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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA EM MARÍLIA (SP).

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA __ VARA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA EM MARÍLIA (SP).

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Procurador da República signatário, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, vem, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 129, incisos II e III, da Constituição Federal, no art. 6.º, inciso VII, alínea “c”, da Lei Complementar n.º 75, de 20 de maio de 1993, e no art. 5.º, caput, da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985, propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA,

com pedido de liminar, em desfavor do

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, autarquia federal com

sede na Rua Castro Alves, n.º 460, em Marília (SP); pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos.

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Em 08 de setembro de 2006 foi instaurado na Procuradoria da República em Marília um procedimento investigatório visando apurar eventuais práticas dos crimes de descumprimento de ordem judicial e de prevaricação, previstos nos arts. 330 e 319, ambos do Código Penal.

O MM. Juiz Federal Dr. Fernando David Fonseca Gonçalves encaminhou cópia dos autos da Ação Ordinária n.º 2004.61.11.002065-6, que tramitou perante a 3.ª Vara da Subseção Judiciária em Marília (fls. 02 a 292).

A referida ação foi ajuizada por Tereza Domingues de Souza, representada por sua genitora Maria Aparecida Domingues de Souza, em face do Instituto Nacional do Seguro Social visando a condenação deste ao pagamento de um salário mínimo mensal, a título de benefício assistencial de prestação continuada - renda mensal vitalícia, nos termos do art. 203, inciso V, da Constituição Federal e do art. 20 da Lei n.º 8.742/93.

Apesar de ter sido deferido o pedido de antecipação dos efeitos da tutela (fls. 51 a 53), o benefício assistencial foi implantado, mas não foi pago pela autarquia previdenciária, que exigia a apresentação do termo de curatela (fls. 77/78, 117/119 e 126).

Maria Aparecida Domingues de Souza, genitora da autora, foi nomeada curadora especial, nos termos do art. 9.º, inciso I, do Código de Processo Civil, para que pudesse ser viabilizado o pagamento do benefício deferido (fls. 130 e 135/136).

O INSS informou que efetuou o pagamento e o cadastro da genitora como “Administrador Provisório”, devendo ser apresentado o termo de curatela definitivo em seis meses (fls. 146 e 147).

Expediu-se ofício ao INSS, esclarecendo que enquanto perseverasse a tutela antecipada concedida à autora, o pagamento do benefício assistencial não poderia ser suspenso (fls. 176/177 e 182).

A autora colacionou aos autos cópia do Termo de Compromisso de Curador Provisório, expedido pela 1.ª Vara Cível da Comarca de Marília (fls. 221 e 222) e aduziu que foi suspenso o pagamento do benefício, sob o argumento de “falta de curatela” (fls. 250 e 251). Questionado acerca da suspensão, o INSS afirmou que o sistema informatizado da DATAPREV só aceita o termo de compromisso de curador pelo prazo de seis meses (fl. 259).

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Proferida a sentença, o pedido foi julgado procedente, tendo sido imposta ao INSS a multa de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), nos termos do art. 461, § 4.º do CPC, uma vez que mesmo após a apresentação do termo de curador especial, continuou a levantar óbices quanto ao pagamento do benefício (fls. 277 a 286).

O Ministério Público Federal solicitou esclarecimentos (fl. 298) e o INSS sustentou que o sistema informatizado fundamenta-se nas disposições da Lei n.º 8.212/91 e do Decreto n.º 3.048/99, regulamentadas no plano administrativo pela Instrução Normativa INSS/DC n.º 118, de 14 de abril de 2005, não havendo previsão para as hipóteses de nomeação de curador especial, nos termos do art. 9.º do Código de Processo Civil.

DO DIREITO

A administração pública, por determinação constitucional prevista em seu art. 37, caput, tem como pilares fundamentais, além de outros princípios legais implícitos e explícitos, a partir da redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/98, o seguinte:

"Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (...):”

Ora, sabe-se que o administrador público, ao realizar suas funções, está intrinsecamente vinculado, além de outros, ao princípio da legalidade, de modo que somente poderá fazer o que estiver expressamente autorizado em lei.

O princípio da legalidade, nos dizeres do Professor Carlos Ari Sunfeld1, “Inexiste poder para a Administração Pública que não seja

concedido pela lei: o que ela não concede expressamente, nega-lhe implicitamente. Por isso, seus agentes não dispõem de liberdade – existente somente para os indivíduos considerados como tais – mas de competências, hauridas e limitadas na lei”.

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Assim, a administração pública, em quaisquer de suas esferas político administrativas, quer centralizada ou descentralizada, deve ser a primeira guardiã dos direitos e garantais constitucionais, devendo sua atuação estar inteiramente subordinada às normas jurídicas.

Pois bem. O Código de Processo Civil, no capítulo em que cuida da capacidade processual das partes, prevê a nomeação de curador especial, que exercerá um múnus público exclusivamente dentro do processo, representando a parte incapaz. É o que dispõe o art. 9.º do referido diploma legal:

“Art. 9.º. O juiz dará curador especial:

I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele;

II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa.

Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este competirá a função de curador especial.”

Ressalte-se que o curador especial deverá defender os interesses do incapaz durante a tramitação do processo, assim como ocorreu na ação ordinária supramencionada, já que restou evidenciada a incapacidade da autora.

Contudo, o INSS, no que tange à implantação e pagamento de benefícios previdenciários a pessoas incapazes, não está observando a regra disposta no Código de Processo Civil, fundamentando-se apenas na Instrução Normativa INSS/DC n.º 118, de 14 de abril de 2005 (fls. 300 e 301):

“Art. 416. A falta da apresentação do Termo de Tutela ou do Termo de Curatela não impedirá a concessão ou o pagamento de qualquer benefício do RGPS devido ao segurado ou ao dependente civilmente incapaz, desde que o administrador provisório comprove, por meio de protocolo, o pedido perante a Justiça.

Parágrafo único. Deverá ser firmado pelo administrador provisório o Termo de Compromisso, impresso por sistema próprio, que será válido por seis meses, sujeito à prorrogação, desde que comprovado o andamento do respectivo processo judicial.”

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Apesar da alegação do INSS de que está agindo em obediência à Instrução Normativa INSS/DC n.º 118, cabe mencionar que o referido ato normativo foi posteriormente foi revogado pela Instrução Normativa INSS/PR n.º 11, de 20 de setembro de 2006, que estabelece:

“Art. 416. Observado o contido no artigo anterior, no ato do requerimento do benefício por titular ou beneficiário portador de doença mental, não será exigida a apresentação do Termo de Curatela, ressaltando-se que a falta de apresentação do Termo de Curatela não impedirá a concessão de qualquer benefício do RGPS, desde que apresentado termo de compromisso firmado no ato do requerimento.

(...)

§ 3.º. O INSS somente procederá à alteração do recebedor do benefício após a apresentação do pedido de interdição, total ou parcial, perante a Justiça, o que permitirá o recebimento do benefício, na condição de administrador provisório, por um período de seis meses, sujeito a prorrogação, desde que comprovado o andamento do respectivo processo judicial”.

Assim, com base apenas nessas disposições, o INSS não efetua o pagamento dos benefícios previdenciários concedidos judicialmente a incapazes nas hipóteses em que houve nomeação de curador especial, alegando que não há regulamentação administrativa específica e que o sistema informatizado não está preparado para tais situações, suspendendo, após 06 (seis) meses, automaticamente, o pagamento dos benefícios concedidos, se não houver apresentação do pedido de interdição perante a Justiça.

Não se pode admitir que a autarquia previdenciária alegue que suas falhas decorram de omissões no sistema informatizado. Se isto fosse possível, todas as omissões praticadas pelo Poder Público ou por particulares seriam facilmente justificadas: bastaria alegar que a culpa é do computador.

Essa alegação impõe um questionamento: é o computador que faz o que pretende o homem ou é o homem que faz o que manda o computador?

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Ademais, a autarquia previdenciária já foi alertada de que o procedimento que vem adotando não está de acordo com o princípio da legalidade:

“Uma vez mais, torna este Juízo a alertar ao INSS de que os sistemas informatizados da Previdência e Assistência Social não se sobrepõem às ordens legais emanadas não só do Poder Judiciário, mas dos demais Poderes constituídos. Se por um lado é salutar que a autarquia se aparelhe, cercando-se de cuidados que impeçam a ocorrência de fraudes nos benefícios que concede, de outro é ainda mais imperioso que se acautele a fim de evitar a suspensão ou bloqueio do pagamento de benefícios regularmente concedidos” (trecho do despacho proferido pelo MM. Juiz Federal Alexandre Carneiro Lima – fl. 261).

Portanto, a suspensão do pagamento dos benefícios previdenciários após 06 (seis) meses fere o princípio da legalidade ao não observar as regras processuais vigentes, sendo necessária a intervenção do Poder Judiciário para que possa ser respeitado o princípio constitucional violado.

DA TUTELA ANTECIPADA

O objeto da presente ação é buscar a tutela jurisdicional para que o réu seja condenado a deixar de aplicar o art. 416 da Instrução Normativa n.º 11/2006 quando o benefício for concedido por ordem judicial, bem como alterar os sistemas informatizados, com o fim de evitar a suspensão ou bloqueio indevido do pagamento de benefícios regularmente concedidos.

Porém, para que o provimento jurisdicional possua utilidade e efetividade, presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, além da verossimilhança da alegação e o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, necessária a concessão de tutela antecipada para compelir o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL a deixar de aplicar o art. 416 da Instrução Normativa INSS/PR n.º 11/2006 quando o benefício for concedido por ordem judicial, bem como a alterar os sistemas informatizados, de modo a cumprir fielmente as decisões judiciais.

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No caso em tela, os requisitos exigidos pelo diploma processual para o deferimento da tutela antecipada encontram-se devidamente preenchidos.

Além disso, a existência do fumus boni iuris mostra-se clara, patenteado na fundamentação supra, em que se demonstra o descumprimento de princípios constitucionais e o desrespeito às normas processuais vigentes.

A urgência, ou periculum in mora, consiste em que a continuidade do procedimento adotado pelo INSS com a suspensão do pagamento dos benefícios previdenciários nas hipóteses de nomeação de curador especial persistirá lesando um sem número de segurados, caso nenhuma providência seja tomada com rapidez e firmeza.

Assim, presentes, os requisitos necessários à concessão da tutela antecipada, requer o Ministério Público Federal, com espeque no art. 12 da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985, o seu deferimento, inaudita altera parte para o fim de determinar que o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, deixe de aplicar o art. 416 da Instrução Normativa INSS/PR n.º 11, de 20 de setembro de 2006 quando o benefício for concedido por ordem judicial, bem como altere os sistemas informatizados da Previdência e Assistência Social, cominando-se a multa de R$ 100,00 (cem reais) por dia de descumprimento da ordem judicial, a ser revertida para o Fundo de Defesa de Direitos Difusos, criado pelo Decreto n.º 1.306/94, sem prejuízo das sanções civis, penais e por improbidade administrativa aplicáveis, devendo Oficial de Justiça diligenciar, verificando o cumprimento da decisão.

DOS PEDIDOS

Após apreciada e, se espera, concedida a tutela antecipada, o Ministério Público Federal requer:

a) a citação do réu, para, querendo, contestar a ação, sob pena de revelia;

b) seja a ação julgada procedente para compelir o Instituto Nacional do Seguro Social a deixar de aplicar o art. 416 da Instrução Normativa INSS/PR n.º 11, de 20 de setembro de 1996 quando o benefício for concedido por ordem judicial, bem como proceder a alteração dos sistemas informatizados da Previdência e Assistência Social;

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c) seja fixada multa para o caso de descumprimento da sentença proferida, em valor fixado por Vossa Excelência, mas não inferior a R$ 100,00 (cem reais) por dia de descumprimento.

Protesta pela produção posterior de outras provas juridicamente admitidas.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), para fins fiscais.

Termos em que, pede deferimento.

Marília, 12 de fevereiro de 2007.

JEFFERSON APARECIDO DIAS Procurador da República

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