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VILA METROPOLITANA, BRASÍLIA, DF CONFIGURAÇÃO URBANA E DIVERSIDADE SOCIAL

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Academic year: 2021

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Número de ISBN: 978-85-61693-03-9 1

VILA METROPOLITANA, BRASÍLIA, DF – CONFIGURAÇÃO URBANA E DIVERSIDADE SOCIAL

Reinaldo Germano dos Santos Júnior1 Frederico Rosa Borges de Holanda2 Gabriela de Souza Tenorio3

RESUMO

Este trabalho se detém num tipo peculiar de bairro de Brasília, criado de forma provisória durante sua construção – o acampamento de obra, também chamado de vila. Algumas vilas tiveram sua permanência assegurada na capital, mesmo após a sua inauguração, e um estudo recente mostrou que, em uma delas – a Vila Planalto, localizada bem próximo ao centro da cidade –, coexistem famílias com perfil de renda em proporção muito semelhante ao da população do Distrito Federal, situação que vai no sentido inverso da segregação socioespacial e da clara tendência atual de construção de guetos na cidade. Esta informação inspirou uma ampliação e aprofundamento da pesquisa para a Vila Metropolitana, onde se procedeu a um levantamento detalhado dos atributos arquitetônicos, para maior compreensão de como o desenho do lugar favorece a diversidade social. Um SIG foi utilizado para associar perfil de renda às características edilícias e locacionais, e as informações obtidas podem-se transformar em importantes subsídios para decisões no nível metropolitano.

PALAVRAS-CHAVE: Brasília, configuração urbana, diversidade social

INTRODUÇÃO

No plano vencedor do concurso para Brasília havia uma preocupação com a gradação social, e Lucio Costa sugeriu que as superquadras apresentassem diferenças de padrão que se

1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Email: reinaldogsjunior@gmail.com 2 Universidade de Brasília. Email: fredholanda44@gmail.com

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baseassem em maior ou menor densidade, em maior ou menor espaço destinado às famílias, em materiais e acabamentos requintados ou simples. Tudo isso dentro de um tipo edilício único: os edifícios de apartamentos de 6 andares sobre pilotis, com elevadores e, normalmente, garagens. A outra forma de moradia proposta no Plano Piloto original eram as habitações individuais nas margens do lago, que se destinariam a pessoas de maior poder aquisitivo.

No entanto, na época, estas variações sugeridas por Lucio para que as superquadras fossem o local onde todas as faixas de renda pudessem coexistir não foram levadas adiante. Optou-se por se manter, nelas, uma densidade na maioria das vezes uniforme, com edificações de padrão bem semelhante. Isso as destinou quase exclusivamente para pessoas das classes média e média-alta, e trouxe a necessidade da introdução de tipos edilícios no Plano Piloto que contemplassem cidadãos de renda um pouco mais modesta. Vieram, então, já na implantação da cidade, edifícios de 3 andares, geralmente sobre pilotis, sem garagens ou elevadores, bem como habitações individuais geminadas. Essa iniciativa não foi suficiente para evitar que as cidades-satélites se formassem simultaneamente à construção da capital do país, para abrigar todos aqueles que não tinham condições de viver nela, especialmente os que vieram aqui para construí-la.

Concomitante à construção de Brasília, outro tipo de ocupação também surgiu: o acampamento de obra (ou vila). Criado para alojar os vários tipos de trabalhadores necessários a empreendimentos de grande porte, possuía, via de regra, uma organização espacial que refletia a divisão social do trabalho, inserida num desenho urbano semelhante ao de uma cidade tradicional, com lotes de tamanhos variados, quase sempre destinados a habitações unifamiliares, estruturados por ruas de tamanhos e larguras também variados. Embora devessem ser desmontados após a obra que lhes justificou a existência, alguns desses assentamentos pioneiros, graças à luta de seus moradores, resistiram ao seu desmonte, e hoje têm sua permanência assegurada no tecido urbano de Brasília. Essas vilas passaram por muitas transformações, mas mantiveram seu traçado original. Apresentam, hoje, uma grande

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variedade de edificações, que vão das originais da época da construção (casas térreas, de madeira, mal conservadas), até sobrados novos materiais de acabamento sofisticados.

Um estudo recente (Holanda, 2007) buscou constatar que o preço inicial dos imóveis e os custos de manutenção variam com as características da edificação e do espaço urbano (e não necessariamente – ou apenas – com sua localização na cidade). Com isso, as propriedades locais do bairro – seu desenho, suas possibilidades e restrições à passagem e estacionamento de veículos, os tipos e as características internas e externas de seus edifícios – tornaram-se cruciais para estabelecer a relação entre arquitetura e poder aquisitivo de quem os habita. O estudo elaborou gráficos de perfil da população residente quanto ao nível de renda para cada bairro pesquisado em Brasília, e listou as características arquitetônicas de cada um. Com isso, trouxe uma interessante revelação: de todos os 8 bairros pesquisados, foi justamente uma vila a que apresentou maior variedade de moradores quanto a faixa de renda. De fato, a população da Vila Planalto revelou-se um microcosmo da realidade de renda de todo o Distrito Federal (DF): seu gráfico de “Distribuição de população por faixa de rendimento” mostrou-se extremamente semelhante ao gráfico do DF (figura 1).

Figura 1 – Gráficos de distribuição da população por faixa de rendimento da Vila Planalto e do Distrito Federal. Observar a grande semelhança entre os dois. A delimitação de classe de rendas foi baseada em Brasilmar, apud Holanda, 2010. De acordo com ela, pobres ganham de 0 a 2 Salários Mínimos (SM); integrantes da classe média-inferior, de 2 a 5 SM; integrantes da classe média, de 5 a 10 SM; integrantes

da classe média-alta, de 10 a 20 SM; e ricos, mais de 20 SM. Adaptados de Holanda, 2007.

A partir daí buscou-se ampliar os estudos para compreender um pouco melhor como a configuração advinda do desenho original de um acampamento de obra pode possibilitar a

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coexistência entre pessoas de faixas de renda tão distintas. O resultado é a pesquisa mostrada neste trabalho. Ela levanta o perfil de renda da população da Vila Metropolitana, bem como as características edilícias de todos os seus imóveis. A partir daí, elabora um banco de dados relacionando essas características às informações gráficas dos lotes que compõem o bairro, e realiza uma série de cruzamentos com o apoio de um Sistema de Informações Geográficas.

Tendo como alicerce a visão da arquitetura como variável independente – uma vez que ela pode favorecer a diversidade social e contribuir de maneira eficaz para a distribuição equitativa da população no território metropolitano –, e como motivação a necessidade de estudos que apontem caminhos para se trabalhar o crescimento e a reorganização urbanos com base na inclusão socioespacial, sem a qual não há desenvolvimento sustentável, este trabalho procura trazer uma contribuição para a prática consciente do planejamento e do desenho da cidade.

A VILA METROPOLITANA

A Vila Metropolitana teve sua origem no acampamento dos trabalhadores responsáveis pelas obras de terraplanagem da pista do aeroporto. Ela é parte do Núcleo Bandeirante, hoje a 8ª Região Administrativa de Brasília, chamado na época da sua construção de Cidade Livre, local de intensa atividade comercial que deveria durar apenas enquanto a capital fosse construída. No entanto, com a luta dos moradores pela sua fixação, ele hoje é parte integrante da cidade. A Vila Metropolitana foi fixada em 1984, em condições bem próximas das originais, acolhendo inicialmente 371 famílias, e encontra-se próxima da área tombada de Brasília (figura 2).

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Figura 2 - Distrito Federal e entorno, com localização da Vila Metropolitana. Adaptado de PDOT 2007.

De acordo com o censo IBGE 2000, que em seu levantamento dividiu a Vila em dois Setores Censitários, hoje ela abriga 824 famílias (figura 3). Os gráficos dos perfis de renda de sua população, por setor e no total, em comparação com o perfil do DF, estão na figura 4.

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Figura 3 – Vila Metropolitana e seus dois setores censitários: 25, a oeste, e 26, a leste. Abaixo, os gráficos correspondentes – observar a ligeira variação entre eles. O segundo compreende todo o Setor que, durante

a época do acampamento, era destinado aos engenheiros e onde há maior incidência de lotes maiores. Curiosamente, justamente neste setor é maior a quantidade de pobres. Adaptado de IBGE, 2000.

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Figura 4 - Gráficos de distribuição da população por faixa de rendimento da Vila Metropolitana e do Distrito Federal. Pode-se observar também aqui, grande semelhança.

Os 3084 residentes estão distribuídos em 570 lotes, numa área de pouco mais de 45 hectares. Dentre os lotes, poucos são essencialmente comerciais ou mistos, sendo a grande maioria residencial. A metragem dos lotes varia entre 119 e 928m2, e nestas proporções também varia o padrão das construções, o que se pode notar mesmo nas primeiras observações do local. Não se pode identificar claramente uma parte mais rica e outra mais pobre, pelo aspecto das edificações, ainda que um dos setores censitários indique abrigar mais pobres que o outro. As construções parecem estar dispostas aleatoriamente, quando se trata desse aspecto. O comércio local não é muito representativo, encontrando-se principalmente ao longo da rua principal (divisora dos dois setores censitários), na parte central do bairro, onde também se localizam uma escola, uma igreja, áreas livres públicas, uma nascente, alguns quiosques e as paradas de ônibus. No entanto, a soma destes elementos confere certa vitalidade ao bairro: há vida urbana na Vila Metropolitana , e um bom nível de interação entre seus habitantes (figura 5).

Figura 5- Esquema de usos na vila. Em cinza estão os lotes unifamiliares; em amarelo, os multifamiliares; em laranja os mistos e, em vermelho, os comerciais. Lotes institucionais foram desconsiderados (escola, igreja e campo de futebol). Nas áreas livres públicas e nas ruas foi sobreposto um mapa de visibilidade,

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elaborado com o auxílio do software Mindwalk (Figueiredo, 2002). Esta saída é baseada na teoria da Sintaxe Espacial, onde as cores mais quentes representam lugares de maior visibilidade dentro do contexto. Estas áreas correspondem, em grande medida àquelas onde se encontra maior número de

pessoas utilizando espaços públicos.

MÉTODO

Buscou-se correlacionar o perfil de renda do bairro com os padrões das construções da Vila, bem como verificar se realmente, frente ao que sugere a observação direta, a população, no que diz respeito ao nível de renda, não está distribuída no bairro de acordo com algum padrão pré-estabelecido. Assim, procedeu-se ao seguinte método.

Sendo um bairro pequeno, optou-se por fazer o levantamento fotográfico do aspecto geral de todas as suas ruas e das fachadas de todos os seus imóveis. Os arquivos foram organizados em pastas para cada rua e, dentro destas, pastas para as fotos do aspecto geral (para conferência da sequência das fachadas) e das fachadas dos lotes. Os arquivos foram nomeados da seguinte forma: número de ordem (para posterior composição no banco de dados) – nome da rua – número do lote.

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Figura 7 – Fotos dos lotes contíguos da Rua 11A. Observar a variedade de padrões de construção.

A partir da observação direta das casas da Vila Metropolitana, da análise das fotografias de suas fachadas e da observação de imagens do Google Earth, procedeu-se à extração de atributos para a composição do banco de dados. No entanto, nem todos os lotes possuem preenchidos todos os campos, uma vez que há muros que encobrem a edificação em seu interior total ou parcialmente.

A primeira parte do banco de dados foi composta por informações obtidas de forma objetiva (características gerais), a saber:

 Localização: rua e lote

 Situação: construído (c); em construção (ec); vazio (v)

 Uso: unifamiliar (u); multifamiliar (um); misto (m); comercial (c)  Relação público-privado: direta (i); indireta (i)

 Número de pavimentos: 1, 2, 3 ou 4  Subsolo existente: sim (s); não (n)  Piscina existente: sim (s); não (n)

 Material de vedação: madeira (m); alvenaria de tijolos (a)

A segunda parte do banco de dados foi composta por informações que demandaram apreciação e julgamento, sendo consideradas subjetivas. São aquelas relacionadas ao padrão da edificação, fortemente vinculadas ao estado de conservação do imóvel e características dos componentes das fachadas. Receberam valores que variavam do 0 ao 2, sendo que zero representa baixa qualidade de materiais e mau ou inexistente estado de conservação. Os

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quesitos avaliados foram: revestimento, telhado, aberturas, jardim, equipamentos visíveis (antenas, alarmes residenciais, aparelhos de ar condicionado etc.) e estética. Com esses dados, as construções foram dividas em três padrões: baixo, médio e alto. As imagens com as respectivas tabelas (figura 8) dão uma ideia dos critérios levados em conta quando da avaliação.

Figura 8- Fachadas frontais dos lotes: 18 da Rua Boa Vista; 09 da Rua 06 e 32 da Rua 11e seus respectivos padrões de construção.

As informações foram organizados em uma planilha eletrônica, que posteriormente foi inserida em um programa de Sistema de Informação Geográfica (SIG). Cada item correspondente a um determinado lote foi vinculado à representação gráfica deste mesmo lote em planta.

Resultados

Com os dados gráficos e alfanuméricos correlacionados, foi possível fazer consultas ao SIG, buscando responder, inicialmente, às seguintes perguntas:

 Há muitas casas originais da época do acampamento, feitas de madeira? Não. Há apenas 25, o que representa 4,4% dos imóveis do bairro. Dessas 25, apenas uma se

Revestimento: 2 Telhado: 1 Aberturas: 2 Jardim: 2 Equipamentos visíveis: 2 Estética: 2 Revestimento: 2 Telhado: 1 Aberturas: 1 Jardim: 0 Equipamentos visíveis: 2 Estética: 1 Revestimento: 0 Telhado: 0 Aberturas: 0 Jardim: 0 Equipamentos visíveis: 0 Estética: 0

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encontra em bom estado de conservação, tendo sido classificada como de médio padrão (figura 9).

Figura 9 - Casas de madeira.

 Há muitas casas ainda com relação público-privada direta? Não. As construções com relação direta com o espaço público somam 47 no bairro (pouco mais de 8%). Dentre essas, parte são edificações comerciais (6), parte são edificações de uso misto (11), parte são multifamiliares (17), algumas poucas são unifamiliares (12) e uma é institucional (figura 10).

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Figura 10 - Casas que possuem relação público/privado direta. Nota-se uma leve concentração destas na rua principal, onde está maior parte do comércio.

 Existe uma concentração de edificações de mais baixo ou alto padrão em alguma parte bairro estudado? Há relação entre localização e padrão de construção? Não que seja significativa. É difícil observar uma concentração de lotes de maior ou menor padrão na vila como um todo (figura 11). Em números, as casas são divididas, segundo observação de suas fachadas, em 74 (13%) de alto padrão, 258 (46%) de médio padrão e 232 (41%) de baixo padrão.

Figura 11 - Padrão das residências. Em marrom, as de baixo padrão, em verde, as de médio e, em roxo, as de alto padrão. Notar que não se pode identificar um padrão na distribuição espacial da renda na Vila.

 Os lotes maiores abrigam construções de alto padrão? Os lotes menores abrigam construções de baixo padrão? Não. Foram selecionados, os lotes menores que 140m² e os maiores que 400m² para a análise de renda de seus habitantes. O resultado (figuras 12 e 13) mostra certa concentração dos lotes maiores nas primeiras ruas do Setor dos Engenheiros e outros distribuídos pela vila. Ao total são 72. Contudo, somente oito lotes abrigam construções de alto padrão, sendo em sua maioria realmente construções de baixo padrão. No caso dos lotes menores que 140m², que são 79, a maioria dos lotes é de médio

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padrão, sendo também 8 o número de construções de alto padrão. Esse resultado não relacionou a área de construção, apenas área do lote.

Figura 12 - Construções dos maiores lotes e seu padrão. Roxo: alto, verde: médio, marrom: baixo.

Figura 13 - Construções dos menores lotes e seu padrão. Roxo: alto, verde: médio, marrom: baixo.

 Há relação entre número de pavimentos e padrão de construção? Sim. Quando se observa a relação área construída e padrão (figuras 14 e 15) o resultado é diferente. A relação área construída e padrão é muito mais forte que a relação área do terreno e padrão. Muitas das maiores construções são mesmo de alto padrão, as que ainda são de outros

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padrões são construções mais antigas, menos conservadas ou inacabadas, de uso comercial ou misto, e mesmo de habitação coletiva de baixo padrão, que são recorrentes na vila. Quando se observam as construções menores, a relação é mais forte ainda: praticamente todas as construções com menos de 70m² são de baixa renda.

Figura 14 -Construções com mais de 350m² de área construída, com destaque aos lotes de alto padrão, em roxo.

Figura 15 - Construções com menos de 70m² de área construída, com destaque aos lotes de baixo padrão, em marrom.

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 Há relação entre número de pavimentos e tamanho do lote? Não. A quantidade de habitações de com mais de um pavimento e sua distribuição mostram que sua existência vai além da dimensão do lote (16).

Figura 16 - Edificações com mais de um pavimento. Observe-se que estão presentes tanto em lotes maiores como em lotes menores.

Conclusões

Embora tenha considerado todo o universo do bairro, e não uma amostra, o que demonstra uma preocupação pela precisão das informações, a pesquisa tem sua fragilidade. Isso porque assumiu que se pode medir o poder aquisitivo de uma família residente pelo padrão da construção que ela habita. Por falta de uma estrutura maior, não foi feito um questionário socioeconômico com os moradores e há, sim, posicionamento subjetivo nas avaliações das fachadas. É preciso considerar que o fato de uma casa estar em mau estado de conservação não quer dizer necessariamente que seu morador seja pobre. No entanto, não seria incoerente dizer que este vem a ser um bom indício de poucos recursos do morador para manutenção periódica, ou embelezamento, da fachada do imóvel que habita. Assim, mesmo reconhecendo tal fragilidade, consideram-se válidos os resultados obtidos.

A existência de imóveis pertencentes aos três padrões de construção na maioria dos mapas mostra que pobres e ricos não apenas estão dentro do mesmo bairro, mas que são,

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efetivamente, vizinhos. Isso ocorre em ruas estreitas ou largas, em locais mais visíveis ou mais reservados, em trechos mais acessíveis ou mais segregados da Vila. A pesquisa ajudou a confirmar que desenhos como o da Vila Planalto e o da Vila Metropolitana, onde se observa, principalmente, uma grande variedade de dimensões de lotes, admitem, ou mesmo favorecem esta proximidade. É certo que outras causas também influenciam a distribuição das classes na cidade e dentro do próprio bairro – é importante lembrar que a Vila partiu da fixação de um acampamento de obra, o que representou oportunidade de moradia legalizada para aqueles que, com baixo nível de renda, habitavam uma área irregular. No entanto, o estudo busca se concentrar naquilo que a arquitetura influencia, para reforçar seu papel como ferramenta útil e indispensável à elaboração de políticas urbanas justas, que queiram ir na contramão da segregação socioespacial. Bairros desenhados com variedade de espaços, lotes e edifícios têm uma grande possibilidade de possuir uma população diversa: a Vila Metropolitana mostra que isso ocorre sem prejuízo algum à vida urbana. Pelo contrário, com grandes benefícios para a sociedade, pois dessa forma a metrópole pode-se desenvolver de modo mais equilibrado.

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REFERÊNCIAS

Costa Lucio (1957) “Relatório do Plano Piloto de Brasília”

Figueiredo, Lucas (2002), Mindwalk, versão 1.0, software não registrado. Holanda, Frederico (2007) “Be aware of local properties” Proceedings, 6th

International Space Syntax Symposium

Holanda, Frederico (2010) Brasília – cidade moderna, cidade eterna, Brasília: FAU UnB IBGE (2002) Base de informações por Setor Censitário. Censo 2000. Resultados do universo.

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