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ADMINISTRAÇÃO. Administração Interdisciplinar U413.08

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Academic year: 2021

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Administração

Interdisciplinar

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Autor: Prof. Manuel Meireles

Colaboradores: Prof. Flávio Celso Müller Martin Prof. Fábio Gomes da Silva

Administração

Interdisciplinar

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estratégia competitiva, instrumentos de gestão e indicadores. É graduado em Administração com ênfase em Análise de Sistemas pela Faculdade de Administração de São Paulo – FASP (1982), mestre em Administração de Empresas pela Universidade Paulista – UNIP (2000), doutor em Ciências na área de Gestão em Saúde pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina – Unifesp/EPM (2005) e doutor em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo – USP (2006). Como presidente de empresas e responsável pelo planejamento estratégico, percebeu a importância da interdisciplinaridade para as organizações, pois o fato de manejar um aspecto do empreendimento implica necessariamente mudanças em outras partes conexas.

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

M515a Meireles, Manuel

Administração interdisciplinar / Manuel Meireles. – São Paulo: Editora Sol, 2012

p. 188, il.

1.Administração. 2. Administração interdisciplinar. 3. Mercado de capitais. I. Título.

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Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças

Profa. Melânia Dalla Torre

Vice-Reitora de Unidades Universitárias

Prof. Dr. Yugo Okida

Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez

Vice-Reitora de Graduação

Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Profa. Melissa Larrabure

Material Didático – EaD

Comissão editorial:

Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio:

Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD

Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico:

Prof. Alexandre Ponzetto Revisão:

Juliana Maria Mendes Andréia Andrade

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Administração Interdisciplinar

APRESENTAçãO ...7

INTRODUçãO ...7

Unidade I 1 RACIONALISMO TÉCNICO ...9

1.1 Estudo de caso: equipe de vendas ... 14

1.2 Interdisciplinaridade ... 15 2 CUSTOS E LOGÍSTICA ... 16 2.1 Redução de custos ... 16 2.2 Custos logísticos ... 21 2.3 Interdisciplinaridade ... 23 3 ACIDENTES DE TRABALHO ... 24 3.1 Entendimento jurisprudencial ... 25

3.2 Cipa – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes ... 27

3.3 EPI – Equipamento de Proteção Individual ... 30

3.4 Análise de Acidente de Trabalho ... 33

3.4.1 O Método Árvore de Causas (ADC) ...33

3.5 Estudo de caso: acidente na empresa ... 36

3.6 Interdisciplinaridade ... 40

4 CUSTOS AMBIENTAIS ... 40

4.1 Conceitos de custos e custos ambientais ... 41

4.2 Identificação de custos ambientais ... 43

4.2.1 Despesas e perdas ambientais ...44

4.2.2 Ativos ambientais ...44

4.2.3 Passivos ambientais ...45

4.3 Prática de gestão da responsabilidade socioambiental ... 45

4.3.1 Gestão da responsabilidade socioambiental ...49

4.3.2 Planejamento das ações...50

4.3.3 Execução das ações ... 51

4.3.4 Controle das ações ...52

4.3.5 Ações corretivas ...53

4.4 Estudo de caso: gestão socioambiental ... 53

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5.2 Tomada de decisão ... 69

5.2.1 Tomada de decisão ... 70

5.2.2 Etapas do Modelo Racional de Tomada de Decisão ... 70

5.2.3 Estabelecer os pesos ...74

5.3 Estudo de caso: escolha de um carro ... 81

5.4 Interdisciplinaridade ... 87 6 LóGICA PARACONSISTENTE ... 87 6.1 Operações da inteligência ... 87 6.2 Tipos de lógica ... 89 6.3 Lógica formal ... 90 6.4 Lógica paraconsistente ... 91 6.4.1 Plano cartesiano ...92 6.4.2 Redes lógicas ...97

6.4.3 Sensores para crença e descrença...98

6.5 Estudo de caso: processo criativo ... 99

6.6 Interdisciplinaridade ...104

7 MERCADO DE CAPITAIS ...105

7.1 Investimentos no mercado de capitais ...106

7.2 Como o mercado funciona ...107

7.3 Escolas de investidores ...112

7.3.1 A escola fundamentalista ...112

7.3.2 A escola técnica ...117

7.4 Premissas das escolas ...122

7.5 Técnicas para seleção de ações ...125

7.6 Filosofia orientativa de atuação na Bolsa ...126

7.7 Quase todo especulador toma decisões irracionais ...128

7.8 Estudo de caso: a filosofia do dançarino ...130

7.9 Interdisciplinaridade ...131

8 INFORMAçãO E MERCADO DE CAPITAIS ...132

8.1 Regras para seguir ...132

8.2 Necessidade de informação ...134

8.3 Bolsas & Bolsas ...135

8.4 BDI ...136

8.4.1 Índices de ações ... 137

8.4.2 Assembleias ... 140

8.4.3 Demonstrações financeiras ... 143

8.4.4 Cotações ... 144

8.4.5 Empresas concordatárias e em recuperação judicial ... 146

8.4.6 Direitos e Recibos ... 147

8.4.7 Segmento de BM&F ... 147

8.5 Estudo de caso: é possível viver de dividendos? ...148

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eliminando compartimentos estanques, limitadores do ato de educar. Estamos diante da complexidade a qual exige novas maneiras de perceber, nova postura e novo parâmetro de pensar. O complexo nos convida a um novo modo de pensar e a uma ordem nova, de grande beleza, profunda, irreversível (WERNECK, 1998, p. 20).

Esta disciplina tem como objetivo geral percorrer o conceito de aprendizado multidisciplinar e chama a atenção para as diferenças dos aspectos e das teorias e processos da Administração, entre outros assuntos. A diversidade de tópicos mostra o caráter da presente disciplina, que objetiva um diálogo interdisciplinar, verificando áreas de intersecção, de complementação e de transferência de conhecimento no campo da Administração.

A presente disciplina é útil para o estudante das áreas de Administração e Contabilidade na medida em que explora conceitos do cotidiano do profissional, chamando a atenção para o fato de que “interdisciplinaridade não se ensina nem se aprende, apenas vive-se e exerce-se” no dizer de Fazenda (1996). Acreditando que a prática é fundamental, o presente curso contém inúmeros desafios que devem ser enfrentados pelo aluno.

Introdução

A Unidade I começa abordando o racionalismo técnico, chamando a atenção para os aspectos da eficácia e da eficiência que se baseiam na redução de custos (Tópico 2) hoje fundamentalmente buscada na Logística. O terceiro tópico chama a atenção para aspectos relacionados a acidentes de trabalho e discorre sobre a análise de acidente de trabalho por meio do Método Árvore de Causas. Por fim, são abordados os custos ambientais e destaca-se a prática de gestão da responsabilidade socioambiental.

A Unidade II inicia-se tratando da decisão multicritério por meio do software T-ODA e segue discorrendo sobre outro tipo de tomada de decisão, desta vez por meio da Lógica Paraconsistente. Uma aplicação desse tipo de decisão é exibida no tópico “Mercado de capitais”, que mostra como o mercado funciona e também apresenta técnicas para seleção de ações, além de discorrer sobre a racionalidade do investidor. Por fim, complementando esse tópico, mostra-se como o aluno pode obter informações completas sobre o mercado de capitais (por meio do BDI).

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Unidade I

Nesta unidade convido-o a discutir alguns tópicos e conceitos referentes à disciplina Administração Interdisciplinar, que busca desenvolver a reflexão sobre a comunicação entre disciplinas e possibilitar aos alunos atividades práticas nas quais possam vivenciar os conteúdos abordados. Essa disciplina trata também de provocar a reflexão sobre a diversidade de tópicos na área da Administração e da forma como estes se inter-relacionam.

Os tópicos que a disciplina aborda, portanto, são multifacetados, mostrando o cariz (aspecto) da Administração como interdisciplinar. A disciplina percorre o conceito de aprendizado multidisciplinar abordado por Tarapanoff (2010), chama a atenção para as diferenças (BIANCHETTI e FREIRE, 2010), considera os aspectos das teorias e processos da Administração (CARAVANTES, PANNO e KLOECKNER, 2010), aborda reflexões e racionalidade (ALARCãO, 2001), entre outros assuntos. A diversidade de tópicos mostra o caráter da presente disciplina, que, de fato, objetiva um diálogo interdisciplinar, verificando áreas de interseção, de complementação e de transferência de conhecimento no campo da Administração.

Cabe observar que não existe um conceito único para interdisciplinaridade. Lück (2002)1 afirma

que a interdisciplinaridade não é a superação apenas de uma visão fragmentada das disciplinas, mas também da realidade, e atribui como causa dessa visão fragmentada o racionalismo técnico.

observação

Racionalismo é uma forma de pensamento que se preocupa em procurar, estabelecer e propor caminhos fundamentados na lógica, na razão para alcançar determinados fins.

1 rACIonALIsMo tÉCnICo

Pode-se afirmar que a Administração de Empresas orienta-se pela busca de eficácia e eficiência. Processos e projetos são pensados e repensados de forma que alcancem seus objetivos (eficácia) com o menor uso possível de recursos (eficiência), sejam estes humanos, patrimoniais, tecnológicos ou informacionais. Ser eficaz e eficiente é ser racional, orientar-se pela razão.

O racionalismo técnico é uma proposta econômico-administrativa que busca prover a eficiência com a concomitante redução de custos. Daí a visão anatômica da organização em termos formais, isto é, a síntese dos diferentes órgãos que compõem a estrutura organizacional, suas relações formais (que podem ser vistas no organograma) e suas funções (atividades) dentro do todo, que assegurem a máxima eficiência.

1 “Lück (2002)” é uma forma de exprimir que esse autor (Lück), em um trabalho publicado em 2002, o qual está

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Uma visão anatômica da organização considera apenas os seus órgãos, seus departamentos. Um órgão é um conjunto de pessoas que tem um chefe e cumpre uma dada função. Qualquer divisão da empresa, por menor que seja, é um departamento. É o que afirma a teoria da departamentalização, que é mais uma forma de especialização: as pessoas são agrupadas em departamentos.

observação

Estrutura é a forma como as pessoas se ligam umas às outras na organização. A estrutura empresarial é expressa pelo organograma. À parte física da empresa, isto é, às instalações e máquinas, pode-se dar o nome de infraestrutura.

A divisão do trabalho como forma de obter mais eficiência está descrita por Smith no primeiro capítulo de A Riqueza das Nações que aborda a descrição do funcionamento de uma manufatura de alfinetes.

Princípios gerais de administração

Organização

formal eficiênciaMáxima Divisão do trabalho Especialização Unidade de comando Amplitude de controle

Figura 1 – Abordagem prescritiva e normativa da teoria clássica

Em nome de uma maior eficiência, a Administração cria funções (por exemplo: Marketing, Produção, Vendas, RH, Logística, entre outras). Henri Fayol (1841-1925) expôs sua Teoria de Administração no livro Administration lndustrielle et Générale, publicado em 1916, que o elevou à condição de um dos maiores colaboradores da Teoria Administrativa. Fayol (1975) apontava as seguintes funções na Administração:

• técnicas (produção, fabricação ou transformação); • comerciais (compra e venda, mercadologia); • financeiras (procura e gerência de capitais);

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Revisão: Juliana - Diagr amação: Már cio - 30-1 0-20 12 • contábeis (inventários, balanços, custos e estatísticas); • administrativas (previsão, organização, comando, coordenação e controle).

A evolução da Teoria da Administração, sempre em busca da maior eficiência, culminou naturalmente em apresentar um conjunto de disciplinas, já que a especialização contribui para a eficiência. Segundo Alarcão (2001), a educação está fortemente marcada pela disciplinaridade (divisão em disciplinas), o que dificulta a preparação para viver a complexidade contemporânea, não potencializando o desenvolvimento global do ser humano.

Uma abordagem prescritiva e normativa significa uma forma de descrever a organização como esta deveria funcionar, uma espécie de “receituário”, sem explicações sobre o seu funcionamento. A abordagem normativa e prescritiva da Teoria Clássica2, basicamente a de Taylor e Fayol, fundamenta-se

em princípios gerais de Administração, uma espécie de descrição de como o administrador deve proceder em todas as situações organizacionais.

Princípios Gerais da Administração: basicamente expressam o pensamento de Taylor em Administração Científica. Esses princípios básicos são:

— cada trabalhador faria, de acordo com suas aptidões, a tarefa mais elevada possível;

— cada trabalhador deveria produzir em quantidade igual ou superior a um padrão estabelecido (com base na produção de um trabalhador hábil, não excepcional, da sua classe e no horário normal de trabalho);

— remuneração por unidade produzida.

Esses princípios gerais continham implicitamente os seguintes pressupostos: — planejamento, o que implicava substituir a improvisação pela ciência;

— decisão para selecionar os trabalhadores (além de máquinas, equipamentos e ambiente), treinando‑os para produzir mais e melhor;

— controlar cientificamente a produção, de acordo com as normais estabelecidas; — na execução, dividir atribuições e responsabilidades.

2 A Teoria Clássica se caracterizava pela ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente.

Partia da organização e da estrutura como um todo, para garantir a eficiência de todas as partes envolvidas, fossem elas departamentos, seções ou pessoas como executores de tarefas e ocupantes de cargos. A Teoria Clássica teve o seu início na França e 1916, tendo como fundador o francês Henri Fayol, engenheiro que se baseava em princípios e técnicas para o seu trabalho. Nos Estados Unidos, Taylor desenvolvia a Administração Científica, com ênfase nas tarefas, no operário em si. O objetivo principal das duas teorias era o mesmo: a busca da eficiência das organizações. (Fonte: <http://professorwellington. adm.br/tga16.html>. Acesso em: 15 out. 2012).

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Divisão do trabalho: para Adam Smith (1983), o sistema econômico é, na sua essência, uma vasta rede de inter-relações de produtores especializados, fundamentada na propensão (tendência) à troca, ao intercâmbio e à transação. O trabalho é dividido em várias etapas, buscando-se, por meio da simplicidade de cada tarefa, aumento de produtividade e remuneração proporcional ao volume produzido. A divisão do trabalho leva ao aumento da produtividade, e, portanto, ao aumento do volume da produção.

observação

Enquanto produção é a medida do que foi produzido num

certo tempo (exemplo: uma fábrica produz oitenta camisas ao dia), produtividade considera os fatores (causas) da produção. Fatores típicos são máquinas e homens. Uma fábrica com quatro máquinas e dez homens tem produtividade de vinte camisas/máquina-dia e oito camisas/homem-dia. A produtividade também se expressa em hora-máquina ou homem-hora. Elevá-la quer dizer aumentar a produção do fator no mesmo período.

Especialização: para Taylor, a especialização elimina todos os elementos estranhos, a fim de que a atenção esteja concentrada na tarefa essencial. A divisão do trabalho consiste em uma especialização para aumentar a eficiência.

Unidade de comando: o agente deve receber ordens de um único chefe e, para tal, deve estar vinculado a um determinado departamento.

observação

Para elevar a eficiência da empresa, procede-se à departamentalização, reunindo-se as pessoas em grupos com funções específicas. Esses grupos são denominados de: departamentos, unidades, plantas, fábricas, divisões, seções, setores, chefias, diretorias etc. Lamentavelmente, não há uniformidade nessa nomenclatura.

Amplitude de controle: ou amplitude administrativa ou ainda amplitude de supervisão refere-se ao número de subordinados que um chefe pode supervisionar pessoalmente, de maneira efetiva e adequada. Gerenciar de maneira efetiva significa ter um modo de agir que é, ao mesmo tempo, eficaz e eficiente. Ser eficaz quer dizer atingir o objetivo; ser eficiente quer dizer usar o menor número possível de recursos.

De acordo com Graicunas (1933), há três tipos de combinações de relações entre superiores e subordinados (considerando n = número de subordinados):

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relações simples diretas (superior com subordinado): a = n

relações cruzadas (subordinado com subordinado): b = n(n – 1)

relações grupais diretas (superior com qualquer combinação de subordinados): c n= .[2n + −n ]

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Organização formal: estruturada de acordo com normas e regulamentos escritos, rígidos, nos quais se estabelece uma hierarquia de autoridade e as responsabilidades são claramente definidas. Todas as organizações, públicas e privadas, com fins lucrativos ou não, constituem exemplos de organizações formais. A organização informal, geralmente, é formada por poucas pessoas, e seus objetivos não estão definidos de forma rígida nem são expressos por meio de algum documento. Também não possui um conjunto de regras e procedimentos escritos que determinam sua ação.

observação

Uma organização é um conjunto de pessoas que, balizado por crenças e valores, fazendo uso de recursos materiais e patrimoniais, busca um resultado. Às organizações cujo objetivo é o lucro, dá-se o nome de empresa.

Eficiência: podemos definir eficiência como a relação existente entre o resultado obtido e os recursos consumidos para consegui-lo. Trata de como fazer, não do que fazer. Outro conceito é o de eficácia: ser eficaz é atingir os objetivos propostos. A eficácia está ligada ao objetivo em si. Quando ao mesmo tempo se é eficaz (atinge-se a meta) e eficiente (faz-se uma boa utilização dos recursos), dizemos que se é efetivo.

saiba mais

A obra Iniciação à Teoria das Organizações, de Chiavenato (2010), mostra a necessidade de se conhecer a natureza das organizações, especialmente para quem pretende trabalhar nelas.

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1.1 estudo de caso: equipe de vendas

Neste estudo de caso, abordamos o conceito de amplitude de controle. Boussy (2011) afirma que é um eterno debate o tamanho certo de uma equipe comercial dirigida por um único chefe de vendas. Quando se justifica o tamanho, costuma-se fazer isso com base em experiências prévias, pouco ou maldefendidas ante os superiores.

A pergunta é: Qual é o número certo?

É nesse ponto que se pode recorrer a uma teoria matemática, o Teorema de Graicunas (francês), que demonstrou e quantificou o seguinte: conforme aumenta o número de subordinados, amplia-se geometricamente a complexidade das relações.

observação

Progressão geométrica é uma sucessão de números obtida, com exceção do primeiro, multiplicando-se o número anterior por uma quantidade fixa q, chamada razão. Admita-se o número inicial 3, com q = 2. A progressão geométrica seria: 3, 6, 12, 24... Difere da progressão aritmética, uma sequência numérica em que cada termo, a partir do segundo, é igual à soma do termo anterior com uma constante r. Admitindo-se o número inicial 3, com r = 2, a progressão aritmética seria: 3, 5, 7, 9, 11...

Esse teorema identifica três tipos de relações, como visto anteriormente:

relações simples diretas: se o chefe de vendas A tiver três vendedores (B, C e D), existirão três relações simples diretas (chamaremos de n o número de vendedores e de r o número de relações);

relações grupais diretas: existirão entre o chefe de vendas A e cada uma das combinações de subordinados, as quais serão, nesse caso, nove, a saber:

— A relaciona-se com: ‑ B em presença de C; ‑ B em presença de D; ‑ C em presença de B; ‑ C em presença de D; ‑ D em presença de B;

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Revisão: Juliana - Diagr amação: Már cio - 30-1 0-20 12 ‑ D em presença de C; ‑ B em presença de C e D; ‑ C em presença de B e D; - D em presença de B e C.

relações cruzadas: produzem‑se entre os vendedores que possuem um chefe comum; nessa hipótese, abaixo do chefe de vendas A, podem existir seis relações desse tipo entre os vendedores B, C e D, que seriam: — B com C; — B com D; — C com B; — C com D; — D com B; — D com C.

Para calcular o número de relações que se estabelecem em função do tamanho da equipe de vendas, Graicunas (1933) estabeleceu a seguinte fórmula:

c n= .[2n + −n ]

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Assim, para uma equipe de um chefe de vendas e um vendedor, o número de relações é 1; para uma equipe de dois vendedores, o número de relações é de 6; e para três vendedores, o número de relações corresponde a 18.

O que se conclui é que, a partir de oito, o número de relações é tão elevado (1.080) que se desaconselha, costumando-se recomendar seis como um número bastante adequado e sete como máximo. Com 18 vendedores a cargo de um chefe, o número de relações seria muito grande.

1.2 Interdisciplinaridade

Que disciplinas estão envolvidas nos assuntos apresentados?

Foram diversos os assuntos abordados neste tópico, a começar pela Escola Clássica da Administração, incluindo Princípios Gerais da Administração, divisão do trabalho, especialização, unidade de comando, amplitude de controle, organização formal e máxima eficiência.

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Esses assuntos remetem à Teoria da Administração, à Economia e à Gestão de Recursos Humanos. Cabe a esta gerir assuntos referentes a desenvolvimento de competências, remuneração, planejamento, recrutamento, seleção, treinamento, avaliação de desempenho, benefícios e relações trabalhistas, entre outros.

O caso apresentado ocupa-se do dimensionamento de uma equipe comercial dirigida por um chefe de vendas. Trata-se, objetivamente, de definir o número ideal de subordinados. Para se dar a resposta, recorreu-se ao Teorema de Graicunas, que quantifica a complexidade das relações. Nesse caso, temos, pelo menos, as seguintes disciplinas envolvidas:

Vendas ou Comercial: aplicação específica;Recursos Humanos: dimensionamento de subordinados;Sociologia e Psicologia: complexidade das relações;Matemática: análise combinatória e permutações;Decisão: critério para definir;Teoria da Administração: divisão do trabalho; especialização; unidade de comando; amplitude de controle. 2 Custos e LoGÍstICA

O presente tópico destaca a importância do porte da empresa na redução de custos e como a Logística pode contribuir também para isso.

2.1 redução de custos

De acordo com Porter (1986), a competição entre empresas intensificou-se de forma drástica ao longo das últimas décadas, em praticamente todas as partes do mundo. Poucos são os setores remanescentes em que a competição ainda não interferiu na estabilidade e na dominação dos mercados. Por razões de sobrevivência, as empresas tornam-se maiores.

saiba mais

Para conhecer mais sobre Michael Porter, leia o artigo de Andrei Lima, intitulado Michael Porter: o estrategista da academia. Disponível em: <http:// www.administradores.com.br/informe-se/artigos/michael-porter-o- estrategista-da-academia/20297/>. Acesso em: 24 set. 2012.

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Há algumas economias originadas pelo crescimento das empresas:

Economia de escala: por produzirem em maior quantidade, as empresas maiores conseguem ter um custo menor por unidade produzida.

Diz-se que há economias de escala quando o aumento do volume da produção de um bem por período reduz os seus custos. Esta redução pode se dar pela possibilidade de utilização de métodos produtivos mais automatizados ou mais avançados, mas também pode estar relacionada a ganhos em propaganda, marketing, P&D, financiamento, enfim, qualquer etapa da produção e comercialização. Até recentemente a ocorrência de economias de escala de grande porte era em geral associada à produção, por meio de processos contínuos, de insumos de uso generalizado, para os quais não cabe diferenciação de produto (POSSAS, 1993, p. 70-1).

observação

O Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) tem por objetivo criar e desenvolver novos produtos ou serviços.

Economia de escopo: nesse contexto, a palavra escopo tem o sentido de conteúdo, variedade. Segundo Pindyck e Rubinfeld (1992, p. 222), “economias de escopo estão presentes quando a produção conjunta de uma única firma é maior do que a produção que poderia ser obtida por duas firmas diferentes, cada uma produzindo um único produto”. A economia de escopo é também conhecida como economia de gama. Para Kupfer e Hasenclever (2002), a economia de gama ocorre, por exemplo, pela presença de matérias-primas comuns na fabricação de dois ou mais produtos, assim como de outras complementaridades na sua produção.

Suportar objetivos a longo prazo é uma vantagem destacada por Ansoff (1990),3 além da

rentabilidade a curto prazo. Os objetivos a longo prazo que uma empresa poderia buscar, quando se torna maior, seriam:

flexibilidade: refere-se à capacidade de ajustar-se às necessidades dos clientes. Por exemplo: uma empresa não flexível em horário faz entregas apenas de segunda a sexta; uma mais flexível pode entregar seus produtos aos sábados e domingos; uma empresa pouco flexível só vende peças em lotes mínimos de cem unidades; uma mais flexível vende de cinco em cinco unidades, e assim por diante.

3 Igor Ansoff é um autor clássico da literatura sobre estratégia. Nunes (2011) afirma que é o principal responsável

pela formulação do conceito de gestão estratégica, com base no trabalho desenvolvido por Alfred Chandler. O seu principal contributo para a gestão foi a criação do modelo ou Matriz Ansoff de planejamento estratégico, baseado na expansão e diversificação empresariais através de uma sequência de decisões. Na base do modelo estão os conceitos de análise de desvios – diferença entre o previsto e o realizado – e de sinergia – aproveitamento das competências combinadas de dois departamentos ou empresas.

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diversificação de riscos: uma empresa diversifica riscos quando amplia seus tipos de negócio: em linguagem coloquial, diz‑se que “não coloca todos os ovos na mesma cesta”;

estabilidade geral;

reputação: é a opinião do público em relação à empresa.

Essas oportunidades não são encontradas em pequenas empresas, que precisam concentrar seus recursos em objetivos mais imediatos.

Uma das formas de uma organização obter economia tanto de escala quanto de escopo e ter flexibilidade é por meio da logística.

É comum a ideia de que logística é o mesmo que transporte, mas esses termos têm significados diversos. Felizmente, a diferença está bem-traçada pela Fiesp (2011):

Logística é o processo de planejar, implementar e controlar eficientemente, ao custo

correto, o fluxo e armazenagem de matérias-primas e estoque durante a fabricação de produtos acabados, e as informações relativas a essas atividades, desde o ponto de origem até o local de consumo, visando atender aos requisitos do cliente.

Transporte é o deslocamento de bens de um ponto a outro da rede logística,

respeitando as restrições de integridade da carga e de confiabilidade de prazos. Não agrega valor aos produtos, mas é fundamental para que os mesmos cheguem ao seu ponto de aplicação, de forma a garantir o melhor desempenho dos investimentos dos diversos agentes econômicos envolvidos no processo (FIESP, 2011).

De acordo com Kotler e Armstrong (1999, p. 285), as empresas estão valorizando cada vez mais a logística, por várias razões, tais como: ser um elemento essencial no que se refere aos serviços prestados aos clientes; produzir consideráveis reduções de custos para a empresa e para os consumidores; a imensa variedade de produtos, criando a necessidade de um aprimorado gerenciamento de logística; e, por fim, o aprimoramento da Tecnologia da Informação, criando a oportunidade de maior eficiência na distribuição.

Para Fleury (2000), a relação entre as várias áreas funcionais de logística com um contexto de integração pode ser representada por meio de um conjunto de trade-offs (“escolhas forçadas”) entre as atividades que compõem todo o contexto de logística. Na Figura 2, essas relações estão representadas por um conjunto de setas relacionando tais atividades.

observação

Área funcional corresponde a departamento na organização. As áreas funcionais mais comuns são: Produção, Finanças, RH, Marketing, Comercial, Jurídica, Contábil etc.

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Figura 2 – Representação da relação entre as áreas funcionais com o conceito de Logística Integrada

Lembrete

Trade-off tem, entre outros sentidos, o de “escolha forçada”. Por exemplo: um restaurante tem de optar por uma clientela de luxo ou por uma popular, pois não pode ter as duas.

A logística de suprimentos ocupa-se da matéria-prima e dos insumos. Considera o desenvolvimento, a especificação e o projeto do produto, a previsão de demanda (quanto os clientes devem comprar), o planejamento das necessidades de novas fontes de fornecimento, as compras, o recebimento, a estocagem de matérias-primas e componentes e seus respectivos controles (FLEURY 2000).

observação

Matéria-prima é o material processado para fabricar o produto, enquanto insumo é o bem ou serviço utilizado no processo de transformação (mão de obra, máquinas, instalações e outros).

A logística de produção é observada na etapa de transformação dos insumos em produto final. Inclui o planejamento, a programação e o controle da produção, e, em alguns casos, o planejamento dos

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recursos da distribuição, além de ocupar-se da estocagem: providencia estoque de produtos acabados, embalagem (unitização) e processo de pedidos (FLEURY, 2000).

saiba mais

Para saber mais sobre unitização, leia o artigo Unitização de carga, de Alan Simões. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/ informe-se/artigos/unitizacao-de-carga/32333/>. Acesso em: 24 set. 2012.

A cadeia de abastecimento, que vai até o consumidor final, inclui três grandes tipos de logística, como mostra a Figura 3.

Cadeia de abastecimento

Logística da produção Logística de suprimentos

Administração

de materiais Movimentação de materiais Distribuição física

Logística de distribuição Armazém Central Distribuidor atacadista • Suprimentos • Transportes • Armazenagem matéria-prima • Planejamento, programação e controle da produção • Estocagem em processo • Embalagem • Armazenagem produto acabado • Transportes • Processamento de pedido Planejamento e controle de estoques Planejamento dos recursos da distribuição Consumidor Montadora Varejo Centro de distribuição

Recebimento Fabricação Montagem Expedição

Almoxarifado de matérias-primas Armazenagem de produtos acabados Estocagem em processo Logística Fornecedores Terceiros

Figura 3 – Tipos de logística

A logística de distribuição e transporte ocupa-se do que foi produzido: efetua o planejamento da distribuição por meio de centros de distribuição, depósitos, atacadistas, varejistas, revendedores, lojas e representantes. Define as modalidades de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo e fluvial) e rotas (com utilização de roteirizadores) de transporte (próprio ou de terceiros), sendo responsável

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por todo o processo, desde a expedição, a partir da retirada dos estoques, até a entrega ao cliente final (consumidor) (FLEURY 2000).

observação

Roteirizadores ou Sistemas de Roteirização e Programação de Veículos são sistemas computacionais capazes de dar soluções para problemas de rotas e programação de veículos.

Lembrete

O termo cadeia de abastecimento (do inglês supply chain – que se pronuncia /suplai cheinn/) abrange todas as organizações do início ao fim da cadeia logística.

2.2 Custos logísticos

Machado e Rodrigues (2006) apresentaram um trabalho que discute os custos totais com logística sob a ótica da Teoria de Custos. Desenvolveram uma pesquisa em uma empresa de médio porte, em Goiás, com três unidades fabris e mais seis lojas. Foi um estudo de caso, com o objetivo de verificar como a contabilidade participa no processo de identificação e mensuração dos custos logísticos. Como resultado, observaram que a contabilidade pouco contribuía, naquela empresa, para a identificação, a mensuração e a comunicação dos custos logísticos, para fins de tomada de decisão. Além disso, perceberam que um dos principais entraves era a falta de integração entre os demais departamentos e a área contábil, fazendo que as informações fossem geradas tardiamente, prejudicando, assim, a gestão da empresa. Como provável solução para um maior e melhor tratamento dos custos logísticos, os autores sugeriram a formatação de um dos demonstrativos contábeis, a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE), na qual o gestor identificará de forma clara os custos logísticos, contribuindo para a formação da tomada de decisão.

A DRE refere-se a um dado período (por exemplo, um ano) e apresenta basicamente as seguintes contas: Receitas com Vendas

– Custo das mercadorias vendidas (ou dos produtos vendidos) = Lucro bruto

– Despesas (gerais, administrativas, financeiras, com vendas) = Lucro Líquido antes do Imposto de Renda (LAIR)

– Provisão para o Imposto de Renda (reserva do que deve ser pago como imposto) = Lucro líquido à disposição dos proprietários

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A Teoria dos Custos determina a forma de se produzir com custo mínimo. Aborda conceitos como: custo econômico, custo total, custo marginal e custo médio.

Machado e Rodrigues (2006) propuseram ainda que os custos associados à logística fossem criteriosamente apurados, como mostra o Quadro 1. Para os autores, a demonstração de resultados gerencial resultará em uma importante ferramenta para o gestor, na qual este verá com clareza as áreas logísticas que demandam maior custo, podendo analisar os dados e tomar medidas cabíveis à redução de custos, bem como providências para alcançar melhores resultados empresariais.

Quadro 1 – Custos logísticos nos processos

Custos de logística de abastecimento

Materiais nacionais: - Fretes

- Outros

Materiais importados: - Fretes

Custos de logística de planta (fábrica)

Custos dos produtos fabricados

Custos de manutenção de inventário

Custos financeiros Custos de propriedade Custos de riscos

Perdas com obsolescência Produtos defeituosos

Perdas no processo de logística Outros

Custo de TI e processamento de pedidos Custo de logística de distribuição

Custos decorrentes da movimentação de estoques Custos decorrentes da entrega de mercadorias a clientes Despesas com embalagem (vendas)

Transporte

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Custo de propriedade ou Custo Total de Propriedade (Total Cost of Owership) é o gasto total com planejamento, aquisição, operação e manutenção do produto.

Risco é a possibilidade de perda. Uma forma de evitar os custos de perdas é contratar seguros.

Obsolescência é a perda quando algo se torna obsoleto, ou seja, ultrapassado ou desatualizado.

saiba mais

O termo global sourcing significa fornecimento global e corresponde à adoção, pela empresa, de fornecedores de todo o mundo, especialmente para contratos de grande porte, o que tende a reduzir os preços e a aumentar a concorrência.

A obra Logística Empresarial no Brasil: tópicos especiais, de Razzollini Filho (2007), aborda temas como logística de resposta rápida, plataformas logísticas e práticas de global sourcing, que podem complementar o assunto do presente tópico. Essa obra está disponível na Biblioteca Virtual.

2.3 Interdisciplinaridade

As disciplinas envolvidas nos assuntos apresentados estão expostas a seguir:

Planejamento e Estratégia, Economia, Produção, Custos, Pesquisa de Mercado, Marketing e Vendas: referentes às economias de escala e de escopo;

Produção, Logística, Propaganda e Marketing, Relações Públicas, Segurança e Gestão do Relacionamento com o Cliente: referentes a flexibilidade, diversificação de riscos, estabilidade geral e reputação;

Logística, Custos, Gestão do Relacionamento com o Cliente, Tecnologia de Informação e Gestão de RH: para assuntos referentes ao nível do serviço; ao atendimento a clientes em relação a serviços prestados; a reduções de custos para a empresa e para os consumidores; à variedade de produtos; ao gerenciamento aprimorado de logística; e ao aprimoramento da Tecnologia da Informação;

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Gestão de Custos, Contabilidade, Logística e Tomada de Decisão: referentes a redução de custos, DRE, demonstrações contábeis e custos logísticos.

3 ACIdentes de trABALHo

Fundada em 1919 com o objetivo de promover a justiça social, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) é a única das agências do Sistema das Nações Unidas que tem estrutura tripartite, na qual os representantes dos empregadores e dos trabalhadores têm os mesmos direitos que o governo. Uma das funções mais importantes da OIT é estabelecer e adotar normas internacionais de trabalho sob a forma de convenções ou recomendações. Esses instrumentos são adotados pela Conferência Internacional do Trabalho, com a participação de representantes dos trabalhadores, dos empregadores e dos governos (OIT, 2012).

Segundo dados da OIT, que, desde 2003, adotou 28 de abril como Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, ocorrem anualmente 270 milhões de acidentes de trabalho em todo o mundo. Aproximadamente 2,2 milhões deles resultam em mortes. No Brasil, são 1,3 milhão de casos, que têm como principais causas o descumprimento de normas básicas de proteção aos trabalhadores e más condições nos ambientes e processos de trabalho. De acordo com estudo da OIT, o Brasil ocupa o quarto lugar em relação ao número de mortes, com 2.503 óbitos. O país perde apenas para a China (14.924), os Estados Unidos (5.764) e a Rússia (3.090) (CAUSA OPERÁRIA ON-LINE, 2009).

De acordo com Pantaleão (2011a),

Acidente do trabalho é aquele que ocorre no exercício de atividade a serviço da empresa e provoca lesão corporal ou perturbação funcional, que pode causar a morte, a perda ou a redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho (PANTALEãO, 2011a).

Ainda de acordo com esse autor:

Consideram-se, também, como acidente do trabalho:

• A doença profissional ou do trabalho, produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade;

• Acidente típico, que é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa;

• Acidente de trajeto, que é aquele que ocorre no percurso do local de residência para o de trabalho ou desse para aquele, considerando a distância e o tempo de deslocamento compatíveis com o percurso do referido trajeto (PANTALEãO, 2011a).

Um exemplo de trabalho peculiar é a atividade de digitador, cuja prática constante causa a Lesão por Esforço Repetitivo (LER).

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Para Pantaleão (2011a), “o prejuízo material decorrente do acidente de trabalho se caracteriza pela diminuição das possibilidades em obter os mesmos rendimentos por meio da força de trabalho de que dispunha o empregado antes do fato ocorrido”. Anota-se que “essa redução diz respeito à profissão ou ofício então desenvolvidos”, não a qualquer atividade remunerada (art. 950, Código Civil de 2002).

O autor prossegue:

O dever de indenizar surgiu da teoria do risco gerado, ou seja, se é o empregador quem cria o risco através de sua atividade econômica (empresa), a ele caberá responder pelos danos causados, independente de dolo ou culpa. A este contexto atribuímos a teoria da responsabilidade objetiva.

Assim dispõe o art. 927 do Código Civil ao determinar que haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano (empregador) implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Se o empresário se propõe a estabelecer uma empresa que pode oferecer riscos na execução das atividades, se contrata pessoas para executar estas atividades e se os benefícios (lucros) gerados a este (empregador) devem ser atribuídos, logo, o risco do negócio, assim como os resultantes dos acidentes, também deverão ser por ele suportados.

Por outro lado, há entendimento de que se deveria aplicar, nestes casos, a teoria da responsabilidade subjetiva, ou seja, somente após comprovar que houve dolo ou culpa do empregador é que lhe imputaria a responsabilidade pelo acidente e, consequentemente, o dever de indenizar.

[...]

Como se pode observar, há uma norma constitucional direcionando para a responsabilidade subjetiva e uma norma infraconstitucional direcionando para a responsabilidade objetiva.

Fonte: Pantaleão (2011a).

observação

Dolo é uma ação feita com a intenção de prejudicar ou fraudar outro propositadamente.

3.1 entendimento jurisprudencial

Pantaleão (2011a) afirma que tal como em diversos outros assuntos trabalhistas, “a questão fica para ser solucionada pelo entendimento jurisprudencial”, em que os juízes tomam as decisões diante dos fatos probatórios apresentados no processo.

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Entendimento jurisprudencial é a forma como os juízes entendem certas partes da lei, geralmente não muito claras, bem como as decisões que tomam em função disso.

Continua o autor:

Ora pode-se comprovar que houve culpa do empregado no acidente de trabalho pela falta de cuidado ao manusear o equipamento ou executar a tarefa, mesmo com todas as orientações e treinamentos necessários, ora pode-se comprovar que houve culpa do empregador que, por não observar as normas de segurança ou por obrigar o empregado a laborar frequentemente em horas extras, causando-lhe desgaste físico e mental, proporcionou o acidente (PANTALEãO, 2011a).

Portanto, acidentes podem ser causados pela falta de manutenção nos equipamentos ou até pelas condições físicas do empregado, por exaustão decorrente de jornadas de trabalho muito longas e distração ocasionada pela monotonia da atividade.

Pantaleão (2011a) também afirma:

Assim, o acidente do trabalho, por si só, é insuficiente para gerar a obrigação indenizatória por parte do empregador, pois, somente se verificará a obrigação de ressarcir os danos quando na investigação da causa, ficar comprovado que este dano é consequência direta e imediata (nexo de causalidade) de uma atuação dolosa ou culposa do empregador (PANTALEãO, 2011a).

Esse autor destaca também que “a Constituição Federal dispõe em seu artigo 7º, inciso XXVIII, que é direito dos trabalhadores o seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa” (PANTALEãO, 2011a).

Pantaleão (2011a) explica ainda que “o dolo é a intenção de agir contra a lei ou contrariamente às obrigações assumidas; agir de má‑fé, é enganar mesmo com pleno conhecimento do caráter ilícito do próprio comportamento”, enquanto “a culpa é a negligência, a falta de diligência (cuidado) necessária na observância de norma de conduta, isto é, não prever o que é previsível, porém sem intenção de agir ilicitamente e sem conhecimento do caráter ilícito da própria ação”.

Quando ocorre um acidente de trabalho, este deve ser comunicado.

A Lei nº 8.213/91 (BRASIL, 1991) determina, no seu artigo 22, que todo acidente do trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado pela empresa ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), sob

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pena de multa em caso de omissão. Cabe ressaltar a importância da comunicação, principalmente o completo e exato preenchimento do formulário, tendo em vista as informações nele contidas, não apenas dos pontos de vista previdenciário, estatístico e epidemiológico, mas também do trabalhista e do social.

3.2 Cipa – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

A legislação sobre segurança, higiene e saúde do trabalhador no Brasil é relativamente nova. Após a edição do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, que criou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), são fatos marcantes:

• criação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), por meio do Decreto‑Lei nº 7.036, de 10 de novembro de 1944;

• criação da Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, hoje Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), instituída pela Lei nº 5.161, de 21 de outubro de 1966 (BRASIL, 1966); • integração do seguro de acidentes do trabalho à previdência social, por meio da Lei nº 5.316, de 14 de setembro de 1967; • criação obrigatória dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho pelas empresas, por meio da edição da Portaria nº 3.237, de 17 de julho de 1972; • aprovação das Normas Regulamentadoras (NR) do Capítulo V, título II da CLT, por meio da Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978 (MTE, 1978);

• edição da Portaria nº 8, de 23 de fevereiro de 1999 (MTE, 1999), que alterou a Norma Regulamentadora nº 5 (NR 5) – Cipa.

De acordo com a NR 5, conforme texto dado pela Portaria SSST nº 8, de 23 de fevereiro de 1999 (MTE, 1999), a Cipa “tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador”.

Diniz (2010) afirma que

muitas pessoas acham que a Cipa é invenção brasileira, mas não é: ela surgiu de uma recomendação da OIT (Organização Internacional do Trabalho), em 1921 e transformou-se em determinação legal no Brasil no ano de 1944. E só depois de vinte e três anos surgiu um decreto-lei 7.036, artigo 82 com caráter obrigatório nas empresas com mais de 100 funcionários (DINIZ, 2010).

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A NR 5 (MTE, 1999), alterada por algumas portarias, determina que

a Cipa será composta de representantes do empregador e dos empregados [...]. Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por eles designados. Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados [...]. O mandato dos membros eleitos da Cipa terá a duração de um ano, permitida uma reeleição (MTE, 1999, p. 1).

Os membros da Cipa adquirem uma determinada estabilidade, já que a NR 5 (MTE, 1999) dispõe que:

É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato. Serão garantidas aos membros da Cipa condições que não descaracterizem suas atividades normais na empresa, sendo vedada a transferência para outro estabelecimento sem a sua anuência, ressalvado o disposto nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 469, da CLT (MTE, 1999, p. 2).

A CLT é a legislação que rege as relações de trabalho, individuais ou coletivas, e foi instituída pelo governo de Getúlio Vargas por meio do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.

O artigo 469 da CLT determina que “ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio” (BRASIL, 1943). Os parágrafos aos quais a NR 5 se refere determinam:

§ 1º – Não estão compreendidos na proibição deste artigo os empregados que exerçam cargos de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço;

§ 2º – É lícita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado (BRASIL, 1943).

A Cipa, de acordo com a NR 5 (MTE, 1999), tem por atribuição:

a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT [Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho], onde houver;

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b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho;

c) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho;

d) realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando à identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;

e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas;

f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho;

g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores; h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação

de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores;

i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO [Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional] e PPRA [Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais] e de outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;

j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho;

l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados (MTE, 1999, p. 2).

O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) está estabelecido no artigo 162 da CLT e é regulamentado pela NR 4, de 1983. Dependendo da quantidade de empregados e da natureza das atividades, o serviço pode incluir os seguintes profissionais: médico do trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico de enfermagem do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho e técnico de segurança do trabalho.

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3.3 ePI – equipamento de Proteção Individual

Vejamos o que diz Pantaleão (2011b) a respeito do Equipamento de Proteção Individual (EPI). O Equipamento de Proteção Individual (EPI) é todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção contra riscos capazes de ameaçar sua segurança e sua saúde.

O uso deste tipo de equipamento só deverá ser feito quando não for possível tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se desenvolve a atividade, ou seja, quando as medidas de proteção coletiva não forem viáveis, eficientes e suficientes para a atenuação dos riscos e não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho.

Os equipamentos de proteção coletiva (EPC) são dispositivos utilizados no ambiente de trabalho com o objetivo de proteger os trabalhadores dos riscos inerentes aos processos, tais como o enclausuramento acústico de fontes de ruído4, a ventilação dos locais de trabalho, a

proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, a sinalização de segurança, dentre outros.

Como o EPC não depende da vontade do trabalhador para atender suas finalidades, este tem maior preferência pela utilização do EPI, já que colabora no processo minimizando os efeitos negativos de um ambiente de trabalho que apresenta diversos riscos ao trabalhador.

Portanto, o EPI será obrigatório somente se o EPC não atenuar os riscos completamente ou se oferecer proteção parcialmente.

Conforme dispõe a Norma Regulamentadora 6, a empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:

a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;

b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e c) para atender a situações de emergência.

4 Enclausuramento acústico significa isolar a fonte de ruído. Nas indústrias observa-se a aplicação de softwares

e ferramentas especial para controle dos ruídos. O Cadna-Sak é uma ferramenta poderosa para calcular o ruído interno de plantas industriais. O ruído é calculado em função da potência sonora emitida pelas máquinas no chão de fábrica, e considerando a geometria do local.

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Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), ou à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), nas empresas desobrigadas de manter o SESMT, recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade.

Os tipos de EPIs utilizados podem variar dependendo do tipo de atividade ou de riscos que poderão ameaçar a segurança e a saúde do trabalhador e da parte do corpo que se pretende proteger, tais como:

• Proteção auditiva: abafadores de ruídos ou protetores auriculares; • Proteção respiratória: máscaras e filtro; • Proteção visual e facial: óculos e viseiras; • Proteção da cabeça: capacetes; • Proteção de mãos e braços: luvas e mangotes; • Proteção de pernas e pés: sapatos, botas e botinas; • Proteção contra quedas: cintos de segurança e cinturões.

O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação (CA), expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.

Dentre as atribuições exigidas pela NR 6, cabem ao empregador as seguintes obrigações: • adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade;

• exigir seu uso;

• fornecer ao trabalhador somente o equipamento aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;

• orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; • substituir imediatamente o EPI, quando danificado ou extraviado;

• responsabilizar‑se pela higienização e manutenção periódica; e • comunicar o MTE qualquer irregularidade observada.

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O empregado também terá de observar as seguintes obrigações: • utilizar o EPI apenas para a finalidade a que se destina; • responsabilizar‑se pela guarda e conservação;

• comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio ao uso; e • cumprir as determinações do empregador sobre o uso pessoal;

Os Equipamentos de Proteção Individual, além de essenciais à proteção do trabalhador, visando à manutenção de sua saúde física e proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho, podem também proporcionar a redução de custos ao empregador.

É o caso de empresas que desenvolvem atividades insalubres em que o nível de ruído, por exemplo, está acima dos limites de tolerância previstos na NR 15. Neste caso, a empresa deveria pagar o adicional de insalubridade de acordo com o grau de enquadramento, podendo ser de 10%, 20% ou 40%.

Com a utilização do EPI a empresa poderá eliminar ou neutralizar o nível do ruído, já que, com a utilização adequada do equipamento, o dano que o ruído poderia causar à audição do empregado5 será eliminado.

A eliminação do ruído ou a neutralização em nível abaixo do limite de tolerância isenta a empresa do pagamento do adicional, além de evitar quaisquer possibilidades futuras de pagamento de indenização de danos morais ou materiais em função da falta de utilização do EPI.

Entretanto, é importante ressaltar que não basta o fornecimento do EPI ao empregado por parte do empregador, pois é obrigação deste fiscalizar o empregado de modo a garantir que o equipamento esteja sendo utilizado.

São muitos os casos de empregados que, com desculpas de que não se acostumam ou que o EPI os incomoda no exercício da função, deixam de utilizá-lo e [...] passam a sofrer as consequências de um ambiente de trabalho insalubre.

Nestes casos o empregador deve utilizar-se de seu poder diretivo e obrigar o empregado a utilizar o equipamento, sob pena de advertência e suspensão num primeiro momento e, havendo reincidências, sofrer punições mais severas como a demissão por justa causa.

5 São inúmeros os danos que as pessoas sofrem quando submetidas a fontes de ruídos muito fortes. Os principais

efeitos negativos são: distúrbios do sono; estresse; perda da capacidade auditiva, surdez; dores de cabeça; alergias; distúrbios digestivos; falta de concentração e aumento do batimento cardíaco (MMA/IBAMA, 2010).

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Para a Justiça do Trabalho, o fato de comprovar que o empregado recebeu o equipamento (por meio de ficha de entrega de EPI), por exemplo, não exime o empregador do pagamento de uma eventual indenização, pois a norma estabelece que o empregador deva garantir o seu uso, o que se faz através de fiscalização e de medidas coercitivas, se for o caso.

Fonte: Pantaleão (2011b).

observação

No Brasil, em 2011, as principais causas de morte durante o trabalho foram: acidentes de trânsito, quedas de edifícios, exposição à corrente elétrica e o impacto causado por objetos lançados, projetados ou em queda (MELLO, 2012). 3.4 Análise de Acidente de trabalho

Binder e Almeida (1997, p. 750) afirmam que “os acidentes do trabalho ainda constituem importante problema de saúde pública em nosso país”.

Os autores afirmam ainda que:

Dada a gravidade do problema, assume grande importância a detecção a priori de riscos, isto é, antes que os acidentes aconteçam. Há vários métodos desenvolvidos com esta finalidade, cabendo destacar que, para sistemas de menor complexidade, o método de escolha é constituído pelas inspeções de ambientes e de condições de trabalho (MONTEAU e FAVARO, 1990b; MONTEAU, 1992), capazes de identificar perigos decorrentes, entre outros, de problemas de segurança de máquinas, postos de trabalho, layout,6

limpeza, ambiente físico, presentes – e visíveis – de maneira permanente nos ambientes de trabalho (BINDER e ALMEIDA, 1997, p. 750).

3.4.1 O Método Árvore de Causas (ADC)

Binder e Almeida (1997) com base em Cuny e Krawsky (1970) e Monteau (1980, 1983), afirmam:

Sua aplicação exige reconstrução detalhada e com a maior precisão possível da história do acidente, registrando-se apenas fatos, também denominados fatores de acidente, sem emissão de juízos de valor e sem interpretações, para, retrospectivamente, a partir da lesão sofrida pelo acidentado, identificar a rede de fatores que culminou no acidente de trabalho (AT) (CUNY e KRAWSKY, 1970; MONTEAU, 1980, 1983 apud BINDER e ALMEIDA, 1997).

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De acordo com Binder e Almeida (1997):

O método utiliza o conceito de variação, entendida como mudança ocorrida em relação ao funcionamento habitual do sistema (indústria, oficina etc.), considerada indispensável à ocorrência do acidente. Utiliza também o conceito de atividade, constituída de quatro componentes: indivíduo (I), considerado em seus aspectos físicos e psicofisiológicos; tarefa (T), entendida como a sequência de operações executadas pelo indivíduo e passível de observação; material (M), representado por máquinas, instrumentos, ferramentas, matérias-primas e insumos necessários ao desenvolvimento do trabalho; meio de trabalho (MT), entendido em seus aspectos físicos e em suas relações sociais (BINDER e ALMEIDA, 1997, p. 751).

Massoco (2008) afirma:

No Brasil foi adotado o Método Árvore de Causas de origem francesa que é utilizado para investigar as causas dos acidentes sem buscar os culpados, mas sim encontrar os fatores que provocaram o mesmo, sendo muito utilizado na investigação de acidentes ocorridos nos setores secundários e terciários (MASSOCO, 2008, p. 7).

saiba mais

Para conhecer melhor os setores primário, secundário e terciário, leia o artigo Setores da Economia, disponível em: <http://www.suapesquisa.com/ geografia/setores_economia.htm>. Acesso em: 2 out. 2012.

Leia, a seguir, o que diz Massoco (2008) a respeito do Método Árvore de Causas.

O Método Árvore de Causas foi criado no início dos anos 1970, pelo Institut National de Recherche et de Sécurité (INRS) na França. Ele surgiu através de pesquisas patrocinadas pela Comunidade Europeia do Carvão e Aço (Ceca) onde começaram os estudos buscando conhecimentos sobre fatores causais envolvidos na gênese dos acidentes de trabalho. Seus primeiros fundamentos foram apresentados no texto de Cuny e Krawsky de 1970 intitulado Pratique de l’analyse d’accidents du travail dans la perspective sócio-technique de l’ergonomie dês systémes (Prática de análise de acidentes de trabalho na perspectiva sociotécnica da ergonomia de sistemas). Em 1983 a publicação dos fundamentos do método foi difundida internacionalmente pela Encyclopaedia of Occupational Health and Safety e, em meados dos anos 1980, torna-se de domínio público (BINDER, ALMEIDA e MONTEAU, 2000).

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No ano de 1994, texto publicado pelo Diário Oficial da União em 2 de janeiro torna obrigatório o uso do Método Árvore de Causas para investigação de acidente do trabalho pelos membros das Cipas (BRASIL, 1994). A nova redação propõe a mudança dos termos ato inseguro e condição insegura e a substituição da busca por culpados por identificação de fatores causais de acidentes.

A nova redação também propõe a concepção de que o acidente de trabalho não é um acontecimento de natureza monocausal, e sim, pluricausal, demonstrando um avanço em relação à investigação de acidentes.

[...]

Organização e análise dos dados [...]

Os fatos habituais (o) são aqueles característicos da atividade efetuada pelo acidentando, configurando como rotineiros. Os fatos Variações (¡) são os que de alguma forma interferiram na rotina da atividade causando mudanças imprevistas que alteram o compasso de trabalho.

[...]

Construção da árvore

A representação do acidente [é] demonstrada através da construção da Árvore de Causas (ADC). A mesma [representa] a sequência gráfica e lógica do acidente. Sendo assim, para que ocorra a elaboração correta da árvore é necessário que as informações obtidas e a descrição do acidente sejam precisas, permitindo com isso sua reconstituição efetivamente real.

Para não ocorrerem erros de construção da árvore algumas configurações da mesma que podem ocorrer [...] são apresentados na Figura 4.

?

(38)

Revisão: Juliana - Diagr

amação: Már

cio - 30-1

0-20

12

No entanto, não devem existir configurações onde variações originem fatos habituais e formas habituais promovam variações. Para melhor exemplificar, observe a Figura 5.

Variação dando origem a uma foto habitual

Tudo ocorreu de forma habitual, não sugere variação

Dificilmente uma antecedente variação da origem a um fato habitual

Figura 5 – Configurações que não podem acontecer

Fonte: Massoco (2008, p. 42; 44; 50‑2).

saiba mais

Segurança, saúde e ergonomia é uma obra de Marta Wachowicz que aborda questões pertinentes à segurança e à saúde no trabalho.

O título está disponível na Biblioteca Virtual. 3.5 estudo de caso: acidente na empresa

Binder e Almeida (1997) apresentam o seguinte caso:

Sr. F., 40 anos, ajudante de limpeza da empresa há um ano e meio. Sua tarefa, realizada com o auxílio de um colega, consiste na retirada de tambores com resíduos e sucata em diversos setores da fábrica, habitualmente executada utilizando-se carreta tracionada por veículo motorizado (jipinho). Quando da ocorrência do acidente, o veículo estava em pane, aguardando conserto, há um mês. Por esta razão, vinha sendo utilizada uma carreta reserva com as seguintes características: 2,40 m de comprimento; 1,20 m de largura; 0,91 m de altura; quatro rodas com 0,20 m de diâmetro; peso de cerca de 100 kg (vazia) e tração manual. Deixada no pátio, sujeita a intempéries, tal carreta apresentava mau estado de conservação, com diversas equipes fazendo uso dela, sem designação de responsável e com manutenção genericamente atribuída aos ajudantes de limpeza.

Referências

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