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BIODANZA E A EXPRESSÃO DA IDENTIDADE. Erika Mendel Ferreira

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Academic year: 2021

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International Biocentric Foundation

Escola de Biodanza Sistema Rolando

Toro Rio-Barra

BIODANZA E A EXPRESSÃO DA IDENTIDADE

DANÇANDO OS CRITÉRIOS DA IDENTIDADE SAUDÁVEL EM

AMBIENTE HOSTIL

Erika Mendel Ferreira

10 de Novembro de 2012

Monografia apresentada à Escola de Biodanza Sistema Rolando Toro Rio-Barra, como requisito parcial para obtenção do título de Facilitador de Biodanza.

Orientadora:

Anna Cristina Menezes Peralva Facilitadora Didata de Biodanza pela International Biocentric Foundation Reg. RJ nº 0570

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Monografia apresentada à Escola de Biodanza Sistema Rolando Toro Rio-Barra e aprovada pela comissão julgadora formada pelos didatas:

________________________________________ Anna Cristina Menezes Peralva

Orientadora: Facilitadora Didata International Biocentric Foundation

Reg. RJ nº

0570

________________________________________ Solange May Cuyabano de Barros

Facilitadora Didata

International Biocentric Foundation Reg. RJ nº 0140

Visto e Permitido a impressão.

Rio de Janeiro, 10 de Novembro de 2012

_______________________________________ Eliana de Almeida

Diretora Escola de Biodanza Sistema Rolando Toro Rio-Barra International Biocentric Foundation

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AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho e agradeço..

Às minhas alunas que acreditaram no projeto, no poder da Biodanza e entraram de cabeça neste maravilhoso processo de transformação humana. Queridas, com apoio umas das outras nossa vida se torna mais leve!

Ao Sebastian que sonha junto comigo com uma vida dedicada a Biodanza. Lido amor, sonho que se sonha junto é realidade!

À Anna Cristina, sempre muito atenciosa, carinhosa e dedicada no seu trabalho de supervisão. Com este processo pudemos desenvolver uma linda amizade. Obrigada por me presentear com esta linda amizade!

Aos meus pais que, ao conhecerem a Biodanza, se encantaram e me passaram a me apoiar com muito orgulho de todas as pequenas conquistas no que diz respeito à minha nova vida profissional!

À Eliana Almeida, por todos estes anos como minha facilitadora, pelo acompanhamento como diretora da Escola na condução do Curso de Formação. Eliana, você teve um papel fundamental nestes últimos anos da minha vida!

À Biodanza que me procipiciou um lindo processo transformador, me brindou com momentos maravilhosos, me apresentou amigos sensacionais e me trouxe um amor que juntos, seremos capazes e retribuir, levando este sistema para muitas pessoas!

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RESUMO

Este estudo tem como objetivo apresentar o conceito de Identidade em Biodanza e suas Ideias fundamentais, bem como apresentar a aplicação do Sistema Biodanza em um grupo em risco social – Comunidade Beira Rio - localizada no Rio de Janeiro e os resultados obtidos no que diz respeito ao fortalecimento e expressão da identidade dos seus participantes.

Palavras Chave: Biodanza, Identidade, Ação Social

ABSTRACT

This study aims to present the concept of identity in Biodanza and its fundamental ideas and to present the application of Biodanza System in a group of social risk – Beira Rio Community - located in Rio de Janeiro and the results obtained with regard to expression and strengthening of the identity of its participants.

Key Words: Biodanza, Identity, Social Acción

RESUMEN

Este trabajo tiene como objetivo presentar el concepto de Identidad en Biodanza en grupo de riesgo social – La Comunidad Beira Rio – ubicada en Rio de Janeiro y los resultados obtenidos en lo que dice respecto al fortalecimiento y expresión de la identidad de los participantes.

Palabras Llave: Biodanza, Identidad, Acción Social

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SUMÁRIO

Página

Introdução ... 07

CAPÍTULO 1: BIODANZA E IDENTIDADE 1.1. Conceitos Fundamentais ... 08

1.1.1. Conceito de Biodanza ... 08

1.1.2. Principio Biocêntrico ... 10

1.2. Identidade e Biodanza ... 11

1.2.1. Conceito da Identidade ... 11

1.2.2. Conceito de Identidade em Biodanza ... 12

1.2.3. As Sete Ideias Fundamentais Sobre Identidade em Biodanza ... 14

1.2.4. Diagrama Dinâmico da Identidade ... 16

1.2.5. Autoimagem e Autoestima em Biodanza ... 22

1.3. Identidade e o Modelo Teórico de Biodanza ... 26

1.4. Expressão e Fortalecimento da Identidade ... 30

1.4.1. Critérios da Identidade Saudável ... 33

CAPÍTULO 2: O PROJETO VIDA RIO 2.1. Biodanza e Ação Social ... 34

2.2. Parceria com a Agência do Bem ... 36

2.3. Avaliação Preliminar do Contexto Social ... 37

2.4. Apresentação do Projeto Vida Rio ... 38

2.5. Objetivos Específicos do Projeto ... 38

2.5.1. Expressão e Fortalecimento da Identidade ... 39

2.5.2. Integração dos Potenciais Humanos ... 39

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2.5.4. Elevação do Nível de Afetividade e Expressão Afetiva ... 40

2.5.5. Elevação do Nível de Expressividade e Criatividade ... 40

2.5.6. Elevação no Nível de Vitalidade e Saúde ... 40

CAPÍTULO 3: DANÇANDO OS CRITÉRIOS DA IDENTIDADE SAUDÁVEL APLICAÇÃO DA BIODANZA NO PROJETO VIDA RIO 3.1. Inicio do Trabalho – Divulgação e Aula Aberta ……… 41

3.2. O Grupo Regular – Características ………. 43

3.3. O Programa ……….. 43

3.3.1. Programa Encontros Temáticos ………. 45

3.3.2. Programa Oficinas de Biodanza ……… 52

3.4. Avaliações ……….. 70

3.4.1. Metodologia de Avaliação ………. 70

3.4.2. Avaliação dos Resultados ………. 73

3.4.3. Entrevistas Finais ……… 74

3.5. Conclusões ……… 76

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é apresentar a aplicação da Biodanza em um grupo em situação risco e vulnerabilidade social e os resultados obtidos no que diz respeito ao fortalecimento e expressão da identidade dos seus participantes. Ele está dividido em três capítulos.

No primeiro capítulo, apresento as conceituações de Biodanza, do Principio Biocêntrico, no qual todo este trabalho está pautado. Rolando Toro conceituou a Identidade de uma forma muito peculiar que diverge de muitos conceitos tradicionais. Através deste estudo, apresento detalhes de seu estudo relacionado ao tema da Identidade. A intergação da Identidade é um dos objetivos principais da Biodanza e de extrema relevância. Através de uma metodologia crítica, comparo conceitos tradicionais aos conceitos específicos apresentados na vasta teoria da Biodanza proposta por Rolando Toro.

No segundo capítulo, apresento detalhes do projeto elaborado por mim, que tem como objetivo introduzir a Biodanza em um grupo de vulnerabilidade social. Trata-se da Comunidade Beira Rio, às margens do Rio Morto localizada em Vargem Grande, Rio de Janeiro. O nome do projeto, VIDA RIO tem como objetivo tirar o estigma de morte e brindar a comunidade com vida através da aplicação do sistema de Biodanza.

No terceiro capítulo apresento como apliquei a Biodanza em um grupo de adultos, que devido às circunstâncias, foi composto de apenas mulheres. Ao longo de treze mêses, dançamos juntas os critérios da identidade saudável segundo Rolando Toro. Ainda nesse capítulo, apresento as avaliações dos resultados obtidos com o trabalho.

Meu objetivo maior é que este estudo venha a comprovar a eficácia da aplicação do sistema de Biodanza em grupos sociais e sensibilizar pessoas e intituições a desenvolver projetos semelhantes em outras comunidades de forma mais ampla e remunerada, reconhecendo o valor Profissional do Facilitador de Biodanza .

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CAPÍTULO 1: BIODANZA E IDENTIDADE

1.1. Conceitos Fundamentais 1.1.1. Conceito de Biodanza

O conceito acadêmico de Biodanza, segundo Rolado Toro (1924 – 2010), seu criador é o seguinte:

“Biodanza é um sistema de integração humana, de renovação orgânica, de reeducação afetiva e reaprendizado das funções originárias da vida. Sua metodologia consiste em induzir vivências integradoras por meio da música, do canto, do movimento e de situações de encontro em grupo” (TORO)

Para um praticante de Biodanza, um biodanzante, como chamamos, este conceito acadêmico é muito claro, pois vivenciamos na prática, durante as aulas, cada uma das expressões usadas acima. Já para uma pessoa que nunca tenha tido um contato com a Biodanza, que nunca tenha participado de uma aula de Biodanza, este conceito pode parecer amplo, ou até mesmo subjetivo, por isto faz-se necessário detalhar cada uma das expressões mencionadas no conceito acadêmico pois formam a base deste sistema.

Integração significa “pertencer à totalidade”. Em Biodanza, a integração se apresenta em três níveis. O primeiro nível de integração é integração consigo mesmo, ou seja resgatar a sua unidade psicofísica. O segundo nível, é a integração ao semelhante, ou seja restaurar o vínculo com o outro. Por fim, o terceiro nível de integração é a integração ao universo, que é resgatar o vínculo primordial que une o homem à natureza e ao cosmos.

Renovação Orgânica significa estabelecer o efeito da homeostase, do equilíbrio interno e da redução dos fatores de estresse. A renovação orgânica é induzida principalmente mediante estados especiais de transe que ativam processos de reparação celular e regulação global das funções biológicas. Ela atua sobre as expressões psicossomáticas. No dias atuais, muitas vezes as pessoas “não se dão um tempo” para a renovação pois vivem uma vida de pura atividade, buscando ocupar todo o tempo livre com mais e mais atividades.

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Reeducação Afetiva é a estimulação da capacidade de estabelecer ligações afetivas saudáveis com as outras pessoas, eliminando expressões de desafetos, destrutividade e violência. Significar eliminar as relações tóxicas e substituí-las por relações nutritivas e construtivas.

Reaprendizagem das funções originárias da vida consiste na reconexão com os instintos. Dentro da concepção teórica de Biodanza, o instinto, na realidade, é uma rede orgânica de impulsos hereditários destinados à auto conservação. Atualmente a cultura obstrui, desorganiza e perverte os instintos, dando origem à patologia social e individual. A tarefa mais urgente da Biodanza é resgatar a base instintiva da vida e buscar orientação nesses impulsos primordiais.

Vivência é uma experiência vivida com grande intensidade por um indivíduo em um lapso de tempo aqui-agora que abarca as funções emocionais, cenestésicas e orgânicas. A vivência é a sensação intensa de estar vivo “aqui e agora”

Uma outra definição mais recente dada por Rolando Toro tem um teor mais científico e fisiológico:

“Biodanza é um sistema de aceleração de processos integrativos à nível celular, metabólico, neuroendócrino, imunológico e existencial, mediante a ambiente enriquecido com músicas específicas, movimentos integradores e carícias que deflagram vivências.” (TORO, 2009)

Pode-se dizer, em termos gerais, que um dos principais objetivos da Biodanza é a Integração da Identidade e, neste âmbito, este objetivo, vem de encontro ao tema proposto por este trabalho.

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1.1.2. Principio Biocêntrico

O Principio Biocêntrico foi proposto por Rolando Toro como uma nova forma de integração baseado na organização do universo a favor da vida. E uma transgressão aos valores culturais humanos e dos processos mentais de repressão, buscando uma nova forma de desenvolvimento dos potenciais individuais a favor da evolução, do micro ao macro, buscando uma integração do indivíduo com sigo mesmo, com o outro e, a partir dai, uma nova forma de vinculo com o universo que nos cerca.

O Principio Biocêntrico entende que o universo e tudo que nele se encontra estão em ressonância permanente, e que cada movimento, cada intenção individual, cada fenômeno que se inicia tem efeito em todo sistema vivente. O universo existe a favor da vida e da sua evolução e todos os objetivos humanos devem pôr-se na manutenção e conservação da vida, promovendo sua otimização em diferentes sistemas viventes como todo.

Quando aprendemos a viver a partir do Principio Biocêntrico experimentamos a sensação de vinculo com a totalidade, sentimos a sensação de fazer parte desse sistema vivente, nos conectando com todas as formas de vida, sem se sentir maior ou menor, respeitando a ética do viver, experimentando o amor como a maior forma de expressão humana, desenvolvendo o nosso potencial afetivo, criativo, sexual, vital e transcendente, respeitando a sacralidade da vida.

O Principio Biocêntrico constitui o paradigma que deveria servir de fundamento para todas as ciências humanas, vindo a ser a base da educação, da psicologia, da jurisprudência, medicina e psicoterapia, respeitando a vida como centro e ponto de partida para o desenvolvimento humano, restabelecendo o vinculo com a totalidade há muito perdido. Se entendermos que a vida não e apenas a conseqüência de um processo atômico e químico desencadeados ao acaso, começaremos a entender que a evolução do universo e na verdade a uma evolução a favor da vida.

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O Princípio Biocêntrico é inspirado na intuição de um universo organizado em função da vida e consiste numa proposta de reformulação de nossos valores culturais que toma como referencial o respeito pela vida.

1.2. Identidade e Biodanza

1.2.1. Conceito de Identidade

A elaboração intelectual do conceito de Identidade é complexa e requer do pensador atual muita sutileza. Além da evolução histórica do conceito, a formulação do conceito de Identidade interessa a vários ramos do conhecimento gerando assim, diversas conceituações conforme o enfoque que se lhe dê.

Para a sociologia, identidade é o compartilhar de várias idéias e ideais de um determinado grupo. Já para a Antropologia, seria a soma de um aglomerado de signos, referências e influências que definem o entendimento relacional de determinada entidade, humana ou não-humana, comparada e percebida pela diferença ante as outras, por si ou por outrem mas sempre necessário existir o “outro” para comparação. Para Medicina Legal, seria o conjunto de exames onde se apuram no ser humano, a raça, sexo, estatura, idade, peso, etc.. No direito, identidade é o conjunto de caracteres que tornam a pessoa particularizada, diferenciando-a dos demais, sujeito a direitos e deveres.

Desde a antiguidade vários conceitos foram dados para Identidade. Aristóteles (384 a.c. – 322 a.c) criou a teoria de que identidade é a "unidade da substância”: "Em sentido essencial, as coisas são idênticas do mesmo modo em que são unidade, já que são idênticas quando é uma só em sua matéria (em espécie ou em número) ou quando sua substância é uma. É, portanto, evidente que a identidade de qualquer modo é uma unidade, seja porque a unidade se refira a uma única coisa, considerada como duas, como acontece quando se diz que a coisa é idêntica a si mesma.” (ARISTÓTELES apud ABBAGNANO, 1982)

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Leibniz (1642-1716) é autor de uma definição clássica do conceito de identidade, que se aproxima ao “conceito de igualdade" Esta fórmula utiliza dois termos e, nomeia a “igualdade” de A e A (A=A), e não descreve uma Identidade.

Para Heidegger (1889 – 1976) A=A trata-se de uma igualdade, para ele, uma fórmula mais apropriada para o princípio de Identidade é, A é A ou seja, todo o A sendo o mesmo A.

A abordagem psicológica do princípio de Identidade requer uma nova perspectiva, já que deixa de ser abstrato para converter-se em matéria do vivente que está em permanente mudança. Desde este ponto de vista, o conceito de identidade pode ser definido como um conjunto de aspectos individuais que caracteriza uma pessoa.

Em seu livro: A Psicologia a Serviço do outro: Ética e Cidadania na Prática, Freire descreve:

“No entanto, entendemos identidade como plural, constituída a partir das relações sociais, o que tem caráter de metamorfose, por compreender o processo de permanente mudança que os encontros nos possibilitam. A psicologia como estudo científico da subjetividade humana nos propõe investigar modos de subjetivação no que consiste à produção de sujeitos diferenciados (FREIRE, 2003)”

Somos e seremos a mesma pessoa e ao mesmo tempo estamos a cada momento nos transformando em outro sem deixamos de ser o mesmo. Mudamos mas mantemos a mesma essência. Somos o que somos frente a qualquer outro sistema de realidade.

1.2.2. Conceito de Identidade em Biodanza

No contexto da Biodanza, Rolando Toro (1924 – 2010) apresenta os seguintes conceitos para a Identidade:

“A capacidade de experimentar-se a si mesmo, como entidade única e como centro de percepção do mundo, a partir de uma iniludível e comovedora vivência corporal” (TORO)

“A vivência fundamental da Identidade surge como a sensação endógena do estar vivo. A experiência primordial da Identidade é a

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13 comovedora e intensa sensação de estar vivo, gerando-se a si mesmo” (TORO)

Rolando Toro compreende a identidade a partir da vivência do estar-vivo, uma intimidade com a vida essencialmente visceral. A identidade emergindo da diferenciação genética (seleção natural e evolução biológica), e primariamente voltada para a conservação da unidade e da sobrevivência do indivíduo (autorregulação visceral, homeostase, correlação intraorgânica e proteção imunológica).

“A vivência fundamental da identidade surge como expressão endógena do estar vivo. A vivência primordial do estar vivo é a mais comovedora e intensa de todas as vivências (...). A vivência de estar vivo estaria afetada constantemente pelo humor corporal e pelos estímulos externos, entretanto, sua gênesis seria visceral” (TORO).

Segundo Rolando Toro, existem dois paradoxos da Identidade. O primeiro é relacional, no qual afirma que a Identidade se faz patente somente através do “outro”: EU me faço presente na presença do TU. Isto significa que a Identidade, a vivência de si, se molda e se afirma com a “convivência”. Daí o poder do grupo, gerando a capacidade de geração de vínculo afetivo, propiciando a Integração e Fortalecimento da Identidade.

“Nossa identidade se revela na presença do outro” (TORO)

O segundo paradoxo é que a Identidade tem uma essência invariável, mas ao mesmo tempo está sendo transformada constantemente. Venho mudando, porém continuo sendo eu mesmo. A Identidade é sempre única e, ao mesmo tempo, muda de aspecto com o tempo.

Complementando Rolando, Cesar Wagner Góis nos fala da identidade como uma pulsação. Ele afirma que a identidade é altamente permeável à música e a presença do outro e defende:

“Vivencia é o sentimento de totalidade presente em uma relaçao EU-TU (Bubber 1977). O fato de ocorrer uma vivencia integradora aumenta a pulsação da identidade e a eleva a uma espiral evolutiva. Neste momento, surge o fluxo regulador e expressivo de si mesmo” (GÓIS, 1995)

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14 “Tomando como ponto de partida as reflexões anteriores, compreendo a identidade como “o mesmo“ (Parmênides), ou melhor, a capacidade de se sentir como centro de percepção de si e do mundo, em um profundo sentimento de estar-vivo, sentimento este que é corporal, comovedor e conectado a tudo o mais. Isso implica que o ponto de partida estruturador da identidade é o sentir-se vivo, instante de transmutação da corporeidade vivida em mais presença e vínculo com o mundo. Por esse caminho vejo a identidade como expressão de uma totalidade e não de partes de si mesmo, só possível de se realizar na imediaticidade do viver, portanto na vivência e não na consciência”. (GÒIS, 2005)

1.2.3. As Sete Ideias Fundamentais sobre Identidade em Biodanza:

“A identidade já foi pensada na Biodanza de diversos modos... Atualmente, concebe-se a identidade como um todo, composto pelo Potêncial Genético, pelos sistemas nervoso, endócrino e Imunológico e também pelo inconsciente coletivo, que acontece através das linhas de vivência e que tem platicidade de pulsar entre um estado de consciência intensificada e reagressão. O que possibilita esta pulsação é a qualidade de identidade de ser permeável à música e à presença do outro. A música e o encontro são vias de acesso à identidade” (Ferreira, 1997)

(1) A Identidade de um indivíduo só se revela em presença de outro:

Conviver significa a alegria de “ser com outro”, de adquirir a capacidade de vínculo afetivo. A maior vivência de si mesmo surge durante a “convivência” ou seja quando vivemos em harmonia com o outro. Ao mesmo tempo em uma via de retorno, quando percebemos o “outro”, estamos valorizando, demonstrando nosso poder de vínculo e o mais importante estamos dando e recebendo simultaneamente um lindo presente que a oportunidade de fortalecimento da identidade.

“Estamos demasiado sós no interior de um caos coletivista. Há um modo de estar ausente com toda nossa presença. O ato de não olhar, não escutar e não tocar o outro, o despojamos sutilmente da sua identidade. Não reconhecemos nele uma pessoa: estamos com ele mas o ignoramos. Esta desqualificação, consciente ou inconsciente, tem um sentido pavoroso que involucra todas as patologías do ego. Celebrar a presença do outro, exaltar nele o encanto essencial do encontro é, talvez, a única possibilidade saudável” (TORO).

(2) A Identidade é imutável mas está em permanente transformação

A identidade se produz em constante transformação, o que sugere pensar nas mudanças que a vida nos reserva. A identidade possuiu um caráter sempre flexível,

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mutável, provisório, o que corresponde às mudanças contínuas ocorridas tanto no plano das relações sociais quanto nas articulações da história de vida pessoal com o funcionamento da sociedade. Estes incluem estudo, trabalho, crenças, ideologias.

(3) A relação erótica reforça a Identidade, tornando-a vulnerável, mediante o contato:

A identidade é reforçada na relação erótica porque o contato á torna vilverável. Ser vulnerável significa poder ser tcado, estimulado, transformado. Em Biodanza consideramos a “função de contato” como terapêutica na medida em que o contato corporal, e em especial a carícia, ativa, mobiliza, transforma e reforça nossa identidade. Nossa identidade se projeta na pele, nossa percepção de limite. Se nosso limite corporal está insensível, nossa identidade verdadeira está alterada, oculta ou aprisionada. Transformar nossa pele em um órgão capaz de projetar e irradiar nossa identidade é de importância vital.

(4) A “via régia” para compreender a Identidade é o transe musical e (5) A Identidade é permeável aos agentes externos, em especial, à música

A música muda a existência. Ao desenvolver a sensibilidade musical e ampliar a registro seletivo, se estimulam outras capacidades psicológicas como: sensibilidade global, capacidade estática, prazer cenestésico, e capacidade de aceitar estímulos diferenciados, induzindo a uma harmonia interior, sentido de ritmo e reeducação afetiva afetando diretamente a Identidade. A música utilizada em Biodanza é rigorosamente selecionada em relação aos exercícios e às vivências que se pretende alcançar e trabalha com estruturas coerentes de “música-movimento-vivência” que têm potencial deflagrador de respostas emocionais.

(6) Movimento é a expressão de nossa Identidade, e o acesso às suas modificações só pode ser a dança.

A música e o movimento, ou seja, a dança, constituem o método deflagrador de vivências. Em Biodanza, a pessoa é convidada a se colocar por inteiro na dança.

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O movimento em Biodanza deve ter uma motivação afetiva, para que efetivamente gere mudanças.

(7) O conceito de Identidade é impensável separado do conceito de Regressão:

Regressão é um estado de retorno psicofisiológico à etapa fetal ou perinatal, isto é, imediatamente anterior ou posterior ao nascimento. Durante o estado de regressão o indivíduo reedita condições psíquicas e biológicas da infância podendo assim, reparar conceitos relacionados a sua identidade

1.2.4. Diagrama Dinâmico da Identidade

“A Identidade tem suas raízes na estrutura genética e sua expressão biológica mais dramática é o sistema imunológico e a incompatibilidade com estruturas estranhas. A Identidade se manifesta não só a nível celular e visceral mas a nível psicológicoexistencial. A vivência de estar vivo está afetada constantemente pelo humor corporal e pelos estímulos externos. Mas sua gênese é visceral.”(Toro)

Rolando Toro desenvolveu o Diagrama Dinâmico da Identidade. Neste diagrama, podemos observar a importância do soma (corpo) na formação / composição da Identidade.

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Para um melhor entendimento do diagrama, proponho analisar cada um dos componentes deste diagrama separadamente:

Eixo central (em cor violeta)

Potêncial Genético: Segundo Rolando Toro, a Identidade tem suas raízes na estrutura genética e sua expressão biológica mais dramática é o sistema imunológico e a incompatibilidade com estruturas estranhas, ou seja a identidade está relacionada à proteção e manutenção da vida.

Sensação de Vida: Para o indivíduo, a vivência quotidiana que lhe dá notícias de sua identidade é a sensação de estar vivo. A consciência de estar vivo permite tomar contato com a própria identidade. A consciência intensificada de si mesmo amplia a percepção do mundo. É na sensação de estar vivo que se encontram a vivência e a consciência. Ambos, tanto a vivência quanto a consciência, relacionados ao corpo, formarão a identidade em um “duplo caminho”:

Primeira Via – Somática/Vivência (na cor amarela do gráfico):

Primeira noção do próprio corpo: A percepção do próprio corpo evolui através das experiências cotidianas. Acredito que necessitamos de uma melhor percepção do nosso corpo, pois embora o corpo envie informações preciosas para nossa mente, muitas vezes a mesma é ignorada. Por exemplo: por imposição cultural, não descansamos quando estamos cansados (falta de autoregulação), não dormirmos quando temos sono (inclusive com o uso substâncias que mantenham o estado de alerta do organismo), fazemos dietas extremas ao custo de passarmos fome, termos relações sexuais sem desejos, usamos roupas e sapatos desconfortáveis para cumprir padrões de moda.

A base da sensação de estar vivo está na corporeidade. Deste modo, a origem da identidade é biológica. Sem o corpo ou sem a vida corporal não existe identidade. Tendo como base o corpo, a gênese da identidade está na fecundação. Em resumo: identidade é a sensação de estar vivo, tem uma origem biológica e sua gênese é a fecundação.

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Sentir-se a si mesmo: O convite é libertar-se do aprisionamento de nossas mentes e nos permitir sentir. Sair dos estados mais comuns, que são caracterizados por um sono acordado, onde o devaneio e a fantasia são a regra. Nesse estado, o indivíduo permanece separado do momento presente, sendo esta uma das principais características da vida mecânica. Sentir-se a si mesmo é um resgate da capacidade de ouvir a linguagem cenestésica.

O corpo como fonte de prazer ou como fonte de dor: O corpo, centro de percepção do mundo através das sensações, sejam de prazer ou dor, apresenta sempre seu desejo, ainda que não seja bem compreendido. Ao resgatar esta consciência corporal, poderemos fazer as nossas escolhas. Usar o nosso corpo como fonte de prazer, relacionado a autoestimulação e vinculado a sexualidade mas, o prazer dentro da escala de valores convencionais está a tal ponto desprestigiado que para muitos é sinônimo de superficialidade, frivolidade ou materialismo. Não existe prazer verdadeiro que não seja proveniente da profundidade e do ímpeto natural da vida. Infelizmente, através dos tempos e em diversas culturas corpo foi associado à dor, à doença, ao sofrimento. Esta visão determina atitudes e estilos de vida conformistas e dependentes. Só se vence o medo do sofrimento desenvolvendo a capacidade de prazer.

Seletividade, saber o que se quer: Ambos os padrões (fonte de prazer, fonte de dor) desenvolvem uma estrutura de seletividade bastante estável, que permitem ao indivíduo saber o que quer, como por exemplo escolhas de relacionamentos, trabalho, profissão, estilo de vida. A partir desta escolha, ter a capacidade então, de buscar a sua autorrealização. Aqueles que escolhem o corpo como fonte de prazer atrairão pessoas com a mesma característica, gerando uniões saudáveis e nutritivas.

Segunda Via – Psico / Consciência (na cor vermelha do gráfico):

Primeira Noção de Ser Diferente: As primeiras noções de ser diferente se dão no contato com o grupo. A Identidade se faz patente no espelho de outras

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Identidades. Nas protovivências, esta primeira noção de ser diferente se dá a partir da vivência de separação e aproximação do outro (“eu” fico e o “outro” se ausenta, “eu” recebo a falta e o “outro” é quem chega, “eu” necessito algo e o “outro” me provém). Esta protovivência reitera a primeira das sete ideias fundamentais sobre a Identidade em Biodanza: “A Identidade se faz patente na presença do outro”.

Pensar-se a Si Mesmo: As primeiras noções de ser diferente conduzem à consciência da própria singularidade e ao ato de pensar-se a si mesmo frente ao mundo.

Autoimagem: O pensar-se a si mesmo configura a autoimagem. Trata-se do conjunto de ideias, conceitos, opiniões e a imagem que alguém tem de si mesmo, bem como a imagem que supõem projetar para os outros. No entanto, essa autoimagem consiste apenas em projeções da personalidade ou ego, e a sensação de ser que é derivada disso, fundamenta-se nessas atribuições. Assim, as pessoas comuns, em seu dia a dia, vivem suas vidas como se elas fossem seus próprios egos - um conjunto de qualidades ou defeitos, lembranças, pontos de vistas, pensamentos, ideias, experiências que caracterizam a vida de cada um, porém, isso não consiste na totalidade daquilo que as pessoas são.

O ego e a personalidade são apenas aspectos de uma totalidade, mas existem outros que potencialmente definem o ser. Por trás da sensação de ser fundamentada na autoimagem da personalidade existe uma outra forma de identidade ou de sensação de ser com a qual, infelizmente, devido às condições da própria vida, na maioria dos casos, as pessoas perdem o contato. Ou seja, elas passam a confundir sua identidade com essa autoimagem e perdem a oportunidade de descobrir e experimentar outras dimensões de seu próprio ser. Uma identidade mais abrangente, capaz de conferir outros níveis de significado para o próprio indivíduo e para a vida, ficará acobertada pela personalidade e em muitos casos, poderá não haver nem mesmo a oportunidade de experimentar essas dimensões ao longo da vida comum.

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Decisão para Atuar: A partir da sua autoimagem o indivíduo tomará a sua decisão para atuar. Aqueles com a autoimagem positiva, serão portadores de mais coragem, atuarão com autenticidade, coerência e segurança.

Retorno ao Eixo central (em cor violeta no gráfico)

Consciência de Si: A consciência de si deriva da sensação de estar vivo, da primeira noção do próprio corpo e da primeira noção de ser diferente. A expressão de presença no mundo se torna possível quando nos sentimos conscientes do que somos, isto é, quando tomamos consciência de nossa Identidade. Este é um dos processos evolutivos que mais caracteriza o ser humano: a consciência de si e a comovedora vivência de estar vivo. A consciência da Identidade se dá quando nos reconhecemos e somos reconhecidos como singularidade entre os demais, quando percebemos o significado de ser um indivíduo distinto entre semelhantes, e quando nos identificamos exatamente por nossas diferenças e similaridades.

Autoestima: A auto estima se forma a partir da sensação de estar vivo e na consciência de si, assim como, será influenciada tanto pela autoimagem, como na primeira noção de seu corpo (prazer o dor). O tema de autoestima em Biodanza será abordado com mais detalhes no próximo item.

Padrões de Resposta: A partir de três influencias: autoestima, seletividade e a decisão para atuar, o indivíduo formará os seus padrões de resposta. Alterar os padrões de resposta depende de Desenvolver

Autorrealização e Autocriação Existencial: A capacidade de criar-se a si mesmo, transformar suas emoções, a coragem de expressar sentimentos novos e antigos, faz parte do processo criador e realizador da própria vida.

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Biodanza como processo facilitador: A Biodanza atua e coopera para o fortalecimento em todo este processo dinâmico através da integração das linhas de vivência.

Hora estará atuando na “Primeira Via – Somática” que está sob a regência do sistema nervoso autônomo parassimpático, cuja atividade é estimulada (com ação recíproca) pelos hormônios do grupo colinérgico, resultando no estado chamado Trofotrópico. Este é deflagrado pela noção do corpo, pela percepção visceral e cenestésica de estar vivo. Neste estado, a atividade cárdio respiratória tem seu ritmo reduzido, a circulação sanguínea se expande na pele e áreas periféricas, nos órgãos da digestão e eliminação, permitindo o distensionamento e a redução do tônus muscular. Tal condição é propícia a todas as funções de restauração do organismo, a começar pelo sistema imunológico, porque são reativados os padrões fisiológicos primordiais. Os contatos e carícias facilitam e são facilitados, tornando-se ferramentas eficazes para a transmutação de energia e curas orgânicas, emocionais e existenciais com efeito na autoestima.

Hora estará atuando na “Segunda Via – Psico” que está sob a regência do sistema nervoso autônomo simpático, cuja atividade libera hormônios do grupo adrenérgico, que viabilizam as funções de alerta, atenção, decisão, ação. O sistema cardio respiratório intensifica seu ritmo, a circulação sanguínea se concentra na musculatura e nos mecanismos que identificam detalhes do ambiente, permitindo a plena expressão dos instintos ligados à necessidade de sobrevivência, de luta e fuga. Este estado é propício às atividades que permitem alcançar a satisfação de um desejo, das metas e objetivos identificados: expressão, ação, adaptação e força de vontade.

1.2.4. - Autoimagem e Autoestima em Biodanza

Ter a autoestima elevada pode fazer a diferença na vida de uma pessoa. Essa é a afirmação que vemos em palestras, vídeos, livros e programas de televisão onde o bem-estar, a qualidade de vida e os relacionamentos interpessoais são

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enfocados. Mas o que se torna difícil de entender e quase sempre não é explicitado é: O que é exatamente isso que chamamos autoestima?

Autoestima é uma variável psicológica importante e muito se tem estudado sobre a autoestima, nos recentes últimos anos, mas este termo tem sido definido de formas diferentes e até mesmo de forma conflitante por vários autores.

Para Biodanza, o conhecimento que o indivíduo tem de si próprio, pode se dividir em dois componentes distintos: um descritivo, de como nos vemos chamado autoimagem, e outro valorativo vivencial de como nos sentimos, que se designa autoestima.

De um fato estamos certos, as diferentes definições dadas por diversos autores são definitivamente conflitantes para a abordagem de Rolando Toro.

Vamos iniciar este “comparativo” analisando algumas destas definições

destes autores especializados no assunto concentrando nossa análise

principalmente na parte do texto que está sublinhada. Comecemos:

1 - Para Wilber (1995) a autoestima está ligada às características do indivíduo, que faz uma avaliação de seus atributos e definir uma autoestima positiva ou negativa, dependendo dos níveis de consciência que expressa sobre si mesmo.

2 - Rosenberg (1996) revela que a autoestima é uma avaliação positiva ou negativa para o auto, que é baseado em uma base afetiva e cognitiva, porque o indivíduo sente uma certa forma do que ele pensa sobre da mesma.

3 - Coopersmith (1996), afirma que a autoestima é a avaliação que o indivíduo faz e habitualmente mantém em relação à mesma. Este auto é expressa através de uma atitude de aprovação ou desaprovação, que reflete o grau em que o indivíduo acredita ser capaz, produtivo, importante e digno.

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4 - Craighead, McHale e Papa (2001), indicam que a autoestima é uma avaliação das informações contidas no autoconceito que deriva sentimentos sobre si mesmo. Assim, a autoestima é baseada em uma combinação de informações objetivas sobre si mesmo e uma avaliação subjetiva desta informação.

Pois bem, o que encontramos em comum nestas definições descritas acima? Elas afirmam que a autoestima parte de uma “avaliação”. Como avaliar, senão através de nosso julgamento intelectual, mental?

Dando seguimento a este raciocínio apresento mais algumas definições sendo que as que virão a seguir, estão um pouco mais próximas à definição de autoestima segundo a abordagem da Biodanza pois já incluem mais um elemento além do mental.

5 - Dunn (1996), afirma que a autoestima é a energia que coordena, organiza e integra toda a aprendizagem realizada pelo indivíduo através de contatos sucessivos, formando um todo que é chamado de "auto".

6 - McKay e Fanning (1999), autoestima refere-se ao conceito que engloba os pensamentos, sentimentos, sensações e experiências sobre si mesmo, que tem procurado o indivíduo durante sua vida. Milhares de impressões, avaliações e experiências e, juntos, se reúnem em um sentimento positivo em direção a si mesmo ou, inversamente, em uma desconfortável sensação de não ser o esperado.

7 - Barroso (2000), afirma que a autoestima é uma energia que existe no organismo vivo, qualitativamente diferente organizada, integrada, coesa, todo sistema unificado e endereços de contatos que são feitos no próprio indivíduo. Este autor conceituou a definição de autoestima, considerando sua realidade e experiência, permitindo-lhe assumir a responsabilidade por si mesmo.

8 - Corkille (2001), a autoestima é o que cada pessoa sente sobre si mesmo, seu juízo geral, e como ele gosta de sua própria pessoa, concordando com a afirmação que a autoestima é definida em termos de julgamentos que os indivíduos fazem sobre si mesmo e adotando atitudes sobre si mesmos.

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O que percebemos de diferente neste segundo conjunto de definições (5-8)? As primeiras (1–4) consideram somente avaliações. Excluem sentimentos e sensações, sensações corporais e vivenciais enquanto o segundo grupo (5-8) já incorpora estes elementos.

Para a Biodanza estes conceitos seriam de autoimagem, ou seja a imagem mental, interna e/ou externa que se tem de si mesmo. A autoimagem se forma a partir do confronto com o espelho. Além de abarcar a aparência (autoimagem externa), também abarca certas análises introspectivas (autoimagem interna) sobre o que se representa para os demais e para si mesmo. Trata-se do conjunto de ideias, conceitos, opiniões e a imagem que alguém tem de si mesmo, bem como a imagem que supõem projetar para os outros.

Sob o ponto de vista da Biodanza, a autoestima é vivencial, ou seja, está relacionada ao que o indivíduo sente e como vivencía o seu valor e a sua auto aceitação. É sentir, visceralmente, o seu valor pessoal, é acreditar em si, é respeitar a si mesmo e ter autoconfiança. Ela provém da “intensa sensação de estar vivo, de sentir-se a si mesmo”. A autoestima se estrutura com base na qualificação afetiva dos pais e das pessoas próximas, e é definida através de como a pessoa percebe os outros em direção a si mesma, expresso em afeto, elogios e atenção. Rolando Toro define seguinte forma a autoestima:

A vivência do próprio valor e da autoaceitação é complexa. Provém da intensa sensação de estar vivo, de sentir-se a si mesmo, de sentir o corpo como fonte de prazer e de saber o que se quer. (TORO)

Em Biodanza, a autoestima está intimamente ligada ao prazer, gostar de sentir-se vivo, de ser quem se é, de valorizar o que se tem, e principalmente, valorizar as pessoas que nos cercam. Aprender a desfrutar todos os pequenos e grandes prazeres que a vida oferece é a mais importante das aprendizagens. Segundo Rolando Toro são quarto os principais caminhos do prazer:

“O prazer da dança, no sentido da Biodanza, é o primeiro caminho. Aprender a escutar música em estado de transe é outro dos importantes caminhos. Ter consciência dos prazeres cotidianos é o terceiro caminho. Desenvolver todas as possibilidades do erotismo é o quarto caminho.” (TORO)

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Na Biodanza, podemos dizer então que autoimagem tem um caráter conceitual e formal enquanto que a autoestima tem uma raiz vivencial. Sendo assim, permito-me concluir as seguintes diferenças comparativas entre as definições:

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Rolando Toro Outros Autores

Autoimagem Externa equivale à... Autoimagem

Autoimagem Interna equivale à .... Autoestima

Autoestima não tem equivalência

Não incluem sensações corporais e em nenhuma

das definições

1.3. Identidade e o Modelo Teórico de Biodanza

Rolando Toro criou o Modelo Teórico da Biodanza para possibilitar ao Sistema ter um instrumento de investigação capaz de mostrar de forma prática, que dentro de um campo de observações podem se estabelecer relações imprevisíveis, abrindo novas opções no campo operacional.

“Um modelo é um instrumento de investigação e manipulação de um determinado conjunto de fenômenos observados, através do qual é possível descobrir relações de coerência [....] O modelo permite mostrar as relações existentes entre um sistema formal (criado pelo homem) e o sistema “natural” em estudo. Pode- se dizer que os pesquisadores fazem uma proposta “mítica” sobre a realidade e, em seguida, estabelecem as relações entre os acontecimentos e essa proposta [...] O modelo permite, ainda, descobrir relações novas e formular perguntas que não poderiam mais ser feitas se nos contentássemos em observar os fatos, bem como orientar a pesquisa, criar novas hipóteses, manipular relações desconhecidas e compreender os fatos dentro de uma visão unificada.” (TORO)

A proposta deste trabalho não é dissecar totalmente os aspectos de um modelo teórico. Tampouco do Modelo Teórico da Biodanza, e sim repassar alguns tópicos importantes no que diz respeito à Identidade no contexto deste modelo.

Origem do Modelo Teórico inspirou-se em experiências clínicas com pacientes psiquiátricos que Rolando Toro desenvolveu em 1965, como Membro Docente do Centro de Estudos de Antropologia Médica da Escola de Medicina da Universidade do Chile. Nesta ocasião Rolando Toro realizou as primeiras investigações com música e dança, no Hospital Psiquiátrico de Santiago com doentes mentais.

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A abordagem consistia em incluir uma atividade corporal e estimular as emoções através da dança e do encontro humano. Com o objetivo de induzir harmonia e tranquilidade nos pacientes, Rolando propôs danças harmoniosas e lentas com os olhos fechados. A observação revelou que estes exercícios tinham efeitos contraproducentes, pois levavam os doentes a estados regressivos, acentuando as alucinações e delírios, que podiam durar vários dias. Este resultado levou a conclusão que estes pacientes que tinham a “identidade mal integrada”, se dissociavam ainda mais quando realizavam movimentos que induziam regressão.

Em sessões seguintes, Rolando Toro propôs danças euforizantes, com ritmos alegres que estimulavam o movimento. O resultado foi um notável aumento do juízo de realidade e o desaparecimento dos delírios e alucinações.

Estas experiências e observações iniciais constituíram a base para a construção de um Modelo Teórico operativo no qual foram localizados, em um polo (direito), os exercícios de regressão e no polo oposto (esquerdo), os de reforço da consciência através de danças euforizantes.

Ficou, assim, desenhado o primeiro eixo para um modelo teórico que, com o tempo, foi aperfeiçoado. Primeiro Esquema do Modelo Teórico criado por Rolando Toro:

CONSCIÊNCIA <---> REGRESSÃO

Como conclusão, verificou-se que, em alguns casos podiam ser utilizadas músicas que reforçassem a Consciência da Identidade e de Realidade (ritmos euforizantes = polo esquerdo), ao passo que em outros, deveriam ser induzidos estados de regressão que facilitassem a reparentalização e diminuíssem a ansiedade (polo direito).

Este modelo permitia prescrever exercícios específicos para o doente mental, reforçando - mediante diversas danças - a manifestação da consciência identidade.

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Posteriormente, Rolando observou que pessoas estressadas, tensas, angustiadas ou com transtornos psicossomáticos (hipertensão e úlcera gástrica), melhoravam quando realizavam exercícios próprios do polo de regressão, que, como resultado, tinha com nítidos efeitos ansiolíticos.

Durante a Regressão, o indivíduo tende a dissolver-se na totalidade do Universo e a perder os limites corporais, enquanto no estado de Consciência da Identidade se faz a experiência de si mesmo como centro de percepção do mundo. O Modelo proposto então oscilava entre estes dois pólos, de modo pulsante.

O modelo Teórico de Biodanza passou por muitas modificações durante mais de 40 anos de existência do sistema Biodanza. Seus termos foram ajustados e novas relações foram descobertas, mas ele até hoje conserva a sua estrutura original e os dois polos incialmente propostos, seguem em vigor. A figura a seguir representa o Modelo Teórico da Biodanza atual (2008).

“Na base do eixo vertical do modelo se encontra o conceito de “potencial genético”, que se exprime na trama das “linhas de vivência”. O desenvolvimento evolutivo se realiza à medida que os potenciais genéticos encontram oportunidades de se expressar na existência. ...O Modelo se articula ao longo de dois eixos colocados dentro de uma espiral. O eixo vertical é estável e o horizontal é pulsante. Ambos os eixos são virtuais, pois não denotam uma trajetória rígida; são projeções direcionais. A espiral representa a abertura do modelo aos processos universais de gestação da vida”. (TORO)

Cada indivíduo possui um potencial genético que constitui o conjunto de características únicas que, segundo a medicina legal, é denominado “Identidade”. No momento da fecundação, quando se unem os gametas do pai e da mãe, já fica determinada a identidade biológica que se expressará através da vida (ontogênese). A integração adaptativa é o processo em que os potenciais genéticos, altamente diferenciados, se expressam e se organizam em sistemas cada vez mais complexos, criando uma rede de interações que potencializam e Fortalecem a Identidade. O ser humano é pleno de potenciais. Estes têm origem biológica, ou seja, genética e se manifestam ou não dependendo da relação da pessoa com o meio.

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Todos nós temos potencias muito além do que seremos capazes de expressar durante nossa existência. O fato uma determinada característica existir em potencial em uma pessoa, não significa que se manifeste. São fatores ambientais que estimulam o potencial a se manifestar. Os ecofatores mais fortes para condicionar a expressão dos potenciais são os humanos. Os ecofatores humanos podem estimular ou inibir os potenciais genéticos. A expressão da identidade é, portanto, fortemente condicionada pela Ecologia Humana. Nossa abordagem sustenta que o processo de desenvolvimento da identidade depende da interação com as outras pessoas.

Os potencias se manifestam através da experiência no mundo, o que chamamos vivência. As linhas de vivência são as manifestações destes potencias em cinco diferentes formas:

Vitalidade: potencias para saúde, autorregulação, busca de alimentação saudável, regulação do repouso e da atividade;

Sexualidade: potencial de prazer que vai estar relacionado ao desfrutar de todas as atividades do cotidiano;

Criatividade: potencial de utilizar uma infinidade de formas de expressão de sentimentos, idéias e emoções – potencial de inovação.

Afetividade: potencial relacional, sentimento de empatia, solidariedade, amizade e ligação com os demais;

Transcendência: potencial de inserção no meio e de sentir-se parte da totalidade.

1.4. Expressão e Fortalecimento da Identidade

A Biodanza se diferencia de outras terapias tradicionais, pois tem um enfoque essencialmente pedagógico e terapêutico e um dos seus propósitos principais é o de

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integrar a Identidade. Este processo se dá através do desenvolvendo dos potenciais de saúde ou seja a proposta da Biodanza é de uma mudança a partir da “parte saudável” e não da patologia, estimulando assim a evolução de suas potencialidades.

Desta forma, durante uma sessão de Biodanza, o aluno é mais que nunca ele mesmo. Os exercícios propõem a qualificação, a valorização e o respeito. Biodanza promove a capacidade de interagir com segurança e respeito com as outras pessoas, facilitando o processo de integração em grupos e aceitação pelos mesmos, fornecendo um ambiente enriquecido, desencadeando o desenvolvimento dos potenciais genéticos.

Cada uma das linhas de vivência têm seu papel fundamental para a expressão e para o fortalecimento da Identidade.

Linha de Vitalidade: Conforme descrito no Item Identidade e o Modelo

Teórico, se pode observar a importância da linha da Vitalidade na Expressão e

Fortalecimento da Identidade. Um dos conceitos da Identidade segundo Rolando Toro seria a própria “comovedora e intensa sensação de estar vivo”.

Linha da Sexualidade: as danças de amor, de acariciamento, a oportunidade de experimentar o corpo como fonte de prazer, ativam a seletividade sexual, intimidade afetiva e a descoberta, progressivamente, da a Identidade sexual, propiciando efeitos profundos e transformadores da identidade e da autoestima, constituindo um verdadeiro processo de reabilitação permitindo a expressão da Identidade.

Linha da Criatividade: a conexão com a criança interior propicia a expressão os potenciais de forma criativa promovendo, assim, o processo de diferenciação evolutiva. A identidade é fortalecida através de novas formas relacionais com o ambiente. Resgatar esta capacidade de criação e autocriação é resgatar o sentimento por si mesmo, é resgatar a própria identidade. A Criatividade pode ser o

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primeiro passo para se tomar contato profundo com a própria identidade e com as capacidades criativas latentes.

Linha da Afetividade: Segundo Rolando Toro, a afetividade é expressão da identidade. As pessoas que têm uma identidade débil, são incapazes de amar; têm medo da diversidade. Os transtornos da autoimagem e autoestima, sentimentos de inferioridade ou de superioridade, impedem as expressões naturais da afetividade como o amor, o altruísmo, a amizade e a maternidade. Os indivíduos cuja identidade está alterada não conseguem “identificar-se” com outro, e seu comportamento é defensivo, intolerante ou destrutivo. A Biodanza através dos exercícios desta linha geram um sentimento de empatia. Em Biodanza percebemos uma identidade fortalecida, como aquela capaz de estabelecer vínculos cooperativos, tendo atuação baseada em redes afetivas.

Linha da Transcendência: Os exercícios da linha da Transcendência permitem uma nova percepção do Outro na medida em que nossa identidade se ilumina percebemos nosso semelhante com outra luz. O desenvolvimento da dimensão transcendente dá uma perspectiva interior, ampla e universal para perceber a realidade. A Transcendência em Biodanza propicia uma a transformação da percepção centrada no ego para uma percepção centrada na Identidade, ou seja, ir além da dominação do ego. Em tais condições, o praticante de Biodanza fortalece a sua Identidade suficientemente, de forma integrada, para alcançar os estados de consciência cósmica. Através do transe e regressão, a Biodanza proporciona uma vivência de profunda vinculação consigo mesmo, com os outros e com o cosmo modificando a matriz existencial.

“A identidade sexual, a identidade criativa e seletiva, a identidade afetiva e a identidade como identificação amorosa e cósmica são dimensões cada vez mais diferenciadas da identidade. Negar a própria identidade é uma perversão expressiva grave que conduz à destruição do indivíduo” (TORO).

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1.4.1 Critérios da Identidade Saudável

Rolando defende que Identidade saudável vai sempre unida a uma percepção corporal, de limites definidos, com tendência à autonomia. A percepção corporal e a percepção dos objetos mantêm coerência e unidade. Ele descreveu uma lista de critérios da Identidade Normal (Saudável), que descrevo abaixo. Associei a linha de vivência relacionada ao critério e apresento os critérios na ordem de integração das linhas de vivencia. No capítulo três, apresentarei com mais detalhes cada um destes critérios e associarei cada um deles ao programa desenvolvido para o grupo de prática.

Alto nível de Vitalidade - Vitalidade

Motricidade com equilíbrio, energia e sinergismo - Vitalidade

Capacidade de fuga frente a uma força superior - Vitalidade

Resposta em “feedback” com realidade - Vitalidade

Autodeterminação do limite de contato - Sexualidade

Capacidade de intimidade - Sexualidade

Capacidade criativa - Criatividade

Vivência de consistência - Criatividade

Capacidade para por limite à agressão externa - Vitalidade /Afetividade

Percepção do semelhante como único, diferente e com valor intrínseco - Afetividade

Ausência de espírito competitivo - Afetividade

Ausência de autoritarismo - Afetividade

Ausência de agressão gratuita - Afetividade

Percepção de si mesmo como criatura com valor intrínseco -Transcendência

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CAPÍTULO 2: O PROJETO VIDA RIO

2.1. Biodanza e Ação Social

“Andar de mãos dadas é um ato revolucionário”. (R.T)

“A Biodanza na ação social oferece meios de resgate da cidadania a partir do reforço da identidade individual, grupal, comunitária e cultural, favorecendo a noção de valor intrínseco e de importância dentro da sociedade. Resgata a potência de agir no mundo e modificar realidades opressoras a partir de uma noção vivencial de dignidade” Myrthes Gonzalez - Psicóloga e Facilitadora de Biodanza

O termo "ação social" foi introduzido por Max Weber, em sua obra Ensaios de Sociologia - Obra transcrita de seu discurso em um congresso na Universidade de Heidelberg. Ação social refere-se a qualquer ação que leva em conta ações ou reações de outros indivíduos e é modificada baseando-se nesses eventos. È todo comportamento cuja origem depende da reação ou da expectativa de reação de outras partes envolvidas. Essas “outras partes” podem ser indivíduos ou grupos, próximos ou distantes, conhecidos ou desconhecidos por quem realiza a ação.

A ideia central da ação social é a existência de um sentido na ação: ela se realiza de uma parte (agente) para outra. É uma atitude sobre a qual recai ao menos um desejo de intercâmbio, de relacionamento. Como toda relação social, é determinada não só pelos resultados para o agente, mas também pelos efeitos (reais ou esperados) que pode causar ao outro.

De acordo com a análise acima descrita, a Biodanza, por si só é um agente de Ação Social, pois ela gerará impacto em qualquer grupo social que ela venha atuar, trazendo modificações na estrutura social.

Neste capítulo, vamos falar de Biodanza e Ação Social no contexto um grupo social em risco, em um ambiente hostil, que descreverei mais adiante neste capítulo. A prática da Biodanza faz despertar a empatia, o afeto, a capacidade solidária e a indignação frente ao desrespeito e à opressão.

A Biodanza nos brinda como ferramenta altamente eficaz para o resgate da dignidade, através do fortalecimento da identidade. Conforme descrito no capitulo

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anterior, a identidade em Biodanza está relacionado com a presença singular no mundo, com o convívio, e com a percepção de valor próprio. Estas questões estão diretamente vinculadas com a dignidade.

A Biodanza é uma oportunidade de proporcionar a este grupo em risco social, um ambiente enriquecido favorecendo o desenvolvimento de suas potencialidades. Muitas vezes, a Biodanza será uma oportunidade única, em toda a sua existência, de encontro com ecofatores posItivos. O desenvolvimento evolutivo de cada indivíduo cumpre-se à medida que os potenciais genéticos encontram oportunidades para expressar-se através da existência.

Os fatores ambientais que determinam a expressão do potencial genético denominam-se "ecofatores". Os ecofatores podem ser positivos ou negativos segundo permitam a expressão de potenciais ou os bloqueiem. A Biodanza gera, por meio de exercícios e danças, campos específicos muito concentrados para estimular os potenciais genéticos. Uma sessão de Biodanza é um bombardeio de ecofatores positivos sobre a função integradora-adaptativa-límbico-hipotalâmica.

A partir da consciência de si mesmo, da descoberta do corpo como fonte de prazer e da noção de ser diferente e através das vivências de Biodanza o participante tem a oportunidade de reconhecendo seu valor, seus potenciais assim como de reconhecer valor e os potenciais dos demais. Deixa de aceitar a privação como algo normal e é estimulado a protagonizar ações de mudança no estilo de vida pessoal e da comunidade.

Segundo Myrthes Gonzalez (2007) são aspectos relevantes deste processo:

• Expressão cultural: A identidade do grupo se traduz por sua manifestação cultural. É essencial observar, respeitar e validar a cultura de cada população.

• A singularidade cada ser humano: Não existe ninguém igual ao outro. O conceito de identidade, visto pela Biodanza, passa pelo resgate da sacralidade integrada com a vida.

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• A dignidade: Resgatar a dignidade significa o retomar a certeza que pelo simples fato de existir um ser humano deve ter a condição plena de cidadão.

• Sentimento de potência: A Biodanza estimula a percepção de si como seres potentes e capazes de mudança e ação concreta no mundo.

• Capacidade de adaptação: A capacidade de adaptação e ao mesmo tempo de mudança, desenvolvidas principalmente pelo que chamamos em Biodanza, de capacidade de fluidez.

• Uma reflexão profunda sobre os próprios valores e lugar no mundo: Através da ampliação dos horizontes de percepção, é possível estabelecer uma visão reflexiva sobre valores e formas de estar no mundo, permitindo vislumbrar novas possibilidades tendo o contato com o potencial criativo e solidário como instrumentos de transformação.

2.2. Parceria com a Agência do Bem

A Agência do Bem é uma ONG que tem como foco de atuação comunidades consideradas de baixa renda e de baixo desenvolvimento humano, caracterizadas pela falta de infraestrutura urbana e pela ausência de serviços públicos de qualidade. Nesses territórios, geralmente situados em áreas periféricas e de difícil acesso, os moradores sofrem o estigma da desordem, da sujeira e da violência, tendo negados seus direitos básicos de cidadania.

Agência do Bem está instalado na Comunidade Beira Rio, no bairro de Vargem Grande desde 2005. Neste local, instalou seu primeiro polo de ação social. Ao longo dos anos, diversas ações foram realizadas e novos projetos foram implementados nas áreas de educação, saúde, arte, cultura, segurança alimentar, comunicação e mobilização comunitária, defesa de direitos, entre outros.

Em 2010, a Agência do Bem iniciou um processo de expansão abrindo novos pólos de atuação na região da Zona Oeste, também em parceria com entidades locais, em Vargem Pequena e na Cidade de Deus.

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O segundo polo de atuação da Agência do Bem foi inaugurado no primeiro semestre de 2010, em Vargem Pequena, em uma comunidade chamada Novo Palmares. Já no segundo semestre de 2010, a Agência do Bem expandiu este mesmo projeto para a Cidade de Deus, em parceria com a ONG Casa de Santana.

Segue abaixo um quadro demonstrativo de vários projetos realizados pela Agência do Bem em seus três polos de atuação:

2.3. Avaliação Preliminar do Contexto Social

O Projeto Vida Rio tem por objetivo atuar na Comunidade Beira Rio, primeiro polo de atuação da Agência do Bem. Trata-se de uma comunidade pequena com cerca de 2.500 pessoas. O perfil socioeconômico da comunidade em nada difere do alarmante quadro de outras milhares de comunidades pobres do país. Segundo o levantamento do Índice de Desenvolvimento Humano, realizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, com base nos Censos Demográficos do IBGE de 1991 e 2000, a região está classificada em 116º lugar, entre 126 bairros analisados. Há que se considerar ainda que esses números estão agregados, ou seja, o bairro de Vargem Grande como um todo ocupa a 116ª, a comunidade Beira Rio, se vista de forma isolada, certamente ocuparia uma posição ainda pior.

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2.4. Apresentação do Projeto Vida Rio

O Projeto Vida Rio tem por objetivo realizar Oficinas de Biodanza e atividades complementares com a finalidade de desenvolver os potenciais individuais dos participantes, aumentando neles a autoestima, fortalecimento do vínculo familiar, fortalecimento da identidade, melhorando a qualidade de vida e prazer de viver. Acreditamos que esta prática, ao longo do tempo, gerará nos participantes uma diminuição da algumas características marcantes da comunidade como a violência doméstica, maternidade precoce, desorganização familiar. De uma forma global o objetivo da prática será uma melhora da Infra-estrutura Pisco-Social-Afetiva.

O projeto original visa atender diferentes faixas etárias: Crianças de Nível I (De 4 a 07 anos); Crianças de Nível II (De 08 a 11 anos); Adolescentes (De 12 a 17 anos); Adultos (A partir dos 18 anos).

Iniciei o projeto com a turma de Adultos, exercendo um trabalho voluntário, não remunerado. As aulas semanais, são realizadas às sextas-feiras das 14:00h as 16:30h. O primeiro grupo formado, que é o objeto desta monografia teve a duração de 13 meses com 02 períodos de programas distinto que explicarei no capítulo três.

O período de iniciação em Biodanza tem como objetivo entregar ao participante as “chaves para dança da vida”. Acredito de indizido neste período de iniciação, uma mudança na visão do mundo e da vida onde o participante tem a oportunidade de entrar em contato com a sua própria essência.

2.5. Objetivos Específicos do Projeto

O projeto Vida Rio tem objetivos específicos, segundo cada faixa etária, mas apresentarei aqui somente os objetivos específicos para o grupo de adultos, pois trata-se do objeto deste estudo.

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2.5.1. Expressão e Fortalecimento da Identidade

Fortalecer nos participantes a autoaceitação e aceitação no grupo para expressar-se diante de desafios ou situações que exijam clareza de limite, proporcionando capacitação para superação de medo e timidez e a segurança em si mesmo. Os execrcícios de Biodanza reforçam os circuitos da Identidade saudável o que elevam a autoestima, a consciência de si mesma e o desenvolvimento da autonomia. O sentir-se vivo “com outro” e, ao mesmo tempo, exaltado em suas próprias características.

2.5.2. Integração dos Potenciais Humanos

Integração significa coordenação das atividades de vários subsistemas para alcançar o funcionamento harmonioso de um sistema maior. Assim, por exemplo, a unidade funcional do organismo é realizada pela coordenação de três subsistemas: nervoso, endócrino e imunológico. Os potenciais se desenvolvem no indivíduo de acordo com estímulos internos (cofatores) e externos (ecofatores) recebidos durante a vida. Mediante a dança, a música e situações de encontro em grupo, a Biodanza ajuda no desenvolvimento dos potenciais humanos ao propiciar ecofatores positivos para a integração.

2.5.3. Mudança de Postura frente a vida

Ao aumentar a alegria e o prazer de viver, a Biodanza resgata a coragem, e a dignidade, conectando o indivíduo com seus desejos e necessidades mais íntimos, para realizá-los de forma integrada e sincera. Muitas vezes a carência altera a percepção da ser humano de sua condição no mundo. A experiência da fome, falta de higiene, falta de moradia faz com que elas considerem natural passar por estas privações. Através do resgate da dignidade, lhe é devolvido a condição plena de cidadão.

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