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Microbiologia CTPAC

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Academic year: 2021

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1 SUMÁRIO

1. Introdução, Conceitos e Divisão da Microbiologia…..………...…...02

2. Noções Gerais e Propriedades das Bactérias, Fungos e Vírus...04

3. Métodos de estudo das bactérias, fungos e vírus...13

4. Principais espécies de cocos patogênicos...16

5. Principais espécies de bacilos patogênicos...20

6. Noções de Imunologia...26

7. Micoses superficiais e Subcutâneas...30

8. Micoses profundas e oportunistas...34

9. Coleta e transporte de amostras microbiológicas...39

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2 1. INTRODUÇÃO, CONCEITOS E DIVISÃO DA MICROBIOLOGIA

Os micro-organismos são seres microscópicos, individualmente invisíveis a olho nu. São os seres vivos dotados de maior diversidade biológica conhecida, tanto morfológica, como fisiológica e ecológica. Podem apresentar formas celulares as mais variadas, são metabolicamente capazes de realizar todos os tipos de reações bioquímicas conhecidas e podem ser encontrados em praticamente todos os ambientes, dos mais simples aos mais extremos. Estão presentes em todos os ambientes terrestres, interagindo com estes e com outros seres vivos. Possuem múltiplos papeis, podendo ser causadores de doenças em animais, plantas e outros organismos vivos, além de serem agentes de contaminação de águas, alimentos ou medicamentos, acarretando grandes prejuízos à saúde do homem e ao ambiente.

No entanto, os micróbios também são grandes amigos do homem, sendo responsáveis por diferentes processos que vão desde a produção de alimentos, incluindo vinhos, pães, queijos e iogurtes, até a participação na ciclagem dos elementos químicos, como o nitrogênio, na superfície do globo terrestre. Podem ainda produzir os mais diversos compostos de interesse médico, comercial e ambiental. Dentre eles, podemos citar os antibióticos e várias enzimas de grande aplicação industrial.

A partir da descoberta e do início dos estudos dos micro-organismos, ficou claro que a divisão dos seres vivos em dois reinos, animal e vegetal, eram insuficientes. Assim, o zoólogo E. H. Haeckel, em 1866, sugeriu a criação de um terceiro reino, denominado Protista, englobando as bactérias, algas, fungos e protozoários. No entanto, estudos mais avançados demonstraram existir duas categorias de células: as procarióticas e as eucarióticas. Nas primeiras, o equivalente nuclear é representado por um único cromossomo e não é circundado pela membrana nuclear e, nas eucarióticas, o núcleo é limitado pela membrana nuclear, apresentando no seu interior vários cromossomos. Em 1969, R. H. Wittaker propôs a expansão da classificação até então existente, baseando-se não só na organização celular, mas também na forma com que os organismos adquirem energia e alimento, ficando estes divididos em: animais, plantas, fungos, Protistas (microalgas e protozoários) e Monera (bactérias e algas cianofíceas). Estudando as similaridades e diferenças do RNA ribossômico, C. Woese propôs, em 1979, uma nova classificação para os seres vivos: supra-reino Arqueobactéria (bactérias metanogênicas, bactérias termófilas, bactérias acidófilas e bactérias halófilas; supra-reino Eubactéria (incluindo as demais bactérias e as cianobactérias) e supra-reino Eucarioto (incluindo plantas, animais, fungos, protozoários e algas).

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3 Qualquer que seja a classificação adotada, a microbiologia é definida como o

ramo da biologia que estuda os seres vivos microscópicos nos seus mais variados aspectos como morfologia, estrutura, fisiologia, reprodução, genética, taxonomia e também a interação com outros seres e com o meio ambiente.

PRINCIPAIS TIPOS DE MICRO-ORGANISMOS

 Micro-organismos procarióticos

- Bactérias

São seres unicelulares, com dimensões que em geral variam de 0,1 a 2 µm de diâmetro e 2 a 8 µm de comprimento. As espécies pertencentes a este grupo podem apresentar diversas formas, que variam da esférica, denominadas cocos, a diversos tipos de bastonetes, dentre eles os curtos, os longos, os finos, os espiralados e aqueles em curva (vibrião). Podem apresentar também diferentes arranjos, em pares, em tétrades, em cachos e em cadeias. As bactérias podem ser encontradas sobretudo no solo, na água doce e nos mares, mas também no corpo humano, nos animais, nas plantas, nos alimentos, entre outros. Dentre os principais grupos de bactérias existentes podemos citar: bactérias Gram-positivas, Gram-negativas, espiroquetas, riquétsias, clamídias, micoplasmas, micobactérias, actinomicetos, cianobactérias, entre outros.

- Arqueas

Constitui um grupo distinto de microrganismos, com características próprias e incomuns, podendo ser encontradas em ambientes extremos, como solos bastante secos e quentes, e nas profundezas dos mares próximos às fontes hidrotermais e em regiões vulcânicas. Também são comuns em águas com altas concentrações de sal e em nascentes de águas ácidas, ricas em enxofre. Estes organismos, em geral anaeróbios, diferenciam-se das bactérias, por não possuírem uma parede celular composta de peptidioglicana, e sim de outras macromoléculas variadas, embora uma pseudopeptidioglicana possa ser encontrada em algumas espécies.

 Micro-organismos eucarióticos - Fungos

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4 São seres encontrados principalmente no solo, mas também em plantas e

animai, inclusive no próprio homem, causando as micoses. Apresentam uma organização celular bem mais complexa que as bactérias. Podem ser divididos em dois grandes grupos, o fungos filamentosos, também chamados de bolores, e as leveduras, unicelulares.

- Algas

São seres fotossintéticos, que possuem representantes microscópicos (algas unicelulares) ou macroscópicos (algas multicelulares). Habitam principalmente ambientes marinhos e águas doces, mas também podem ser encontrados eventualmente no solo. Os liquens correspondem à associação de uma alga (ou cianobactéria) com um fungo, na qual, em uma relação de mutualismo, cada um dos parceiros é beneficiado. São bastante comuns em árvores, telhados e estruturas de cimento. A capacidade fotossintética destes seres os torna primordiais na cadeia alimentar, já que fixam CO2 na forma de carboidratos que serão consumidos pelos heterotróficos.

 Micro-organismos sem estrutura celular

- Vírus

São considerados micro-organismos, embora não possuam estrutura celular. São extremamente pequenos, variando de 0,02 a 0,3 µm. Basicamente são considerados elementos genéticos que contêm DNA ou RNA e uma capa proteica. As partículas virais podem ser consideradas de duas formas distintas: agentes de doenças, quando a infecção na célula hospedeira leva à sua ruptura e morte, ou agentes de hereditariedade, quando a partícula viral entra na célula, causando apenas modificações genéticas, sem lhe causas nenhum dano.

2. NOÇÕES GERAIS E PROPRIEDADES DAS BACTÉRIAS, FUNGOS E VÍRUS

Estrutura e reprodução

Bactérias

As bactérias de interesse médico podem apresentar formas esféricas, comumente chamadas de cocos, cilíndricas ou bacilos e de espiral. Os cocos são redondos, mas podem ser ovais, alongados ou achatados em uma das extremidades.

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5 Podem ocorrer aos pares (diplococos), cadeias (estreptococos) e cachos

(estafilococos). Existem ainda aqueles cocos que se dividem em dois ou três planos e permanecem unidos em grupos cúbicos de oito indivíduos (sarcina).

Os bacilos foram poucos arranjos ou agrupamentos, podendo ser encontrados aos pares (diplobacilos) e em cadeias (estreptobacilos). Alguns bacilos assemelham-se a lanças, outros têm extremidades arredondadas ou, então, retas. Alguns bacilos assemelham-se tanto aos cocos que podem ser chamados de cocobacilos. É importante saber que a maior parte dos bacilos apresenta-se como bacilos isolados.

Bactérias espiraladas podem ter uma ou mais espirais. Quando têm o corpo rígido e são como vírgulas, são chamadas vibriões, e espirilos quando têm a forma de saca-rolhas.

Há ainda um grupo de organismos espiralados, mas de corpo flexível – os espiroquetas.

Figura 1 - Morfologia das bactérias.

ESTRUTURA DA CÉLULA BACTERIANA

A célula bacteriana apresenta várias estruturas, algumas presentes em apenas determinadas espécies, enquanto outras são essenciais, sendo encontradas em todas as bactérias.

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Figura 2 - Estrutura da célula bacteriana.

As bactérias apresentam uma organização celular bastante simples, compreendendo uma parede celular rígida, formada de peptideoglicano, e uma membrana citoplasmática, composta basicamente de fosfolipídeos e proteínas. O DNA se encontra no citoplasma, formando a região conhecida como nucleóide. Os ribossomos estão dispersos no citoplasma. Algumas espécies apresentam flagelo de locomoção, e outras, ainda, podem possuir fímbrias de adesão e pili, esta última responsável pela transferência de material genético no mecanismo de conjugação. A presença de endosporos em algumas espécies fornece a elas um mecanismo de resistência, principalmente ao calor, mas também à radiação, à falta de nutrientes e à falta de umidade.

REPRODUÇÃO BACTERIANA

- Reprodução assexuada

Divisão binária

A forma de reprodução mais comum das bactérias é a assexuada, por divisão binária, processo também conhecido como bipartição ou cissiparidade. Nesse tipo de reprodução, ocorre a duplicação do DNA bacteriano e uma posterior divisão em duas células. As bactérias multiplicam-se por este processo muito rapidamente quando dispõem de condições favoráveis. A separação do material genético conta com a participação dos mesossomos, pregas internas da membrana plasmática nas quais existem também as enzimas participantes da maior parte da respiração celular.

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7 Algumas espécies de bactérias originam, sob certas condições ambientais,

estruturas resistentes denominadas esporos. A células que origina o esporo se desidrata, forma uma parede grossa e sua atividade metabólica torna-se muito reduzida. Certos esporos são capazes de se manter em estado de dormência por dezenas de anos. Ao encontrar um ambiente adequado, o esporo se reidrata e origina uma bactéria ativa, que passa a se reproduzir por divisão binária.

Os esporos são muito resistentes ao calor e, em geral, não morrem quando expostos à água em ebulição. Para eliminação dos esporos, normalmente é usado um processo especial, a autoclavagem, para esterilizar líquidos e utensílios. O aparelho onde é feita essa esterilização, a autoclave, utiliza vapor de água, a temperaturas da ordem de 120C, sob uma pressão que é o dobro da atmosférica. Após 1 hora nessas condições, mesmo os esporos mais resistentes morrem.

- Reprodução sexuada

Para as bactérias, considera-se reprodução sexuada qualquer processo de transferência de fragmentos de DNA de uma célula para outra. Depois de transferido, o DNA da bactéria doadora se recombina com o da receptora, produzindo cromossomos com novas misturas de genes. Esses cromossomos recombinados serão transmitidos às células-filhas quando a bactéria se dividir.

A transferência de DNA de uma bactéria para outra pode ocorrer de três maneiras: por transformação, transdução ou conjugação.

Transformação

A bactéria absorve moléculas de DNA dispersas no meio, que são incorporados ao seu material genético. Esse DNA presente no meio pode ser proveniente, por exemplo, de bactérias mortas. Esse processo ocorre espontaneamente na natureza.

Transdução

Moléculas de DNA são transferidas de uma bactéria à outra, usando vírus como vetores.

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8 Estes, ao se alojarem dentro das bactérias, podem eventualmente incluir

pedaços de DNA da bactéria que lhes serviu de hospedeira. Ao infectar outra bactéria, o vírus que leva o DNA bacteriano o transfere junto com o seu. Se a bactéria sobreviver à infecção viral, pode passar a incluir os genes de outra bactéria em seu genoma.

Conjugação

Nesse processo, pedaços de DNA passam diretamente de uma bactéria doadora, o “macho”, para uma receptora, a “fêmea”. Isso acontece através de microscópicos tubos proteicos, chamados pili, que as bactérias “macho” possuem em sua superfície. O fragmento de DNA transferido se recombina com o cromossomo da bactéria “fêmea”, produzindo novas misturas genéticas, que serão transmitidas às células-filhas na próxima divisão celular.

Fungos

Durante muito tempo, os fungos foram considerados como vegetais e, somente a partir de 1969, passaram a ser classificados em um reino à parte denominado Fungi. Tais organismos apresentam um conjunto de características que permitem sua diferenciação das plantas: não sintetizam clorofila; não têm celulose na parede celular, exceto alguns fungo aquáticos e não armazenam amido como substância de reserva.

Os fungos são ubíquos, encontrando-se em vegetais, na água, em animais, no homem, em detritos e em abundância no solo, participando ativamente do ciclo dos elementos na natureza. Sua dispersão é feita por diversas vias: animais, homem, insetos, água e, principalmente, pelo ar atmosférico, através dos ventos.

São seres vivos eucarióticos, podendo ser unicelulares, como as leveduras, ou multicelulares, como os fungos filamentosos (bolores e cogumelos), que são fungos macroscópicos. As colônias leveduriformes, em geral, são pastosas ou cremosas. As colônias filamentosas podem ser algodonosas, aveludadas, pulverulentas, com os mais variados tipos de pigmentação. Esses organismos são constituídos fundamentalmente por elementos multicelulares em forma de tubos – as hifas – que podem ser contínuas não septadas (cenocíticas) ou septadas. Ao conjunto de hifas dá-se o nome de micélio.

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Figura 3: Morfologia de leveduras (esquerda) e fungos filamentosos (direita).

ESTRUTURA DA CÉLULA FÚNGICA

- Parede: é uma membrana rígida que protege a célula de choques osmóticos, composta, de modo geral, por glucanas, mananas e, em menor quantidade, por quitina, proteínas e lipídeos.

- Membrana citoplasmática: atua como uma barreira semipermeável, no transporte ativo e passivo dos materiais, para dentro e para fora da célula.

A membrana é constituída de uma porção hidrofóbica e de uma porção hidrofílica, sendo tal estrutura formada basicamente de lipídeos e proteínas.

- Núcleo: contém o genoma fúngico que está agrupado em cromossomos lineares, compostos de dupla fita de DNA arrumados em hélice, e também as histonas, proteínas básicas, associadas ao DNA cromossomal.

Dentro do núcleo encontra-se o nucléolo, um corpúsculo esférico contendo DNA, RNA e proteínas. Este corpúsculo é o sítio de produção do RNA ribossomal.

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10 - Ribossomos: são os sítios da síntese proteica, compostos de RNA e

proteína e ocorrem dentro do citoplasma da célula.

- Mitocôndria: sítio da fosforilação oxidativa, composta de membranas de fosfolipídeos. Possui membrana interna achatada (crista) e contém seu DNA e ribossomos próprios.

- Retículo endoplasmático: é uma membrana em forma de rede que se encontra distribuída por toda a célula fúngica.

- Aparelho de Golgi: é uma agregação interna de membranas envolvida no armazenamento de substâncias que serão desprezadas pela célula fúngica. Os vacúolos estão relacionados com o armazenamento de substâncias de reserva para a célula, tais como glicogênio e lipídeos.

- Cápsula: alguns fungos, como Cryptococcus neoformans, apresentam uma cápsula de natureza mucopolissacarídica, importante na patogenia desse fungo por dificultar a fagocitose.

REPRODUÇÃO DOS FUNGOS

- Reprodução assexuada

• Brotamento: A célula parental forma um broto na sua superfície externa. Á medida que o broto se desenvolve, o núcleo da célula parental se divide e um dos núcleos migra para o broto. O material da parede celular é então sintetizado entre o broto e a célula parental, separando-os. Algumas leveduras produzem brotos que não se separam e formam uma pequena cadeia de células chamada de pseudo-hifa ou pseudo-micélio.

• Fragmentação da hifa: As hifas crescem por alongamento das extremidades. Um fragmento quebrado pode se alongar para formar uma nova hifa.

• Esporos assexuais: Formados pelas hifas, quando germinam tornam-se clones do indivíduo parental.

- Reprodução sexuada

Espécies são heterotálicas quando os indivíduos apresentam gametas de células doadoras (+) e de células receptoras (-) localizadas em talos separados ou quando apresentam ambos os sexos, mas estes são auto-incompatíveis. Espécies homotálicas ou hermafroditas são representadas por indivíduos que produzem gametas (+) e (-) autocompatíveis no mesmo talo.

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11 O tecido é denominado dicariótico quando existem dois núcleos compatíveis na

mesma hifa e heterocariótico quando existem mais de dois tipos de núcleo na mesma hifa.

Vírus

Os vírus são conhecidos agentes infecciosos, causadores de doenças em humanos, animais ou plantas. Em humanos, são responsáveis por uma série de infecções benignas, como gripes e verrugas, assim como podem ser causa de doenças graves, como poliomielite, câncer e AIDS. Entretanto, além de causarem problemas aos seres humanos os vírus têm servido como ferramentas fundamentais em pesquisas científicas. Seu genoma, em geral pequeno, possibilita um fácil manuseio e, pelo fato de utilizar a maquinaria celular para sua reprodução, grandes descobertas de metabolismo celular foram obtidas por estudos com vírus. Mais recentemente, os vírus estão sendo empregados como vetores para introdução de genes em organismos, abrindo as fronteiras da terapia gênica.

Os vírus são parasitas intracelulares e podem ser encontrados em duas formas, uma dentro das células e outra fora destas. Na forma extracelular, o vírus é uma partícula sub-microscópica, conhecida como virion ou partícula viral. Esta apresenta, para cada tipo de vírus, algumas características especiais, entre elas diferentes tamanhos e formas. Quando o vírus penetra na célula hospedeira, inicia-se o estado intracelular, ocorrendo a replicação viral.

ESTRUTURA VIRAL

Vírus não possuem uma organização tão complexa quanto a de células, tendo de fato uma estrutura bastante simples. Consistem basicamente de um ácido nucleico, DNA ou RNA, envolto por uma capa proteica, denominada “capsídeo” ou “cápside” e, em alguns casos, de uma membrana lipoproteica, denominada “envelope” ou “envoltório”. Devido a essa simplicidade, os vírus não possuem capacidade de crescimento independente em meio artificial, podendo replicar somente em células animais, vegetais ou micro-organismos.

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Figura 4: Morfologia do Herpesvírus

REPRODUÇÃO DOS VÍRUS

O ciclo de vida de um vírus é composto por quatro etapas:

1. Entrada do vírus na célula, ocorrendo a absorção e fixação do vírus da superfície celular e em seguida, a penetração através da membrana da célula hospedeira.

2. Eclipse: após a penetração, o vírus fica adormecido e não mostra sinais de sua presença ou atividade.

3. Ocorre a replicação do ácido nucleico e a síntese das proteínas do capsídeo. Os ácidos nucleicos e as novas proteínas sintetizadas produzem novas partículas virais.

4. As novas partículas de vírus são liberadas para infectar células sadias. Os vírus possuem dois tipos de ciclos reprodutivos, o ciclo lítico e o ciclo lisogênico. No ciclo lítico, a célula é infectada e os vírus comandam todo o processo reprodutivo em seu interior, deixando a célula totalmente inativa. Assim, o vírus assume o metabolismo da célula e provoca lise celular, liberando os vírus produzidos, que atacam outras células e recomeçam o ciclo.

No ciclo lisogênico, o ácido nucleico do vírus entra no núcleo da célula e se incorpora ao ácido nucleico celular. O vírus participa das divisões celulares e, à medida que a célula sofre mitoses, a carga viral é repassada às células-filhas.

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Figura 5: Representação esquemática dos ciclos reprodutivos dos vírus

3. MÉTODOS DE ESTUDO DAS BACTÉRIAS, FUNGOS E VÍRUS

Diagnóstico bacteriológico

Diversos procedimentos podem ser empregados para o diagnóstico das infecções bacterianas. O diagnóstico preciso é realizado pelo isolamento e identificação do agente bacteriano a partir de materiais clínicos colhidos adequadamente do local da infecção, procedimento conhecido como exame bacteriológico ou cultura. Outros métodos podem ser utilizados para o diagnóstico: demonstração das bactérias por técnicas de coloração, provas bioquímicas, demonstração de antígenos por métodos imunológicos, pesquisa de genes específicos do agente microbiano, pesquisa de anticorpos e resposta imunológica celular.

- Obtenção da amostra para cultura

Após a realização da colheita do material para cultura, devem-se efetuar três etapas. Primeiro, a amostra deve ser enviada o mais rápido possível ao laboratório, devido ao fato de muitos micro-organismos morrerem com a exposição prolongada ao ar, por ressecamento. Deve-se especificar, por escrito na folha de pedido, a origem do material para cultura. Esses dados informam ao laboratório quais micro-organismos da flora normal são esperados, além de fornecer uma informação sobre que patógenos devem ser procurados. E, se houver suspeita de um micro-organismo específico, essa informação deve ser notificada, para que sejam utilizadas as técnicas específicas.

- Isolamento

Para o isolamento das bactérias envolvidas em infecções na rotina laboratorial, são utilizados os meios de cultura. Os meios de cultura são uma associação de nutrientes, preparados em laboratório, que se destinam ao cultivo artificial dos micro-organismos.

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14 A partir do procedimento de coleta da amostra clínica, deve ser feita a seleção

do meio de cultura a ser empregado e escolhida a temperatura e atmosfera de incubação. Geralmente e temperatura de incubação utilizada para a maioria dos micro-organismos patogênicos ao homem gira em torno de 35ºC a 37ºC. Quanto à atmosfera, as bactérias podem ser aeróbias, microaerófilas, anaeróbias estritas, ou mesmo crescerem independente da presença ou ausência de oxigênio.

Assim, é fundamental o conhecimento dos micro-organismos que provavelmente poderão estar presentes numa amostra clínica. Algumas espécies são bastante sensíveis a variações de temperatura e atmosfera, como Neisseria gonorrhoeae. Temperaturas em torno de 4ºC podem favorecer o crescimento de Listeria monocitogenes e Yersinia enterocolitica. Bactérias termofílicas, como Campylobacter jejuni, presente nas fezes, devem ser incubadas em temperaturas em torno de 42ºC, diferenciando-as de outras espécies de Campylobacter que não são termofílicas.

Em geral, necessita-se de um prazo de pelo menos 48 horas ou mais para estabelecer o diagnóstico definitivo: um dia para a cultura do micro-organismo e um dia para identificá-lo. Algumas vezes, quando se tem uma cultura mista, é necessário mais um dia para o isolamento microbiano. Sabe-se que alguns micro-organismos são habitantes normais de certas regiões do corpo, mas patógenos de outras áreas. Tal informação também é importante para o diagnóstico correto de infecções bacterianas.

- Exame direto ao microscópio

Pode ser feito de dois modos: a fresco ou após coloração. O exame a fresco consiste em examinar ao microscópio a preparação obtida, colocando-se sobre a lâmina uma gota do material, que se recobre com lamínula. O exame após coloração utiliza diferentes corantes para a visualização das bactérias. No método de coloração simples, é utilizado um único corante, sendo o azul de metileno o mais empregado. A coloração diferencial (ou dupla) utiliza dois corantes e os métodos mais utilizados em laboratório clínico são a coloração de Gram e a coloração de Ziehl-Neelsen.

Na coloração de Gram, são utilizados os corantes cristal violeta e fucsina e as bactérias são divididas em dois grandes grupos: as Gram-positivas, que são coradas em violeta, e as Gram-negativas, que se coram em vermelho.

A coloração de Ziehl-Neelsen, empregada para visualização das micobactérias, bacilos causadores da tuberculose e da hanseníase, utiliza os corantes fucsina e azul de metileno. Após a coloração, as micobactérias adquirem a cor vermelha da fucsina, enquanto outros micro-organismos e células coram-se em azul.

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15 Os testes bioquímicos são amplamente utilizados em associação com os

resultados obtidos através da coloração e cultivos, servindo como prova definitiva na identificação das bactérias isoladas. As provas bioquímicas estão fundamentadas, principalmente, em: pesquisa de enzimas estruturais, importantes no metabolismo do micro-organismo; pesquisa de produtos metabólicos e catabólicos e na sensibilidade a diferentes compostos.

 Diagnóstico das micoses

O diagnóstico das infecções micóticas pode ser realizado de diversas maneiras:

- Montagem úmida

É realizada através de materiais como raspado, exsudato, esfregaço de swab recente ou outro material como, por exemplo, escarro. Em geral, é feita uma montagem em lâmina com hidróxido de sódio a 10%. As vantagens da técnica são a rapidez e, em alguns casos, o estabelecimento de um diagnóstico razoavelmente preciso. A desvantagem são os frequentes resultados falso-positivos e falso-negativos, devido a falhas nas técnicas de coleta.

- Esfregaço corado de uma amostra clínica

Podem ser utilizadas as colorações pelo método de Gram ou de Papanicolaou. As vantagens são a rapidez e a obtenção de uma preparação permanente, cuja interpretação pode ser mais fácil do que a da montagem úmida. As desvantagens são as mesmas da montagem úmida.

- Amostra de biópsia com demonstração de micro-organismo por corantes especiais

É necessária a utilização de corantes adequados, de um bom número de micro-organismos presentes na amostra, além de uma suspeita do fungo causador da infecção, para que se tenha sucesso no método.

- Cultura de uma lesão

Permite o isolamento definitivo do micro-organismo e a identificação da espécie. Para resultados precisos, é necessária a obtenção de uma amostra apropriada, da manutenção da viabilidade microbiana durante o transporte da amostra ao laboratório, da utilização de meios de cultura apropriados e da experiência dos técnicos. Em geral, são necessários vários dias para o crescimento dos fungos.

- Provas sorológicas

São necessárias duas amostras e um período prolongado para a realização do teste, sendo a segunda amostra obtida uma a duas semanas após a primeira. Isso

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16 significa que é um teste demorado, uma vez que as amostras devem ser

encaminhadas a um laboratório especializado. - Provas cutâneas

São testes que proporcionam um rápido resultado. No entanto, têm como desvantagens o período de tempo necessário para o desenvolvimento de anticorpos pelo organismo e a dificuldade em distinguir um resultado positivo, proveniente de infecção antiga, de um resultado positivo decorrente de infecção recente ou ativa.

 Diagnóstico das viroses

As infecções causadas por vírus podem ser identificadas de duas formas: o isolamento direto através de culturas e a demonstração de anticorpos no soro do paciente, dirigidos contra micro-organismos específicos. Quando possível, as duas técnicas deveriam ser realizadas simultaneamente, de forma que uma complemente a outra. No entanto, devido ao elevado custo dos métodos de cultura, as provas sorológicas são mais amplamente utilizadas. Obtém-se uma amostra de soro no início da doença e uma segunda amostra depois de duas a três semanas.

O tipo de amostra necessário para cultura viral depende do tipo de doença. Na meningite, por exemplo, é preciso obter uma amostra do LCR e também efetuar uma cultura de fezes para vírus, pois os enterovírus são uma causa frequente de meningite. Nesse tipo de infecção, a cultura de fezes é mais eficaz do que a cultura do LCR.

Toda amostra de vírus deve ser acompanhada de uma história clínica adequada, contendo achados físicos e laboratoriais do paciente. A amostra deve ser acompanhada da data de início da doença clínica, da data de colheita da amostra e do diagnóstico clínico. É necessário ainda indicar o micro-organismo mais provável, o que ajuda o laboratório a decidir os métodos a serem utilizados. Com as informações corretas, pode-se ganhar tempo e ainda conseguir uma interpretação significativa dos resultados.

4. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE COCOS PATOGÊNICOS

Staphylococcus aureus

É um coco Gram positivo, geralmente agrupado em cachos. É um patógeno oportunista, frequentemente encontrado na pele como parte da microbiota normal. As infecções causadas por S. aureus são frequentemente chamadas “infecções estafilocócicas”. É a principal causa de infecções da pele, dos tecidos moles, do trato

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17 respiratório, dos ossos, das articulações, endovasculares e de feridas. Espinhas,

furúnculos, carbúnculos e terçóis também são causadas por essa espécie microbiana. É causa frequente de infecções nosocomiais, causando infecções de feridas pós-cirúrgicas. Com menos frequência, causa pneumonia e infecções do trato urinário. São produtoras de inúmeras toxinas, que levam a doenças como a síndrome do choque tóxico e a intoxicação alimentar. S. aureus é ainda a causa mais comum de endocardite bacteriana aguda.

O ser humano infectado é o principal reservatório e pessoas que possuem lesões com secreção purulenta constituem as fontes mais comuns de disseminação epidêmica. A transmissão também pode ocorrer através de um portador assintomático. Em hospitais, a disseminação pode acontecer através das mãos dos profissionais de saúde.

Staphylococcus epidermidis

É encontrado em maior abundância do que S. aureus, fazendo parte da microbiota normal da pele. Apesar de ser bem menos virulenta que S. aureus, pode também ser patogênica. Em 2% a 3% dos casos, representa o agente causal da endocardite infecciosa, mais frequentemente em indivíduos portadores de válvula cardíaca artificial.

É importante agente causador de infecção hospitalar, sendo um risco para pacientes imunocomprometidos e para usuários de drogas intravenosas, podendo causar, além da endocardite, infecções generalizadas não-piogênicas. Pode ainda causar peritonite, ventriculite e infecções em locais com próteses.

Staphylococcus saprophyticus

É uma bactéria que faz parte da microbiota normal da pele e do trato genito urinário. Tem sido implicado como causa frequente de infecções do trato urinário, sendo mais comum em mulheres e podendo chegar a causar cistite, uretrite, pielonefrite e, em casos mais extremos, bacteremia. É mais em mulheres na faixa nos 20 aos 40 anos de idade e no homem sua presença torna-se mais evidente a partir dos 50 anos de idade.

Streptococcus pneumoniae

Também conhecido como pneumococo, é um coco Gram positivo, geralmente agrupado aos pares. É encontrado como microbiota endógena do trato respiratório

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18 superior e pode ser classificado como um patógeno oportunista. Essa bactéria é a

causa mais comum de pneumonia bacteriana no mundo, doença que pode ser conhecida como pneumonia pneumocócica. Causa também meningite, especialmente em idosos. São ainda responsáveis por numerosos casos de infecção do ouvido médio em crianças.

Streptococcus pyogenes

É um coco Gram positivo, geralmente agrupado em cadeia, que pode ser encontrado como microbiota endógena do trato respiratório superior, agindo como patógeno oportunista. Causa faringite estreptocócica, infecções de ferida e infecções cutâneas, como impetigo e erisipela. A faringite estreptocócica é uma infecção bacteriana aguda da orofaringe, que tem como sintomas dor de garganta, calafrios, febre, cefaleia. Quando não tratada, pode levar a complicações como escarlatina, febre reumática e glomerulonefrite.

A bactéria pode ser transmitida de pessoa a pessoa através de gotículas respiratórias, ou por contato direto com mãos e secreções nasais de pacientes e portadores, ou ainda através de poeira, lenços e curativos contaminados.

Streptococcus agalactiae

Representa uma das causas mais comuns de septicemia e meningite neonatais. A infecção pode ocorrer de duas formas clínicas: início precoce (antes de 7 dias de vida, geralmente dentro de 48 horas após o nascimento) e início tardio (dentro de 7 dias de vida). Os recém-nascidos sépticos podem apresentar angústia respiratória. A fonte de infecção estreptocócica provém do trato genital materno. Adultos também podem ser infectados, sendo os tipos mais comuns representados por endometrite pós-parto, infecção após operação do trato urinário ou ginecológicas, pneumonia e infecções dos tecidos moles.

Neisseria gonorrhoeae

São cocos Gram negativos, conhecidos como gonococos, causadores de uretrite gonorreica, ou gonorreia. Apresentam-se como diplococos intracelulares em forma de feijão. Esta espécie penetra nas superfícies de células epiteliais do hospedeiro, por meio de uma estrutura chamada pili (ou pelo), presente na superfície da parede bacteriana.

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19 A gonorreia é uma doença sexualmente transmissível (DST), assintomática em

75% a 80% das mulheres infectadas e em 5% a 15% dos homens infectados. A descrição do agente etiológico foi feita por Albert Neisser em 1879. A transmissão se dá por contato sexual ou de forma vertical (da mãe para o feto), causando a oftalmia gonocócica do recém-nascido. Nos homens e em cerca de 20% das mulheres, os sintomas surgem cerca de 2 a 8 dias após o contágio. A gonorreia no homem, quando não tratada, evolui para complicações do tipo epididimite, prostatite e outras, podendo levar à esterilidade. Na mulher, as complicações são mais severas, evoluindo para Doença Inflamatória Pélvica (DIP) e esterilidade, chegando, em alguns casos, a óbito.

Neisseria meningitidis

São cocos Gram negativos, conhecidos como meningococos, sendo a causa mais comum de meningite, apesar de a incidência variar com a faixa etária. Faz parte da flora normal da garganta. Os seres humanos são os únicos portadores naturais de N. meningitidis.

Os principais sintomas da meningite meningocócica são: mal-estar, febre, estado mental alterado, cefaleia, vômito, fotofobia, rigidez na nuca. A infecção tem início com a colonização da mucosa da nasofaringe, atravessa seu epitélio e invade a corrente circulatória, adaptando-se às condições do hospedeiro. Porém, na sua forma mais grave, a bactéria atinge as meninges. A bactéria pode ser adquirida a partir de indivíduos doentes ou de portadores assintomáticos, através do contato direto com a secreção da nasofaringe.

Haemophillus influenza

São bactérias Gram negativas, na forma de bastonetes muito pequenos, conhecidos como cocobacilos. É a causa mais comum de meningite entre 2 meses e 5 anos de idade, sendo bem menos comum em adultos. É considerada como flora normal da nasofaringe e também do escarro, que adquire os micro-organismos ao passar pela orofaringe.

A transmissão da meningite causada por H. influenza ocorre por contato direto pessoa a pessoa, doente ou portadora, através da via respiratória. A maioria dos casos de meningite por esta espécie bacteriana é devida a cepas encapsuladas de H. influenza tipo B, sendo esse micro-organismo responsável por cerca de 3% a 6% dos óbitos. A colonização bacteriana ocorre, inicialmente, nas vias aéreas superiores, sendo frequente também a presença prévia de otite média. Cerca de 15% das otites

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20 médias causadas por este agente evoluem para a meningite secundária. Adultos e

crianças maiores de 6 anos, podem se tornar portadores sãos do agente, quando em contato íntimo com crianças doentes.

Bordetella pertussis

É um cocobacilo Gram negativo pequeno, geralmente disposto como células únicas ou aos pares. É o agente etiológico da coqueluche, mais bem isolada de culturas da nasofaringe. A coqueluche é uma infecção bacteriana aguda, altamente contagiosa, que geralmente ocorre na infância. O primeiro estágio da doença envolve sintomas brandos, semelhantes a um resfriado. O segundo estágio é caracterizado por acessos graves e incontroláveis de tosse, que podem causar ruptura dos pulmões, hemorragia ocular e cerebral e fratura de costelas. O ser humano é o único reservatório e a transmissão ocorre por gotículas produzidas durante a tosse e transmitidas pelo ar.

5. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE BACILOS PATOGÊNICOS

Corynebacterium diphteriae

Também conhecida como bacilo diftérico, é um bacilo Gram positivo em forma de clava, que tende a formar arranjos que lembram letras chinesas. É o agente transmissor da difteria, doença bastante controlada nos países que praticam regularmente a vacinação antidiftérica. A forma clínica mais comum da difteria é a faríngea e, para que ocorra, é necessário que o bacilo penetre e colonize a mucosa da faringe. A transmissão ocorre pela inalação de aerossóis provenientes de doentes ou de portadores normais do bacilo diftérico. Pode também causar infecção na pele, na laringe e nos órgãos genitais.

O homem é o único reservatório natural do bacilo diftérico. A taxa de portadores na população geral varia entre 1% e 3% e nos contatos familiares entre 8% e 14%. A difteria é mais frequente em crianças com idade inferior a 10 anos e o maior número de casos e óbitos tende a ocorrer na faixa de 1 a 4 anos. No Brasil, a doença é endêmica, embora raramente tenham sido registrados surtos epidêmicos. Tais surtos ocorrem mais frequentemente nas áreas mais pobres, com atendimento médico precário e falhas na vacinação.

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21 É um bacilo Gram negativo esporulado, agente etiológico do tétano. Possui

aspecto de raquete, podendo ser encontrado no solo de todas as partes do mundo. O tétano pode ser localizado ou generalizado. O tétano generalizado é reconhecido, inicialmente, pelo trismo (espasmo do masseter) e pelo riso sardônico (espasmos dos músculos bucais e faciais). O paciente permanece consciente. O tétano localizado resulta de espasmos dolorosos nos músculos adjacentes ao sítio da lesão e pode preceder ao tétano generalizado. Pode ocorrer ainda o tétano neonatal, manifestando-se após 3 a 12 dias do nascimento de bebês de mães não vacinadas.

A doença acomete pessoas em todo o mundo, sendo considerada endêmica em muitos países, associada à contaminação através de objetos contendo esporos. Tem sido relatado em usuários de drogas e de piercings, devido à contaminação com os instrumentos utilizados. A prevenção é obtida através da vacina tríplice, administrada em 3 doses, nos 3 primeiros meses de vida, com reforço no quinto ano de vida e depois de 10 em 10 anos.

Listeria monocytogenes

É um bacilo Gram positivo, importante patógeno oportunista humano, podendo causar diversas infecções graves em indivíduos imunocomprometidos, recém-nascidos e mulheres grávidas. Causa a listeriose, que pode ser adquiria após a ingestão de alimentos contaminados e manifesta-se como gastroenterite, meningite, encefalite, infecção materno-fetal e septicemia, resultado em uma taxa de mortalidade que ultrapassa 20%. Por ser uma das principais bactérias patogênicas transmitidas através dos alimentos, tem despertado grande interesse da Microbiologia.

Essa espécie bacteriana pode causar doenças como:

- Infecção na gestação: durante as primeiras semanas da gestação, principalmente devido à baixa imunidade celular, as mulheres grávidas podem desenvolver bacteremia causada por Listeria. As manifestações clínicas são doença aguda febril, mialgias, artralgias, dor de cabeça e dores nas costas. Cerca de 20% das infecções perinatais resultam em natimorto ou morte neonatal.

- Infecção neonatal: pode se manifestar de duas formas. Na septicemia de início precoce, a bactéria pode infectar conjuntiva, ouvido externo, nariz, garganta, fluido amniótico, placenta e sangue. Pode ocorrer ainda, cerca de duas semanas após o parto, meningite de início tardio.

- Bacteremia: é a manifestação mais comum da infecção por Listeria e sua manifestação clínica inclui febre e mialgias, embora possam ocorrer diarreia e náusea.

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22 - Meningites: Listeria é uma das três principais causas de meningite neonatal,

estando em segundo lugar entre as meningites que ocorrem em adultos com mais de 50 anos de idade.

L. monocytogenes pode ainda causar abscessos cerebrais, endocardites e infecções localizadas no fígado, pulmão, intestino, articulações e ossos.

Shigella sp.

É um bacilo Gram negativo, pertencente à família Enterobacteriaceae e que infecta principalmente o homem e, excepcionalmente, outros primatas como macacos e chimpanzés, causando a shigelose ou disenteria bacilar. Todas as espécies são patogênicas a possuem capacidade de invadir o epitélio do intestino grosso, causando intensa reação inflamatória. Como consequência, o paciente geralmente apresenta leucócitos, muco e sangue nas fezes. Raramente a bactéria invade a circulação do paciente.

A infecção pode se manifestar de forma assintomática e subclínica, como episódios benignos de diarreia aquosa ou de formas graves e tóxicas, conhecidas como disenteria bacilar clássica. Esta forma, causada por S. dysenteriae, é caracterizada por diarreia aquosa, febre, cólicas abdominais e tenesmo, assim como pela emissão permanente de fezes mucopurulentas e sanguinolentas. Além da febre alta, pode ocorrer anorexia, náuseas, vômito, cefaleia, calafrios e convulsões. Em crianças hospitalizadas com quadro de infecção por Shigella, a causa mais frequente de morte é a septicemia, ocorrendo principalmente em crianças mal nutridas e com hipoglicemia.

Nos países em desenvolvimento, onde podem ocorrer superpopulação e condições de saneamento inadequadas, a shigelose é frequentemente transmitida através do contato pessoa a pessoa, a partir de excretas de indivíduos infectados. Em países desenvolvidos, podem ocorrer surtos esporádicos transmitidos por alimentos mal cozidos ou água contaminada. No Brasil, as espécies mais frequentemente isoladas são S. flexneri e S. sonnei.

Salmonella sp.

O gênero Salmonella pertence à família Enterobacteriaceae e é composto por bacilos Gram negativos. Tais bactérias infectam o homem e praticamente todos os animais domésticos e selvagens, incluindo pássaros, répteis e insetos. As fezes de indivíduos doentes ou portadores podem contaminar água potável e alimentos. No

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23 homem, causam vários tipos de infecção, sendo as mais comuns a gastroenterite e a

febre tifoide.

- Gastroenterite: é uma infecção aguda da mucosa intestinal, causada por S. typhimurium. Em adultos sãos, é frequentemente chamada de intoxicação alimentar, quando ocorre a transmissão das bactérias por alimentos de origem animal, ovos, frango e carnes mal passadas. Após o término da gastroenterite, as células bacterianas ainda são encontradas nas fezes por 4 a 5 semanas. Em pacientes imunodeprimidos, pode ocorrer bacteremia após a enterocolite. As infecções mais graves acontecem em idosos e recém-nascidos, mais suscetíveis à doença.

- Febre tifoide: é causada principalmente pela S. typhi e trata-se de uma infecção sistêmica que tem início na mucosa intestinal e dissemina-se através do sangue, atingindo fígado, baço e medula óssea. A doença é mais comum em crianças apresentando-se geralmente como uma febre prolongada, dor de cabeça, desconforto abdominal e letargia generalizada.

A transmissão da Salmonella para o homem geralmente ocorre pelo consumo de alimentos contaminados, podendo ocorrer também à transmissão pessoa a pessoa em hospitais, ou ainda através do contato com animais infectados. Os produtos alimentícios de origem animal, como carne, leite e ovos são mais comumente responsáveis pela transmissão desses micro-organismos ao homem. Outro mecanismo de transmissão consiste na contaminação do homem pelo contato com animais de estimação exóticos, como lagartos, cobras, iguanas, entre outros.

Klebsiella pneumoniae

Esse gênero bacteriano pertence à família Enterobacteriaceae, sendo frequentemente isolado de materiais biológicos humanos. K. Pneumoniae é encontrada nas fezes de 30% dos indivíduos normais e, em menor frequência, na nasofaringe. É uma importante causa de pneumonia, bacteremias e de infecções em outros órgãos, como o trato urinário. As infecções podem levar à bacteremia grave, com altas taxas de morbidade e mortalidade. Sendo um patógeno oportunista, causa infecções em pacientes imunocomprometidos e é um importante agente de infecções hospitalares. Assim, recém-nascidos, pacientes cirúrgicos e portadores de neoplasias e diabetes possuem maior risco de desenvolver infecção. A meningite pode ser observada em neonatos e em pacientes com procedimentos neurocirúrgicos de grande porte. K. pneumoniae pode ainda causar endocardite, infecções de feridas cutâneas e enterite.

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24 No ambiente hospitalar, são relatadas altas taxas de colonização por K.

Pneumoniae, principalmente nas fezes, mãos e orofaringe. Alguns procedimentos invasivos, como utilização de cateter vesical e/ou intubação para ventilação mecânica apresentam-se como fatores de risco para a colonização por este micro-organismo. Surtos hospitalares provocados por organismos multirresistentes a antibióticos têm sido relatados em diversos países nos últimos anos.

Escherichia coli

É um bacilo Gram negativo, de enorme diversidade ecológica, e compreende pelo menos cinco categorias de amostras que causam infecção intestinal por diferentes mecanismos e várias outras associadas com infecções urinárias, meningites e outras infecções extra-intestinais. Apesar de fazer parte da microbiota intestinal normal do homem, estando presente nas fezes de todos os indivíduos normais, E. Coli é também um patógeno importante. Sua estreita associação com as fezes do homem e dos animais representa a base do teste para verificação de contaminantes fecais na água e nos alimentos. Os dois tipos gerais de E. coli são a enterro-hemorrágica e a enterotoxigênica.

- E. coli Entero-hemorrágica (EHEC): causa diarreia hemorrágica, aquosa, cólicas abdominais, em geral sem febre. A transmissão ocorre pela via fecal-oral, através de carne contaminada com fezes e inadequadamente cozida, leite não pasteurizado, pessoa a pessoa, água contaminada com fezes.

- E. coli Enterotoxigênica (ETEC): causa a “diarreia do viajante”, com fezes aquosas com ou sem muco ou sangue, podendo ocorrer vômito, cólicas abdominais, desidratação e febre baixa. As cepas enterotoxigênicas de E. coli são causa frequente de diarreia em crianças de pouca idade, nos países em desenvolvimento. A transmissão ocorre por via fecal-oral, através da ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes.

Pseudomonas aeruginosa

É o mais frequente bacilo Gram negativo isolado nos laboratórios de Microbiologia Clínica. É um dos principais agentes e infecção em indivíduos com defesas diminuídas. Sendo um patógeno oportunista, dificilmente causa infecção em um indivíduo normal. Alterações nas defesas do hospedeiro que facilitam a colonização por essa bactéria são: interrupção das barreiras cutâneas ou mucosas (traumas, cirurgias, queimaduras), imunodepressão fisiológica (prematuros, neonatos,

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25 idosos), imunodepressão terapêutica (corticoides, radiação) e imunossupressão clínica

(diabetes, neoplasia, imunodeficiência).

Tal bactéria é o patógeno mais devastador para pacientes queimados e representa um dos principais agentes de infecção hospitalar em casos de pneumonia, infecção urinária, infecção de feridas cirúrgicas e bacteremias. As fontes de infecção podem ser extremamente diversificadas e incluem flores, verduras, equipamentos respiratórios, torneiras, chuveiros, próteses etc.

Mycobacterium tuberculosis

A tuberculose humana é uma doença infectocontagiosa, causada principalmente por M. tuberculosis. A transmissão ocorre principalmente através de partículas infectantes. Em pacientes com a doença na forma ativa, a inflamação pulmonar crônica é caracterizada por tosse, sendo este o principal mecanismo de disseminação do micro-organismo para novos hospedeiros.

Atualmente, a tuberculose é responsável pelo maior índice de mortalidade humana causada por um único agente infeccioso, representando 7% de todas as mortes no mundo. A doença é conhecida desde os tempos de Hipócrates, como tísica. No Brasil, acredita-se que a tuberculose tenha sido introduzida com a vinda dos portugueses e missionários jesuítas, em 1500. Associa-se o seu ressurgimento a fatores como o aumento na incidência de resistência a drogas, o surgimento da epidemia de AIDS no início da década de 1980.

Mycobacterium leprae

A lepra possui origem geográfica incerta, existindo poucas evidências históricas da doença. Em 1400 a.C., já era referida em escrituras sagradas indianas e foi descrita tanto no Velho como no Novo Testamento. Cidadãos com sintomas da doença passaram a ser isolados da sociedade e encaminhados a “leprosários”, onde se acumulavam e eram tratados como se já estivessem mortos. Em 1873, quando ainda se acreditava que a lepra fosse uma punição divina, o cientista norueguês Gerhard Hansen associou o micro-organismo M. leprae à doença humana, a partir de biópsias de lesões cutâneas.

A lepra, doença de Hansen, ou hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, a única conhecida por invadir o sistema nervoso periférico. Afeta principalmente a pele, as vias aéreas superiores, o sistema nervoso periférico e os olhos. A doença pode ainda causar sequelas graves, como cegueira, a partir de complicações oculares

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26 resultantes da danificação crônica dos nervos simpatéticos. O M. leprae possui baixa

patogenicidade, uma vez que somente algumas das pessoas infectadas desenvolvem a doença. Atinge principalmente indivíduos com idade variando entre 10 e 20 anos, sendo mais comum no sexo masculino. O bacilo causador da lepra apresenta temperatura ótima de crescimento de aproximadamente 30ºC, e por isso infecta preferencialmente áreas “mais frias” do corpo humano, como a mucosa nasal e extremidades dos nervos periféricos (cotovelos, pulsos, joelhos e tornozelos).

A transmissão do M. leprae ocorre através das vias aéreas superiores, onde a mucosa nasal possui um papel central. A doença é transmitida entre pessoas através do convívio de suscetíveis e doentes. Existe ainda a possibilidade de envolvimento da pele na transmissão da doença, já que a manifestação do patógeno é evidente neste tecido, no entanto, não há evidências consistentes a respeito dessa possibilidade. A possibilidade de infecção depende do nível de exposição e da intensidade da fonte infecciosa. Atualmente, a hanseníase está limitada a alguns países em desenvolvimento, manifestando-se de forma endêmica em regiões tropicais e subtropicais, estando relacionada com a pobreza. É mais prevalente em áreas rurais que em centros urbanos.

6. NOÇÕES DE IMUNOLOGIA

Imunologia é a ciência que estuda o sistema imunológico e suas respostas, que envolvem interações complexas entre vários tipos de células e secreções celulares do corpo. Indivíduos sadios se protegem contra micro-organismos invasores através de diferentes mecanismos, que podem ser barreiras físicas, células presentes no sangue e tecidos e diversas moléculas originárias do sangue, todos participantes na defesa do indivíduo. A imunidade inata ou natural compreende os mecanismos de defesa que estão presentes antes da exposição a agentes infecciosos ou a outras moléculas estranhas. Tais mecanismos são inespecíficos e não são aumentados por tais exposições. A imunidade adquirida é constituída por mecanismos de defesa induzidos ou estimulados pela exposição a substâncias estranhas, são específicos e aumentam a cada exposição sucessiva ao agente estranho.

 Imunidade inata

A imunidade inata compreende amplos mecanismos de defesa do hospedeiro, que servem para proteger o organismo contra muitas substâncias nocivas. São mecanismos inespecíficos e congênitos, constituídos por pele e mucosas, microbiota

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27 endógena e algumas respostas celulares e químicas como febre, produção de

interferons, ativação do sistema complemento, inflamação, quimiotaxia e fagocitose. -Pele e mucosas

A pele que reveste os nossos corpos representa um desses mecanismos inespecíficos de defesa do hospedeiro, servindo como uma barreira física ou mecânica contra os patógenos. A maioria dos micro-organismos é incapaz de penetrar na pele intacta, só conseguindo penetrar no organismo quando esta barreira sofre alguma lesão, como cortes e queimaduras ou quando são inoculados através de vetores, como o artrópodes. As mucosas também servem como barreira física ou mecânica contra os patógenos, sendo o muco produzido por elas uma forma de capturar os invasores.

A secura da maioria das partes da pele, assim como a acidez (pH de aproximadamente 5,0) e a temperatura ( 37ºC) inibem a colonização por muitos patógenos. O sebo produzido pelas glândulas sebáceas da pele contém ácidos graxos, que são tóxicos para alguns patógenos. A transpiração também serve como um mecanismo inespecífico de defesa, retirando micro-organismos dos poros e da superfície da pele. A lisozima e outras enzimas presentes nas secreções nasais, saliva e lágrimas têm a capacidade destruir as bactérias invasoras.

- Microbiota endógena

A microbiota endógena da pele, cavidade oral, trato respiratório superior, cólon e outros órgãos, têm função importante na defesa inespecífica do hospedeiro, uma vez que impede que patógenos colonizem estes locais.

- Febre

A febre é caracterizada por temperaturas corpóreas maiores que 37,8ºC. As substâncias que estimulam a produção de febre são chamadas de pirogênios. A febre aumenta as defesas do corpo através da estimulação da multiplicação dos leucócitos que irão destruir os invasores; reduzindo a quantidade de ferro livre no plasma e assim limitando o crescimento dos micro-organismos ou induzindo a produção de interleucina, um pirogênio que estimula a proliferação e ativação de linfócitos durante a resposta imunológica. Temperaturas elevadas ainda reduzem a taxa de crescimento de alguns patógenos e podem até mesmo levá-los à morte.

- Interferons

Os interferons são pequenas proteínas antivirais, produzidas por células infectadas por vírus. Possuem esse nome porque “interferem” na replicação viral. São induzidos por diferentes estímulos, incluindo vírus, tumores, bactérias e outras células estranhas. Os diferentes interferons são produzidos por diferentes tipos de células. Além do seu aspecto benéfico, os interferons que são produzidos em resposta a certas

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28 infecções virais causam sintomas semelhantes à gripe, como indisposição, mialgia,

calafrios e febre, associados a muitas infecções virais. - Sistema complemento

O sistema complemento é um grupo de aproximadamente 30 proteínas diferentes, encontradas no plasma sanguíneo normal, que “complementam” a ação do sistema imunológico. Essas proteínas interagem umas com as outras de forma encadeada, conhecida como “cascata do complemento”. A ativação desse sistema auxilia na destruição de muitos patógenos diferentes, através de mecanismos, como: início e amplificação da inflamação, atração de fagócitos para o local da infecção, ativação de leucócitos, lise de bactérias e outras células estranhas, aumento da fagocitose pelas células fagocíticas.

- Inflamação

É uma série complexa de eventos, cujos principais mecanismos são: aumento do diâmetro dos capilares, com consequente aumento do fluxo sanguíneo para o local; permeabilidade aumentada dos capilares, permitindo o escape de plasma e proteínas; saída de leucócitos dos capilares e seu acúmulo no local da lesão.

A inflamação tem como objetivos localizar a infecção, impedindo a dispersão dos micro-organismos invasores, neutralizar qualquer toxina que esteja sendo produzida no local e ajudar no reparo do tecido danificado. Os sinais e sintomas da inflamação são vermelhidão, calor, inchaço e dor. Frequentemente, há formação de pus e, algumas vezes, perda de função da área afetada.

- Fagocitose

É o processo pelo qual os fagócitos englobam e ingerem materiais estranhos. Os dois grupos mais importantes de fagócitos do corpo humano são os macrófagos e os neutrófilos. Estas células são responsáveis por livrar o organismo de substâncias indesejáveis, como células mortas, restos celulares e micro-organismos. As etapas da fagocitose são:

1. QUIMIOTAXIA: os fagócitos são atraídos pelos agentes quimiotáticos ao local da infecção;

2. ADESÃO: o fagócito adere a um objeto;

3. INGESTÃO: os pseudópodes circundam o objeto, levando-o ao interior da célula;

4. DIGESTÃO: o objeto é degradado e dissolvido por enzimas digestivas e por outros mecanismos.

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29 Resulta de uma produção ativa ou do recebimento de anticorpos durante um

período da vida. Se os anticorpos são produzidos no interior do organismo da pessoa, a imunidade é chamada imunidade ativa, sendo tal proteção geralmente duradoura. É adquirida em resposta à entrada de um patógeno vivo no organismo ou em resposta a vacinas. Quando a pessoa recebe anticorpos produzidos por um indivíduo especificamente imunizado, tal proteção é chamada imunidade passiva e normalmente é apenas temporária. Pode ser adquirida pelo feto, quando recebe anticorpos maternos ou pelo lactente, ao receber anticorpos maternos contidos no colostro.

A resposta imune adquirida pode ser dividida em dois ramos principais: a imunidade humoral e a imunidade mediada por células. Na imunidade humoral, moléculas chamadas anticorpos são produzidas por linfócitos com o objetivo de inativar e destruir micro-organismos específicos. Na imunidade mediada por células, estão envolvidos vários tipos celulares, atuando de diferentes formas na proteção do organismo contra agentes infecciosos.

- Imunidade humoral

É mediada por moléculas do sangue, chamadas anticorpos, que são produzidas pelos linfócitos B. Os anticorpos reconhecem de forma específica os antígenos microbianos, neutralizando a infecciosidade desses agentes. É o principal mecanismo de defesa contra micro-organismos extracelulares e suas toxinas.

ANTICORPOS: são glicoproteínas produzidas pelos linfócitos em resposta à presença de um antígeno. Normalmente, um anticorpo é considerado específico, pois irá reconhecer e se ligar apenas ao determinante antigênico que estimulou sua produção. Todos os anticorpos pertencem a uma classe de proteínas chamada imunoglobulinas, que são encontradas no sangue, na linfa, na lágrima, na saliva e no colostro.

ANTÍGENOS: pode ser qualquer substância orgânica estranha, capaz de estimular a produção de anticorpos. Os antígenos podem ser proteínas, grandes polissacarídeos ou moléculas de DNA ou RNA, ou ainda qualquer combinação de moléculas biológicas que são componentes celulares de micro-organismos e de macro-organismos, como os helmintos.

- Imunidade celular

A imunidade mediada por células tem como função controlar infecções crônicas causadas por patógenos intracelulares, uma vez que os anticorpos são incapazes de entrar nas células. Dessa forma, promove a destruição dos micro-organismos intracelulares, como vírus e algumas bactérias. Ocorre por ação direta de células denominadas linfócitos T, que são altamente específicas para cada patógeno, resultando em reações dirigidas contra as características de cada agente agressor.

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30 Pode ocorrer a destruição da célula microbiana presente no interior do fagócito ou a

lise de células infectadas.

7. MICOSES SUPERFICIAIS E SUBCUTÂNEAS

As micoses são doenças infecciosas representativas e constituem o principal objeto de estudo da Micologia Médica. O reservatório habitual dos fungos que infectam o homem pode ser o próprio homem, os animais ou um sítio na natureza, onde o fungo se desenvolve como saprófita. As micoses superficiais compreendem as infecções fúngicas que atingem pele, pêlo, unhas e mucosas.

As micoses superficiais estritas localizam-se nas camadas superficiais da pele ou do pêlo. As dermatofitoses atingem pele, pêlo ou unhas e são causadas por fungos queratinofílicos, os dermatófitos. As dermatofitoses podem ser transmitidas de homem a homem, de animal ao homem ou do solo ao homem.

Micoses superficiais estritas

Caracterizam-se por lesões nodulares nos pêlos ou manchas na pele, produzindo alteração mais superficial do estrato córneo e, na maioria das vezes, não induzem resposta inflamatória do hospedeiro. Essas infecções são consideradas mais pelo aspecto antiestético da lesão.

PTIRÍASE VERSICOLOR

É micose superficial, geralmente assintomática, caracterizada por lesões do tipo hipo ou hipersegmentadas, daí seu nome de versicolor, localizadas no tórax, abdome, pescoço, face e, com menos freqüência, nos membros, axilas, virilhas e coxas. Espécies do gênero Malassezia, fungos lipofílicos, são os agentes da pitiríase versicolor.

A pitiríase versicolor é prevalente em zonas tropicais e subtropicais, ocorrendo principalmente em adolescentes e adultos. É conhecida também como micose de praia, pois quando o indivíduo se expõe ao sol, as manchas preexistentes dão reveladas.

As espécies do gênero Malassezia parecem fazer parte da microbiota normal da pele, na sua fase leveduriforme e, por mecanismos ainda desconhecidos, passariam à forma filamentosa, tornando-se patogênicas. O couro cabeludo e outras áreas cobertas de pêlo seriam o reservatório do fungo, o que explicaria as freqüentes recidivas da micose. As espécies de Malassezia sp. têm sido relacionadas também com dermatite seborréica, onicomicose e foliculite.

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31 TINEA NIGRA (TINHA NEGRA)

É infecção assintomática de localização preferencial nas palmas das mãos ou nas plantas dos pés. Pode também ocorrer em outras áreas da pele. Clinicamente, manifesta-se pelo aparecimento de mancha escura, marrom ou negra, de aspecto fuliginoso. Dos agentes da tinha negra, Phaeoannellomyces werneckii é a única espécie encontrada no Brasil.

PIEDRAS

São infecções fúngicas que se caracterizam pela presença de nódulos irregulares, aderentes ao pêlo e, geralmente, visíveis a olho nu.

A piedra branca, produzidas por leveduras do gênero Trichosporon, é caracterizada pela presença de nódulos claros, pouco aderentes ao pêlo. As colônias são de desenvolvimento rápido, de cor creme. Para o diagnóstico, em geral, é suficiente a observação microscópica dos pêlos parasitados.

A piedra negra é causada por Piedraia hortae, encontrada principalmente em regiões tropicais e subtropicais, e é endêmica na Amazônia, onde é denominada tirana. Os nódulos são de cor escura, muito duros, aderentes aos pêlos e localizam-se somente nos cabelos.

Dermatofitoses

As dermatofitoses são produzidas por um grupo de fungos altamente especializados, denominados dermatófitos, que têm uma habilidade de degradar a queratina e transformá-la em material nutritivo para seu crescimento. Por essa razão, em hospedeiros imunocompetentes, permanecem restritos ao estrato córneo da pele e seus anexos, pelos e unhas, não invadindo os tecidos mais profundos.

O gênero Trichophyton apresenta colônias de desenvolvimento rápido, aspecto algodonoso, branco, com reverso de cores variadas. Microscopicamente, são verificados macroconídeos cilíndricos, multisseptados, de paredes lisas e finas, e, em maior quantidade, microconídeos redondos, ovais ou piriformes.

Os fungos do gênero Microsporum têm crescimento rápido, com colônias algodonosas ou pulverulentas de pigmentação variada no reverso, do amarelo-ouro ao marrom, de acordo com a espécie. Os macroconídeos são fusiformes, multisseptados, de paredes rugosas e espessas e apresentam poucos microconídios.

As colônias do gênero Epidermophyton têm desenvolvimento mais lento, são aveludadas, com sulcos radiados e de cor amarelo-esverdeado. Microscopicamente,

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32 apresentam macroconídios piriformes, multisseptados, de paredes lisas, espessas,

com duas a quatro células, isolados ou em pequenos cachos.

Segundo o gênero dos dermatófitos, as lesões podem localizar-se na pele, nos pelos e/ou nas unhas e as dermatofitoses são denominadas ainda de acordo com o local afetado: tinea capitis (couro cabeludo), tinea barbae (região da barba), tinea corporis (pele), tinea pedis (pés), tinea manuum (mãos), tinea unguium (unhas).

No pelo, os dermatófitos atacam a camada superficial, avançando até o folículo piloso. O pelo perde o brilho, torna-se quebradiço e cai. O parasitismo no pelo pode ser externo ou interno, podendo, eventualmente apresentar-se das duas formas. Na pele, os dermatófitos causam lesões com propagação radial, circulares, bem delimitadas, geralmente com centro descamativo e bordos eritematosos. Na unha, a infecção inicia-se pela borda livre, podendo atingir a superfície e a área subungueal. As unhas tornam-se branco-amareladas, porosas e quebradiças.

Os dermatófitos são classificados como antropofílicos, geofílicos e zoofílicos. Os dermatófitos antropofílicos estão adaptados ao parasitismo humano e mantêm seu ciclo na natureza através da passagem de homem a homem. Dermatófitos geofílicos são os que têm seu habitat no solo e geralmente estão associados a tecidos queratinizados em processo de decomposição, no solo. As espécies de dermatófitos zoofílicos têm os animais como hospedeiros preferenciais, infectando usualmente o homem.

Os dermatófitos podem ser transmitidos de homem a homem, do animal ao homem, ou vice-versa, de animal a animal e do solo ao homem e animal, pelo contato direto, ou através de escamas epidérmicas e pelos infectados. Os mecanismos de transmissão dos dermatófitos não estão ainda completamente esclarecidos. Dados epidemiológicos sugerem que a transmissão dos antropofílicos é feita pelo contato do indivíduo com ambientes contaminados por propágulos do fungo, como piso de salas de banho, saunas, borda de piscinas, ou por meio de objetos de uso pessoa, como pentes, escovas, toalhas.

Do ponto de vista epidemiológico, é importante considerar o portador assintomático de dermatófitos. Várias pesquisas têm demonstrado a presença de dermatófitos em humanos e outros animais, sem lesão clínica aparente.

Micoses subcutâneas

As micoses subcutâneas são causadas por fungos saprófitas, presentes no solo, nos vegetais e nos animais de vida livre. Tais fungos são parasitas acidentais do homem e dos animais, que adquirem a infecção através de traumatismos na pele,

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