoção da borracha das carcaças, de talão a talão, em seguida o pneu é totalmente reconstruído e vulcanizado, sem qualquer emenda, proporcionando balanceamento, apresentação e segurança de uso.

Os pneus são 70% da borracha consumida. E de acordo com o Compromisso Empresarial para Reciclagem - CEMPRE, o pó gerado na reforma de pneus e os restos de pneus moídos podem ser aplicados na composição de asfalto de maior elasticidade e durabilidade, além de atuarem como elemento aerador de solos compactados, pilhas de composto orgânico e outros artefatos de borracha como, solados, tubos, tapetes, pisos ou combustível – já que o poder calorífico do pneu é maior que do óleo combustível e do carvão (CEMPRE, 2014).

2.3 A Reciclagem dos pneus inservíveis

Reciclagem é um método de destinação capaz de amenizar ou até resolver o problema dos resíduos. No que tange a reciclagem do pneu inservível, pode-se utilizar o pneu inteiro ou processado.

Consideram-se dois tipos de reciclagem quando se usa o pneu inteiro: a reciclagem de materiais e a reciclagem energética, onde o pneu pode ser utilizado para geração de energia e para o co-processamento (SOUZA, 2011).

A reciclagem de materiais onde o pneu inteiro ou em partes pode ser destinado a obras de engenharia civil. Suas aplicações mais usuais dos pneus inservíveis são em materiais de enchimento de peso leve; controle de erosão; barragens; isolante térmico e acústico; drenagem em aterro sanitário; aditivos para pavimentos asfálticos entre outros (SCAGLIUSI, 2011). No caso da geração de energia, o pneu inservível é utilizado como substituto do carvão, do coque de petróleo ou do óleo diesel. Já no co-processamento, é utilizado usualmente pela indústria de cimento, que após utilizar o pneu inservível para geração de energia, adiciona ao cimento, os resíduos oriundos da queima do pneu (LAGARINHOS; TENÓRIO 2008).

2.4 Logística reversa

A reciclagem de materiais é um dos métodos para tratamento de resíduos, porém esta reciclagem é possibilitada através da logística reversa, viabilizando a reintegração destes materiais ao ciclo produtivo. Para que o processo de reciclagem ou descarte de pneus, seja adotada é necessário um processo de logística reversa bem estruturada que facilite o descarte de pneus pela população.

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6 Para Guarnieri (2011, p.29):

A logística reversa é justamente a estratégia que cumpre o papel de operacionalizar o retorno de resíduos de pós-venda e pós-consumo ao ambiente de negócios e/ou produtivo, considerando que somente dispor resíduo sem aterros sanitários, controlados ou lixões não basta no atual contexto empresarial.

Considerando as definições de Leite (2003), tem-se que:

 Os canais reversos de pós-venda são formados pelo retorno de produtos com pouco ou nenhum uso por diversos motivos, tendo como exemplos problemas de qualidade, produtos obsoletos ou processos comerciais entre empresas. Estes produtos podem retornar ao ciclo de negócios.

 Os canais reversos de pós-consumo são formados pelo retorno de produtos, resíduos ou materiais advindos do descarte ou devolução destes após intenso consumo, perdendo a utilidade para o consumidor ou chegando ao esgotamento de suas funções (fim de vida do produto). Estes produtos podem receber tratamentos retornando ao ciclo, serem descartados em aterros, lixões ou serem incinerados.

De forma genérica, a cadeia reversa envolve tantos os elementos da cadeia direta quanto novos participantes. A Figura 3 ilustra as etapas logísticas relacionadas aos fluxos do ciclo de vida do pneu, desde sua fabricação até o momento em que é destinado.

Figura 3: Ciclo de vida do pneu

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7 Neste processo reverso de destinação dos pneus, novos elementos são identificados: os coletadores e reformadores de pneus.

Os coletadores como aqueles responsáveis pela coleta e transporte dos pneus usados e inservíveis. E os reformadores, como responsáveis por recuperar os pneus usados e reintroduzi-los no canal direto ou em cadeias alternativas, enviando os pneus inservíveis para a industria de reciclagem.

3. Metodologia

A pesquisa conduzida no presente trabalho se caracteriza como sendo de base qualitativa, de natureza aplicada, de caráter exploratório e descritivo.

Foi adotado o método survey como procedimento técnico. Segundo Houston (2006), a pesquisa survey é uma pesquisa realizada de forma sistemática na coleta de informações de um grupo selecionado de empresas. A pesquisa focou-se nas empresas participantes da cadeia de pneus (consumidores institucionais, borracharias, revendas, distribuidores, fabricantes) da cidade de Maringá-PR. As etapas presentes no Quadro 1 foram conduzidas para a elaboração desta pesquisa.

Quadro 1: Apresentação das etapas da pesquisa

Levantamento Bibliográfico

 Foi realizada pesquisa sobre os assuntos relevantes ao estudo e análise do tema, principalmente da literatura referente à Logística Reversa.

 Realização de uma revisão bibliográfica sobre a Logística Reversa de pneus inservíveis.

O Planejamento da Survey

 Definição da população a ser estudada: além das empresas fabricantes ainda existem reformadoras, borracharias e estabelecimentos comerciais responsáveis pelo mercado dos pneus.

 Desenvolvimento do instrumento de pesquisa, em que se buscou a criação de perguntas capazes de demonstrar e avaliar as características do tema em questão, podendo levantar dados qualitativos.

 Elaboração de uma carta de apresentação utilizada para identificar aos responsáveis pelas empresas o que era a pesquisa, seu objetivo, o responsável pela pesquisa e a forma de divulgação dos dados obtidos.

 Escolheu-se o modo de aplicação do questionário, onde se fez necessária uma adequação aos diferentes segmentos de empresas envolvidas na Logística reversa dos pneus.

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 Com as respostas dos questionários em mãos fez-se uma análise das respostas obtidas a fim de caracterizar

a cadeia reversa dos pneus inservíveis, os desafios mais pertinentes e as atividades base deste fluxo reverso.

Discussão das conclusões tiradas e propostas de melhorias dentro do sistema reverso de pneus inservíveis

3.1 Elaboração dos questionários

Foi elaborado o instrumento de pesquisa, onde trabalhou com diferentes modelos de questionários para cada elos da cadeia de pneus. O levantamento bibliográfico foi de fundamental importância para este desenvolvimento. Foram realizados 7 modelos de questionários, apesar de revendas, borracharias e reformadores serem considerados do mesmo elo. Com perguntas abertas e objetivas variando entre 9 e 16 perguntas. Estas perguntas foram divididas em dois blocos:

1º Bloco: identificar o perfil das empresas, com a finalidade de conhecer a dimensão da empresa no mercado e na cadeia de pneus. Levantou-se dados base da empresa, como o tempo de atuação e a quantidade de pneus movimentado por cada empresa do elo.

2º Bloco: relacionado a cadeia reversa, buscou-se questões que confirmassem o funcionamento da cadeia reversa em cada elo, que avaliassem a consciência ambiental das empresas, as motivações e dificuldades encontradas na execução da Logística Reversa, bem como as características do papel destas empresas na cadeia reversa.

3.2 Definição das empresas entrevistadas

Em primeiro momento decidiu-se por entrevistar os principais elos da cadeia direta e ver quais eram seu comportamento na cadeia reversa. Os grupos foram:

 Consumidores

 Borracharias e revendas

 Distribuidores

 Fabricantes

Definiu-se também que as empresas prestadoras de serviço logístico - empresas terceiras de coleta e reciclagem e reformadoras de pneus - seriam entrevistadas:

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Coletadores

Reformadores de pneus (Recapadoras)

Quanto a aplicação dos questionários, escolheu-se realizá-la através de entrevistas presenciais, de modo a otimizar a diferença entre o tempo de entrega do questionário e o tempo de obtenção das respostas.

Algumas entrevistas ocorreram via telefone, por opção dos responsáveis de algumas empresas. Para as empresas localizadas fora da cidade de Maringá (fabricantes) os questionários foram encaminhados via e-mail.

4. Resultados e análise

Nesta seção apresentaremos os resultados e análises obtidos através dos questionários aplicados a cada elo.

Foi entrevistado um total de 10 empresas: 1 consumidor institucional, 3 borracharias, 1 revenda, 1 distribuidora, 2 reformadores e 2 coletadores. A maior dificuldade foi à falta de abertura das empresas em participar da pesquisa ou fornecer informações claras e úteis, tanto que não conseguimos informações diretas dos fabricantes.

4.1 Consumidores

A pesquisa se pautou em empresas que possuíssem frotas de veículos, principalmente as empresas relacionadas a transporte em geral. No total cinco empresas foram contatadas e apenas uma transportadora respondeu o questionário.

A empresa possui uma frota de 150 caminhões, e não registra a média de quilômetros rodados para a realização de troca de pneus.

A empresa conhecer os problemas ambientais causados pelos pneus inservíveis e realiza reformas nos pneus (processo de recapagem) uma única vez. Assim quando o pneu não tem mais condições de reforma, este fica na recapadora que dá a destinação adequada aos mesmos Quando perguntada sobre vantagens e benefícios para realizar o processo de devolução dos pneus inservíveis, a transportadora afirmou obter descontos nos processos de reformas futuras, realizados na recapadora de pneus.

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4.2 Borracharias e revendas

Das quatro empresas entrevistadas, três borracharias e uma revenda, todas recolhem os pneus inservíveis quando realizada a troca do pneu, deste modo, o cliente deixa o inservível na borracharia ou revenda.

Quanto às empresas terem conhecimento dos problemas ambientais causados pelos pneus, todas sabem da importância em dar a destinação correta dos pneus inservíveis.

Foi verificada qual a destinação dada aos pneus pelas empresas, em todas elas existe um coletador o qual faz a coleta e da à destinação correta. Somente uma das três borracharias entrevistadas não paga por esse serviço de coleta e informaram ainda que o veículo utilizado é de responsabilidade do coletador.

A coleta é realizada a cada quinze dias e semanalmente em períodos de férias. Apenas uma borracharia acumula um volume considerável de até 100 pneus (em dois meses) para realizar a coleta.

A maior dificuldade encontrada pelas empresas para realizar o processo de coleta é financeira, visto que os proprietários pagam um preço para que recolham os pneus inservíveis. Quanto aos principais benefícios encontrados para executar a coleta dos pneus, citaram que o local de trabalho fica mais limpo e organizado.

4.3 Distribuidores

Das cinco empresas contatadas, apenas uma respondeu o questionário. A distribuidora atende no atacado e varejo, e não possui registro de quantas empresas atende na região de Maringá. A empresa afirma conhecer os danos ambientais causados pelos pneus. E a quantidade recolhida de pneus é noventa e oito por cento do que é vendido, pois o cliente deixa o pneu após a troca.

Quando isso não acontece, e o cliente leva o pneu para casa, o mesmo assina um termo de responsabilidade de que dará uma destinação adequada ao pneu. Este termo fica anexado a nota fiscal da compra.

A empresa não realiza um trabalho de coleta dos pneus nos cliente, os clientes são os responsáveis pelo veiculo e por levá-los até a distribuidora.

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11 Sobre qual destinação dada aos pneus inservíveis pela empresa, existe um coletador credenciado ao fabricante dos pneus que faz a coleta (duas vezes ao mês) e que encaminha os pneus para reciclagem. O veículo utilizado é de responsabilidade da empresa contratada pelo fabricante.

Quando perguntadas sobre os obstáculos encontrados, a distribuidora apontou que não há nenhum. Visto que faz parte do ciclo de vida do pneu dar uma destinação adequada após o uso. E o único beneficio apontado pela distribuidora é contribuir com a preservação do ambiente.

A empresa não possui nenhum indicador relativo aos processos reversos, sendo política da empresa os clientes levarem até a distribuidora.

4.4 Fabricantes

Quanto aos fabricantes, das 5 empresas contatadas, nenhuma retornou ao contato inicial. Porém, com as informações obtidas com os questionários de outros elos e nos casos avaliados na revisão bibliográfica, pode-se definir um comportamento geral do elo em relação ao fluxo reverso.

Os fabricantes contratam empresas de coleta e pagam pela destinação adequada de toneladas de pneus, para comprimento da lei. Segundo a resolução CONAMA (2009) os fabricantes e os importadores de pneus novos ficam obrigados a coletar e dar destinação adequada aos pneus inservíveis existentes no território nacional.

4.5 Coletadores

Os coletadores são uma parte fundamental no fluxo reverso de pneus usados e inservíveis. Existem dois tipos de coletadores na região de Maringá: os autônomos e os terceirizados. Os coletadores autônomos participam de uma cooperativa e cobra pelas coletas, já os coletadores terceirizados são contratados pelas distribuidoras e fabricantes e realizam o trabalho sem cobrança, uma vez que a empresa que contratou o serviço paga pela destinação adequada de pneus.

Nesta etapa realizou-se a entrevista com um coletador autônomo e um terceirizado. Quando questionados em quais tipos de empresas realizam a coleta citaram borracharias, recapadoras e em lojas de pneus. Realizam a coleta semanalmente.

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12 O coletador autônomo leva os pneus para um barracão da cooperativa e depois encaminha para uma empresa de comércio e reciclagem de pneus, a qual paga uma valor por tonelada de pneus. Já o coletador terceirizado, envia para uma indústria de reciclagem e recebe do fabricante ou distribuidora. O veiculo utilizado é de responsabilidade do coletador para ambos.

No final deste processo de destinação adequada de pneus os coletadores recebem uma certificação ambiental da indústria de reciclagem em nome da empresa contratante ou cooperativa. Esta certificação é necessária devido à Resolução nº 416/09 instituída pela CONAMA em setembro de 2009, para cada pneu novo comercializado, as empresas fabricantes ou importadoras deverão dar destinação adequada a um pneu inservível.

4.6 Reformadoras

Entrevistas foram realizadas em duas recapadoras de pneus que prestam serviço ao cliente. As empresas afirmam conhecer os danos ambientais causados pelos pneus. Quando perguntadas quantas vezes podem ser realizadas as reformas as duas empresas coincidiram dizendo no maximo duas recapagens, pois o pneu tem que atender os requisitos: ser um pneu nacional; ter o selo do Inmetro e ser aprovado no exame inicial, na qual é feita a analise da carcaça.

Quando questionadas de onde vem os pneus para recapagem de ambas vem dos clientes. Porém as duas empresas compram pneus para utilização da banda de coletadores autônomos, mas é uma quantidade bem pequena comparada a quantidade de pneus que são recapados. A sobra do material dos processos de recapagens é enviada a empresas de reciclagem uma vez por mês. E o pneu inservível é coletado duas vezes por mês, não pagam para que façam a coleta, sendo o veiculo de responsabilidade dos coletadores.

Quando perguntadas sobre as dificuldades encontradas para fazer o encaminhamento dos pneus inservíveis, as duas empresas disseram que antes tinham que pagar para recolherem, atualmente existem os coletadores terceirizados, e este tornou-se um processo sem custo. As empresas foram então questionadas sobre vantagens e benefícios relacionados ao processo reverso dos pneus e as duas empresas responderam que na há nenhum beneficio além da preservação ambiental e cumprimento da lei.

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4.7 Discussão geral

Comparando as informações coletadas ao longo das entrevistas com os modelos presentes na bibliografia, pode se perceber que a cadeia reversa dos pneus inservíveis em Maringá, ocorre por diferentes caminhos, porém de um modo geral conseguiu-se descrever o modelo desta cadeia na cidade (Figura 4).

Figura 4: Modelo da cadeia reversa de pneus de Maringá

Fonte: Própria

O fluxo da estrutura apresentado na Figura 4 passa basicamente por três elos, o elo do consumidor; o elo de revendas, borracheiros e reformadores e o elo dos coletadores. Os consumidores deixam seus pneus nas revendas, borracheiros ou reformadores e estes ficam responsáveis por dar destinação aos pneus. As revendas, borracheiros e reformadores ficam responsáveis por armazenarem estes pneus até que o coletador autônomo ou coletador terceirizado os recolham, o coletador fica incumbido de coletar, armazenar e destinar estes pneus a Indústria de Reciclagem.

Um dado importante é que segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO (2006), não devem ser reformados pneus que já tenham sido submetidos a um processo de reforma anterior. Verificou-se que as duas empresas reformadoras realizam esse processo duas vezes, deste modo, estão não conhecem esta informação ou agem de forma irregular perante a regulamentação.

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14 O presente trabalho atendeu aos objetivos propostos, ou seja, caracterizou a cadeia reversa de pneus na cidade de Maringá.

Embora as ações realizadas pelas empresas sejam informais, a cadeia se mostra estruturada, pois identificou nos elos da cadeia todas as atividades desenvolvidas dentro do processo logístico reverso dos pneus inservíveis. Porém nem todas as empresas encaram tal prática como processo essencial para cuidar do meio ambiente, mas sim para algumas empresas -como uma forma de custos adicionais.

Deste modo, conclui-se que a logística reversa de pneus ocorre conforme o estabelecido pela legislação, sendo este um ponto positivo de regulamentação no estado do Paraná, devendo portanto todos os envolvidos na produção e consumo destes bens, atuar para a coleta e disposição correta dos produtos e resíduos.

Por fim, com esta pesquisa foi possível identificar a importância que cada elo dedica à cadeia reversa, e estabelecer uma representação de seu comportamento dentro da cadeia produtiva.

REFERENCIAS

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dos pneus. 2013. Disponível em: < http://www.anip.com.br/?cont=fabricacao>. Acesso em:

01 mai de 2014.

AREBOP – Associação Nacional das Empresas de Reciclagem de Pneus e Artefatos de

Borrachas. Reciclagem – meio ambiente – Disponível em: < http://www.arebop.org.br>

Acesso em: Fevereiro de 2014.

CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem. Disponível em: < http://www.cempre.org.br/ft_pneus.php> Acesso em: 30 de abri de 2014.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). "Resolução no. 416, de 30

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Houston, A. Survey Handbook. Department of the Navy.Total Quality Leadership Office. 2006. Disponível em: <www.uiowa.edu/~cqi/surveybk.pdf>. Acesso 30 abr. 2012.

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LAGARINHOS, C. A. F; TENÓRIO, J. A. S. Tecnologias utilizadas para reutilização,

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LEITE, P. R. Logística Reversa: Meio Ambiente e competitividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003.

PIRES, Sílvio R. I. Gestão da cadeia de suprimentos: conceitos, estratégias, práticas e

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SCAGLIUSI, S. R. Reciclagem de Pneus Inservíveis. Alternativa Sustentável a

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SOUZA, Cristiane Duarte Ribeiro de. Análise da Cadeia de Valor Aplicada a Cadeias

Logísticas Reversas. Uma Contribuição ao Reaproveitamento de Pneus Inservíveis. –

Referências

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