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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ANA RITA MARINHO MACHADO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

ANA RITA MARINHO MACHADO

Potencializando um grupo de idosos em uma comunidade rural

com vista à promoção da saúde: pesquisa convergente

assistencial

Goiânia

2013

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ANA RITA MARINHO MACHADO

Potencializando um grupo de idosos em uma comunidade

rural com vista à promoção da saúde: pesquisa convergente

assistencial

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Goiás para obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde.

Orientadora: Denize Bouttelet Munari Coorientadora: Darlene Mara dos Santos Tavares

Goiânia

2013

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Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Goiás

BANCA EXAMINADORA DA TESE DE DOUTORADO

Aluna: Ana Rita Marinho Machado

Orientadora: Denize Bouttelet Munari

Coorientadora: Darlene Mara dos Santos Tavares

Membros:

1. Denize Bouttelet Munari

2. Elizabeth Barichello

3. Kátya Alexandrina Matos Barreto Motta

4. Marcelo Medeiros

5. Roselma Lucchese

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Dedico este trabalho ao meu querido pai, Pedro Marcelino Machado, que até hoje está presente em todos os momentos e me acolhe com ternura nos seus braços.

À minha mãe, Thebe Marinho Machado, pela compreensão, carinho e exemplo de perseverança e fé.

Ao meu filho Pedro Machado Pelli, minha motivação maior, fonte de amor e alegria.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por seu amor incondicional.

À minha orientadora, Profa. Dra. Denize Bouttelet Munari, pela amizade, companherismo e, sobretudo, por perceber a importância das relações na formação humana e profissional. Obrigada por ter acreditado em mim!

À minha co-orientadora, Profa. Dra. Darlene Mara dos Santos Tavares, pelo apoio e amizade constantes.

À minha família, em especial minha mãe e meu querido filho, por compreenderem e me apoiarem nos momentos difíceis, de ausência, especialmente no início, quando as viagens eram constantes. E também ao companheiro e amigo Afonso Pelli, por estar sempre presente, em todos os momentos.

Às minhas amigas Jesus e Walterlânia, não apenas pela amizade, apoio, companherismo e cumplicidade, mas também pela ajuda com a tese e parceria nos trabalhos.

Aos amigos D. Elza, Ricardo, Marina, Leiner, Ana Carolina, Ana Lúcia, Sueli, Helena, Bethania, Maria Helena, Ídis, Stefânia, Lídia, Márcia Tasso, Grasiela, Fernanda Carolina, pela amizade e apoio durante o percurso.

À Valdecina, ao Gabriel e à Claudet, pelo apoio e carinho que me dispensaram. À enfermeira Flávia Dias, minha grande amiga e companheira não apenas no campo de trabalho, mas também nas observações, anotações, conduta e capacidade de avaliação e discernimento das situações cotidianas.

Aos profissionais e usuários que participaram deste estudo, pois, sem eles, não haveria essa possibilidade.

Aos professores Marcelo Medeiros, Lizete Oliveira e Roselma Lucchese, por terem me auxiliado e também pela amizade e disponibilidade com que sempre me receberam.

Aos colegas do SOBRAP/GO, do Curso de Graduação em Enfermagem e aos amigos de percurso nas disciplinas da pós-graduação

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SUMÁRIO

QUADROS, FIGURAS E ANEXOS ... vii

SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS ... viii

RESUMO ... ix

ABSTRACT ... x

1. INTRODUÇÃO ... 1

2. OBJETIVOS... 9

3. REFERENCIAL TEÓRICO ... 10

3.1. A promoção de saúde na atenção aos idosos ... 10

3.1.1. A promoção da saúde no Brasil na atenção ao idoso ... 13

3.2. O grupo como recurso para promover a saúde do idoso ... 23

4. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS ... 28

4.1. Contexto do estudo ... 29

4.2. Participantes da pesquisa ... 31

4.3. Coleta de dados ... 32

4.3.1. Aproximação com o campo de estudo e preparo da intervenção .... 32

4.3.2. Intervenção ... 34

4.3.3. Avaliação da intervenção ... 37

4.4. Análise dos dados ... 39

4.5. Aspectos éticos da pesquisa ... 41

5. RESULTADOS ... 42 5.1. Artigo 1 ... 43 5.2. Artigo 2 ... 67 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 95 REFERÊNCIAS ... 101 APÊNDICES ... 113 ANEXOS ... 119

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TABELAS, FIGURAS E ANEXOS

Quadro 1: Atividades desenvolvidas no Grupo da Terceira Idade de Ponte

Alta, Uberaba/MG, 2011 ... 36

Artigo 1 Quadro 1: Análise da fase inicial do grupo da terceira idade e abordagem do pesquisador. Uberaba, MG, 2012... 51

Quadro 2: Análise da fase intermediária do grupo da terceira idade e abordagem da pesquisadora. Uberaba, MG, 2012 ... 52

Quadro 3: Análise da fase final do grupo da terceira idade e abordagem da pesquisadora. Uberaba, MG, 2012 ... 53

Quadro 4: Análise da fase intermediária do grupo da terceira idade na perspectiva dos profissionais de saúde e abordagem da pesquisadora. Uberaba, MG, 2012 ... 54

Artigo 2 Quadro 1. Categorização, subtemas e ilustração dos depoimentos, segundo temática Instrumentalização do Grupo de Convivência para o Empoderamento, Uberaba/MG, 2012 ... 78

Quadro 2. Categorização, subtemas e ilustração dos depoimentos, segundo a temática Renovação da Prática Assistencial para a Promoção da Saúde, Uberaba/MG, 2012 ... 81

APÊNDICE A - Roteiro para entrevista grupal com os idosos ... 114

APÊNDICE B - Roteiro para entrevista grupal com as agentes comunitárias de saúde ... 115

Apêncide C - Roteiro para entrevista grupal com a coordenadora do grupo ... 116

Apêndice D - Termo de consentimento livre e esclarecido ... 117

ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa ... 120

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SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

ACS Agente Comunitário de Saúde CNS Conferência Nacional de Saúde

EE Entrevista de avaliação realizada pelo avaliador externo EP Entrevista de avaliação realizada pela pesquisadora ESF Estratégia Saúde da Família

GC Grupos de convivência GI Grupo de Intervenção

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial de Saúde

PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde PCA Pesquisa Convergente Assistencial

PNH Política Nacional de Humanização

PNSPI Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa PS Promoção da Saúde

PSF Programa Saúde da Família SUS Sistema Único de Saúde UBS Unidade Básica de Saúde

UFTM Universidade Federal do Triângulo Mineiro UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância

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RESUMO

Nas últimas décadas, é possível observar o crescimento mundial da população idosa e, com ele, os desdobramentos necessários para se manter esse grupo saudável e ativo. Este fato tem trazido reflexos significativos em vários setores, em particular na estruturação de novos serviços de suporte social e de saúde, inclusive para os idosos moradores de zonas rurais. A tecnologia de grupo, nesse contexto, embora integre as ações previstas na política nacional do idoso para a prestação de cuidados a esse grupo, nem sempre tem garantido espaço adequado para ampliar o convívio e a troca de experiências entre pessoas idosas e equipe de saúde. O presente estudo teve como objetivo descrever a repercussão do uso da pesquisa convergente assistencial na transformação da práxis de um grupo da terceira idade em uma comunidade rural, da qual fizeram parte idosos de uma comunidade rural e profissionais de saúde que atuam nessa comunidade. Pesquisa Convergente Assistencial, realizada entre agosto de 2010 a maio de 2012, com um grupo da terceira idade. Participaram 21 usuários do serviço e nove profissionais da equipe de saúde, que foram sensibilizados e apresentados a um novo formato de grupo, coordenados pela pesquisadora, com coparticipação dos profissionais do serviço. Os dados foram coletados por meio de registros escritos e entrevistas. Para análise foram seguidas as recomendações do referencial metodológico utilizado. Os resultados foram apresentados em forma de dois artigos científicos, em que um descreve as fases do processo de potencialização do grupo, sobretudo focando o processo de reconstrução do modo do seu modo de funcionamento utilizando-se a PCA como método de intervenção. Os achados apontam que após um momento inicial de resistência as propostas de mudanças, o grupo passou a utilizar o espaço para desenvolvimento emocional, aquisição de novos conhecimentos, de hábitos saudáveis, melhora no relacionamento interpessoal. Os profissionais de saúde, relataram aperfeiçoamento de habilidades para o manejo do grupo com oportunidades de crescimento pessoal e profissional. O segundo artigo destaca as novas habilidades e concepções sobre saúde que foram construídas pelos idosos, a importância da intervenção na superação de dificuldades, construção de vínculos, exercício da cidadania e abertura de horizontes, além de constatar renovação da práxis para a promoção da saúde pelos profissionais envolvidos na pesquisa. Em conclusão, destacamos a potencialidade da PCA e das atividades grupais na construção da promoção da saúde, sobretudo, pelo empoderamento coletivo: dos idosos e profissionais. A nova postura adotada pelos participantes indica que ações dessa natureza promovem mudanças em projetos de vida dos envolvidos. O grupo da comunidade rural se mostrou com grande potencial para a coesão, pela disponibilidade de acolher prontamente novos membros, além de certa facilidade em superar o receio pelo novo. Participantes e profissionais de saúde aproveitaram a oportunidade para potencializar as novas ações propostas e incorporar na práxis, o que transformou o modo de fazer e viver o grupo, sobretudo, no fortalecimento da autonomia, estímulo ao autocuidado, conquista de novos conhecimentos e desenvolvimento de habilidades interpessoais, aspectos fundamentais na promoção da saúde na terceira idade.

Palavras-chave: População rural; Processos de Grupo; Promoção de saúde; Enfermagem em Saúde Comunitária; Saúde do Idoso.

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ABSTRACT

In recent decades it has been possible to observe the global rise of the elderly population, and the subsequent developments needed to keep this group active and healthy. This fact has brought a significant impact on various sectors, particularly in the structuring of new social support and health services that assist the elderly residents of rural areas as well. The technology group, in this context, despite integrating the actions established by the national policies for the care of the elderly has not always ensured adequate space to expand the interaction and exchange of experiences among the elderly and the healthcare team. Considering that the development of this activity depends on an attitude of the professionals that encourage the enhancement of the therapeutic group, the present study aimed to analyze the impact of the use of the convergent research in transforming the praxis of an elderly group in a rural community, which included senior individuals and the health professionals in charge. Assistential Convergent Research conducted between August 2010 to May 2012, focusing on the proposal of a new work group dynamics applied to a senior group, aimed to enhance the professional praxis through a more proactive action promoting the health of these people. Twenty-one service users and nine healthcare professionals were recruited. The health care team were sensitized and presented to a new group format coordinated by the researcher, with co-participation of the whole team. Data were collected through written records and interviews which synthesized step by step the intervention performed weekly with the group. The analysis followed the recommendations of the methodological framework used. The results were presented in two papers,. Paper 1 aimed to analyze the first stage of the process of empowerment of a senior group in a rural community in the view of the assistential convergent researcht. In this article, the phases experienced by the group focusing the process of rebuilding the group's operating mode are described using PCA as a method of intervention. The findings evidenced that after an initial moment of resistance to proposed changes, the group began to use the space for emotional development, acquiring new skills, healthy habits, improved interpersonal relationships. In turn, health professionals, reported improvement of group management skills and opportunities for personal and professional growth. The second article outstands an educational practice as a tool for empowerment directed to a group of seniors in a rural community. The results show how and which new skills and concepts of health were acquired by the elderly and redirected the conduct of the activities of the group. It also describes the importance of intervention in overcoming difficulties, building bonds, in the practice of

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renewal of practice for health promotion by the professionals involved in the research. In conclusion, we highlight the potential of PCA and group activities in health promotion, especially for collective empowerment. The new approach adopted by the participants indicates that such actions promote changes in life plans of those involved and accountability for their lives and future. Finally, we emphasize, that the rural community group showed great potential for cohesion, welcoming new members readily, and relative ease in overcoming the fear of the new. Both participants and health professionals took the opportunity to leverage the new proposed actions and incorporate them into practice, transforming the group dynamics, especially in strengthening the autonomy, encouragement of self-care, gaining new knowledge and developing interpersonal skills, key aspects in promoting health in old age.

Keywords: Rural Population; Group Processes; Health Promotion; Community Health Nursing; Health of the Elderly.

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1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, em nível mundial, é possível observar o crescimento da população idosa. Este fato tem trazido reflexos significativos para a sociedade brasileira, sentidos na composição e nas relações familiares, na estruturação de novos serviços de suporte social, na economia, nos sistemas previdenciário e de saúde. Trata-se de um fenômeno natural e irreversível. Portanto, para melhor compreender sua dimensão é necessário conhecer a mudança do perfil demográfico e epidemiológico da população, bem como seus reflexos no Brasil e no mundo (BRASIL, 2010a).

O envelhecimento da população é um evento iniciado nos países desenvolvidos a partir do final da década de 1940. Já nos países menos desenvolvidos, entre eles o Brasil, o aumento substancial na expectativa de vida pode ser observado a partir de 1960, quando ocorrem modificações de forma radical e bastante acelerada (KALACHE, VERAS, RAMOS, 1987; MENDES et al, 2005; VERAS, 2009).

De acordo com a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente existem no Brasil cerca de 20 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que constitui pelo menos 10% da população brasileira. Projeções estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que, no período de 1950 a 2025, o grupo de idosos no país aumentará quinze vezes, sendo que a população total aumentará cinco. Desse modo, o Brasil ocupará o sexto lugar em número de idosos, se comparado com outros países do mundo, alcançando, em 2025,

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aproximadamente 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (MENDES et al, 2005; PICCINI et al, 2006; BRASIL, 2010a).

Segundo VERAS (2009), 650 mil novos idosos são incorporados à população brasileira a cada ano. O número de idosos no país passou de 3 milhões, em 1960, para 7 milhões, em 1975, e 20 milhões em 2008, significando/representando um aumento de aproximadamente 700% em menos de 50 anos. Um dos resultados dessa dinâmica é a maior procura dos idosos por serviços de saúde, considerando o aumento na incidência de doenças na população, que geram mais incapacidades.

No Brasil, apesar de a atenção à saúde ser um direito universal, o acesso aos serviços de saúde pela população idosa é influenciado pela situação socioeconômica do idoso e/ou de sua família, sendo que os idosos com menor renda familiar apresentam precárias condições de saúde e visitam médicos com menor frequência (MELO et al, 2009).

Apesar da ampliação da rede pública de assistência em saúde, ocorrida há três décadas, na maioria das vezes “aborda-se o idoso, de modo limitado às enfermidades crônicas e em consultas individuais esporádicas, sem continuidade, e desconsiderando o impacto desse quadro na qualidade de vida” (MELO et al, 2009, p.1580).

Além da precariedade de investimentos públicos para o atendimento da população idosa em suas necessidades específicas, somam-se a desinformação, o preconceito e o desrespeito a essa população. Observa-se que os serviços de saúde, especialmente em países em desenvolvimento, não estão preparados para responder às múltiplas necessidades dos idosos. Essas são questões importantes para gestores e pesquisadores dos

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sistemas de saúde, tornando-se assim um dos maiores desafios para a saúde pública (MENDES et al, 2005; PICCINI et al, 2006; VERAS, 2007; 2009).

Neste sentido, esses aspectos revelam uma realidade preocupante para os idosos, com um envelhecimento sem qualidade e falta de suporte no aspecto político e social que tenha como resultado um envelhecimento saudável (MENDES et al, 2005).

Chaimowicz (1997) ao se referir ao impacto do envelhecimento populacional sobre o sistema de saúde, já citava que uma forma de minimizá-lo seria reduzir a compressão da morbidade. Para o autor a “compressão da morbidade” se refere à possibilidade de adiar o surgimento de doenças e sequelas, mantendo fixa a expectativa de vida e reduzindo o intervalo de tempo vivido entre o início das doenças ou incapacidade e a morte. Ainda para Chaimowicz (1997), para se alcançar uma velhice saudável e comprimir a morbidade, faz-se necessário promover a saúde e o bem-estar durante toda a vida do indivíduo, valorizando o ensino e a prática da saúde preventiva, bem como o autocuidado.

Tendo a promoção da saúde como objetivo, as atividades grupais desenvolvidas nos serviços públicos de saúde têm sido utilizadas como estratégia assistencial, cujo objetivo, de modo mais amplo, busca oferecer subsídios aos idosos para ampliar seu período de vida saudável, com autonomia e diminuição do intervalo entre as doenças que os acometem e a sua incapacidade e/ou morte (TEIXEIRA, 2002; NOGUEIRA, 2012).

Por essa razão, essa estratégia assistencial é uma alternativa viável aos profissionais de saúde na abordagem dos idosos por ampliar sua

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capacidade produtiva e independência e propiciar a criação e/ou ampliação do vínculo entre o profissional e a pessoa idosa (BRASIL, 2006; BERNARDO et al, 2009; COMBINATO et al, 2010; COSTA, RODRIGUES, 2010; NOGUEIRA, 2012).

O grupo consiste em espaço complementar da consulta individual, de troca de informações, de oferecimento de orientações e de educação em saúde (BRASIL, 2006). Entretanto, para que um grupo possa atingir seu potencial máximo, é necessário haver interatividade entre seus integrantes, os quais deverão estar reunidos em torno de uma tarefa e de um objetivo em comum (ZIMERMAN, 2000).

A modalidade de atenção em grupo fortalece a afetividade e o acolhimento, valores e atitudes fundamentais na humanização da atenção ao idoso (MINAS GERAIS, 2006; VASCONCELOS, LIMA, COSTA, 2007; TAHAN, CARDOSO, 2008; FREITAS et al ,2010; NOGUEIRA, 2012).

O próprio Ministério da Saúde (MS), por meio da portaria Nº 2.528/2006, apresenta como finalidade primordial da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa a busca do envelhecimento com saúde, de forma ativa, sem qualquer tipo de dependência funcional, o que exige promoção da saúde em todas as idades (BRASIL, 2006a). O documento traz ainda a orientação de que toda oportunidade deve ser aproveitada para facilitar a participação das pessoas idosas em equipamentos sociais e grupos de terceira idade, bem como promover a participação nos grupos operativos e grupos de convivência, com ações de promoção, valorizando experiências positivas e sua difusão na rede.

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papel, pois várias de suas intervenções são realizadas no contexto grupal, tais como na educação em saúde, na assistência hospitalar ou ambulatorial a pacientes em várias situações, bem como em atividades de pesquisa e na formação de profissionais (MUNARI, FUREGATO 2003).

Como vantagens do trabalho em grupo, podemos mencionar a possibilidade de atingir um grande número de pessoas em um período de tempo menor, se comparado à abordagem individual (OLIVEIRA, 2006), bem como propiciar a construção de vínculos, permitindo que o profissional seja visto como referência para ajuda na resolução de outros problemas que possam surgir (FERNANDES, SILVA, SOARES, 2011; NOGUEIRA, 2012) e, sobretudo, o empoderamento do indivíduo (TEIXEIRA, 2002; DURÃO e SOUZA, 2006; SOUZA et al, 2008; SANTOS, LIMA, 2010; LEITE, CUNHA, TAVARES, 2011; TADDEO et al, 2012).

No contexto da Saúde Coletiva, uma limitação para o uso dessa tecnologia é a abordagem diretiva, fundamentada na doença, por exemplo, diabetes, hipertensão, obesidade, entre outras, utilizada por muitos coordenadores (GARCIA et al, 2006), embora, para tal, seja necessária grande apropriação de conhecimentos sobre técnicas de grupo.

Diante do exposto, acreditamos que a tecnologia de grupo é uma estratégia adequada para a promoção da saúde almejando o envelhecimento ativo e saudável, uma vez que os grupos de terceira idade representam um espaço ideal para ampliar o convívio e troca de experiência entre as pessoas idosas e a equipe de saúde, bem como desenvolver a autonomia e melhorar o nível de saúde (GARCIA, LEONEL, 2007; ASSIS et al, 2009; FERREIRA et al, 2009; TAHAN, CARVALHO, 2010; BARROS,

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MACHADO, 2012).

Para Munari e Zago (1997), todos os grupos que objetivam o cuidado à saúde, mesmo aqueles sem finalidade psicoterápica, terão sempre algum resultado terapêutico para seus participantes, pois esses são comuns em qualquer tipo de grupo em que existam coesão e participação ativa de seus membros.

Entretanto, no contexto da atenção básica, nem sempre as atividades grupais têm alcançado seu melhor desempenho por várias razões relacionadas, principalmente, à forma de condução dos grupos. Esses aspectos têm sido evidenciados por estudos (PICCINI 2006, SANTOS et al 2010), sendo que o realizado por Santos et al (2010) concluiu que os coordenadores, de uma forma geral, não utilizaram recursos teóricos e técnicos pertinentes à coordenação de grupos na área da saúde, o que minimizou as potencialidades que os recursos grupais oferecem para a promoção da saúde e humanização da assistência.

Com base nessas considerações e tendo em vista nosso envolvimento com a temática, destacamos a importância de desenvolver estratégias mais eficientes no que se refere à coordenação de grupos. Loomis (1979) já ressaltava a importância de se avaliar a efetividade de intervenções de modo que as mesmas alcancem seu melhor potencial terapêutico.

Diante do exposto, acreditamos ser a tecnologia do grupo uma estratégia adequada para a promoção da saúde quando se almeja o envelhecimento ativo e saudável, considerando que os grupos de terceira idade representam um espaço ideal para ampliar o convívio e a troca de

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experiência entre as pessoas idosas e a equipe de saúde.

Além das dimensões da aplicação de grupos na atenção à saúde dos idosos, este estudo abordou esta prática no contexto rural. Desde a implantação de unidades de atenção à saúde em comunidades rurais pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o desenvolvimento de grupos para idosos nessas localidades passou a ser uma realidade. Assim, na busca de conhecimento sobre este tema, realizou-se um levantamento de literatura científica indexada nas bases LILACS, SciELO e MEDLINE, no período de 2005 a 2012, com as palavras processos grupais, idoso e população rural, verificamos o quanto são necessárias as intervenções para essas populações, sendo que os pontos primordiais se referem às precárias condições de atenção à saúde. Exemplificando, citamos o estudo de Travassos e Viacava (2007), no qual se verificou que idosos residentes em áreas rurais brasileiras se encontravam em situação de maior desvantagem em relação ao acesso e à utilização de serviços de saúde em comparação à população de idosos urbanos.

Em outro exemplo, Rodrigues e Gerhardt (2008) também apontam que estudos realizados com idosos residentes na área rural brasileira evidenciam uma realidade onde há o predomínio de condições desfavoráveis à promoção e manutenção da saúde desse grupo populacional, tais como pobreza, isolamento social, baixos níveis educacionais, limitações de transportes, distância dos recursos sociais e de saúde, dentre outros.

Ainda conforme esse levantamento bibliográfico, encontramos diversos estudos abordando a utilização de grupo como estratégia para a

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atenção à saúde do idoso na zona urbana (GARCIA et al, 2006; VASCONCELOS, LIMA, COSTA, 2007; BORGES et al, 2008; BERNARDO et al, 2009; FREITAS et al, 2010; TAHAN, CARVALHO, 2010; COMBINATO et al, 2010). No que se refere à população rural, estudos recentes (AIRES, PASKULIN, MORAIS, 2010; FREITAS, QUEIROZ, SOUSA, 2010; RIGO, PASKULIN, MORAIS, 2010; PIGNATTI, BARSAGLINI, SENNA, 2011; TAVARES et al, 2011; BELTRAME et al, 2012; BERTUZZI, PASKULIN, MORAIS, 2012; DAL PIZZOL et al, 2012; TAVARES et al, 2012; 2012a) abordam relevantes temas relacionados a essa população, porém o enfoque é centrado, na maior parte, em questões relativas à capacidade funcional dos idosos, uso de medicamentos, qualidade de vida, hipertensão arterial, osteoporose, entre outros. No entanto, não identificamos estudos referentes à utilização de grupos como estratégia para promoção da saúde em áreas rurais, em especial às pessoas idosas.

Dessa forma, este estudo partiu de uma intervenção junto a essa população, em um grupo já formado em decorrência de esforços da própria comunidade que se organizou e passou a se reunir de forma sistemática.

O propósito foi avaliar o resultado de intervenções no grupo baseadas no método da pesquisa Convergente Assistencial, focadas nas questões norteadoras: o grupo promove saúde para os idosos? De que forma isso acontece?

Com base nessas considerações, o pressuposto do presente estudo é o de que a atividade grupal é uma estratégia que pode atender à população idosa que vive na zona rural e oferecer subsídios para garantir o apoio e suporte efetivos, de forma a promover a saúde dessa população.

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2. OBJETIVOS

Com vistas a potencializar a atenção à saúde de idosos em grupo, tivemos como objetivos:

Geral

• Descrever a repercussão do uso da pesquisa convergente assistencial na transformação da práxis de um grupo da terceira idade em uma comunidade rural.

Específicos

• Descrever as fases do processo de potencialização de um grupo de terceira idade de uma comunidade rural na perspectiva da pesquisa convergente assistencial.

• Avaliar uma prática educativa como ferramenta de emponderamento dirigida a um grupo da terceira idade de uma comunidade rural.

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3. REFENCIAL TEÓRICO

A presente pesquisa se alicerça em dois grandes eixos: a promoção da saúde na atenção à população idosa e o grupo como recurso para promover a saúde do idoso, ambos para aqueles que vivem na zona rural.

3.1. A promoção de saúde na atenção aos idosos

Há muito tempo, o conceito de promoção da saúde vem sendo discutido e abordado. Embora o termo tenha sido usado para caracterizar um nível de atenção da medicina preventiva, seu significado vem se transformando, passando a representar, mais recentemente, um enfoque político e técnico em torno do processo saúde-doença-cuidado, como apresentado na Carta de Ottawa e na Declaração de Adelaide (BRASIL, 2002). A prática da promoção da saúde se desenvolveu nas últimas duas décadas, com mais vigor nos países desenvolvidos, notadamente no Canadá, Estados Unidos e países da Europa Ocidental (BUSS, 2000; 2003).

Silva (2009), intencionando descrever as diversas concepções da promoção da saúde desenvolvidas ao longo da história, aponta três momentos históricos. O primeiro, iniciado no século XIX e estendendo-se até meados do século XX, é marcado pelo discurso higienista de promoção à saúde. Na segunda metade do século XX, prevalece o enfoque comportamentalista, com ênfase nos estilos e hábitos de vida, caracterizando o segundo momento como o da responsabilização individual. Já o terceiro momento é marcado pelo advento das Conferências Internacionais de Promoção da Saúde, com a concepção socioambientalista

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da promoção da saúde, compreendendo seu caráter biológico e social (BRASIL, 2002). Esse período delineia um movimento de corresponsabilidade entre Estado e sociedade civil na efetivação da promoção da saúde, marcando o início da “Nova Promoção da Saúde”.

Para Buss (2003), o conceito e a prática da promoção da saúde podem ter concepções e propostas distintas. Esse autor, citando Sutherland e Fulton (1992), entende que eles podem ser reunidos em dois grandes grupos. No primeiro, a promoção da saúde incide sobre as atividades com componentes educativos voltadas para a mudança do comportamento sob controle dos próprios indivíduos, como a higiene pessoal, a alimentação, as atividades físicas, o comportamento sexual, entre outros. Nessa perspectiva, fugiriam do âmbito da promoção da saúde aqueles fatores que não dependem do controle e da ação direta dos indivíduos. Já o segundo enfoque reconhece a importância dos determinantes gerais sobre as condições de saúde e preconiza que a saúde é resultado de fatores relacionados à qualidade de vida, tais como padrões adequados de nutrição, habitação, trabalho, apoio social e educação.

Assim, no presente estudo utilizamos como referencia o segundo enfoque, por entendermos que esse tem se revelado como importante estratégia para o enfrentamento global dos múltiplos problemas que afetam a saúde das populações humanas, pois suas atividades buscam reforçar a capacidade de ação dos indivíduos e das comunidades (BUSS, 2000; 2003; DERNTL, WATANABE, 2004).

Historicamente, segundo Buss (2000), o moderno movimento de promoção da saúde surgiu formalmente no Canadá, em maio de 1974, com

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a divulgação do documento A New Perspective on the Health of Canadians, também conhecido como informe Lalonde.

Em 1978, a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou, em colaboração com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em Alma Ata, na então União Soviética. As conclusões e recomendações da Conferencia de Alma Ata trouxeram um importante reforço para os defensores da estratégia da promoção da saúde, que culminou com a realização da I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, em Ottawa, em 1986, cujo principal produto foi a Carta de Ottawa (WHO, 1986) que se tornou, desde então, um termo de referência básico e fundamental no desenvolvimento das ideias de promoção da saúde em todo o mundo.

A promoção da saúde, entendida de uma forma ampliada, foi definida pela Carta de Ottawa como sendo um processo de empoderamento de indivíduos e comunidades sobre os determinantes de saúde, possibilitando conquistas em modos e condições de vida (RUMOR et al, 2010). Pode, portanto, ser compreendida como um conjunto de ações que compõem um processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria e controle de sua qualidade de vida e saúde. Esse processo envolve, além do desenvolvimento de ações de cuidado, promoção de ambientes favoráveis, ações de educação em saúde, acesso à informação ou construção de habilidades na vida, que proporcionem oportunidades para que a população possa fazer escolhas em busca de uma vida mais sadia. O desenvolvimento dessas ações engloba um esforço conjunto entre famílias, espaços sociais, escolas e comunidade (BRASIL, 2002).

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Neste sentido, é necessário que as pessoas estejam devidamente capacitadas e preparadas para as diversas fases da vida, incluindo o enfrentamento das doenças crônicas e causas externas. Essas ações devem ser realizadas nas escolas, nos locais de trabalho e em outros espaços comunitários, por intermédio de organizações educacionais, profissionais, comerciais e voluntárias, bem como pelas instituições governamentais (BRASIL, 2002).

3.1.1. A promoção da saúde no Brasil na atenção ao idoso

No Brasil, diante da crise dos sistemas de saúde, iniciada na década de 70, surgiram propostas alternativas para o enfrentamento dos problemas nesse setor, sustentadas no Movimento da Reforma Sanitária como parte da luta pela democracia e pela conquista de direitos sociais no país (HORTA et al, 2009).

Com a redemocratização do Brasil, na década de 80, a sociedade civil, representada por profissionais de saúde, docentes das Universidades, participantes de movimentos sociais e segmentos populares, articulou-se em torno da VIII Conferência Nacional de Saúde (CNS), cujos princípios e diretrizes estavam muito próximos dos conceitos centrais de Promoção da Saúde. Esse movimento mobilizou a classe política para a construção do capítulo da saúde na Constituição Federal Brasileira e, como consequência, houve o reconhecimento da saúde como um direito dos cidadãos e dever do Estado. No ano de 1990, foi instituído o SUS, definido como um processo de reordenamento dos serviços e das ações de saúde (PELIOCINI, 2007; HORTA et al, 2009).

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A criação do SUS encontra-se fundamentada no conceito ampliado de saúde, proposto pela VIII Conferência Nacional de Saúde e definido como resultado de condições de alimentação, moradia, educação, lazer, transporte e emprego (LUNARDI, 1999). Enquanto política do estado brasileiro, tem por objetivo a melhoria da qualidade de vida e a afirmação do direito à vida e à saúde, dialogando com as reflexões e os movimentos no campo da promoção da saúde. A estratégia de promoção da saúde é retomada no SUS como uma possibilidade de enfocar elementos que determinam o processo saúde-doença em nosso País, tais como violência, desemprego, falta de saneamento básico, dificuldade de acesso à educação, entre outros aspectos que potencializam formas mais amplas de intervir em saúde (BRASIL, 2010b).

Com vistas a contribuir para a operacionalização do SUS e efetivação de suas diretrizes, no ano de 1994 começou a ser implantado no Brasil o Programa Saúde da Família (PSF), após experiências positivas do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), iniciado em 1991 (HORTA et al, 2009).

Atualmente, no Brasil, o PSF ganha status diferente, e como Estratégia Saúde da Família (ESF) é considerada uma política de reorientação do modelo assistencial, pois busca aproximar o serviço de saúde da comunidade por meio da implantação de equipes multiprofissionais, estabelecendo novas práticas nos serviços de saúde e tornando favorável o desenvolvimento das ações para a promoção da saúde (BUSS, CARVALHO, 2009).

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organização da atenção básica, pois permite desenvolver atividades de promoção da saúde, prevenção e recuperação da saúde dos indivíduos e da família. Propicia o estabelecimento de vínculos e a criação de laços de compromisso e corresponsabilidade entre profissionais de saúde e população (BUSS, CARVALHO, 2009).

Para Rumor et al (2010), por integrar o SUS, a ESF coincide com os objetivos da promoção da saúde, pois fundamenta-se nos princípios da integralidade da atenção à saúde e participação popular, tendo como foco de ação o indivíduo, a família e a coletividade. Ainda segundo os autores, por meio do SUS vivenciamos um processo de mudança do modelo assistencial às doenças para um modelo de promoção social de saúde, o que permite concretizar as ações de promoção da saúde.

No que diz respeito à atenção à saúde do idoso, é fundamental abordarmos aspectos específicos relacionados à promoção da saúde desse grupo.

Com vistas a obter melhores resultados relacionados à qualidade de vida e saúde, segundo o Ministério da Saúde, a OMS adotou, no final da década de 1990, posturas mais atuais, se considerados os antigos conceitos de promoção da saúde. As orientações focalizaram, especificamente, o conceito de “envelhecimento ativo” que inclui, além dos cuidados básicos com a saúde, outros fatores que afetam o bem-estar do indivíduo no processo de envelhecimento (BRASIL, 2009).

Pode ser compreendido como o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida durante o processo de senescência.

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Essa política pública envolve ainda mudanças de forma a tornar mais saudável e segura a vida na terceira idade, estimulando a prática de atividades físicas no cotidiano e no lazer, a prevenção às situações de violência familiar e urbana, entre outros. Todas as medidas, em conjunto, favorecem o envelhecimento mais saudável, com melhor qualidade de vida e, principalmente, mais autonomia, fortalecendo, sobretudo, a autoestima (BRASIL, 2006; MINAS GERAIS, 2006).

O MS definiu a Agenda de Compromisso pela Saúde que agregou três eixos: o Pacto em Defesa do SUS, o Pacto em Defesa da Vida e o Pacto de Gestão. Dessa forma, aspectos da vida em comunidade passaram a ser considerados. O idoso passou a ser corresponsável e não apenas um alvo passivo, envolvendo assim mudanças de paradigmas; o enfoque, antes direcionado para necessidades, se desloca para uma abordagem que reconhece o direito dos idosos à igualdade de oportunidades e de tratamento em todos os aspectos da vida à medida que envelhecem (BRASIL, 2006; 2007).

Neste sentido, destacamos o Pacto em Defesa da Vida que constitui um conjunto de compromissos que deveriam se tornar prioridades nos três níveis federativos, com definição das responsabilidades de cada esfera (BRASIL, 2007; 2008). Ao todo, foram definidas seis prioridades, sendo três delas relacionadas ao planejamento de saúde para a pessoa idosa: a saúde do idoso, a promoção da saúde e o fortalecimento da Atenção Básica (BRASIL, 2006; 2007; 2008).

Dentre as ações específicas tidas como prioritárias, contempladas na Política Nacional de Promoção da Saúde – Portaria 687/GM, de 30 de março

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de 2006, em relação à promoção da saúde da população idosa, algumas merecem destaque:

• Desenvolvimento de atividades físicas;

• Redução da morbimortalidade relacionada ao uso de drogas lícitas de forma abusiva, como o álcool e tabaco;

• Promover a divulgação e conscientização da importância da alimentação saudável;

• Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz; • Promoção do desenvolvimento sustentável.

A adoção de intervenções que criem ambientes de apoio é essencial e pode promover opções saudáveis, tão importantes na vida adulta como nos estágios avançados da vida, influenciando o envelhecimento ativo (MINAS GERAIS, 2006).

Neste sentido, o MS (2004), por meio da Política Nacional de Humanização (PNH), propõe a concretização dos princípios do SUS no cotidiano dos serviços, incentivando a valorização de todos os envolvidos no processo de produção da saúde, sejam atores ou sujeitos. Ressalta a utilização do acolhimento como ferramenta para atender a população que procura os serviços de saúde, permitindo a mudança na relação entre profissional e usuário.

Recomenda ainda que para que o acolhimento da pessoa idosa seja efetivo, os profissionais de saúde devem compreender as especificidades dessa população, assim como a legislação brasileira vigente. Devem estar preparados para lidar com as questões do processo de envelhecimento, investir na qualificação (especialmente no que se refere à saúde da pessoa

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idosa), bem como facilitar o acesso dos idosos aos diversos níveis de complexidade da atenção (BRASIL, 2004).

A portaria GM nº 2.528, de 19 de outubro de 2006, definiu a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), cuja finalidade primordial é recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim. Define também que a atenção à saúde da população idosa terá como porta de entrada a Atenção Básica/Saúde da Família.

Na Atenção Básica, espera-se oferecer uma atenção humanizada, com orientação à pessoa idosa e à sua rede de suporte social, bem como acompanhamento e apoio de familiares e cuidadores (caso existam), buscando assim a qualidade na atenção aos indivíduos idosos por meio de ações fundamentadas no paradigma da promoção da saúde. Para tanto, devem ser consideradas as variáveis locais, as diferentes culturas, visando à inclusão do indivíduo na sua totalidade, independentemente de suas necessidades individuais (BRASIL, 2006).

Outro ponto destacado é que a saúde da população idosa se dá pela interação entre a saúde física e mental, a independência financeira, a capacidade funcional e o suporte social oferecido, buscando, dessa forma, a qualidade na atenção aos indivíduos idosos por meio de ações fundamentadas no paradigma da promoção da saúde (BRASIL, 2006).

Corroborando com tal afirmativa, Derntl e Watanabe (2004) consideram que a PNSPI incorpora os conceitos da promoção da saúde para orientação das ações de saúde com base nas peculiaridades nacionais. Reforçam que para os idosos, o paradigma da Promoção da Saúde destaca

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o estilo de vida, valoriza os comportamentos de autocuidado e considera a capacidade funcional como o conceito atual de saúde do idoso.

A PNSPI preconiza o envelhecimento com saúde, de forma ativa, sem qualquer incapacidade funcional e define como diretrizes essenciais (BRASIL, 2006): a promoção do envelhecimento ativo e saudável, mantendo a capacidade funcional e a autonomia; prestar assistência às necessidades de saúde do idoso; capacitar os recursos humanos assegurando a qualidade da atenção; oferecer atenção integral e integrada à saúde da população idosa; e apoiar o desenvolvimento de estudos e pesquisas. Para tanto, considera imprescindível aproveitar todas as oportunidades para incrementar a saúde, a participação e a segurança da pessoa idosa. Dentre as ações descritas, destacamos:

• o desenvolvimento e valorização do atendimento acolhedor e resolutivo, baseado em critérios de risco;

• informar sobre seus direitos e quem são os profissionais que cuidam de sua saúde;

• estimular a solidariedade para com esse grupo etário;

• facilitar sua participação em equipamentos sociais, grupos de terceira idade, atividade física, conselhos de saúde locais e comunitários;

• promover sua participação nos grupos operativos e nos de convivência, com ações de promoção da saúde;

• promover ações grupais que integram avaliação, diagnóstico e tratamento da saúde mental dessa população

• investir na promoção da saúde em todas as idades.

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PSNPI é fundamental que esteja claro o referencial que as sustenta. Portanto, defendemos que a promoção da saúde eficaz é aquela que leva a mudanças nos determinantes de saúde, que incluem fatores que estão sob o controle das pessoas (condutas individuais) e fatores externos (condições sociais, econômicas e ambientais).

Nesta perspectiva, é necessário que as pessoas se tornem protagonistas para se tornarem “empoderadas”, ou seja, que desenvolvam habilidades e o poder de agir em benefício de sua qualidade de vida enquanto sujeitos e/ou comunidades ativas. Assim, por ser considerado uma importante estratégia de fomento à saúde, o conceito de empoderamento tem sido enfatizado no campo da saúde pública (HORTA et al, 2009).

Taddeo et al (2012) conceituam empoderamento, tradução do termo

empowerment, como “um processo pelo qual as pessoas adquirem o

domínio sobre suas vidas, apreendendo conhecimento para tomar decisões acerca de sua saúde” (p. 2923).

O significado de empoderamento vem assumindo, na prática, distintas conotações. Carvalho (2004); Carvalho e Gastaldo (2008) destacam dois sentidos principais: o psicológico e o social/comunitário. O empowerment psicológico é definido como “um sentimento de maior controle sobre a própria vida que os indivíduos experimentam através do pertencimento a distintos grupos, e que pode ocorrer sem que haja necessidade de que as pessoas participem de ações políticas coletivas” (p. 1090). Dessa forma, permite desenvolver estratégias com o objetivo de fortalecer a autoestima e a capacidade de adaptação ao meio, bem como auxiliar no desenvolvimento de mecanismos de autoajuda e de solidariedade (CARVALHO, 2004).

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O empowerment comunitário/social enfatiza a ideia da saúde como um processo e uma consequência de lutas de coletivos sociais por seus direitos. É uma categoria/estratégia que pode contribuir para a consolidação do SUS, cuja política de saúde tem caráter universal e equitativo (CARVALHO, GASTALDO, 2008). Esse conceito se mostra útil para que possamos repensar as práticas que envolvem a saúde, tais como educação para a saúde e estratégias de participação comunitária (CARVALHO, 2004).

Carvalho e Gastaldo (2008) destacam o empoderamento como um dos conceitos estruturais da promoção da saúde e exploram seu potencial para a transformação das práticas comunitárias e profissionais em saúde. Consideram que, por meio dele, a promoção da saúde permite aos indivíduos e comunidades adquirirem um aprendizado que os capacite a viver as diferentes etapas da vida, bem como lidar com as limitações impostas por enfermidades que porventura venham a existir.

Leite, Cunha e Tavares (2011) consideram que a teoria de

empowerment busca auxiliar os indivíduos, famílias, grupos e comunidades

a aumentar sua força pessoal, socioeconômica e política, além de exercer influência na melhoria de sua situação de vida. Ainda segundo os autores, são elementos essenciais para o fortalecimento e desenvolvimento do processo de empowerment: a horizontalidade nas relações entre profissionais e famílias, o diálogo na busca da superação das desigualdades de poder, a disponibilidade e acesso às informações e o estímulo à autonomia para tomada de decisões e identificações de problemas.

Com base na Carta de Ottawa (1986), dentre as cinco estratégias principais de promoção da saúde, destacamos o desenvolvimento de

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habilidades pessoais e o campo de ação no qual o empoderamento está inserido (TEIXEIRA, 2002).

O referido documento, ao conceituar o desenvolvimento de habilidades pessoais, destaca que:

“A promoção da saúde apoia o desenvolvimento pessoal e social através da divulgação de informação, educação para a saúde e intensificação das habilidades vitais. Com isso, aumentam as opções disponíveis para que as populações possam exercer maior controle sobre sua própria saúde e sobre o meio ambiente, bem como fazer opções que conduzam a uma saúde melhor”.

Esse elemento da Carta de Ottawa resgata a dimensão da educação em saúde, do processo de capacitação (aquisição de conhecimentos) e de poder político por parte dos indivíduos e da comunidade, o que nos remete à ideia de empowerment (BUSS, 2000; 2002).

Para Rumor et al (2010), a educação em saúde destaca-se como princípio fundamental para a conquista da autonomia, participação, empoderamento e maior qualidade de vida da população. Ao enfocar as estratégias de política públicas, reforço da ação comunitária, criação de habilidades pessoais, participação popular e reorientação dos serviços de saúde, a Carta de Ottawa resgata as ações de educação em saúde, que visam promover a saúde dos indivíduos e comunidades.

Sob esta perspectiva, as atividades grupais se destacam como ações capazes de promover troca de experiências e autonomia dos sujeitos, por serem esses protagonistas da busca por sua saúde (FERNANDES, SILVA, SOARES, 2011). No próximo tópico desse referencial, exploramos os aspectos conceituais relativos a essa temática, os quais subsidiam esta tese.

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O ato de se reunir em grupo é característica dos seres humanos. Por serem de natureza gregária, participam de grupos sociais desde o nascimento. Em grupos, trabalham, se divertem, vivienciam momentos de alegria, tristeza e evolução de seus ciclos vitais. Sendo assim, os seres humanos só existem, ou subsistem, em função de seus inter-relacionamentos grupais. Ao longo da vida, participam de diversos grupos, numa dialética constante, entre a busca de sua identidade individual e a necessidade de uma identidade grupal e social (OSÓRIO, 1986; ZIMERMAN, 2000).

Segundo Zimerman (2000), a definição do termo “grupo” é muito vaga e imprecisa, pois pode designar conceituações muito dispersas. Em sua opinião, grupo tanto define, concretamente, um conjunto de três pessoas, como também uma família ou uma composição artificial de grupos, por exemplo, o de uma classe de escola ou um grupo terapêutico. Um grupo não tem “interesses comuns”, mas “interesses em comum”.

“A conceituação de grupo pode se estender até o nível de uma abstração, tal como o conjunto de pessoas que, compondo uma audiência, está sintonizado num mesmo programa de televisão, ou pode ainda abranger uma nação unificada no simbolismo de um hino ou de uma bandeira” (ZIMERMAN, 2000, p. 83).

Para Osório (2000), para ser considerado um grupo, um conjunto de pessoas deve, necessariamente, estar desenvolvendo uma ação interativa, cujos objetivos são compartilhados. Assim, para a utilização dos grupos no campo da saúde é preciso que esse possibilite o uso de suas características terapêuticas, o que exige interatividade, superando a relação do estar simplesmente no mesmo espaço.

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programas de saúde, nem sempre essas têm sido adequadas e agem de forma efetivamente terapêutica. Para Lucchese, Munari e Medeiros (2009, p. 148),

“apesar de se constituírem em estratégias clínico-assistenciais, são realizadas por meio de práticas coletivas com a finalidade de trabalhar informações sobre a doença, mas com reduzida expressão educativa e participativa e baixo empoderamento das pessoas e da comunidade”.

Além disso, Munari e Furegato (2003) já alertavam para o fato de ser fundamental que o profissional que utiliza as atividades grupais na atenção em saúde tenha, permanentemente, rigor na condução e avaliação para verificar se, de fato, as ações dos grupos são terapêuticas e adequadas ao tipo da clientela.

Estudos realizados nos últimos anos demonstram que as práticas grupais estão sendo cada vez mais utilizadas enquanto estratégia de assistência e educação em saúde, principalmente na atenção básica e envolvendo diferentes populações (SANTOS et al, 2006; OLIVEIRA et al, 2008; 2009; SOUZA et al, 2008; ABRAHÃO, FREITAS, 2009; FERNANDES, SILVA, SOARES, 2011; SOUZA et al, 2011; CAMARGO et al, 2012; NOGUEIRA, 2012; SANTOS et al, 2012).

O grupo é considerado uma importante ferramenta por possibilitar o desenvolvimento de habilidades nas relações humanas e também por provocar mudanças no comportamento de seus integrantes, bem como dos profissionais (MUNARI et al, 2005).

Souza et al (2005, p.148) consideram que, na promoção da saúde, o trabalho em grupo possibilita a quebra da tradicional relação vertical existente entre o profissional de saúde e o sujeito da sua ação, “sendo uma

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estratégia facilitadora da expressão das necessidades, expectativas, angústias e circunstâncias de vida que têm algum impacto na saúde de indivíduos e de grupos”.

O grupo, considerando seus objetivos, pode ser constituído de diferentes formas: grupos de orientação, operativos, de reflexão e de vivência. Nas últimas décadas, particularmente a partir da década de 90, vem sendo utilizado na saúde coletiva, mais especificamente no contexto do SUS, tendo como clientela crianças, pais, familiares, gestantes, hipertensos, familiares e idosos (CAMARGO et al, 2012).

No que se refere à população idosa, é necessário estarmos atentos às suas especificidades. A esse respeito, Zimerman (1997, p.333) destaca a importância de considerarmos as sucessivas perdas próprias dessa fase da vida: perdas físicas, mentais, sociais, de trabalho, separações, mortes, fatores esses que “desestabilizam o seu senso de identidade, o seu papel e lugar que ele ocupa na família, no trabalho e na sociedade”.

O atendimento ao idoso em grupos pode promover a reconstrução de sua identidade, propiciando o resgate de vínculos com familiares e outras pessoas de seu convívio. Nesse sentido, o grupo é um recurso que promove a reativação das capacidades do idoso, por meio de um redirecionamento das atividades que sejam compatíveis com suas possibilidades e limitações (ZIMERMAN, 1997).

Os grupos com idosos permitem a utilização de técnicas variadas, abrindo um novo espaço, adequado para expressar emoções, funcionando como um canal de comunicação entre o idoso e os familiares e propiciando o resgate da ressocialização (ZIMERMAN, 1997).

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Neste sentido, Tahan-Santos e Cardoso (2008) e Victor et al (2007) consideram que um grupo de idosos deve propiciar um espaço que favoreça a construção de vínculos afetivos entre os participantes, fortaleça o vínculo entre profissionais e comunidade e estimule o desenvolvimento da autonomia e do autocuidado.

Corroborando com tal afirmativa, Penna e Santo (2006) assinalam que o bem-estar proporcionado pela participação do idoso em atividades grupais contribui para sua conscientização quanto à importância do autocuidado e também permite a vivência e troca de experiências que movimentam sua vida, pois compartilham e expressam emoções. Para as autoras:

“o aumento da expectativa e qualidade de vida das pessoas idosas podem estar associadas não somente à evolução da tecnologia e medicina, mas, também, à vivência dos idosos em grupos a qual transcende as atividades físicas e de lazer” (PENNA, SANTO, 2006; p.20).

Estudo realizado por Sloane-Seale e Kops (2012) evidenciou que os idosos que se consideravam aprendizes ativos, ou seja, que participaram de atividades educativas, avaliavam as atividades como sendo relevantes e significativas para sua saúde e bem-estar. Ao indicarem as razões mais frequentes para a participação, mencionaram considerar mais relevantes o interesse, a alegria de aprender, a possibilidade de preencher o tempo de forma produtiva e a oportunidade para conhecer pessoas e se socializar. Os dados indicaram, ainda, a ligação entre a participação em atividades educativas e o envelhecimento bem sucedido.

Santos et al (2008) afirmam ser necessário incentivar os idosos a participar de atividades que lhes permitam participar dos processos

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decisórios relacionados a suas próprias vidas.

Teixeira (2002) defende a importância de se investir em atividades grupais para idosos como estratégia para a promoção da saúde, sendo necessário que o grupo se configure como espaço de reflexão e manutenção da autonomia. A autora constatou que, apesar do envelhecimento desencadear o processo de desempoderamento, pode também ser um momento de construção de conhecimentos e de novas experiências de vida. O grupo, na condição de estratégia de promoção da saúde, deve ter como proposta a apresentação de um modelo positivo de envelhecimento e resultar na manutenção da autonomia, gerando “um bem-estar psicológico, expresso pela autonomia positiva e integridade, favorecendo o que se chama empoderamento, que é a capacidade do indivíduo controlar os eventos e situações da sua vida” (TEIXEIRA, 2002, p. 101).

Nesse sentido, Zimerman (1997) reafirma essa ideia quando menciona que apesar da velhice representar uma etapa que favorece o advir de prejuízos e doenças, ela também pode representar a possibilidade de viver com sabedoria, prazer, lazer e dignidade.

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4. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

Para o alcance dos objetivos propostos neste estudo, a Pesquisa Convergente Assistencial (PCA) mostrou-se a mais apropriada. Seu fundamento básico é a utilização do espaço da prática com a participação de profissionais que desenvolvam atividades naquele contexto e tenham a finalidade de provocar mudanças e melhorias na assistência (TRENTINI e PAIM, 2004). Esse método foi elaborado com base na pesquisa-ação de Kurt Lewin (1946) e propõe descobrir realidades, resolver problemas ou introduzir inovações num determinado contexto da prática assistencial. O ato de cuidar faz parte do processo de pesquisa que se mantém comprometida com a melhoria direta do contexto social pesquisado (TRENTINI, PAIM, 2004).

A PCA é compreendida e realizada em articulação com as ações assistenciais, envolvendo pesquisadores e as pessoas (sujeitos que recebem a ação). Por constituir um processo de interação, requer participação ativa dos sujeitos da pesquisa, numa relação de cooperação mútua.

Essa metodologia utiliza diversas ferramentas, estratégias e técnicas com o objetivo de obter informações para o desenvolvimento da pesquisa, sendo pensada, inicialmente, no contexto da enfermagem, mas podendo ser aplicada nas demais profissões da área da saúde, principalmente se o contexto da pesquisa, tendo como ponto de partida a prática profissional, envolver interação com as pessoas da comunidade (TRENTINI, 1999).

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4.1. Contexto do estudo

Esta pesquisa é parte de um estudo de maior abrangência, intitulado “Saúde e qualidade de vida da população idosa rural do município de Uberaba”, vinculado ao Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e coordenado por docente da referida instituição, que investigou a qualidade de vida dos idosos residentes na zona rural do município de Uberaba-MG. Dos três Distritos Sanitários que participaram do estudo, apenas o de uma localidade oferecia grupo para idosos e, por esse motivo, a comunidade descrita a seguir foi eleita como campo de estudo.

A comunidade rural, localizada a 40 km de Uberaba-MG, possui 3.594 habitantes, sendo 1.729 homens e 1.865 mulheres (UBERABA, 2009) e, desses, aproximadamente 280 são idosos. Tem na agropecuária sua principal fonte de renda e geração de emprego. Como cenário do estudo, utilizamos um Grupo da Terceira Idade, criado naquela comunidade há cerca de vinte anos por uma auxiliar de enfermagem, hoje técnica de enfermagem. O grupo tem como objetivo agregar e oferecer aos idosos da comunidade um espaço de integração, lazer e entretenimento. Por muitos anos, foi desenvolvido no salão da igreja da comunidade. Porém, na fase da intervenção desse estudo, as reuniões ocorriam na sede local da Unidade Básica de Saúde (UBS) e o grupo contava com 35 pessoas inscritas.

Nos três anos que antecederam ao início da presente pesquisa, uma psicóloga coordenou as atividades grupais com o apoio da técnica de enfermagem que criara o grupo. Com a transferência da psicóloga para outra localidade, a coordenação ficou unicamente sob a responsabilidade da

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Família (ESF), em especial das agentes comunitárias de saúde (ACS), e dos demais profissionais da UBS.

As reuniões aconteciam em uma área coberta nos fundos da UBS, que comportava poucas pessoas e oferecia pouca privacidade. Os encontros eram semanais, com início às 13h30min e duração aproximada de uma hora. Quando do contato inicial da pesquisadora com o grupo, as atividades realizadas limitavam-se a jogos de bingo e dança tipo “forró”. Os encontros eram registrados em um caderno, constando apenas informação sobre o tipo de atividade desenvolvida e a data dos encontros.

Apesar de constituir-se em grupo dirigido à população idosa, pessoas de outras faixas etárias também participavam das atividades. Acreditamos que essa situação ocorria pelo fato de ser uma comunidade pequena e não contar com muitas opções de lazer e, também, porque muitas vezes o idoso é responsável pelo cuidado de um filho (a) ou neto (a), necessitando levá-los aos encontros. Sendo assim, apesar de direcionado aos idosos, o grupo era aberto à comunidade em geral, pois acolhia pessoas de todas as idades.

Na UBS onde eram realizadas as atividades do grupo, também se encontrava sediada a ESF, onde trabalhavam 33 pessoas, sendo 20 profissionais de saúde. Desse total, 15 eram vinculados à ESF (1 enfermeira, 1 técnica de enfermagem, 1 médico, 1 dentista, 1 auxiliar de consultório dentário, 1 assistente social e 9 agentes comunitários de saúde) e 5 profissionais (2 técnicas de enfermagem, 2 dentistas e 1 psicóloga) vinculados à UBS. A população recebia, portanto, atendimento multiprofissional (médico, odontológico, psicológico, de assistência social e de enfermagem), de segunda a sexta-feira, das 7 às 17 horas.

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Além do grupo para idosos, a UBS promovia um grupo vinculado ao Programa de Hipertensão Arterial e Diabetes (HiperDia), instituído pelo MS, para o acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial e diabetes

Mellitus. Havia, também, disponível às pessoas da comunidade, um curso de

bordado que acontecia às quartas-feiras, espaço em que as mulheres – na maioria, idosas - aprendiam diferentes técnicas manuais de bordado.

4.2. Participantes da pesquisa

Como participantes do estudo foram considerados os membros do Grupo da Terceira Idade e, também, os profissionais da ESF que acompanhavam o seu desenvolvimento e a coordenadora do grupo.

Foram incluídos no estudo os integrantes do Grupo da Terceira Idade que participaram de no mínimo três reuniões ao mês e que pertenciam ao grupo há pelo menos um ano. Para os profissionais de saúde (ACS), o critério foi trabalhar na ESF há seis meses ou mais.

Vale mencionar que no município de Uberaba, em alguns serviços, são considerados idosos os indivíduos que possuem 50 anos ou mais, o que difere do critério do MS que os classifica como tendo acima de 60 anos (BRASIL, 2009). Por essa razão, os usuários são estimulados a participar das atividades da terceira idade mesmo não tendo 60 anos.

Assim, com base nesses critérios, a população de estudo foi constituída inicialmente por 21 usuários, oito ACS e a técnica de enfermagem responsável pela coordenação do grupo. A idade dos integrantes do Grupo da Terceira Idade variou de 50 a 83 anos, sendo que 17 (81,0%) deles tinham mais de 60 anos. A grande maioria (85,7%) era do

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sexo feminino, 11 (52,4%) moravam com o marido ou companheiro e 10 (47,7%) sozinhos. A escolaridade desses integrantes, considerada em número de anos de estudo, foi baixa, sendo que 9 (42,9%) deles concluíram de 1 a 3 anos e outros 5 (23,8%) nunca haviam estudado. Quanto à renda individual, 10 (47,6%) recebiam 1 salário mínimo, 7 (33,3%) não tinham renda individual, 3 (14,3%) recebiam menos de 1 salário mínimo e 1 (4,8%) recebia entre 1 e 3 salários mínimos. No que se refere à ocupação, 8 eram aposentados (38,1%), 17 donas de casa (81%), 1 trabalhava no serviço de limpeza pública (4,8%) e 3 (14,3%) declararam não exercer atividade.

Em relação aos membros da equipe de saúde, considerando a coordenadora do grupo e as oito ACS, a idade variou de 24 a 51 anos, 4 (44%) eram solteiras e 4 (44%) viviam em união. A coordenadora tinha 22 anos de atividade profissional e, entre as ACS, a que exercia a atividade há mais tempo o fazia há 11 anos. Quanto à escolaridade, 6 (66,7%) possuíam o ensino médio.

No transcorrer das atividades, ocorreu o afastamento voluntário de três participantes e o falecimento de um idoso, todos em fase avançada da intervenção, o que nos fez optar por considerar os dados coletados desses quatro membros enquanto frequentaram as reuniões.

4.3. Coleta de dados

4.3.1. Aproximação com o campo de estudo e preparo da intervenção

Nosso primeiro contato com a população de estudo ocorreu em agosto de 2010, momento em que a psicóloga que participava da coordenação estava se desligando do grupo. Naquela oportunidade, foi

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