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Método de avaliação da ecoeficiência de embalagens logísticas

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Academic year: 2021

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DIMAS AILTON ROCHA

MÉTODO DE AVALIAÇÃO DA ECOEFICIÊNCIA DE EMBALAGENS LOGÍSTICAS

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção. Orientador: Prof. Dr. Carlos Manuel Taboada Rodriguez

Florianópolis-SC 2016

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Dimas Ailton Rocha

MÉTODO DE AVALIAÇÃO DA ECOEFICIÊNCIA DE EMBALAGENS LOGÍSTICAS

Esta Tese foi julgada adequada para obtenção do Título de “Doutor em Engenharia de Produção” e aprovada em sua forma final pelo Programa

de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.

Florianópolis, 29 de fevereiro de 2016.

_______________________________ Prof. Fernando Antônio Forcellini, Dr.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________________________ Prof. Carlos Manuel Taboada Rodriguez , Dr.

Orientador/Presidente

Universidade Federal de Santa Catarina

_________________________________ Prof. Guilherme Luz Tortorella , Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

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_________________________________ Prof. Diego Castro Fettermann , Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

____________________________________ Prof. João Carlos Espindola Ferreira , Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

_________________________________ Prof. Jandecy Cabral Leite, Dr.

Instituto de Tecnologia e

Educação Galileo da Amazônia (ITEGAM)

____________________________________ Profa. Elisete Dahmer Pfitscher , Dra Universidade Federal de Santa Catarina

________________________________ Prof. Luiz Eduardo Simão, Dr. Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)

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Este trabalho é dedicado ao meu pai, meu exemplo de simplicidade (in memoriam);

à minha mãe, “minha mestra”... Sempre! À minha esposa Ide e à minha filha Ana Luísa e ao meu amigo Zé Celso Barbosa Jr. (in memoriam).

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AGRADECIMENTOS

Qualquer tentativa de citar todas as pessoas que contribuíram com este trabalho de forma indireta me faria correr um risco enorme de esquecer alguém. Então, deixo aqui meus sinceros agradecimentos a todos os meus amigos, aos amigos do BEG, Alpinistas; familiares, clientes, alunos, conhecidos e demais pessoas que torceram pelo meu sucesso nessa empreitada;

a todos os componentes do LDL que de forma mais direta tiveram uma participação especial ao longo dessa etapa da minha vida, com carinho ao meu Orientador, Mestre e Professor Toboada, Neimar, Marina, Francielly, Nadiesca e um agradecimento fraterno ao “Anjo” Marisa que nas horas mais tensas me deu o suporte necessário para continuar.

aos meus colegas e amigos do UNIBAVE pela compreensão e paciência ao longo desses anos, principalmente ao corpo gestor por acreditar nas minhas convicções;

ao suporte técnico e de pesquisa recebido dos meus amigos e Professores Adriana Z. Moraes, Marlene Zwierewicz, Ana M. Dalsasso, Jaqueline Fortunato, Claiton Uliano, Solange Vandresen, Jacira Zanatta, Tiago Colombo, Nacim Miguel e Mario Sérgio Bortolatto;

aos professores do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas (DEPS) que me instigaram a continuar, a questionar...

aos meus amigos que apoiaram esse trabalho: Matheus Rocha (Bistek), Tania, Janaína e Edvaldo (Embalagens Urussanga);

um agradecimento especial à “Meri” da secretaria do DEPS pelo carinho com que sempre nos atendeu e aos professores que aceitaram participar de minha defesa.

A todos a meu muito obrigado!

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“The secret of life is enjoying the passage of time.”

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RESUMO

Processos produtivos de um modo geral geram impacto no meio ambiente. A logística, como parte de um sistema, participa de processos produtivos de forma direta e indireta. O principal objetivo deste trabalho foi desenvolver um método de avaliação da ecoeficiência de embalagens logísticas. Houve necessidade de uma clara definição da fronteira dos sistemas de embalagens e função logística. Pesquisaram-se os sistemas de embalagens e suas (cor)relações com a logística, desenvolvimento sustentável, metodologias de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV/LCA), ecocusto, Demanda Cumulativa de Energia (DCE) entre outras, buscando parâmetros para sustentar o desenvolvimento de um método avaliação de ecoeficiência de embalagens utilizadas em logística. Definiram-se critérios de pesquisa para diagnosticar a função logística das embalagens por profissionais da área. O embasamento teórico e os resultados da pesquisa auxiliaram na composição de um conceito de embalagem logística, objeto de estudo deste trabalho. Foi proposto um método de ecoeficiência baseado em energia, material e movimento, que foi aplicado em um centro de distribuição que, com os resultados apresentados neste trabalho, abrem oportunidades para desenvolver outros trabalhos relacionados à ecoeficiência na área de logística.

Palavras-chave: Logística; Embalagem logística; Ecoeficiência logística.

(11)

ABSTRACT

Productive processes generally have some impact on the environment. As part of a system, the logistics area participates in production processes directly or indirectly. The main objective of this work was to develop a method to evaluate the eco-efficiency of logistics packages. There was a need for a clear definition of the frontier of packaging systems and logistics function. Packaging systems and their correlations with logistics and sustainable development, Life Cycle Assessment (LCA) methodologies, eco-cost, Cumulative Energy Demand (DCE), among others, were investigated in order to find parameters for to support the development of an eco-efficiency assessment method for packaging used in logistics. We defined research criteria that allowed us to diagnose the logistics function of packaging by professionals in the area. The theoretical basis and the results of the research helped in the composition of a concept of logistics packaging, object of study of this work. An eco-efficiency method based on energy, material and movement has been proposed and applied to a distribution center that, with the results presented in this paper, opens opportunities to develop other work related to eco-efficiency in the logistics area.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Matriz norteadora da pesquisa ... 36

Figura 2 – Método, abordagem e técnica da pesquisa ... 47

Figura 3 – Método de pesquisa ... 48

Figura 4 – Abordagem de pesquisa ... 48

Figura 5 – Contribuições da abordagem quantitativa ... 49

Figura 6 – Técnica de modelagem ... 50

Figura 7 – Decisões em logística ... 57

Figura 8 – Atividades em uma cadeia de suprimentos ... 58

Figura 9 – Circuito crítico dos serviços ao cliente ... 59

Figura 10 – Estágios de desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos ... 61

Figura 11 – Desafios da logística ... 62

Figura 12 – Usuários de internet no mundo ... 63

Figura 13 – Exemplo de cadeia de suprimento de um detergente líquido ... 69

Figura 14 – Processo de gerenciamento logístico ... 71

Figura 15: Interfaces da logística com o marketing e a produção ... 74

Figura 16 – O ciclo de vida da embalagem em uma única viagem e o seu retorno através do canal ... 82

Figura 17 – Consumo de embalagens por tipo de material em bilhões US$ em 2012 ... 85

Figura 18 – Consumo de embalagens por região em bilhões US$ em 2012 ... 86

Figura 19 – Painel pressão-estado-resposta ... 120

Figura 20 – Categorias de impacto para a modelagem e caracterização nos níveis de midpoint e endpoint (área de proteção) ... 140

(14)

Figura 21 – Estrutura LCA ... 142 Figura 22 – Ideia básica da combinação da cadeia econômica e ecológica ... 160 Figura 23 – Estrutura de cálculo dos ecocustos 2012 ... 162 Figura 24 – Ecocustos baseados nos custos marginais de prevenção no nível sem efeito (os custos em euros/kg da medida técnica) ... 164 Figura 25 – Fontes de geração da matriz energética elétrica brasileira ... 180 Figura 26 – Conceito de embalagem logística ... 210 Figura 27 – Método VDI 2198 ... 217 Figura 28 – Composição do cálculo de ecoeficiência da ULMT ... 222

(15)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Geração e recuperação de materiais – resíduos sólidos municipais* (2013) (em milhões de toneladas e % de

geração de cada material) ... 87

Tabela 2 – Instituições brasileiras de pesquisa por defesas em nível de pós-graduação stricto-sensu ... 156

Tabela 3 – Vendas tipo de material de embalagem – Brasil 181 Tabela 4 – Distribuição e retorno dos instrumentos de pesquisa por segmento... 194

Tabela 5 – Resultado da pesquisa com respostas completas por segmento ... 196

Tabela 6 – Função manuseio x tipo de embalagem ... 198

Tabela 7 – Função movimentação x tipo de embalagem ... 198

Tabela 8 – Função transporte x tipo de embalagem ... 199

Tabela 9 – Função proteção x tipo de embalagem ... 199

Tabela 10 – Função estocagem x tipo de embalagem ... 200

Tabela 11 – Função venda/exposição ... 201

Tabela 12 – Consolidação da adequação das embalagens conforme função ... 202

Tabela 13 – Grau de adequação das embalagens x função 203 Tabela 14 – Classificação de embalagens com base nas funções ... 206

Tabela 15 – Dados de impactos ambientais de substâncias e processos ... 213

Tabela 16 – Tempo de trabalho de empilhadeiras ... 219

Tabela 17 – Consumo de combustível por modelo de empilhadeira ... 219 Tabela 18 – Composição das Unidades Logísticas de

(16)

Tabela 19 – Resultado do cálculo da energia necessária aos materiais da ULMT ... 227 Tabela 20 – Cálculo da energia para o trabalho executado pelas pessoas na composição da ULMT ... 230 Tabela 21 – Cálculo da energia de mão de obra de operação de máquina empilhadeira ... 233 Tabela 22 – Energia envolvida na reparação, manutenção e despacho da ULMT ... 236 Tabela 23 – Energia gasta com a função do transporte da ULMT (veículo + mão de obra) ... 242 Tabela 24 – Energia total necessária à entrega da ULMT .... 244 Tabela 25 – Indicador de ecoeficiência – Kcal/Kg de ULMT 246 Tabela 26 – Custo ecológico da matriz energética brasileira248 Tabela 27 – Ecocusto utilizando base energética da ULMT . 249 Tabela 28 – Teste com alteração do material da embalagem dos produtos 2 e 5 ... 250 Tabela 29 – Teste com resultado da alteração do material da embalagem dos produtos 2 e 5 ... 251

(17)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Fluxo estrutural da metodologia da pesquisa ... 52

Quadro 2 – Eventos relacionados à sustentabilidade... 101

Quadro 3 – Etapas da avaliação do ciclo de vida ... 139

Quadro 4 – Alterações causadas ao meio ambiente e à vida por tipo de poluição ... 167

Quadro 5 – Combinação dos ecocustos ... 168

Quadro 6 – Configuração das embalagens investigadas ... 207

Quadro 7 – composição inicial da ULMT ... 224

Quadro 8 – Parâmetros de consumo energia, homem e tempo ... 228

Quadro 9 – Parâmetros de consumo, tempo e carga da empilhadeira x ULMT ... 232

Quadro 10 – Parâmetros de tempo, consumo e carga do CD x ULMT ... 234

Quadro 11 – Parâmetros de energia, peso e distância do caminhão x ULMT ... 239

Quadro 12: Parâmetros de energia, peso e distância do motorista x ULMT... 241

(18)
(19)

SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO

... 27

1.1 OBJETIVOS ... 34 1.1.1 Objetivo geral ... 34 1.1.2 Objetivos específicos ... 35 1.2 JUSTIFICATIVAS ... 36 1.2.1 Relevância do tema ... 41

1.2.2 Contribuição para o conhecimento ... 44

1.2.3 Limitações da pesquisa ... 46

1.3 METODOLOGIA EMPREGADA NA PESQUISA ... 47

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ... 53

1.5 LOGÍSTICA E GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS ... 55

1.5.1 Logística ... 56

1.5.2 Atividades da logística ... 57

1.5.3 A importância da logística ... 60

1.5.4 Gerenciamento da cadeia de suprimentos ... 67

1.5.5 Visão sistêmica ... 68

1.6 AS INTERFACES DA LOGÍSTICA ... 72

1.6.1 Interface com o cliente ... 74

1.6.2 Interface com o fornecedor ... 75

1.7 OS OBJETIVOS DA LOGÍSTICA ... 76

1.8 O CENÁRIO DA EMPRESA EM SEU MEIO DE SOBREVIVÊNCIA ... 76

(20)

1.9 EMBALAGENS ... 77

1.9.1 Funções da embalagem ... 79

1.9.2 A embalagem e o meio ambiente ... 83

1.9.3 Embalagens e inter-relações com logística ... 87

1.9.4 Classificação de embalagens ... 91

1.9.5 Logística reversa e embalagens ... 93

2 SUSTENTABILIDADE ... 95

2.1 CRONOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 98 2.3 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 107

2.4 MEDIDAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 110

2.5 REQUISITOS OU CRITÉRIOS PARA A FORMAÇÃO DE INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 113

2.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE SUSTENTABILIDADE ... 121

2.7 ECOEFICIÊNCIA ... 124

2.8 O CONCEITO DE ECOEFICIÊNCIA ... 129

2.9 INDICADORES DE ECO-EFICIÊNCIA ... 132

2.10 FUNDAMENTAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE ECOEFICIÊNCIA ... 135

2.10.1 Análise do ciclo de vida ... 136

2.10.1.1 Método CML 2001 ... 144

2.10.1.2 Método Eco-indicator 99 ... 144

2.10.1.3 Ecological Scarcity Method 2006 ... 145

2.10.1.4 EDIP 2003 ... 146

(21)

2.10.1.6 ReCiPe 8 ... 148

2.10.1.7 TRACI 2.1 ... 149

2.10.1.8 Método RiskPoll ... 151

2.10.1.9 IPCC 2007-2013 ... 152

2.10.1.10 USEtox ... 153

2.11 A METODOLOGIA DE ECOCUSTO – ABORDAGEM DELFT POR VOGTLÄNDER ET AL. ... 158

2.12 DEMANDA CUMULATIVA DE ENERGIA ... 175

3

DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO DE

ECOEFICIÊNCIA DE EMBALAGENS LOGÍSTICAS

. 177

3.1 ENERGIA – PRIMEIRO COMPONENTE ... 177

3.1.1 O uso da energia em logística ... 178

3.1.2 Geração de energia por modelo de geração ... 179

3.2 EMBALAGENS – SEGUNDO COMPONENTE ... 180

3.3 MOVIMENTO – TERCEIRO COMPONENTE ... 182

3.4 DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE EMBALAGEM LOGÍSTICA ... 185

3.4.1 Pesquisa: identificação da embalagem logística ... 187

3.4.1.1 Instrumento de investigação ... 188

3.4.1.2 Critérios de validação dos instrumentos respondidos para serem tabulados ... 192

3.4.1.3 Tabulação e classificação respostas do instrumento de investigação ... 192

3.4.1.4 Instruções de entrega, preenchimento coleta e estatísticas dos instrumentos de investigação ... 193

3.4.1.5 Apuração dos resultados por função das embalagens pesquisadas ... 197

(22)

3.4.1.5.2 Adequações da embalagem a cada função ... 201 3.4.1.5.3 Critérios para definição da embalagem logística ... 204 3.4.1.5.4 Análise do resultado: função x embalagem logística

205

3.5 DEFINIÇÃO UNIDADE LOGÍSTICA DE MANUSEIO,

MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE – ULMT ... 207

3.6 DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DO MÉTODO DE

CÁLCULO DE ECOEFICIÊNCIA DA ULMT ... 211

3.6.1 Caracterização dos materiais da ULMT e cálculo da energia utilizada ... 212 3.6.2 Caracterização da mão de obra de manuseio e cálculo da energia envolvida ... 214 3.6.3 Caracterização do tempo de empilhadeira, mão de obra de operação e cálculo da energia necessária à movimentação da

ULMT 216

3.6.4 Caracterização do serviço de transporte e cálculo da energia necessária para entrega da ULMT no destino ... 220 3.6.5 Aplicação do Cálculo de Ecoeficiência em um CD de supermercado ... 222 3.6.6 Cálculo da energia necessária para os materiais da

ULMT 225

3.6.6.1 Cálculo da energia necessária para manuseio e

preparação da ULMT – atividades uso intensivo de mão de obra (manual) 228

3.6.6.2 Cálculo da energia utilizada pela ULMT para

movimentação e preparação por meio de empilhadeira e operador 231

3.6.6.3 Cálculo da energia utilizada pela ULMT para iluminação

e outras atividades e utilidades internas do CD em estudo ... 234

3.6.6.4 Cálculo da energia utilizada no transporte e pelo

motorista até o destino final da ULMT ... 237

3.6.6.5 Consolidação da energia global – indicador de

(23)

3.6.6.6 Outras aplicações do indicador de ecoeficiência – com base no método ... 244 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ... 253

4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 253

4.2 RECOMENDAÇÕES ... 259

(24)
(25)

27 1 INTRODUÇÃO

A grande oferta de produtos e serviços gerada pela abertura das fronteiras nos últimos anos, consequência da necessidade mundial de integração, tem levado os setores internos das empresas e suas relações a desenvolver novas formas de agir e reagir a tais mudanças. As áreas que têm maior exposição a essas alterações são aquelas que estão em contato direto com o mercado, como as de marketing, comercial e demais áreas de suporte ao negócio.

Para exemplificar o impacto do mundo globalizado nas organizações, Friedman (2005) citava o caso da relação da Hewlett-Packard (HP), produtor mundial de computadores e equipamentos de impressão. Em 2005 ela vendia 400 mil computadores à rede varejista Walmart, distribuídos em 4 mil de suas unidades de varejo no mundo. Há nesse caso necessidade de que todos os participantes da cadeia de fornecimento da HP sejam adaptados para os padrões dos equipamentos vendidos na rede Walmart. Essa capacidade de gerir de forma harmoniosa o atendimento no mundo inteiro, com suas diferenças regionais, é tratada for Friedman como a grande força, que é o gerenciamento da cadeia de suprimento.

Trata-se do método de colaboração horizontal entre os fornecedores (indústria), os varejistas e os clientes, com o intuito de agregar valor. Quanto mais as cadeias de fornecimento se

(26)

28

multiplicam, mais padronizadas se tornam suas relações, melhorando a comunicação, diminuindo os possíveis atritos entre os colaboradores, formando uma força global de relacionamentos.

O relacionamento entre os membros da cadeia de suprimentos faz com que qualquer ganho nela verificado seja compartilhado por todos e, por consequência, isso implica uma melhoria de serviço, redução de custo ou outra vantagem para o consumidor, traduzindo-se mais tarde em uma vantagem competitiva para a referida cadeia. Porém, os riscos de que em algum elo da cadeia ocorram problemas também existe. Nesse aspecto, até por uma questão lógica, tais problemas também acabam sendo disseminados em toda a extensão da cadeia de suprimentos. A interface entre os componentes dessa “teia” empresarial é executada pela área de logística de cada um dos seus componentes.

Na interface com a produção existem atividades que são atribuídas à área de logística. As atividades de interface, conforme definido por Ballou (2001, p. 33) “são aquelas criadas por uma separação arbitrária das atividades de uma empresa em um número limitado de divisões organizacionais”, ou seja, são atividades que quando gerenciadas por uma única pessoa podem levar o desempenho da área a diminuir em função de sua abrangência, ficando as metas globais subordinadas a um único setor.

(27)

29 Esse problema é ocasionado em função do tradicional sistema departamental verificado na grande maioria das organizações, e uma forma de evitar que isso ocorra é incentivando a cooperação entre as áreas envolvidas. Algumas dessas atividades, na relação com produção, são planejamento e programação da produção, escolha de locais para instalações e a área de compras e suprimentos.

Dentro do contexto mercadológico, a área de logística divide as atividades de interface com o setor de marketing, no estabelecimento de padrões de serviços ao cliente, no auxílio à precificação de produtos e serviços, no desenvolvimento de embalagens, na busca por soluções para desenvolvimento de pontos de vendas e, nos últimos anos cada vez mais, no processo de logística reversa, envolvendo todos os setores.

A busca incessante por ganhos provenientes de melhorias adicionadas na qualidade dos serviços prestados ao cliente é, segundo Ballou (2001, p. 33), o ideal do profissional de logística, pois, somente dessa forma suas atividades resultarão em maior retorno sobre o investimento ao longo do tempo. Ainda para esse autor, “maximizar ao longo do tempo a relação da receita anual (devido ao nível de serviços prestados ao cliente) menos os custos operacionais do sistema logístico sobre o investimento anualizado no sistema logístico” pode ser considerado o principal objetivo financeiro da área de logística.

Isso é ainda fato nos dias de hoje, pois se sabe que para qualquer negócio manter-se em funcionamento há uma

(28)

30

necessidade básica de retornos financeiros, sem os quais as organizações de um modo geral não se sustentariam. A área de logística tem papel fundamental nesse aspecto.

Este trabalho tem seu contexto diretamente ligado à área de logística, setor das organizações que tem suas atividades diretamente ligadas ao fornecimento de materiais, produtos e serviços, sejam eles de entrada, aqueles necessários ao desenvolvimento, à compra e ao recebimento de matérias-primas, à manutenção dos processos (fabricação) em andamento e também à organização de estoques e estruturas físicas de armazenagem para posterior entrega aos clientes (expedições, centros de distribuição, entre outras facilidades).

A área de abrangência e atuação de uma empresa, como foi observado até aqui, passou a ser o cenário mundial, e não mais local e regional, e os recursos utilizados em processos produtivos, assim como seus possíveis consumidores, estão espalhados em uma escala global maior do que anteriormente.

Esse fato torna maior ainda o desafio da logística, que é reduzir o tempo entre produção e consumo, pois os clientes e consumidores precisam ter seus produtos dentro das condições de custo, tempo, lugar e quantidade que compraram (VIANA, 2002). Porém, após seu uso, esses produtos normalmente geram resíduos e alguns deles têm que retornar ao local de origem para eventuais consertos; outros não estavam adequados ao consumo e precisam ser substituídos, entre outras ocorrências. Nesses casos, o trabalho da logística ainda é necessário e, para essa

(29)

31 atividade, tem-se utilizado a denominação de logística reversa (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 1999, p.10).

Desenvolver meios de diminuir os impactos causados pela utilização da logística sejam eles, ambientais, econômicos ou sociais, também deve ser uma busca constante dessa área. Nesse sentido, o controle dos processos logísticos por meio de indicadores de desempenho que possam exprimir variações em relação aos diferentes tipos de impactos ambientais causados pela atividade logística é ferramenta importante não só para essa área, mas também para toda a cadeia de suprimentos.

Os propósitos deste trabalho relacionam-se diretamente com esses indicadores, não só no sentido econômico-financeiro, mas congregando índices que possam demonstrar a interferência da logística ou a contribuição dela para o caminho da sustentabilidade empresarial.

Os materiais em uso ao longo dos processos logísticos são os mais diversos e, por consequência, têm igualmente diversas origens nos mais variados sistemas produtivos. A logística vem passando por muitos processos de integração com outros setores, já afirmavam Kahn e Mentzer (1996), além de se relacionar no âmbito externo com inúmeros outros componentes da cadeia de suprimentos.

Os materiais para as trocas de mercadorias, matérias-primas e outros produtos circulam entre os participantes da cadeia produtiva. Os mais expressivos deles, em termos de quantidade, que têm uma relação direta com logística e cadeia

(30)

32

de suprimentos, são as embalagens, sejam elas elementos de trocas interdepartamentais, sejam ferramentas de marketing (PAINE, 1991). Do ponto de vista da sustentabilidade, todos esses materiais utilizaram algum tipo de energia no seu processo produtivo, de sua origem até chegar ao cliente.

O desenvolvimento sustentável tornou-se um dos slogans mais populares na agenda política do mundo. Quase todos os governos se comprometeram com o desenvolvimento sustentável através da integração entre o bem-estar econômico, a qualidade ambiental e a coesão social. Como consequência, há um desejo político forte para a avaliação global das alterações em termos econômicos, ambientais e condições sociais (incluindo institucional); no entanto, será difícil melhorar uma questão que não possa ser claramente medida. Monitorar o progresso rumo ao desenvolvimento sustentável requer em primeiro lugar a identificação dos indicadores operacionais que ofereçam unidades gerenciáveis de informações sobre condições econômicas, ambientais e sociais (BÖHRINGER; JOCHEM, 2007).

Um dos indicadores utilizados para medir o grau de sustentabilidade de produtos é a ecoeficiência. O conceito de ecoeficiência foi primeiramente descrito por Schaltegger (1997); em seguida, amplamente divulgado no livro Changing course (Mudar de curso), publicado em com The Business Council for Sustainable Development (Conselho Mundial Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável) (SCHMIDHEINY; WBCSD, 1992).

(31)

33 Desde então esse conceito tem sido aceito como o tema estratégico para os negócios globais em relação aos compromissos e atividades que visam ao desenvolvimento sustentável (EHRENFELD, 2005).

A busca por melhorias em ecoeficiência é sinal de que as empresas têm consciência ecológica e enxergam seus negócios no plano estratégico, pois procuram fazer mais com menos. O plástico, por exemplo, é um material bastante utilizado na confecção de embalagens, e seu consumo tem sido crescente nos últimos anos. A elevação do volume de materiais de embalagens plásticas nos dias atuais constitui um desafio quando se pensa em reciclagem. Há necessidade de uma abordagem integrada com os processos de produção, sua funcionalidade e conservação do produto.

No ano de 2000 o mercado de embalagens mundial movimentava US$ 431 bilhões. A América do Norte consumia 22% desse total, a Europa Ocidental, 27%, e o Japão,15%; a América Latina consumia 5% e a participação do Brasil era de 1,65% do mercado mundial. Os demais países do mundo consumiam 31% (FORLIN; FARIA, 2002).

Percebia-se em 2001 que consumo de embalagens tendia a crescer à medida que a população mundial também crescia. Com 6,9 bilhões de habitantes em 2010, a população no mundo, mesmo com um ritmo de crescimento em declínio de 1,2% ao ano, vem aumentando em termos absolutos (FREITAS, 2015), e a população brasileira atingiu a marca de 190,7 milhões

(32)

34

de habitantes no último Censo de 2010 (IBGE, 2011). Esses números indicam uma tendência de crescimento do volume de resíduos no mundo e no Brasil.

Todos esses materiais de embalagens, que são movimentados e transportados, em grande parte, pelas atividades logísticas, gastam energia para ser produzidos, a qual, no seu processo produtivo, nem sempre é renovável; e mesmo quando o é, como é o caso das hidrelétricas, também geram impactos ambientais. Portanto, controlar o uso e o consumo das embalagens utilizadas em sistemas logísticos é importante para a sustentabilidade dos negócios.

Então, qual, ou quais, indicadores seriam adequados para medir e demonstrar de forma simples o grau de ecoeficiência em embalagens utilizadas em logística? É possível congregar diversos indicadores em um único índice de medida de sustentabilidade que retrate a ecoeficiência de embalagens logística? As respostas para essas perguntas são entes motivadores deste trabalho.

1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo geral

Desenvolver um método de avaliação do nível de ecoeficiência de embalagens logísticas.

(33)

35 1.1.2 Objetivos específicos

Espera-se atingir o principal objetivo deste trabalho através do cumprimento dos seguintes objetivos específicos:

 Identificar, na literatura técnica específica, conhecimento relacionado aos sistemas de embalagens e suas (cor)relações com logística e desenvolvimento sustentável.

 Selecionar indicadores e metodologias relacionadas à ecoeficiência para sistemas logísticos.

 Desenvolver critérios que permitam identificar a função logística das embalagens.

 Diagnosticar junto a profissionais de logística seus posicionamentos sobre a função logística das embalagens.

 Desenvolver um conceito de embalagem logística.

 Definir os componentes e o roteiro de cálculo da ecoeficiência das embalagens logísticas.

 Aplicar o roteiro de cálculo de ecoeficiência em embalagens definidas como “embalagens logísticas” de um centro de distribuição.

 Desenvolver, a partir das construções anteriores, um método de avaliação da ecoeficiência de embalagens logísticas.

A definição dos objetivos propiciou a construção de uma matriz que direcionasse todo o trabalho de pesquisa aqui

(34)

36

desenvolvido, a qual pode ser compreendida observando-se a figura 1.

Figura 1 – Matriz norteadora da pesquisa

Fonte: Elaborada pelo autor; adaptada de Zwierewicz (2009).

1.2 JUSTIFICATIVAS

Este trabalho justifica-se por tratar de um tema de relevância, a sustentabilidade dos negócios, como apontado pelas pesquisas executadas com diversos empresários no nível mundial. Tema In di ca do re s d e ec o ef ici ên c ia de em ba lag en s log íst ic as Desenvolver um modelo de medida de ecoeficiência de embalagens logísticas. Que indicadores compõem um método de aferição da ecoeficiência de embalagens utilizadas em logística? Objetivos específicos

Identificar, na literatura técnica específica, conhecimento relacionado aos sistemas de embalagens e suas (cor)relações com logística e desenvolvimento sustentável. Selecionar indicadores e metodologias relacionadas à ecoeficiência para sistemas logísticos.

Desenvolver critérios que permitam identificar a função logística das embalagens.

Diagnosticar junto a profissionais de logística seus posicionamentos sobre a função logística das embalagens.

Desenvolver um conceito de embalagem logística.

Definir os componentes e o roteiro de cálculo da ecoeficiência das embalagens logísticas.

Aplicar o roteiro de cálculo de ecoeficiência em embalagens definidas como “embalagens logísticas” de um centro de distribuição.

Desenvolver, a partir das construções anteriores, um método de avaliação da ecoeficiência de embalagens logísticas. Problema Objetivo geral

(35)

37 Temas como o tratamento adequado aos produtos, a escassez de água, a redução das reservas de petróleo, o desmatamento da Amazônia, o aquecimento global, a ecoeficiência, a logística reversa, entre outros, têm tomado espaço diário na mídia mundial.

Na definição de logística reversa, quando é atribuída à área da logística a função de “descartar de maneira adequada” (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 1999), é possível concluir que se trata de dar um destino correto para produtos e materiais que por algum motivo não estavam de acordo com aquilo que foi previamente negociado com o cliente, independentemente do motivo que levou a essa modificação no fluxo normal da atividade logística, que a princípio era entregar um produto ou serviço.

Neste ponto, pode-se destacar um dos motivos de preocupação e envolvimento da área de logística com a sustentabilidade do negócio. A partir desse instante, a empresa está interagindo de forma positiva ou negativa com três variáveis que têm interferência direta na sustentabilidade da empresa: a parte econômica, que pode ser considerada a venda em si; parte social, que trata do retorno do produto ao seu ponto de origem para que um destino correto do material, fora dos padrões de qualidade seja dado; e, por último, a contribuição social que todas essas atividades podem envolver, como emprego e renda, saúde, segurança, melhoria na ergonomia, treinamento adequado aos funcionários, entre outras.

(36)

38

A preocupação com a sustentabilidade dos negócios tem ocupado uma boa parcela do tempo dos gestores ao redor do mundo. Isso independe do segmento de atuação, tamanho de mercado, ou qualquer outra variável que os diferencie um do outro. De acordo com pesquisa conduzida pela Accenture (LACY et al., 2010) em conjunto com as Nações Unidas, 93% dos presidentes das empresas pesquisadas acreditam que as questões de sustentabilidade serão fundamentais para o futuro e o sucesso dos negócios que eles conduzem. Outros 72% citam "marca, confiança e reputação" como um dos três principais fatores, levando-os a tomar medidas sobre as questões da sustentabilidade. “Crescimento da receita” e “redução de custos” aparecem em seguida com 44%. Observou-se ainda que 72% dos dirigentes veem a educação como a questão mais crítica para o desenvolvimento global e o futuro sucesso de seus negócios; com 66%, em segundo lugar, aparece a mudança climática.

Também de acordo com essa pesquisa, 58% dos presidentes identificam os consumidores como o grupo de atores mais importantes que terão impacto no modo como gerem as expectativas da sociedade, enquanto os funcionários representam 45% de suas expectativas; um conjunto de 91% desses mesmos dirigentes relata que sua empresa vai empregar novas tecnologias (como por exemplo, energia renovável, eficiência energética, tecnologias de informação e comunicação) para abordar questões de sustentabilidade ao longo dos

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39 próximos cinco anos. Os resultados da pesquisa levam a crer que existe uma preocupação muito grande com a questão da sustentabilidade.

Ao concorrer globalmente, as empresas expõem-se muito mais, e há critérios cada vez mais rígidos de exigências por parte da sociedade organizada. As pressões por uma melhor qualidade de vida oriundas da própria população obrigam as empresas a seguirem esse preceito; afinal, quem consome os produtos é essa mesma população que exige isso; e se os consumidores são considerados o grupo de maior importância pela grande maioria dos gestores, eles têm legitimidade para tal.

Não se verifica o enfoque sobre sustentabilidade somente em outros países; no Brasil também se percebe esse movimento não somente do lado empresarial, mas também por parte dos governos. Hijjar (2011), especialista do Instituto ILOS, além de concordar que o mundo inteiro está em uma marcha pró-sustentabilidade, fazendo desta uma parte importante da agenda de executivos e governantes, argumenta ainda que no Brasil “a preocupação é grande, visto que o país é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa na atmosfera”.

As maiores empresas do país têm atuado no sentido de resolver esse problema, mesmo que de forma tímida, enquanto o governo, por sua vez, tem buscado se envolver mais através da regulamentação, sua principal função nesse caso. Um exemplo dessa regulamentação é a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que “Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera

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40

a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências” (BRASIL, 2010).

Como as empresas têm intenção de empregar novas tecnologias em aumento da eficiência energética no sentido de buscar a sustentabilidade (LACY et al., 2010), é importante que se tenha ferramentas para análise de desempenho nesse campo. Há tempos a questão ambiental vem tomando espaço no dia a dia das empresas. O movimento de materiais e matérias-primas para a concepção de produtos é uma atividade da empresa para com seus consumidores e faz parte do sistema logístico, no qual ainda se consegue redução de tempo.

Pesquisas brasileiras (ILOS, 2011) dão conta de que 8,5% das receitas de empresas brasileiras são gastas com a área de logística e, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto ILOS, quando se trata do setor de agronegócios, esse valor se eleva para 13,3%. Quando se comparam esses valores aos de 2005, percebe-se que houve um incremento de 1,1 ponto percentual, já que esse valor em 2005 era de 7,4%. O autor desse estudo, o pesquisador Maurício Lima, considera que havia uma expectativa no sentido contrário, ou seja, de que esse valor fosse menor em relação ao verificado em 2005, pois essa variação, mesmo parecendo muito pequena, tem seu valor comparado ao total vendido pelas empresas e, nesse caso, segundo o próprio pesquisador, “é uma conta que vai direto para o resultado”. Isso afeta diretamente o lucro das empresas.

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41 Em 2010 os custos com logística foram de R$ 391 bilhões, o que equivale a 10,6% do Produto Interno Bruto do Brasil, considerado um país bem mais caro, se comparado ao dos Estados Unidos, por exemplo, já que os custos com logística naquele país equivalem a menos de 8% do PIB (ILOS, 2011).

Como se pode constatar, são várias as justificativas que incentivam este trabalho, e todas elas direcionam para a busca de indicadores que possam refletir o quanto os processos logísticos estão em consonância não só com as questões econômico-financeiras, mas também com as questões ambientais.

1.2.1 Relevância do tema

Muitos governos têm adotado índices de avaliação da sustentabilidade para definir suas políticas em relação ao meio ambiente. Böhringer e Jochem (2007) executaram um consistente trabalho de análise de 11 indicadores utilizados por diversos países para medir o desenvolvimento sustentável. A conclusão a que eles chegaram sobre aqueles índices foi a de que existe muita subjetividade em relação a eles, a qual não atende aos requisitos básicos científicos para a sua formação, como normalização, ponderação e agregação. Como essas regras não são geralmente levadas em conta, tem-se como consequência o uso de índices inúteis, se não enganosos, que dificultam o aconselhamento correto para políticas ambientais.

(40)

42

Percebe-se o quanto esse assunto é importante, principalmente quando por meio dele são tomadas decisões que afetam as políticas públicas. Definir um indicador através do qual seja possível obter os subsídios necessários para decisões na formulação de leis ambientais, por exemplo, parece ser algo difícil e trabalhoso; porém, dentro das empresas, e nas relações entre elas, pelo menos em questões quantitativas, a busca por números mais precisos geralmente é mais dinâmica e tem suporte de meios menos subjetivos. Esses meios são representados por documentos fiscais, relatórios de consumo, logística, faturas de água e luz, dados contábeis, etc.

As atividades de logística, por terem uma relação muito forte com movimento, acabam sendo grandes consumidoras de energia, seja ela de origem fóssil ou não. A movimentação utilizada na carga e descarga de matérias-primas, materiais, produtos acabados, e também na organização de estoques dentro e fora de armazéns, utiliza na maioria dos casos a força de máquinas e equipamentos que consomem muita energia elétrica ou energia proveniente de combustíveis fósseis. Nesse caso, além do custo com o consumo de combustível, o uso dele emite gases de combustão para a atmosfera, causadores do efeito estufa, como é o caso do dióxido de carbono. Além desses equipamentos de movimentação, os modais normais de transporte, seja ele rodoviário, aquaviário, ferroviário, dutoviário ou aéreo, necessariamente têm que utilizar energia, geralmente

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43 também proveniente de combustíveis fósseis para alimentar seus propulsores.

Outra parcela da logística que tem um grande impacto nos custos é o uso das embalagens durante o ciclo de vida de um produto. Certamente nem todas essas embalagens são utilizadas com o intuito de atender especificamente às necessidades logísticas, mas, também atender às necessidades de marketing por exemplo.

O consumo de embalagens está mundialmente crescendo, e os materiais com os quais elas são fabricadas não são oriundos exclusivamente de matérias-primas renováveis. No Brasil, segundo Paulina e Manfrin (2009), houve um avanço em relação à coleta seletiva do lixo. Em 1994 o país tinha somente 81 municípios coletando lixo de forma seletiva. O volume subiu para 405 em 2008, o que ainda é considerado muito pouco, pois esse número representa somente 7% dos municípios brasileiros. Em relação às embalagens de alumínio, porém, o Brasil recicla 94%. Com relação a garrafas tipo PET, 51% delas são recicladas; no Japão esse número sobe para 62%. O volume de embalagens de vidro recicladas no Brasil é de 46%, uma posição um pouco melhor que a dos Estados Unidos, que é de 40%.

A relação da embalagem com o setor de transportes é muito próxima, já que, para os produtos chegarem ao destino, eles precisam, para ser acondicionados, além da embalagem de envase (que os acompanha até o consumidor final), geralmente também de embalagens específicas de transporte. Reside aqui

(42)

44

um ponto de relevância deste estudo, pois, nesse caso, precisa-se saber: qual a quantidade de cada tipo de embalagem exclusivamente para transporte foi utilizada? Como medir com clareza sem ter definido qual embalagem é utilizada somente com fins logísticos? Como classificar embalagens exclusivamente com este fim? As respostas para esses questionamentos são pontos de relevância para o estudo da logística, pois se busca inovar o conceito de embalagem, a qual tem um papel importante em sustentabilidade nessa área.

1.2.2 Contribuição para o conhecimento

Existem oportunidades para o desenvolvimento de índices que demonstrem não só a eficiência dos processos, mas também o impacto dessa eficiência no meio ambiente, como os índices de ecoeficiência, principalmente aqueles relacionados a embalagens utilizadas nos processos logísticos, foco principal deste trabalho.

As melhorias nas cadeias de suprimentos podem ser alcançadas através da adaptação e desenvolvimento do conceito de logística de embalagens, pois estas impactam sobremaneira a eficiência e a eficácia dessas cadeias, ao longo das quais diversas atividades estão envolvidas e cujos métodos são importantes ferramentas para avaliar o desempenho dessas atividades.

Isso também vale para a logística de embalagens, sobre a qual existem poucos estudos e, dada importância do tema, o

(43)

45 conhecimento a respeito do assunto também é pequeno. Alguns estudos de caso foram desenvolvidos na Suécia e na indústria holandesa, no segmento de varejo, com o objetivo de identificar os parâmetros da logística de embalagens em toda a extensão da cadeia de suprimentos (SAGHIR, 2004).

Este trabalho também pretende contribuir para a definição de novos conceitos dentro da área de logística. Um deles é o conceito de embalagem logística, em que se trata do desenvolvimento de um método simples de cálculo de ecoeficiência desse tipo de embalagem, baseado em pesquisa com pessoal envolvido na área.

O desenvolvimento sustentável combina os aspectos social, econômico e ambiental/ecológico. De acordo com WBCSD (apud LEHNI, 2003), a ecoeficiência tem um papel central a desempenhar na promoção do desenvolvimento sustentável. Para Holliday et al. (2002), essa é a sua contribuição básica.

Segundo Porter (1991), estratégia é o ato de uma empresa se pôr em linha com o ambiente de negócios para manter um equilíbrio dinâmico. Países do mundo inteiro têm formulado leis para limitar empresas poluentes. A dimensão ecológica do desenvolvimento sustentável tem uma parte importante do ambiente global de negócios. Controlar os impactos causados pela logística por meio de um novo indicador de desempenho ambiental baseado em uma ferramenta mundialmente conhecida (ecoeficiência) e colocar à disposição

(44)

46

da comunidade acadêmica e empresarial uma nova forma de enxergar a contribuição da logística também são contribuições deste trabalho.

1.2.3 Limitações da pesquisa

Existem diversas formas e fórmulas desenvolvidas para demonstrar a ecoeficiência. Algumas delas tomam proporções além das fronteiras dos países para medir os efeitos que o homem tem causado ao meio ambiente através de suas atividades empresariais e humanas. A área de abrangência deste trabalho limita-se à cadeia de suprimentos das empresas, apresentando ao final um (ou mais) indicador(es) de desempenho logístico, com foco em um grupo de embalagens, que farão parte de um conceito de embalagem logística.

O desenvolvimento do indicador de desempenho aqui pretendido visa atribuir um valor ao processo logístico que relacione o impacto das suas atividades (exclusivamente relacionadas à embalagem logística) no meio ambiente, através de um método de cálculo da ecoeficiência. Este novo método será baseado nos já existentes (junção) e utilizará a mesma base de dados referente à ecoeficiência proposta por Lehni (2003).

Pesquisar ecoeficiência implica também estudar assuntos relacionados ao ciclo de vida dos produtos; portanto se enfatizará no trabalho a importância do pensamento sobre o tema, apresentando-se um breve levantamento das metodologias empregadas na Análise do Ciclo de Vida (ACV), ou Life Cycle

(45)

47

Assessment (LCA), dos produtos e processos. As metodologias

de ACE/LCA oferecem amplo banco de dados, relacionados a balanços de massa e energia, cujas informações serão necessárias e importantes ao desenvolvimento do método aqui proposto.

1.3 METODOLOGIA EMPREGADA NA PESQUISA

A metodologia utilizada neste trabalho será composta de métodos analíticos e comparativos, com abordagens de conteúdos quantitativos e qualitativos (pesquisa de campo) utilizando como técnica a modelagem para compor o resultado final.

Figura 2 – Método, abordagem e técnica da pesquisa

Fonte: Adaptada de Zwierewicz (2009)

O método da pesquisa foi decomposto e pode ser descrito observando-se a figura 3, como segue:

Analítico Quantitativa Modelagem Comparativa MÉTODO DE PESQUISA ABORDAGEM DE PESQUISA TÉCNICA

(46)

48

Figura 3 – Método de pesquisa

Fonte: Elaborada pelo autor, adaptada de Zwierewicz (2009)

A escolha da abordagem (figura 4) quantitativa se deve à sua capacidade de gerar conhecimentos racionais (MEREDITH, 1998).

Figura 4 – Abordagem de pesquisa

Fonte: Adaptada de Zwierewicz (2009).

A abordagem quantitativa “[…] parte da premissa de que é possível construir modelos que expliquem pelo menos parte do comportamento de processos reais, ou que é possível capturar

MÉTODO DE PESQUISA

Comparativo

Cruzar dados de embalagens logísticas diferentes observando seu nível de ecoeficiência.

Identificar dentre as embalagens das diversas composições os diferentes níveis de ecoeficiência.

Analisar a composição de embalagens em relação à sua composição.

Analítico

Delimitar indicadores de ecoeficiência de embalagens utilizadas em sistemas logísticos.

(47)

49 pelo menos parte dos problemas de tomada de decisão encontrados em processos reais” (MIGUEL et al., 2010, p. 174). Ao descrever as relações entre as variáveis como causais e quantitativas, a abordagem quantitativa pode ser usada para “[…] prever o estado futuro de processos modelados, gerando resultados não ambíguos e verificáveis” (MIGUEL et al., 2010, p. 174).

Portanto, considerando que o objetivo central da pesquisa é criar um método com indicadores para calcular o grau de ecoeficiência de embalagens logísticas, a abordagem quantitativa trará sua contribuição, conforme apresentado na figura 5.

Figura 5 – Contribuições da abordagem quantitativa

Fonte: Elaborada pelo autor, adaptada de Zwierewicz (2009).

Considerando que o objetivo central da pesquisa é desenvolver um método com indicadores para calcular nível de ecoeficiência de embalagens utilizadas em logística, a abordagem quantitativa

contribuirá para: Cruzar dados pertinentes à composição das embalagens, observando seu nível de ecoeficiência.

Identificar dentre as embalagens logísticas aquelas que apresentam melhor nível ecoeficiência.

Delimitar indicadores do nível de ecoeficiência de embalagens utilizadas em logística.

(48)

50

Dentro dos procedimentos da pesquisa, a técnica de modelagem demonstra o caminho para chegar ao resultado esperado, conforme descrito na figura 6.

Figura 6 – Técnica de modelagem

Fonte: Elaborada pelo autor; adaptada de Zwierewicz (2009)

Os três passos anteriores, método, abordagem e técnica, demonstram um caminho macro a ser seguido com a finalidade de chegar-se ao objetivo principal desta pesquisa, que é criar um indicador ou conjunto de indicadores. Espera-se que com eles se possa medir o desempenho financeiro e ecológico de embalagens cujas funções são puramente logísticas. Sabe-se que, para este fim, haverá necessidade de uma clara definição da fronteira entre a “embalagem logística” e a embalagem que acondiciona o produto até o consumidor final. Suas funções são diferentes.

PROCEDIMENTOS DE PESQUISA TÉCNICA - MODELAGEM

Cruzar dados pertinentes à composição das embalagens logísticas observando seu nível de ecoeficiência.

Identificar dentre as embalagens logísticas as que apresentam maior grau de eco-eficiência.

Analisar a composição de

embalagens logísticas.

Delimitar indicadores de eco-eficiência de embalagens utilizadas noem logística

Desenvolver um modelo para aferição do nível de eco-eficiência de embalagens logísticas

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51 A metodologia mostrada anteriormente possibilitou a criação de um caminho detalhado dividido em quatro áreas estruturais para auxiliar o desenvolvimento da pesquisa e a geração de subsídios para o método de cálculo de ecoeficiência. Descrevem-se os quatro estágios estruturais da pesquisa como: (a) estrutura conceitual teórica, que serviu como base para os estágios que foram (b) desenvolvidos pelo autor e para aplicações de cunho (c) prático/empírico utilizando-se de (d) ferramenta/instrumento como apoio para investigação ou decisão. Esta estrutura está representado no fluxo do quadro 1.

(50)

52

Quadro 1 – Fluxo estrutural da metodologia da pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor

Pesquisar conceitos de Logística, sua origem, evolução, interfaces, integração, funções. Pesquisar conceitos de embalagem, funções, classificação, materiais, etc. Pesquisar relações: de embalagens com marketing e logística Pesquisar conceitos de sustentabilidade

Pesquisar a origem dos conceitos de sustentabilidade, ecoeficiência e suas relações Pesquisar métodos existentes de ecoeficiência de materiais,

análise do ciclo de vida e derivados

Desenvolvido pelo autor Estrutura Conceitual

Teórica Prático / empírico Ferramenta / Instrumento

Instrumento (Questionário) de pesquisa Desenvolver um

instrumento de consulta que relacione embalagem

com função logística Aplicar o instrumento junto à gestores e usuários

de logística em empresas

Base de dados do Portal de Periódicos da CAPES

Google Acadêmico Selecionar função ou

funções da logística que possuem relação direta

com embalagem Consolidar conceitos de embalagens que subsidiem formulação do conceito de “embalagem logística” Formular definição de “embalagem logística” Relacionar conceitos de sustentabilidade com embalagem logística e ecoeficiência Método de cálculo de ecoeficiência comprovado Desenvolver método de cálculo de ecoeficiência de embalagens logísticas Definir critérios que subsidiem formulação do conceito de embalagem

logística baseado nas função

Com base na sustentação teórica, definir um indicador ou conjunto de

indicadores que irão compor um método de aferição da ecoeficiência de embalagens logística Aplicar o método de ecoeficiência em embalagens logísticas de uma empresa Analisar resultados e definir método final de

“ecoeficiência de embalagem logística” Nova ferramenta para

análise de desempenho logístico como

contribuição teórica/científica

Meios físicos: Livros, revistas, periódicos, filmes, documentários,

leis e normas e outros documentos relacionados ao tema. LCA/ACV e Eco-custo (DELFT, 2015) Analisar respostas da aplicação do instrumento

Banco de dados cedido por Vogtländer (2015)

(51)

53 1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho está organizado em quatro capítulos. O primeiro faz uma introdução ao tema e aos subtemas que o compõe, expõe os objetivos, a justificativa e a relevância do tema, a sua contribuição para a área acadêmica e para outros organismos, assim como suas limitações. Faz ainda uma demonstração da estrutura metodológica empregada na pesquisa, enfatizando método, abordagem e técnicas.

O segundo capítulo faz uma revisão bibliográfica da Logística, com enfoque no conceito e sua inserção no trabalho como parte importante para o desenvolvimento da pesquisa como um todo, relacionando-a com o tema central que é a ecoeficiência e o desenvolvimento de indicadores de desempenho logísticos. Trata também da relação das atividades da logística com as das demais áreas através de suas interfaces, seja com o fornecedor, seja com o cliente, e mostra quais são os objetivos da logística, inserindo-a no tema central proposto: sustentabilidade. Alerta para a necessidade de se manter conectado às mudanças diante dos cenários da empresa no mercado, meio no qual a logística age dentro de suas atividades cotidianas. Em seguida estabelece uma relação entre os dois temas centrais: logística e embalagens, destacando as suas respectivas funções, a sua interação com o meio ambiente e com a logística e, por fim, trata da logística reversa.

(52)

54

O terceiro capítulo contempla os conceitos de sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável, seu histórico, a influência que tem causado nas atitudes dos empresários, suas contribuições e os resultados de seu desenvolvimento até os dias atuais. Traz também uma abordagem sobre a ecoeficiência, incluindo seus conceitos, um breve histórico, suas ligações com a sustentabilidade, algumas formas de medida, os organismos envolvidos, a abrangência, variações e também a possibilidade de espaço para o crescimento. Apresentam-se ainda nesse capítulo, os conceitos e metodologias relacionados à ACV/LCA, com ênfase na metodologia do ecocusto, proposta pelos pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Delft e também utilizada em parte deste trabalho na composição do método.

No quarto capítulo faz-se uma breve descrição sobre os elementos que irão compor o método: embalagem, energia e movimento. Nesse mesmo capítulo também se apresenta o resultado de uma pesquisa de campo que se propunha a definir “embalagem logística”, a qual, após definida, passou a ser objeto de estudo e aplicação do método proposto de ecoeficiência. Apresenta-se ainda o desenvolvimento e resultados do método de ecoeficiência proposto, que foi então aplicado em um centro de distribuição.

Finaliza-se com o quinto capítulo, no qual se apresentam as considerações finais sobre os resultados alcançados, o cumprimento dos objetivos, as imperfeições deste trabalho e as sugestões para futuras pesquisas.

(53)

55 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA DA LOGÍSTICA

Descrever como a logística começou é algo complexo, sob o ponto de vista da exatidão cronológica. A partir do momento em que o homem passou a ter que suprir suas necessidades básicas diárias, seja com alimento, seja com abrigo e proteção, ele passou a utilizar alguma forma de logística, mesmo que primária. Segundo Moura e Banzato (1998), para que a matéria-prima possa ser transformada em produto acabado, pelo menos um dos três elementos básicos de produção, homem, máquina e material, deve se movimentar; sem que exista essa movimentação, não se pode pensar em termos de produção. Para discorrer sobre logística, é importante ressaltar a dinâmica dos materiais, pois aquela se utiliza desta como forma de ganhar eficiência ao longo dos fluxos envolvidos na cadeia de suprimentos.

1.5 LOGÍSTICA E GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

As partes que compõem a logística são elementos que necessitam de gerenciamento contínuo e, por consequência, sofrem mutações ao longo do tempo. Logística no meio bélico é algo há muito utilizado; nas empresas, ainda está em mutação. Sua evolução é fundamental para a eficácia dos negócios, sejam eles das mais diversas origens, tamanho, tecnologia e velocidade. É necessário evoluir.

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56

1.5.1 Logística

No campo da logística empresarial, os conceitos são relativamente novos, considerando o tempo necessário para assimilação, disseminação e aplicação de técnicas.

Em suas primeiras publicações no Brasil, Ballou (2001, p.19-20) afirmava que a logística empresarial, quando comparada às áreas tradicionais como finanças, produção e

marketing, por exemplo, é considerada um campo de estudos

ainda muito novo na gestão integrada de negócios. A aplicação da logística pelo homem, porém, embora de maneira não coordenada, remete ao ano de 1844, conforme registro nos escritos de um engenheiro francês chamado Julie Dupuit, em que ele faz menção à substituição de custos de transportes por custos de estocagem, ao comparar dois tipos diferentes de transporte, naquele caso, o transporte rodoviário e o aquaviário.

Para Christopher (2012), logística trata do processo de gerenciamento estratégico, da aquisição, movimentação e armazenagem dos materiais, peças e produtos através da organização e seus canais de marketing, de forma que maximizem a lucratividade, a qualquer tempo, através do atendimento dos pedidos a um baixo custo.

A gestão logística é a parte da gestão da cadeia de abastecimento que planeja, implementa e controla de forma eficiente e eficaz o fluxo de mercadorias e armazenagem, serviços e informações relacionadas entre o ponto de origem e o

(55)

57 ponto de consumo, a fim de satisfazer exigências de clientes (CSCMP, 2015).

As decisões tomadas em logística (figura 7) geram impactos desde o nível operacional até o estratégico das organizações, pois ela interfere nas relações internas (entre os departamentos ou subáreas) e também nos relacionamentos entre os componentes que interagem com as empresas (componentes externos, como: fornecedores, clientes, governo, etc.).

Figura 7 – Decisões em logística

Fonte: Elaborada pelo autor

1.5.2 Atividades da logística

Para cumprir sua missão, a logística tem que integrar diversas atividades relacionadas à atividade-fim da empresa, ou

ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONAL Ambiente interno Cadeia de suprimentos Impacto das decisões Decisões na Logística S up rim e n to s Produ ç ão D ist ri bu iç ão Fornece do r C lie nte ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONAL Ambiente interno Cadeia de suprimentos Impacto das decisões Decisões na Logística S up rim e n to s Produ ç ão D ist ri bu iç ão Fornece do r C lie nte

(56)

58

seja, se ela produz algo, precisa agir em diversas frentes que farão essa atividade-fim acontecer. Assim, para produzir, a empresa precisa adquirir matéria-prima, materiais, etc. e fazê-los chegar até seu ponto de uso (figura 8).

Figura 8 – Atividades em uma cadeia de suprimentos

Fonte: Adaptada de Ballou (2001).

Ballou (2001, p. 21) expõe que a logística tem como missão “dispor a mercadoria ou o serviço certo, no lugar certo, no tempo certo e nas condições desejadas, ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuição à empresa”. O referido autor ainda divide essas atividades em dois grandes grupos: chave e atividades de suporte. Dentro das atividades-chave estão classificadas as de definição de padrões de serviço ao cliente, transportes, gerenciamento de estoques,

Logística Empresarial

Fornecedores Fábricas Clientes

- Transporte

- Manutenção de estoques - Processamento Pedidos Compra - Obtenção/Aquisição - Recebimento - Armazenagem MP - Manuseio de Materiais - Manutenção de Informações - Transporte - Manutenção de estoques - Proc. Pedidos de Venda - Programação da Produção - Embalagem - Armazenagem P.A. - Manuseio de Materiais - Manutenção de Informações Distribuição Física Suprimento Físico Administração de Materiais Logística Empresarial

Fornecedores Fábricas Clientes

- Transporte

- Manutenção de estoques - Processamento Pedidos Compra - Obtenção/Aquisição - Recebimento - Armazenagem MP - Manuseio de Materiais - Manutenção de Informações - Transporte - Manutenção de estoques - Proc. Pedidos de Venda - Programação da Produção - Embalagem - Armazenagem P.A. - Manuseio de Materiais - Manutenção de Informações Distribuição Física Suprimento Físico Administração de Materiais

(57)

59 gerenciamento de informações e processamento de pedidos. Como atividades de suporte são mencionadas as atividades de armazenagem, manuseio de materiais, aquisições, embalagem de proteção, cooperação entre produção e operações e manutenção do banco de informações. As atividades são divididas dessa forma porque, segundo o mesmo autor, algumas delas ocorrem ao longo do canal logístico e compõem o que ele nomeia de circuito crítico, conforme observado na figura 9.

Figura 9 – Circuito crítico dos serviços ao cliente

Fonte: Adaptada de Ballou (2001)

As atividades que compõem o circuito crítico são assim denominadas porque sempre estarão presentes, independentemente do tipo de produto que dela depende. Para melhor compreender o fator crítico, por exemplo, uma matéria-prima como o carvão não precisa de embalagem de proteção, mas jamais deixará de necessitar das atividades do ciclo crítico.

TRANSPORTE CLIENTE Processamento do Pedido MANUTENÇÃO ESTOQUES PRODUTO Ciclo Crítico TRANSPORTE CLIENTE Processamento do Pedido MANUTENÇÃO ESTOQUES PRODUTO Ciclo Crítico

(58)

60

Caso contrário, não chegará no seu local de consumo, na quantidade certa e no tempo desejado.

1.5.3 A importância da logística

A logística, do ponto de vista organizacional, tem evoluído de um mero setor de compras, transporte ou distribuição – isolados – passando por diversos estágios de evolução, dependendo do quanto a empresa ou instituição percebe tal necessidade de mudança, até o grau máximo de gerenciamento externo de atividades relacionadas a ela. A essa modificação pode-se chamar de estágios de evolução da logística nas organizações, os quais são descritos por Christopher (2012) e podem ser visualizados na figura 10.

(59)

61 Figura 10 – Estágios de desenvolvimento de uma cadeia de

suprimentos

Fonte: Adaptada de Christopher (2012)

A maior importância da logística reside em atender o mercado perante os novos desafios impostos por ele. A rapidez com que as informações chegam aos consumidores imprime um novo ritmo aos negócios. O aumento da concorrência tem levado

Compras Controle de

materiais Produção Vendas Distribuição

Fluxo de materiais Serviço ao cliente

Gerenciamento Dos materiais Gerenciamento Da Produção Distribuição Gerenciamento Dos materiais Gerenciamento Da Produção Distribuição

Fornecedores Cadeia interna

De suprimentos Clientes

Estágio 1: linha básica, os departamentos são isolados e a empresa não interage com exterior.

Estágio 2: Integração funcional, os departamentos são isolados e a empresa não interage com exterior. Existe gerenciamento isolado.

Fluxo de materiais Serviço ao cliente

Estágio 3: Integração interna, a empresa não interage com exterior. gerenciamento integrado.

Fluxo de materiais Serviço ao cliente

Estágio 4: Integração externa, os departamentos são isolados e a empresa não interage com exterior. gerenciamento integrado.

Fluxo de materiais Serviço ao cliente

Compras Controle de

materiais Produção Vendas Distribuição

Fluxo de materiais Serviço ao cliente

Gerenciamento Dos materiais Gerenciamento Da Produção Distribuição Gerenciamento Dos materiais Gerenciamento Da Produção Distribuição

Fornecedores Cadeia interna

De suprimentos Clientes

Estágio 1: linha básica, os departamentos são isolados e a empresa não interage com exterior.

Estágio 2: Integração funcional, os departamentos são isolados e a empresa não interage com exterior. Existe gerenciamento isolado.

Fluxo de materiais Serviço ao cliente

Estágio 3: Integração interna, a empresa não interage com exterior. gerenciamento integrado.

Fluxo de materiais Serviço ao cliente

Estágio 4: Integração externa, os departamentos são isolados e a empresa não interage com exterior. gerenciamento integrado.

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