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TRIBUNAL AFRICANO DOS DIREITOS DO HOMEM E DOS POVOS COUR AFRICAINE DES DROITS DE L HOMME ET DES PEUPLES PROCESSO N.º 001/2017

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AFRICAN UNION UNION AFRICAINE

UNIÃO AFRICANA

TRIBUNAL AFRICANO DOS DIREITOS DO HOMEM E DOS POVOS COUR AFRICAINE DES DROITS DE L’HOMME ET DES PEUPLES

PROCESSO N.º 001/2017

PEDIDO DE INTERPRETAÇÃO DO ACÓRDÃO DE 20 DE NOVEMBRO DE 2015

ALEX THOMAS

C.

REPÚBLICA UNIDA DA TANZÂNIA

ACÓRDÃO

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O Tribunal, constituído por: Juiz Sylvain ORÉ, Presidente; Juiz Ben KIOKO, Vice-Presidente; Juiz Gérard NIYUNGEKO, Juiz El Hadji GUISSÉ, Juiz Rafậa BEN ACHOUR, Juíza Solomy B. BOSSA, Juíza Ntyam S. O. MENGUE, Juíza Marie-Thérèse MUKAMULISA, Juíza Tujilane R. CHIZUMILA, Juíza Chafika BENSAOULA; e Robert ENO, Escrivão,

No Processo n.º 001/2017 de Interpretação do Acórdão proferido a 20 de Novembro de 2015 no Caso Alex Thomas c. República Unida da Tanzânia.

Dado que os Juízes Elsie N. THOMPSON e Duncan TAMBALA, que conheceram o caso, deixaram de fazer parte do Tribunal, foi aplicada a disposição prevista no n.º 4 do art.º 66.º do Regulamento do Tribunal.

Depois das deliberações,

profere o seguinte Acórdão:

I. PROCEDIMENTO

1. Nos termos do disposto no n.º 4 do Art.º 28.º do Protocolo à Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos que criou o Tribunal Africano dos Direitos do Homem e dos Povos (doravante designado "o Protocolo") e no n.º 1 do art.º 66.º do Regulamento do Tribunal; e mediante requerimento datado de 24 de Janeiro de 2017 e recebido no Cartório do Tribunal em 30 de Janeiro de 2017, a República Unida da Tanzânia apresentou um Pedido de Interpretação do Acórdão proferido em 20 de Novembro de 2015 relativo ao Caso acima referido. A República Unida da Tanzânia também remeteu, nos termos da Instrução Prática N.º 38 do Tribunal, um pedido de dilação do prazo para a apresentação do Pedido de Interpretação do Acórdão.

2. Mediante notificação datada de 3 de Fevereiro de 2017, o Cartório transmitiu ao Sr. Alex Thomas uma cópia do requerimento a solicitar a prorrogação do prazo para apresentar o Pedido de Interpretação do Acórdão, convidando-o a apresentar as suas observações

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no prazo de quinze (15) dias após a recepção da notificação. O Sr. Thomas apresentou as suas observações a 17 de Fevereiro de 2017, tendo estas sido transmitidas à República Unida da Tanzânia, para informação, por carta datada de 21 de Fevereiro de 2017. Nas suas observações, o Sr. Thomas opunha-se à concessão da prorrogação do prazo para apresentar o pedido, argumentando que o prazo para o fazer tinha expirado há 10 meses e que existiam medidas que a República Unida da Tanzânia podia tomar para executar o Acórdão.

3. Em 14 de Março de 2017, durante a 44.ª Sessão Ordinária do Tribunal, realizada de 6 a 24 de Março de 2017, o Tribunal decidiu deferir, no interesse da justiça, o pedido da República Unida da Tanzânia para apresentar o Pedido de Interpretação do Acórdão fora do prazo.

4. O Pedido de Interpretação do Acórdão foi transmitido ao Sr. Thomas, através de uma notificação datada de 14 de Março de 2017. Através da mesma notificação, e em conformidade com o disposto no n.º 3 do Art.º 66.º do Regulamento, o Sr. Thomas foi convidado a apresentar as suas observações, por escrito, dentro de 30 dias contados a partir da data da recepção da notificação, tendo este as apresentado a 18 de Abril de 2017.

5. Na sua 45.ª Sessão Ordinária realizada de 8 a 26 de Maio de 2017, e nos termos do disposto no n.º 1 do Art.º 59.º do Regulamento, o Tribunal decidiu encerrar a fase de articulados. Nos termos do disposto no n.º 3 do Art.º 66.º do Regulamento, o Tribunal decidiu não realizar uma audiência pública.

II. PEDIDO DE INTERPRETAÇÃO

6. Conforme se indica nos parágrafos precedentes, este Pedido diz respeito ao Acórdão proferido pelo Tribunal a 20 de Novembro de 2015 no Caso Alex Thomas c. A República Unida da Tanzânia (Processo n.º 005/2013), cujos parágrafos relevantes do dispositivo apresentam a seguinte redacção:

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“Pelas razões acima expostas,

161. O Tribunal, decide,

(…)

vii. Por unanimidade, que houve violação do disposto no Art.º 1.º e nas als. a), c) e d), n.º 1 do art.º 7.º, todos da Carta e na al. d), n.º 3 do art.º 14.º do PIDCP.

viii. Por seis (6) votos a favor e dois (2) contra, com votos dissidentes da Veneranda Juíza Elsie N. THOMPSON, Vice-Presidente, e do Venerando Juiz Rafâa BEN ACHOUR, indeferir o pedido de soltura do Autor da prisão.

ix. Por unanimidade, ordenar o Estado Demandado a tomar todas as medidas necessárias, dentro de um prazo razoável, para corrigir as violações constatadas, excluindo especificamente a possibilidade reiniciar a fase de apresentação da defesa pelo Autor e a reabertura do processo, e comunicar ao Tribunal, dentro de seis (6) meses contados a partir da data da prolação deste Acórdão, as medidas tomadas”.

7. Fazendo referência ao n.º 1 do Art.º 66.º do Regulamento, a República Unida da Tanzânia afirma que está a encontrar dificuldades na execução do Acórdão devido à existência de diferentes interpretações entre as entidades envolvidas na administração da justiça penal a nível nacional, a quem compete a execução do Acórdão.

8. Por conseguinte, a República Unida da Tanzânia pede ao Tribunal que esclareça o significado da expressão "todas as medidas necessárias" utilizada no ponto “ix” do dispositivo do Acórdão. Mais especificamente, a

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República Unida da Tanzânia solicita esclarecimentos sobre as medidas que deve implementar e sobre os pontos de referência para "todas" e para "necessárias", a fim de lhe permitir tomar uma acção concreta e definitiva.

9. A República Unida da Tanzânia afirma que as "violações constatadas" não foram destacadas no dispositivo do Acórdão e, por conseguinte, solicita esclarecimento no sentido de saber se as violações estão relacionadas com o que é afirmado no dispositivo do Acórdão ou se a violação a ser corrigida se relaciona com o aspecto referente a "excluindo em particular a possibilidade de reiniciar a fase de apresentação da defesa pelo Autor e a reabertura do processo ". A República Unida da Tanzânia pretende igualmente entender como deve proceder para corrigir a violação.

10. A República Unida da Tanzânia solicita a interpretação da palavra “excluindo” (NT: ‘precluding’ no Acórdão em Inglês), afirmando que, inicialmente, tinha interpretado que a palavra “excluindo” significasse impedimento, mas que as discussões com as partes interessadas suscitaram uma outra interpretação indicando que o termo pode significar "executar ou incluir” (NT: em Inglês “to perform or to include”). A este respeito, a República Unida da Tanzânia deseja obter esclarecimentos no sentido de saber se a decisão do Tribunal é no sentido de "reabrir" o processo de julgamento e, em caso afirmativo, o Tribunal deve esclarecer em que fase o processo de julgamento deve ser reaberto, se desde o início ou se apenas para a apresentação dos argumentos da defesa.

III. OBSERVAÇÕES DO SENHOR ALEX THOMAS

11. O Sr. Thomas faz notar que o Pedido de Interpretação do Acórdão foi apresentado fora do prazo, sem qualquer explicação, e que não respeitou as disposições do Art.º 66.º do Regulamento. Sustenta que a República Unida da Tanzânia faltou, de forma continuada, ao cumprimento das decisões do Tribunal ao não informar,

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no prazo de 6 meses após a publicação do Acórdão, sobre as medidas adoptadas para corrigir a sua situação e ao não responder ao seu pedido de reparação.

12. O Sr. Thomas sublinha que o Pedido de Interpretação do Acórdão devia ter precedido a apresentação do relatório sobre a sua execução, o qual, segundo observa, foi somente apresentado quase oito (8) meses fora do prazo. Exorta o Tribunal no sentido de, quando apreciar a questão da admissibilidade do Pedido, tomar em consideração o prejuízo a si causado pela falta de cumprimento da decisão do Tribunal por parte da República Unida da Tanzânia e pela apresentação do Pedido de Interpretação.

13. O Sr. Thomas afirma que a República Unida da Tanzânia interpretou mal o significado da palavra “excluindo” (NT: ‘precluding’ em Inglês) ao entender que o Tribunal terá ordenado simultaneamente o reinício da fase apresentação da defesa pelo Autor e a reabertura do processo.

14. Afirma ainda que existem várias opções, quer tomadas individualmente ou de forma combinada, que a República Unida da Tanzânia pode adoptar em cumprimento da decisão do Tribunal para “tomar todas as medidas necessárias, dentro de um prazo razoável, para corrigir as violações constatadas”; que a legislação da República Unida da Tanzânia prevê muitas soluções possíveis para pessoas condenadas injustamente, como é o seu caso; que estas incluem, mas não estão limitadas, as seguintes:

a) Redução da pena, prevista no Código Penal, CAP 16, cujo n.º 2 do Art.º 27.º prevê a redução da pena de prisão, pelo que a República Unida da Tanzânia poderia ter apresentado ao Supremo Tribunal de Justiça um pedido de redução da pena de trinta (30) anos de prisão aplicada ao Autor.

b) Libertação efectiva ou condicional, prevista no Art.º 38.º do Código Penal, que confere competências ao Tribunal que tenha condenado

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um arguido para ordenar a sua libertação efectiva ou condicional, desde que o infractor não reincida no crime durante o período de liberdade condicional, não devendo esse período exceder 12 meses. A este respeito, uma vez que o Autor já cumpriu vinte (20) anos da sua pena de trinta (30) anos, e considerando o Acórdão favorável deste Tribunal e a sua conduta durante o período de cárcere, a República Unida da Tanzânia podia ter tomado esta medida.

c) Indulto presidencial, previsto no Art.º 45.º da Constituição da República Unida da Tanzânia, ao abrigo do qual o Presidente da República Unida da Tanzânia pode conceder indulto, com ou sem condições, a qualquer pessoa condenada pela prática de um crime.

15. O Sr. Thomas defende que o atraso verificado na execução da decisão do Tribunal e na apresentação do relatório sobre o seu cumprimento agravou e prolongou indevidamente a violação dos seus direitos e que, à luz deste facto, o Tribunal deve mandar libertá-lo de modo a garantir a cessação da violação dos seus direitos.

16. O Sr. Thomas pede ao Tribunal o seguinte:

“1. Declare que o Estado Demandado está a faltar ao cumprimento da decisão deste Distinto Tribunal ao não apresentar um relatório dentro de seis meses após a prolação do Acórdão.

2. Declare que o Estado Demandado se encontra ainda em situação de incumprimento ao não apresentar uma Contestação ao Pedido de Reparação de Danos apresentado pelo Autor, nem dentro nem fora do prazo.

3. Declare que o presente Pedido é, em todo o caso, fantasioso, vexatório e contrário às regras do processo deste Distinto Tribunal.

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4. Ordene a sua libertação enquanto se aguarda a decisão sobre reparações”.

IV. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL

17. O presente Pedido de Interpretação é relativo ao Acórdão proferido pelo Tribunal em 20 de Novembro de 2015.

18. Nos termos do disposto no n.º 4 do Art.º 28.º do Protocolo, “... o Tribunal pode interpretar as suas próprias decisões”.

19. Consequentemente, o Tribunal conclui que tem competência para interpretar o referido Acórdão.

V. ADMISSIBILIDADE DO PEDIDO

20. Os números 1 e 2 do Art.º 66.° do Regulamento do Tribunal prevêem o seguinte:

“1. Nos termos do disposto no n.º 1 do Art.º 66.º do Regulamento, qualquer das partes pode, para efeitos de execução de um [acórdão], requerer ao Tribunal a interpretação do [acórdão], dentro de doze meses a partir da data do Acórdão, [a menos que] o Tribunal, no interesse da justiça, decida de outro modo”.

2. O requerimento deve ser submetido [ao Cartório]. O requerimento deve [indicar] claramente o ponto ou pontos do dispositivo do [acórdão] sobre os quais a interpretação é solicitada”.

21. Destas disposições, é evidente que um pedido de interpretação de um Acórdão pode ser declarado admissível apenas se o mesmo satisfizer três condições: a) o seu objectivo deve ser facilitar a execução do Acórdão;

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b) ser apresentado no prazo de doze (12) meses após a data da Acórdão, salvo se, no interesse da justiça, o Tribunal decidir em contrário; e

c) indicar claramente o ponto ou pontos no dispositivo do Acórdão sobre os quais a interpretação é solicitada.

22. No que diz respeito à finalidade do presente Pedido, o Tribunal pretende esclarecer um aspecto do dispositivo do Acórdão para facilitar a execução do Acórdão proferido pelo Tribunal em 20 de Novembro de 2015.

23. O Tribunal observa que o presente Pedido visa, efectivamente, esclarecer um ponto do dispositivo do Acórdão proferido pelo Tribunal a 20 de Novembro de 2015 e, assim, facilitar a sua execução.

24. Por conseguinte, o Tribunal considera que o Pedido satisfaz a primeira condição prevista no n.º 1 do art.º 66.º do Regulamento.

25. No que concerne ao prazo para a apresentação de um Pedido desta natureza, o Tribunal constata que o Acórdão em relação ao qual a interpretação é solicitada foi proferido em 20 de Novembro de 2015 e que a República Unida da Tanzânia submeteu o seu Pedido de Interpretação em 30 de Janeiro de 2017, pouco mais de dois (2) meses após o termo do prazo de doze (12) meses estipulado no n.º 1 do art.º 66.º do Regulamento. No entanto, o n.º 1 do art.º 66.º do Regulamento confere ao Tribunal a prerrogativa de aceitar tais pedidos mesmo passado o prazo de doze (12) meses fixado, caso seja no interesse da justiça. O Tribunal considerou as circunstâncias do caso e decidiu aceitar o pedido nesta base.

26. Por último, o Tribunal observa que a República Unida da Tanzânia indicou claramente os pontos no dispositivo do Acórdão sobre os quais solicita interpretação, nomeadamente, os termos e expressões utilizados no ponto “ix” do dispositivo do Acórdão.

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27. Considerando o que precede, o Tribunal conclui que o presente Pedido de Interpretação satisfaz todas as condições de admissibilidade.

VI. INTERPRETAÇÃO DO ACÓRDÃO

28. No seu Acórdão de 20 de Novembro de 2015, o Tribunal ordenou a República Unida da Tanzânia a tomar todas as medidas necessárias para corrigir as violações constatadas.

29. Sobre a primeira questão, a República Unida da Tanzânia pede ao Tribunal para interpretar a expressão "todas as medidas necessárias” utilizada no ponto “ix” do dispositivo do Acórdão.

30. O Tribunal observa que, na análise de um Pedido de Interpretação, não completa nem altera a decisão tomada, porquanto esta sua decisão tem o efeito de res judicata, mas esclarece o sentido e o alcance que pretendeu dar à sua decisão.

31.O Tribunal gostaria de recordar o princípio geralmente aplicado por tribunais internacionais segundo o qual a reparação de danos deve, tanto quanto possível, eliminar as consequências do acto ilícito e restabelecer a situação que, presumivelmente, teria existido caso o acto ilícito não tivesse sido cometido.

32.A este respeito, o n.º 1 do art.º 27.º do Protocolo prevê o seguinte: “se o Tribunal concluir que houve violação de direitos humanos ou dos povos, [o Tribunal] decretará medidas apropriadas para o ressarcimento da violação, incluindo o pagamento de compensação [como reparação de danos] ”.

33.Conforme já foi referido acima, a forma mais apropriada de correcção da violação do direito a um julgamento justo é agir de tal forma que a vítima se encontre na situação em que estaria caso a referida violação constatada não tivesse sido cometida. Para atingir este objectivo, a República Unida da Tanzânia tem duas alternativas: deve reabrir o processo e conduzi-lo em conformidade com as regras

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de um julgamento justo, ou tomar todas as medidas adequadas para assegurar que o Autor se encontre na situação anterior às violações.

34. No que refere à primeira opção, o Tribunal considera que a reabertura do processo não seria uma medida justa, porquanto o Autor já passou vinte e um (21) anos na prisão, mais de metade da pena de prisão que lhe foi decretada, e dado que um novo processo judicial poderia ser longo.1 Por conseguinte, o Tribunal excluiu tal medida.

35. No que respeita à segunda opção, o Tribunal pretendia dar à República Unida da Tanzânia espaço para fazer uma avaliação que lhe permitisse identificar e accionar todas as medidas que permitiriam eliminar os efeitos das violações constatadas pelo Tribunal.

36. O Tribunal especifica neste momento que, no seu acórdão de 20 de Novembro de 2015, não declarou que o pedido do Autor era infundado. Declarou meramente que poderia ordenar directamente tal medida apenas em circunstâncias específicas e imperiosas que, no caso vertente, não foram determinadas.

37. A segunda questão sobre a qual a República Unida da Tanzânia solicita esclarecimento reside em saber se as violações constatadas são as indicadas no dispositivo do Acórdão ou se a violação a ser corrigida deve ser relativamente ao aspecto referido em "excluindo particularmente o reinício da fase apresentação da defesa pelo Autor e a reabertura do processo". A República Unida da Tanzânia pretende igualmente entender como deve proceder para corrigir a violação.

38. O Tribunal observa que o ponto “vii” do dispositivo do Acórdão indica especificamente as disposições que a República Unida da Tanzânia terá violado, isto é, o art.º 1 e as als. a), c) e d), n.º 1 do art.º 1.º e 7.º, todos da Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos e a al. d), n.º 3 do art.º 14.º do Pacto

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Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e, por conseguinte, deve tomar medidas para corrigir estas violações.

39. O Tribunal esclarece que a expressão “todas as medidas necessárias” inclui a libertação do Autor e qualquer outra medida que possa ajudar a eliminar as consequências das violações constatadas, restabelecer a situação existente anteriormente e repor os direitos do Autor.

40. O Tribunal esclarece ainda que a expressão "corrigir todas as violações constatadas" deve, portanto, significar “eliminar os efeitos das violações constatadas” mediante a adopção das medidas indicadas no parágrafo anterior.

41. A terceira questão para a qual a República Unida da Tanzânia requer interpretação relaciona-se com o significado da palavra "excluindo" (NT: ‘precluding’ em Inglês).

42. A palavra ‘excluindo’ significa “impedindo, banindo ou proibindo”. Deste modo, está claro que o Tribunal está a proibir determinada acção, especificamente que a República Unida da Tanzânia não deve repetir o julgamento do Autor nem reiniciar a fase da apresentação da defesa pelo Autor. Conforme referido anteriormente, isto deve-se ao facto de que tal acção resultaria em prejuízo para o Autor, que já cumpriu vinte e um (21) anos da sua pena de trinta (30) anos de prisão.

VII. CUSTOS DO PROCESSO

43. Nos termos do disposto no art.º 30.º do Regulamento, “[a menos] que o Tribunal decida em contrário, cada uma das partes deve suportar os seus custos.”

44. Considerando as circunstâncias deste caso, o Tribunal decide que cada parte deve suportar os seus custos.

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45. Pelas razões acima expostas,

O Tribunal,

por unanimidade:

(i) declara que tem competência para conhecer o caso;

(ii) declara que a Acção é admissível;

(iii) decide que, com a expressão “todas as medidas necessárias” o Tribunal referia-se à libertação do Autor ou qualquer outra medida que possa ajudar a eliminar as consequências das violações constatadas, restabelecer a situação existente anteriormente e repor os direitos do Autor;

(iv) decide que a expressão "corrigir todas as violações constatadas" significa “eliminar os efeitos das violações constatadas” mediante a adopção das medidas indicadas na alínea (iii) precedente;

(v) decide que o termo "excluindo" significa “pôr de lado ou proibir” o que, quando lido em conjugação com a expressão "reinício da fase da apresentação da defesa pelo Autor e a reabertura do processo" significa que a reabertura da fase apresentação da defesa e a sujeição do Autor a um novo processo de julgamento estão postos de lado;

(vi) Decide que cada Parte deve suportar os respectivos custos.

Assinado:

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Gérard NIYUNGEKO, Juiz

El Hadji GUISSE, Juiz

Rafâa BEN ACHOUR, Juiz

Solomy B. BOSSA, Juíza

Ntyam S. O. MENGUE, Juíza

Marie-Thérèse MUKAMULISA, Juíza

Tujilane R. CHIZUMILA, Juíza

Chafika BENSAOULA, Juíza

Robert ENO, Escrivão.

Proferido em Arusha, neste dia Vinte e Oito de Setembro de Dois Mil e Dezassete, nas línguas inglesa e francesa, sendo o texto na língua inglesa o texto que faz fé.

Referências

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