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Inversão silábica: um jogo lingüístico

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Academic year: 2021

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Um Jogo Lingüístico

Dissertação submetida ã Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do grau de Mestre em Letra s.

BANCA EXAMINADORA:

P r o f . Dr. Jean P ie rre Angenot (Orientador} *

P r o f. Dr. Paulino Vandresen

P r o f. Dr. Giles Istre

F lo r ia n ó p o lis , j a n e i r o , 1982

(2)

0 objetivo p rincip al da presente dissertação 'Inversão s i l á b i c a : um jogo l i n g u í s t i c o ', e detectar os p r o ­ cessos fonologicos que interferem na realização de um jogo de f a l a .

Para esse fim, elaborou-se um corpus contendo cento e nove itens do português que se u t i l i z a m , combinada- mente, de oito padrêes s i l á b i c o s , formando d issí la b o s e t r i £

sílabos o x í t a n o s , paroxítonas e proparoxítonas.

0 jogo de Inversão S ilá b ic a tem, como regra básica sugerida S^ S2 — S2 S ^ , o que pressupões uma in v e r ­ são na posição ocupada pelas sílabas a ele submetidas.

Os dados advindos desse jo g o , demonstram a ação de um processo amplo, aqui denominado Processo de Esta ticidad cj que age de forma a impedir a ação da Regra do J o g o . Demonstram também "a ação de outros processos que alteram a posição do segmento na estrutura s i l á b i c a . São e l e s : redu­ plicação de segmentos, a m b i s s i la b i c i d a d e , epêntese e e l i p s e .

0 corpus oferece evidências a respeito dos processos fonologicos que alteram traços de segmentos forma dores de s í la b a s : levantamento e rebaixamento v o c á lic o , n a ­ salização e d e s n a l iz a ç ã o , alternância de / l / - / w / , / h / - / r / e / s / - / X / , alem de p alatalização de n a sa l.

A autonomia do supra segmento em relação ao segmento aos quais está ligado também é demonstrado neste estudo.

(3)

(1) a (109) o corpus oferecido aos oito informantes e tabe - Ias que indicam o uso ou não dos processos pelos informantes. Esse estudo revelou que nem todos os f a l a n - tes fazem uso dos mesmos processos em contextos semelhantes, indo de encontro â tese de competências r e a is v a r i á v e i s .

(4)

The main purpose o f this paper on 'S y l l a b l e In v ersio n : A L i n g u i s t i c Game' is to detect the phonological processes that in t e rfe r e in the r e a l i z a t i o n of a Speech P la y . A corpus c on sistin g of one hundred and nine iten s from Portuguese which combine e ig h t sy l la b le patterns

and which form oxytone, paroxytone and proparoxytone d i s s i l l a b i c and t r i s s i l l a b i c words.

The basic rule suggested for the 's y l l a b i c In v ers io n ' i s S^ 82 S^ and presupposes an inv ersio n in the p o sitio n of the sy la bles.

The emerging data from th is game demonstrates the action of an extensive process Called here " S t a t i v i t y . Process" which acts a gainst the Rule of the game.

The data also demonstrates the a ctio n of other processes that alter the p o sitio n of segments in the s y l l a b i c structure. These processes a r e ; re d up lic atio n of segments, a m b i s s y l la b ic i t y , Epenthesis and ^ellipsis.

The corpus o ffer s evidences regarding the

phonological processes, which a lt e r features of. s y l l a b i c segments: Vocalic ra is in g and lowering, n a s a l iz a t i o n and d e n a s a l i z a t i o n , p a l a t a l i z a t io n of the nasal consonant and a lte r n a tio n

between / 1 / -/ w / , / h / -/ r / and / s / -/ s / . 0

The autonomy of the supra - segments in r e la t io n of the segments to which they are linked is also demonstrated in the presente paper.

This study revealed that not a l l speakers use the same processes, a fa c t that re in fo rc es the th e s is of

v a r ia b le real competences.

The corpus used by the eig h t informants and the charts in d ic a t in g the frequency in the use of the processes are attached to the present paper.

(5)

Salete Lene e S h i r l e y , '

que fizeram seus os meus cami­ nhos e que foram, constantemen t e , a b r i s a , a sombra e a âgua - Oásis onde busquei p az.

(6)

 UFSC, pelos conhecimentos adquiridos ao longo do ca m inho.

A ACAFE, por ter p o s s i b i lit a d o em grande parte a re a ­ lizaç ã o desse trabalho.

(7)

PAG.

1. INTRODUÇÃO ... 01

2. INVERSÃO SILABICA ... 0 7 3. PROCESSOS Cl) QUE ATUAM SOBRE OS SEGMENTOS FORMADO­ RES DE SÍLABAS ... 13

3 . 1 . Processo de E staticida de ... 13

3 . 1 . a. E st a tic id a d e de Segmentos Nucleares ... 13

3 . 1 . b . E st aticid a d e de Nücleo e Coda ... 16

3 . 1 . Ç . E st a tic id a d e de Onset e Nücleo ... 18

3 . 1 . d. E staticida de de Onset ... 19

3 . 1 . e. E staticid a d e de Coda ... 20

3 . 1 . f. Estaticidade do Acento Tonico ... 23

3 . 1 . 2 . Reduplicação de Segmento ... ... 34

3 . 1 . 3 . Am bissilabicidade ... 39

3 . 1 . 4 . C o n c l u s ã o ... ... 43

3 . 2 . EPÊNTESE DE SEGMENTOS ... 44

3 . 3 . ELIPSE DE SEGMENTOS ... .. ... 59

4. PROCESSOS CII) QUE ALTERAM TRAÇOS DE SEGMENTOS ... 76

4 . a. Levantamento Vocâlico ... 77

4 . b . Rebaixamento Vocâlico ... ... ... ... 7 8 4 . c. Nasalização ... 78

4%d. Desnasalização ... ... 78

4 . e. Alternância / l / - / w / ... ... 79

4 . f . P a lata liza çã o da Nasal ... 80

4 . g . Alternância / h / - / r 7 ... 81 4 . h . Altern ân cia / s / ~ / ^ / ... 82 5. CONCLUSÃO ... 89 6 . ANEXOS ... ... 91 6 . 1 . Corpus ... ... .. 91 6 . 2 , Tabelas ... ... 130 B I B L I O G R A F I A ... ... 175

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Os jogos l in g ü ís tic o s podem ser considerados co mo uma manipulação de elementos e relações de lín gu a, num gene- ro criativo ou e s p e c ia l i z a d o , variação de cõdigo e/o u e s t i l o . Segundo Kirshenblatt - Ginblett e Sherzer (76) a palavra chave para se entender "jogos de f a l a " ê "m anipulação". Essa "manipu­ lação" implica um grau de seleção e conscientização sobre a língua em seu uso comum.

No "Annual Meeting of the American Anthropolo­ gical A s s o c i a t i o n " , ocorrido em 1971 na cidade de Nova Y o r k ,f o i realizado um Simposio sobre jogos lingü ístic o s e dentre os pon­ tos trata d o s, um deles era explorar, as maneiras nas quais os jo gos de fá la e a teo r ia l i n g ü í s t ic a poderiam iluminar-se mutua­ mente. Desse Simpõsio resultou um l i v r o , "Speech P l a y " , que

congrega todos os "p a p ers " apresentados naquela ocasião. Esses estudos descrevem diversos gêneros de jogos de f a l a em seus con textos etn o g rá fic o s , formulam regras envolvidas em sua produção, estabelecem tip o lo g ia s e discutem a relevância dos jogos l i n ­ güísticos a respeito de topicos correntes em f o l c l o r e , p s i c o l o ­ g i a , antropologia, li t e r a t u r a e l i n g ü í s t ic a .

Kenstowicz e Kisseb erth (77) citam os jogos l i n g ü í s t i c o s , juntamente com os "speech e r r o s " , " s l i p s o f the tonge" e "m is p e r c e p t io n ", entre outros, como processos capazes

(10)

subjacente è de processos fonologicos.

Per L i n e l l (1979 : 1 9 5 ) , quando se refere ã pro dutividade das regras, diz q ue.essa s podem ser estudadas:

a. no uso normal da lingua por falantes compe­ tentes na criação de neologism os, n a t i v i z a — ção de empréstimos lin g ü is t ic o s , e t c . . .

b . no uso da língua por crianças que, estão a- prendendo a língua materna;

c. em usos especializad os ou a r t í s t i c o s , jogos li n g ü í s t i c o s ;

d. em desempenhos de fa la sob condições a r t i f i ­ c ia is ou ex p e rim e n ta is;

e. em desempenhos p a t o ló g ic o s , "speech e r r o s " , a f a s i a , "m is p e r c e p tio n s ", erros de proníáncia, e t c . . .

Acrescenta ainda que poucas dessas evidencias em p otencial têm sido u t i l i z a d a s nos estudos li n g ü í s t ic o s .

Donald MacKay (78) trabalhou com "speech er ro s" procurando estudar a estrutura s i l á b i c a e a organização de seus

segmentos.

U tiliza n do uma espécie de jogo onde os informan tes deveriam trocar / p / p.pr / b / e vice-versa cada vez que e s­ tes aparecessem, conseguiu reunir um material que superou suas perspectivas em termos de a n a l i s e , uma vez que a a l t e r n â n c i a /f /

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tematicamente na organização interna das s í l a b a s . Esses "erros sistem áticos" pareciam agir de tal forma que a mudança de um componente na síla b a alterasse a e s t a b ilid a d e de muitos outros componentes. Esses fatos revelaram p rin c íp io s subjacentes de organização. MacKay (78) conclui que os sons da f a l a não podem ser explicados como simples termos sensorios-motores, mas sim em termos de um complexo psicologico subjacente.

Sherzer (70) estudou um jogo comumente p ra tica do por índios pananamenhos da tribo cuna, o sorsik sunmakke. _ Apos esse estudo, concluiu que diferen tes falantes cuna u t i l i ­

zam representações fonologicas diferen tes ou operam soluções _ distin tas para problemas fonologicos p a r t i c u l a r e s . De acordo com o tipo de solução u t i l i z a d a pelos f a l a n t e s , esses foram c l a s s if i c a d o s em " A " speakers e " B " speakers. Jâ em "P l a y Lan- guages; Im plications for (socio) l i n g u i s t i c s " , Sherzer (76) diz que os jogos ling ü ístic o s são um tipo ou uma subclasse dos jogos da f a l a e que eles envolvem tipicamente a criação de um codigo l i n g ü í s t ic o baseado na linguagem u t i l i z a d a pelos p a r t i ­ cipantes e derivada da língua por uma série desregras d e fi n ^ das. Nesse estudo, discute très pontos de v i s t a ;

As propriedades inerentes dos jogos lingü ístic o s (^^ou play lan- g u a g e s ) , isto ê , o tipo de regras lin g ü í s t ic a s que estão en­ volvidas na produção dos jogos l i n g ü í s t i c o s ; a relevância des­ ses jogos no que d iz respeito a l i n g ü í s t ic a teó ric a e o que os jogos revelam sobre a etnografia da f a l a e padrões sociòlin- gUísticos de uma comunidade. Para ta n to , u tilizo u- se de jogos de três comunidades lin g ü í s t ic a s d i f e r e n t e s : cuna, francês e ja v a n ês , em jogos que i d e n t i f i c a como " t a l k i n g backw ards".

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são relevantes no que concerne ã lin g U í s t ic a teó ric a por um níámero de ra zõ es , ou s e j a , elas são uma v a l io s a fonte de da dos para a solução de alguns problemas básicos como a estru tura de s í l a b a s , a representação abstrata dos sons e o a- grupamento de morfemas e palavras em cla ss es.

"Os jogos l in g ü ís tic o s também fornecem com­ preensão a respeito da realidade p s ic o lo g ic a da descrição _

l i n g ü í s t ic a , um assunto que ê de crescente interesse para lingüistas e p sico lo go s. Por outro lad o, jogos l in g ü ís tic o s no qual os falantes nativos manipulam tanto unidades l i n ­ güísticas quanto sílabas e fonemas abstratos oferecem e v i ­ dências diretas de como os falantes realmente representam _ essas u n id a d e s ". (Sherzer 7 6 ) .

Os jogos ling ü ístic o s também foram u t i l i z a ­ dos por Yonne Leite (7 4) em sua tese de doutoramento. "P o r ­ tugese S t r e s s 'and related r u l e s " . Usando dados de uma i n f o r ­ mante carioca que "f a l a v a de trás para fr e n te " e que r e s i ­ dia em B r a s í l i a , fez uma revisão dos estudos publicados

so-/

bre o acento em português e teceu conclusões a esse r e s p e i­ to , de acordo com os dados advindos do "Portuguese spoken Backwards" produzidos pela informante.

A. Coupez (69-81) i n i c i a seu artigo "A lin- g ü is t ic les so n " perguntando quem de nos nunca u t i l i z o u na

s

infân cia codigos lingüístico s c r íp t ic o s . Cita os jogos comu mentes praticados em diversas c u lt u r a s , como Pig L a t i n , Ja ­ vanese, louchebén, para in tro duzir as duas espécies de j o ­ gos lin g ü ís tic o s praticados |iuma língua Bantu, K isa n g a , de­

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dade do segundo desses jogos permuta as duas últimas s í l a b a s _ de cada p ala v ra , enquanto que a modalidade K i s e l a possui três v ariaçõ es, intercalando uma ou mais sílabas em cada palavra , que ê sempre a mesma, uma para cada tipo de variação. Seu e s­ tudo revela que apesar das mudanças causadas ora p ela permu­ t a , ora pela inserção de s í l a b a s , o sistema de tons e de quantidade não sofre alteração alguma.

Temos no B ra sil um jogo semelhante ã v a r ie d a ­ de? K i s e l a . É a chamada língua do " p e ” que foi estudada por Abaurre-Gnerre C 7 9 ) . U tiliza n d o dois membros de sua fam ília e ela p ró p ria , concluiu que existem duas variedades da l í n ­ gua do " p e " , faladas em V i t o r i a , sendo que a primeira insere a sílaba / p e / antes da sílaba o rig in a l da palavra e outra na qual a síla ba / p e / ê inserida depois das sílabas o r i g i n a i s .A d mite também a p o s s i b i l i d a d e .d e os falantes desenvolverem re­

gras i d io s s in c r á t ic a s s u b s i d i á r i a s , uma vez dominada a regra b a s i c a , em uma variedade mais complexa do jogo. Essas regras são aplicadas consistentemente quando da u til iz a ç ã o do jogo l i n g ü í s t i c o . • Isto leva a crer que os falantes parecem c r ia r suas próprias gramáticas a respeito da língua do " p e " . Pode- -se deduzir que das duas v arie dades, uma demonstra um grau de complexidade maior, dada a e x is tê n c ia de uma leve d ife r e n ç a _ de gramatica, ocasionada por uma regra a d ic io n a l.

Os jogos l i n g ü í s t ic o s , como se observa nos es tudos cita d o s, podem ser u t il i z a d o s como evidências dos pro­ cessos correntes na língua em seu uso comum.

0 presente trabalho v isa estudar as r e a l i z a — ções de falantes do português, utilizando- se de um jogo l i n ­

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estudo experim ental, jã que esse jogo não e x is t e na língua em condições n a t u r a i s , observou-se que crianças em fase de aquisição de linguagem algumas vezes o praticam , Cmêruno) ao invês de número, (Kazêta) por ja q u e ta , (Karamão) por camarão), não com caráter lúdico, porêm apresentando inversões s i l á b i ­

cas. Jogos que se u tiliza m de processos semelhantes são encon trados em línguas não re lac io n a da s, como mostram os estudos anteriormente r e fe r id o s .

Uma vez que os fa la nte s do português vão rea­ l i z a r inversões em palavras da sua língua num jogo que não ê

comumente p r a t i c a d o , ^estes vão i n f e r i r suas próprias regras e processos u t i l i z a d o s na inversão com base no uso normal da lín gu a , e ê nesse ponto que se u t iliz a m os c r it é r io s propos — tos por L in e ll C79) para estudar a produtividade das regras: em jogo li n g ü í s t ic o que ê , ao mesmo tempo, desempenho de fa la em condições experimentais.

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regras ou processos fonologicos u tiliz a d o s pelos fa la n te s do português, elaborou-se um jogo que consiste numa permuta de sí labas. A p a r t i r de uma Regra do Jogo CRJ) b ásica

oito falantes do português realizaram inversões s i l á b i c a s em palavras constantes de um corpus previamente elaborado. Todos os informantes são flo rian opolitan os cuja idade v a r ia entre 20 a 30 anos e possuem formação u n i v e r s it á r ia .

0 corpus ê composto por cento e nove p a la v r a s , das quais um percentual de 51% são d is s ilâ b ic a s e 491 são tri£ s i l á b i c a s . Quanto ao padrão acen tu ai, nos d issíla bo s 30% são oxítonos e 70% paroxítonos; nos t r i s s í l a b o s , 20% sao oxítonos, 6 6 % paraxítonos e 14% proparoxítonos.

Os dados foram coletados nos meses de a b ril e maio de 1 9 8 0 , sempre num ambiente de descontração, tendo sido frisado aos informantes que não ex is tir ia m " e r r o s " ou "ac er t o s ". Foi r e a liz a d o um treinamento i n i c i a l , u tilizando - se de 5 a 8 palavras d is s í la b a s paroxítonas, apos as.p esso as terem s i ­ do informadas a respeito do objetivo da p e s q u i s a " i n la t u sensii.’ 0 procedimento junto aos falantes pode^ ser esquematizado da * e guinte maneira:

1 . treinamento i n i c i a l com palavras que nao constam do nosso corpus;

2 . audição de um item do corpus; 3. reprodução deste item;

4. inversão das s í la b a s ;

5. repetição da palavra in v e r tid a .

, Não era dado tempo entre um item e outro ate o fim do corpus. As únicas interrupções foram causadas por gar

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h il a r i a n t e s . Preservou-se, assim, o caráter lúdico que q ua l­ quer jogo deve ter. Todas as en trevistas foram gravadas. De­ pois de transcritas todas as re aliza ções de cada informante , estas foram reagrupadas de acordo com o número de ordem se qUencial. Temos então, no corpus do trabalho, o item numera­ do de 1 a 109 que corresponde ãs elocuções do pesquisador e apos cada um, as realizações dos informantes numeradas de 1 a 8 .

A analise pormenorizada dos dados revela a ex istê n c ia de dois tipos de processos que atuam quando da a- plicação da regra do jo g o , processos esses que impedem a rea- plicação da regra com o resultado igual ao i n i c i a l . Em outras p ala v ra s, que impede a seqüência Input --- RJ ---- ► .Oútput

RJ Input. Temos então:

Cl) ~ processos que atuam de modo a alterar a posição dos segmentos na estruturada s í l a b a , e

CII) " processos que alteram segmentos forma­ dores de s í l a b a .

Esses processos serão abordados posteriormen­ te, observando-se que a presença de um não exclu i ou exige a presença do outro nas inversões r e a l i z a d a s .

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alteram a estru tura s i l á b i c a , ê necessário um estudo prévio a respeito da s í l a b a .

A síla b a é uma das mais d iscu tida s questões £o n o lo g ic as , apresentando uma longa e ininterrupta h i s t o r i a (c£. Brücke, Sa u s su re, Menkel, Pâssy, Grammont, Jakobson, e t c . ) . De acordo com Malmberg ( 1 9 6 3 ) , uma sílaba que é co n stitu íd a de uma consoante mais uma vogal representa a mais p rim itiv a e,sem díávida nenhuma, o mais comum dos tipos de s í l a b a s , o único que existe em todas em línguas. Hyman (1975) tece algumas conside­ rações a respeito da sílaba antes de determinar a divisão s i l â b i c a , argumentando que a m aioria dos fonologistas aceitam a s^ laba como uma unidade fo n o lõ gic a, assim como palavras e elocu­ ções maiores podem ser s i l a b i f i c a d a s com bases em restrições _ fonotâticas ou seqüenciais de cada língua , s u je it a s a certas tendências u n i v e r s a i s . Ele admite que uma s í la b a consiste em três partes fo n é tic a s: 1. onset; 2. peak ou n ú c le o ; 3. coda.A^ sim, em uma s í la b a como par / p / é o onset, / a / o núcleo e / r / ê o coda da s í l a b a . Segundo Pike ^ Pike ( 1 9 7 4 ) , a síla b a se ria representada esquemati*camente da següinte forma:

Sílab a

Pulgram (1 9 7 0 ) e Hooper (1972) preconizam p r in c íp io s u n iv er­ sais para determinar a estrutura s il a b ic a .

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ba-sicos de padrões silá b ico s: um padrão " A " quando se tem somen­ te um segmento em cada margem de síla b a e um padrão " B " , quan­ do se tem p o s s i b i l id a d e s de " c l u s t e r " ocupar posições de onset e/o u coda.

No tipo A ou simples são atestadas as seguin — tes estruturas em português:

1.. V N

I

S I

\1

3. y c

' ^

s

4. C V C W

sendo S = S í l a b a , N = Núcleo, 0 = O n s e t, C = Coda (na linha de 0 e N ) , V = Vogal e C = Consoante Cna linha de V ) .

No tipo B ou complexo são atestadas as seguin tes estruturas em português:

5. C C 6. C C

Ò N

8 . C C J

c c

Os padrões do tipo B u t i l i z a d o s nO corpus se­ rão estudados em função dos processos que apresentam e não em função do tipo de segmento que pode ocorrer nessas posições. _ Ccf. Abaurre-Gnerre-79: c a p . 5 ) . Note-se que não foram esgotadas aqui as p o s s ib ilid a d e s de combinação de segmentos.no português. A Regra do Jogo (RJ) fo i inicialm ente sugerida em relação a dissílabos como:

(20)

Ou se ja , a palavra casa (káza) , ao ser submetida ã RJ, terá co mo output ( z a k â ) . A reaplicação da RJ a esse output, deverá ter um resultado semelhante ao input i n i c i a l , ou s e j a , ( k á z a ) . Teoricamente, RJ^ ê a única aplicação possível da RJ. Quanto aos t r i s s í l a b o s , cinco RJ diferen tes são teoricamente possíveis:

— ► RJ^ ( 1 )

— V RJ2 — 535^82 ( 2 ) —V R J3 — 5 ,5 3 8 2 (3)

— RJ4 — 8 2 8 , 8 3 (4) -V RJ5 — S 2 8 3 8 , (5)

Assim, por exemplo, as possíveis aplicações da RJ valo dariam: (K a v á lo )-—♦ RJj --(lováka] - RJz --^ (lokavá) — RJ3 --(l^alová) RJ4 ^ (vâkalo) RJ^ — ► Cváioka)

Observou-se que poucos informantes u t il i z a r a m _ de maneira constante as RJ, permitindo que a reaplicação das RJ sobre os outputs apresentasse realizações semelhantes aos in p u t s . A RJq, aplicada em d i s s í la b o s ,r e v e l o u um índice de 45% de pro du tiv idade, enquanto que da cinco RJ em t r i s s í l a b o s , ap£ nas a RJ^ a t in g iu um percentual de 19% de p r o d u t iv id a d e , en­ quanto que RJ2 teve 6,1 % e a RJ^ obteve 0,5% de p ro d u tiv id a d e. As outras duas regras teoricamente p o s s í v e i s , RJ3 e R J ^ , foram

(21)

u t il i z a d a s juntamente com outros processos ou não foram u t i l i z a d a s .

(22)
(23)

. A busca dos fatores ou processos que impediam a reaplicação das RJ p o s s i b i l i t o u a detecção de um tipo de pro cesso mais amplo, que age de forma a manter imóveis segmentos_ formadores de s í l a b a s , impedindo a aplicação das RJ sobre eles. Esse processo, que v isa n e u t r a l iz a r a força de atuação da RJ utilizando-se de uma força antagônica, atua sobre quaisquer segmentos formadores de s í l a b a s . Essa força contrária será cha mada áe PROCESSO DE ESTA TICIDADE, i .er. que se m anifesta como conseqüência da r e s is t ê n c ia e s tá tic a de alguns segmentos.

Verificou-se a atuação do Processo de E s t a t i c ^ dade (que pod eria ser designado também por meio do neologismo_ E s t a t it iz a ç ã o ) em relação a segmentos formadores de s í l a b a s :

a. sobre o núcleo;

b . sobre o núcleo e coda; c. sobre o onset e o n úcleo; d. sobre o onset ,

e. sobre o cada; e

f . sobre o acento tônico,

3 . 1 . a ESTATICIDADE m SEGMENTOS NUCLEARES

A e s ta tic id a d e de núcleos ocorre com mais freqüência_ em d i s s í l a b o s , estando também presente em t r i s s í l a b o s . Manten­ do estático o núcleo da silab'a, este processo impede que as RJ sejam aplicadas com força t o t a l , ocasionando um cruzamento_ de linhas no output, se quizermos i d e n t i f i c a r os segmentos de acordo com sua posição no input, Kahn C.1976) e Goldsmith C.1976) mostraram que não pode haver linhas cruzadas entre s í l a b a s .

(24)

0 falante processa uma reestruturação s i l á b i c a , que dará o r i ­ gem a novas s í l a b a s , sendo esse fator que impede a reaplicação das RJ com resultado idêntico ao input i n i c i a l . Assim por exem p i o : ( 1 3 . 1 ) s i g la ( s í _g 1 a ) —*> ( g l í s a ) — ► (§_^ í s a)

Y li

O N O

\ l \1

s

s

X y

A reestruturação silá b ic a ou r e s s i l a b if i c a ç ã o — que ocor­ re nesse dado faz com que o segmento onset de apareça na s ^ laba seguinte, posterior ao seu nücleo de origem. Para situ ar os segmento em situações como essas ê que se j u s t i f i c a a utili^ zação do numero que os i d e n t i f i c a com relação ã síla b a a qual pertencem no inp u t, bem como a quebra de direção indicada p e ­ la linha que cruza por sobre a linha de seu proprio núcleo. Ou tro exemplo: ( 1 4 . 7 ) ju ra (z u r a )

1 I

Si $2 (r ú z a) 0 N 0 N

M \|

s

s

X y

Assim, chula (ïûla ) (nota) — ► ( t o n a ).

( l ú ^ a ) , cravo (krávu) (vákru)

A es ta ticid a de do núcleo pode também apresentar-se em combinações de sílabas travadas (ou f e c h a d a s ), A violação seguida de r e s s i l a b if i c a ç ã o corresponde ao esquema seguinte:

(25)

QtN ,C .O .N ^ C . --► 0 ,N ,C ~ 0 i N ^ , -► 0 N C 0 N C

V

v

y v

Si S2

s

s

X y

0 ünico exejnplo atestado ê mentir ( 4 9 . 7 ) (men'tíh) (tehmín)

As palavras t r is s í l a b a s podem também apresentar nü cleos es tá tico s. Por exemnlo. a nalavra buraco con stitu íd a de uma sucessão de três sílabas abertas:

(69-4) (b u r â o) S , S 2 S3 ( c u r á b o) > ° i

s

s

s

(k u r á b o)

0

SI 0

\J \J N

s

X

s

y

s

z

Uma vez que a RJ u t i l i z a d a pelo falente é a R J , , S 2 mantém-se completamente imovel, obedecendo ã R J , , e apenas os segmentos_ onset de S , e de trocam sua posição. Preconiza-se para t r i £ sílabos que seguem R J , , formados por sílabas abertas e que so frem o processo de e s t a t i c i d a d e , o seguinte esquema;

0 , N , 0 -N.0 ,N--

S , $2 S3

- 0 ,N ,0 0 N 0 N 0 N

N N \J

s

X

s

y

s

z

Há também e s ta tic id a d e de núcleos em t r i s s í l a b o s que seguem RJ2 , e cuja estrutura s ilá b ic a é S , aberta + S 2 f e ­ chada + S3 aberta. Assim, por exemplo, (71-1) M arilda (maríw da) --► (dawmíra).

Pelo fato de termos um síla b a fechada, o segmento-coda de S2 (a sílaba fechada) v ai se colocar como çqda em S , . Isso se e x ­ p l ic a com a u t iliz a ç ã o de uma regra p o s te r io r , que p o s s i b i l i t a a mobilidade do segmento para uma outra s í la b a , que não a espe

(26)

vras com essa estru tura , juntamente com R J2 , deveria ter o s e ­ guinte esquema:

O^N^O^N^C^O^N^ --► ^ 0 N 0 N 0 N C

Sl S 2 <

s

s

s

\1 \1 V

s

X

s

y

s

z Porém, ocorre que não é esse o esquema de output, uma vez que o coda de S 2 dirige-se para junto do nücleo em S^. Esse fato revela a aplicação de uma regra que determina ao segmento coda da sílaba fechada seu deslocamento para junto do nücleo de que, cora os outros, mantém-se es t á t ic o ;

s

s

0 N C 0 N 0 N

s

s

y

s

z

Por sua v e z , o dado 86-1, tr is síla b o cuja estrutura s i l á b i c a ê CVC, CV, CV, ou se ja uma sucessão de fechada e de S 2 , a- ber tas , manteve os nücleos es tá tic o s, e como obedece <a R J2 , apresenta como re su lta d o s :

I 1

0,N,Ct0 ,N-0 ,. % S2 S3 Cn a d í w V a)

0

\

\1/ \

0

que nos leva a dedução de que esse é o esquema p a r a ‘ t r i s s í l a ~ bos que seguem a R J2 e o processo de e s t a t ic id a d e do n ücleo .

3 . 1 . b . ESTATICIDADE DE NÜCLEO E CODA

(27)

corpus possuírem estruturas s ilá b ic a s abertas e fechadas combi­ nadas entre si ocasionam, â primeira v i s t a , uma im p o ss ibilid ad e de se detectar exatamente sobre qual segmento atua o processo _ de e s ta tic id a d e . No momento em que se determina que o tipo de estrutura s il a b ic a ê p ertin en te para o explicitamento da ação do processo de e s t a t i c i d a d e , os esquemas siláb icos começam a ser harmônicos, e ê possível d i s t i n g u i r quais segmentos mantém- se estáticos.

Em palavras d i s s i l â b i c a s cujas sílabas são t r a ­ vada e S2 aberta, e sobre as quais age, além da R J , o processo de e s t a t ic id a d e , temos o seguinte esquema:

(26-1) 0,N,C,0-,N---0 , NtC , 0 , N „ ---- ► 0 N C 0 N

V

<1

V \i

Sj

s

2

s

s

Sx Sy

Assim por exemplo:

(26-1) porta (pohta) (tohpa)

(68-1) Selma (sevmia)-- ► ( e w s a ) , esse dado apresenta também e lipse de segmento, e portanto, a f a l t a de uma linha no esquema silábico da in v er sã o ).

(32-1) longe (lô n z i) --► (Yõnli) (107-1) pranto (prãnto) --«► (tãmpro)

Observa-se que e m . ( 1 0 7 - 1 ), o " c l u s t e r "consonantal que forma o on set de S^ é mantido como uma unidade. Os dois segmentos sofrem a RJ e invertem sua posição como se fossem um ünico elemento. 0 mesmo ocorre em (20-1) e em (13- 1). Pode-se presumir para pala vras com a combinação de estruturas s il á b ic a s do tipo S^ f e c h a ­ da +. S2 aberta, s u je i t a s ã RJ e ao processo de e s t a t ic id a d e de nücleo e coda, sempre o mesmo esquema de output. D ife r e n te s

(28)

es-quemas de output em palavras com a mesma combinação de e s tr u tu ­ ras silã b ic a s correspondem a u t il iz a ç ã o de d ife r e n t e s regras , ou, no mínimo, ã u t ili z a ç ã o de regras subseqüentes, ( c f . 28-1,71-1)

3 . 1 . c. ESTATICIDADE DE ONSET E NÜCLEO

Seja o dado (30- 8): eter (é t e h)

^ i O J ^ L 2

(e r t e) (g r t e)

Sl S2

N.C^OoN^ M C 01

Sy

Portanto, em palavras d i s s í l a b a s , formadas por S^ aberta + S2 fechada sobre a qual incida a RJ mais processo de e s t a t i c i d a d e _ sobre onset e núcleo, teríamos sempre este esquema. Porem, ob­ serva-se que não apenas o fato de a síla ba ser fechada ou aber­ ta ê importante. As partes m arginais, ou s e j a , a presença de onset e coda, ou a sua ausência, são fatores que condicionam o fa la n te a optar por determinados tipos de esquemas no output.

0 mesmo dado, ê t e r , revela outro esquema de output, quando processada a inversão por outros f a l a n t e s . Assim:

(30- 1,7) (e t e r) --► (r é t e) --► (r è t e) C-'^l°2 h ° Z '2

0

\

s

s

0 í

\

s

X y

A ausência de segmento-onset em S^ determina a transposição do coda em S2 para onset em S^, Esse dado talvez indique a procu — ra , por parte desses f a l a n t e s , do padrão CV, proposto desde Jakobson como u n i v e r s a l . As mesmas observações são v a l i d a s para

(29)

amar (amâh) Chãma)

( 1 0 2 -8 ) amar (amâh) (rãma)

Desde que o processo de es ta ticid a d e atua sobre um segmento, ou sobre mais de um segmento, tornando-o (s) imovel _ ( i s ) , ê l í c it o d i z e r que age de forma contrária ã RJ. Uma vez agindo sobre mais de um segmento da estrutura s i l á b i c a , ou s e ­ j a , sobre núcleo e coda, e sobre onset e núcleo, pode-se a f i r ­ mar que sua força de ação sobre os segmentos é maior nesses c a ­ sos, e menor quando age apenas sobre um segmento. Essa força maior ou menor está relacionada com o grau de força de atuação_ da RJ. Poder-se-ia propor que a força de atuação da RJ ë in v e r ­ samente proporcional ã força de atuação do processo deestatici- d a d e .

0 processo de e s ta ticid a d e pode agir também sobre o onset s i l á b i c o , mantendo-o imovel.

3 . 1 . d. ESTATICIDADE DE ONSET

Os dados a seguir apresentam onset e s t á t ic o , ape­ sar da RJ. ( 6 6 -1 ) maleta (m a e t a) S^ S , S (m e 1 á t o) — ► (m e 3 2 ^3 M-O^N, 0

1^’

S S

s

t

o) 0,N,0^N-0,N^ 0,N,0^N,0^N., 0 N 0 N 0 h

¥

f j ¥

N

\l

' x

s.

Trata-se de um t r is s í la b o formado por sílabas do tipo CV, que segue RJ^.

(30)

(11-4) edna (c d n a)

~ Í I 1 I

N i C .O z N ,

s

s

(a d n e)

I I 1

N-C,0 ,N , (ã d n e) N C 0

1

/ \

S

Porêm, nesse caso e s p e c ífic o , ê conveniente sugerir que o p r o ­ cesso de e s t a t ic id a d e atua sobre os segmentos m a rgina is, permi­ tindo que apenas os núcleos movimentem-se, obedecendo a RJ. Con tudo,essas variações de processo de es ta tic id a d e possuem poucas realizações o b j e t i v a s , dado o pequeno numero de informantes uti^ lizado s nessa p esq u isa .

3 . 1 . e . ESTATICIDADE DE CODA

Sejam os seguintes dados:

(4-1) V ilc a (víwka) --► (kãwvi) (8- 1,4 ) bumbo (bumbo) --► (bômbu)

( 0 -1 . 3 . 4 . 7 ) trança (transa) -— ► (sântra) (12-7) digno (digno) --► (nogdí)

(23- 4,6) Mirna (míhna) (261) porta (pohta)

-(nãhmi) (tahpõ) -*■ (dêngro) (27- 4,7) grande (grande) --► (dêngra) (27-1) grande (grande) (29- 3,7) Selma (sEwma) (294) Selma (séwma) -(mâwsè) —► (mawse) (32- 3.7) longe (lõ n ie ) --► (Yinlo) (40- 4,7) língua (líhgwa) --► (gwãnli) (107-4) pranto (prãnto) (tõmprã)

(31)

0 , N , C , 0 , N , Si --- 0 N C 0 N

V \i

S

s

s

X

Palavras d is s í l a b a s formadas por S , = nucleo e co­ da, ■‘■52 = onset e núcleo, apresentam as seguintes mudanças:

(3-7) oiça Cõysa) --^ (sâyo) (27- 1,7) ouro Cowro) — *■ (rowo)

(28-3) ouro (owro) --► (orowo) (47-1) apto (ãpto) --► (topta) (47-5) apto (apto) --► (topã)

Percebe-se a ocorrência de outros processos atuan­ do juntamente com a RJ e a es ta ticid a d e sobre o coda. Contudo , o.esquema geral re la t iv o aos exemplos acima ê o se guinte;

N, C , 0 , N .

Sj S 2

s

s

0 N 0 N

s

s

X y

Também d is s í la b o s formados por S , + S 2, ambas com onset, núcleo e coda, sofrem o processo de e s t a t ic id a d e de coda:

(1-4) dourar Cdowrãh) -— ► (hãwdo) (48-5) vulgar (vuwgâh) — ► (gâhvu)

Nesses dois últimos dados, percebe-se que os seg- mentos-coda em $2 desaparecem.

Os seguintes dados mantêm estáticos os codas em

^2*

(32)

(34- 1,2) varrer (vahêh) (63-1) nenhum ^ e n ü m) 0 ^N^02N. (hevâh) ► (n u ji ë m)

N V

Sl Y 2 ° 1

\ |^

s

s

-*• (n u fi ê m) 0 N 0 N

Y

s

X

s

y

Observe-se que o exemplo a seguir ê formado por duas sílabas que possuem onset, núcleo e coda, no padrao CVC,

(49-1) mentir (m ê n t í h)

11 I I I

W l < W 2 : h ^2 (t i m a h) (t i m â

0

\pq

S S M 0

\l M /'

s . Sy

0 informante, entretanto, deixa estático o segmento-coda de S 2 , enquanto torna elíp tic o o coda de , aplicando o processo de esta ticid a de no coda que restou. Isto nos leva a admitir que o falante criou um conjunto de regras e que estas seguem um p r i n ­ cípio de ordenação.

Em (50-4) temos um t r is s í la b o em que possui on­ set e coda; S 2 , onset, núcleo e coda, e, é formado por onset e núcleo. Uma vez aplicada a regra de onset e s tá tic o , temos:

( p a t ê h n o ) — (n 0 p ã h t e) — (n 0 ]3 ã h t e)

1

1

1

1 III 1 II

1 1 1

0,N ,0.N,C-0 ,N, O,N^O,N,C,0-N, 0 N 0 N C 0 N

Sl Sj

\ I M / N

s s

X y

Esse trissílabo segue, para a inversão, a RJ2 .

Em trissílabos cuja possuí o segmento-coda também fo i’ ":á- plicado o processo de estaticidade em coda:

(33)

(35-4) matagal Cm a t a g a w)

I I I 11

0 N ,0,N,0,N„ $1 $2 S3 Cg a t a m ã w)

I

'

2

W

3

s s s

(g a t a m ã w)

0

\

Í 0 N 0 N C

N V

S S

s

X y z

Em (6-6), o processo de estaticidade atua apenas sobre um dos segmentos do "cluster" que forma o onset:

( 6 - 6 ) pobre ( P o b r e)

II

0 N S 2 (b e p r 5)

I I

0

\

s

0

\

( b e p r 6 )

y

Esta é uma das poucas evidências de que este fa la n te considera os segmentos formadores de onsets e codas, ou s e j a , formadores_ de sílabas, isoladamente, jâ que permite a aplicação do processo de e s ta ticid a d e sobre e le . Outra p o s s i b i l id a d e se ria de a força de atuação do processo de e s ta tic id a d e ser bastante re d u z id a , e por esse motivo atuante apenas sobre um dos segmentos que f o r ­ mam o onset (neste caso, o segundo do " c l u s t e r " ) .

' Em conclusão, o processo de e s ta tic id a d e pode a- tuar sobre qualquer segmento formador de sílaba e a sua ação se r e a l i z a no sentido de impedir os segmentos de seguirem as Re­ gras do Jogo C R J)• Em outras p a la v r a s , ê um processo reverso as RJ, que atua sobre os segmentos formadores de sí l a b a .

3 . 1 . f. ESTATICIDADE DO. ACENTO TONICO

0 processo de E st aticid a d e atua sobre os segmentos formadores de s í l a b a s , mantendo-os. im óv eis, Também o acento t ô ­

(34)

nico ê passível de sua atuação,

Para se fazer um estudo a respeito da E staticid a d e do acento tônico e necessário d i v i d i r o corpus em estudo de a-

cordo com os padrões acentuais. ^

Das 109 palavras estudadas, 5 1 V são d i s s í l a b a s , e d e s ta s , 301 são oxítonas, e 701 paroxítonas.

Os t r is s í la b o s somam 491 do total do corpus e se apresentam em 20% de oxítonas, 6 6 % de paroxítonas e 14% proparo x ítonas.

Não se f a z , neste estudo, alusão ãs posições subtô nicas ou ã sílabas prê e põs-tônicas. A preocupação únicá de ago ra ê o comportamento do acento tônico sobre palavras;, s u je it a s ãs RJ, regras essas que determinam inversões nas posições das síla b a s.

Leite C 1 9 7 4 ), in "Portuguese stress and related ru l e s " , estuda o s . acentos do português, e fáz uma revisão dos es- tudos publicados a re sp e it o . Conclui dizendo que "existem duas

V

maneiras opostas de a n alisa r o acento no português. Do ponto de v is t a tr a d ic io n a l o acento ê completamente imprevisível e» cada palavra ê marcada no lê x i c o . Do ponto de v i s t a g e r a tiv o , o acen to é marcado por uma regra muito sim ilar ã regra do acento no la t i m " . Em sua a n a l i s e , tanto regras quanto a marca no lêxico _ são usados em relação ao acento. Mostra também que o acento não pode ser p re d ito para nomes e verbos pela mesma re g ra . Acrescen ta que a colocação do acento não ê uma questão puramente fonolõ g ic a , mas que n e c e s sita de informações g r a m a tic ia is .

Porem no contexto específico da Inversão S i l ã b i c a , o acento tô n ic o , considerado como um supra-segmento que tem co­

(35)

mo condição " s i n e qua non" a presença de uma síla b a sobre ..a qual deve r e c a i r , essas questões não se mostram relevantes.

Afirma-se que toda palavra possui uma sílaba mais forte que as demais e que sobre essa recai o acento tônico. Uma vez aplicada sobre uma palavra a RJ que determina a inversão s i l a b i c a , presume-se que o acento tônico siga a mesma determina ção e inverta sua posição juntamente com a s í l a b a sobre a qual re ca i. Deste modo, os dissílabos oxítonos devem tornar-se paro- x í t o n o s . no output e vice-versa, ou s e ja : ^ 1 ^ 2 --^ ^ 2^1 e

Porém isto nem sempre ocorre. Os supra-segmentos, ou acentos tô n ic o s, do mesmó modo que os demais segmentos forma dores de s í l a b a s , podem manter-se estáticos enquanto os segmen­

tos f o r m a d o r e s de sílabas obedecem as RJ.

Exemplificando :

(6-3) Cp 3 b r e)

Sl

Este dado, um dissíla b o paroxítono, deveria ter tido como . r e ­ su ltado , a p lica d a a RJ.

‘V

r e p d)

'

I

0 , N , 0 , N ,

s

s

Percebe-se no entanto que o acento tônico contraria a RJ e man- tém-se imovel sobre o núcleo de S ^ , quando deveria ter-se movi^ mentado juntamente com S2 .

(36)

Os d issíla bo s paroxítonos apresentam um total de 35% de palavras que mantiveram seu acento tônico e s tá tic o , (ver t a b e l a ). Os oxítonos apresentaram um percentual de 531 palavras que mantiveram seu acento estático , isto ê , continuaram oxíto- n a s , apesar da aplicação da RJ. Existe uma variação na u t i l i z a ­ ção ou não do Processo de Estaticidade sobre o acento tônico pe los falantes que poderã ser observada mais atentamente se con­ frontarmos os dados que foram tabulados.

A hipótese de que o acento tônico mantêm-se es tá ­ tico se houver a u t ili z a ç ã o de outros processos simultâneos ãs RJ ê descartada, uma vez que existem dados em que a inversão das sílabas obedece âs RJ e não hâ outro processo atuando, além da E staticida de sobre o acento tônico.

( 3 8 - 3 , 4 , 6 , 7 , 8 . ICk a f ?:) --► ( f O N O Sl

0

,

J^OiNi

N

Sj Sl

Um estudo específico a i^espeito do acento t ô n i ­ co na inversão s i l a b i c a , com um corpus voltado apenas para esse ponto, talvez lance mais luzes sobre a relação que possa haver entre os segmentos que compõem a síla b a e o supra-segmento que esta sobre e l a .

A autonomia do supra-segmento com relação aos se^ mentos r e ssa lta do estudo de Coupez ( 6 9 / 8 1 ) no que d i z respeito a tonalidade. Os dados do corpüs ora em estudo tendem a c o n f i r ­ mar a posição de Coupez em relação aos supra-segmentos.

0 estudo do acento tônico nos t r is s í l a b o s torna a hipótese da autonomia do supra-segmento mais consistente.

(37)

Convém lembrar que os d issíla b os possuem somente a opção oxíto- n o /p a ro x íto n o , uma vez que possuem apenas duas s í l a b a s . Porém, os tr is síla b o s possuem 5 regras de inversão teoricamente p o s s í ­ v e is . Deste modo, £az-se necessãrio marcar a sílaba tônica e propor as RJ observando também esse fa to r.

Assim sendo, não teríamos cinco regras p o s s í v e i s , e sim q u in ze , jâ que devemos m ultip lic ar os 3 padrões acentuais ^x í to n a , paroxítona e proparoxítona) pelas cinco regras t e o r i c a ­ mente possíveis,. De acordo com essa afirmação, existem cinco re gras para cada padrão acentuai.

Os t r is s í l a b o s proparoxítonos teriam, segundo as RJ u t i l i z a d o s , os seguintes resultados em relação ao acento tô­ nico: áiSzSj-íRJi -.-^5352^1 - oxítona RJ2 —►SjS^Sz - paroxítona RJ3 - proparoxítona RJ^ - paroxítona RJg — - oxítona •

Seguindo R J , , temos 561 dos t r is sí la b o s proparox^ tonos, dos quais 9,2% mantiveram-se e s t á t i c o s , ou s e j a , continua ram proparoxítonos.

Seguindo a RJ2 . temos 36% dos proparoxítonos, e desses, nenhum manteve estãtico o acento. Os 8% dos proparoxíto nos restantes não aplicaram as RJ em t r i s s í l a b o s .

Em relação aos t r is s í l a b o s oxítonos, aplicadas as RJ . teríamos:

(38)

S 1S 2S 3— »R J^ —)► S 2S 2S1 - proparoxítonas

R J2 —^ ~ proparoxítonas RJj — S 1S 2S2 - paroxítonas RJ^ —^ S2S1 S2 - oxítonas

RJ^ —*■ S 2§ 2Si - paroxítonas

Dos t r is s í la b o s oxítonos, 73% seguem a R J^, e des ses 561 mantêm estático o acento tônico.

Seguindo a R J2 » temos 19% dos t r is sí la b o s oxíto — n o s, e destes 90% mantêm estático o acento tônico.

Apenas 4% seguem a RJ^ e d e s te s, nenhum mantêm e^ tático o acento tônico.

Os 4% restantes não aplicaram as RJ.

Em relação aos t r is sí la b o s paroxítonos, que somam 6 6 % do total dos t r is s í l a b o s teríamos, aplicadas as RJ, os se­ guintes resultados: R J l"^ ^ 3 2 ^ 1 paroxítona ^ * ^'^2 " ^ ^ 3^ 1^2 oxítona RJ^-^-SiSjSz oxítona ^'^4"^^2^1^3 proparoxítona ^'^5“^ ^ 2 ^ 3 ^ 1 proparoxítona

D e ste s , 64% seguem a R J ^ , ou seja S 1S 2S 2— ► ^ 2823^ e 44% mantêm estático o acento tônico. Isto s i g n i f i c a que 56% dos t r is s í la b o s paroxítonos não obedecem a RJ^ quanto ã acentua ção tônica.

(39)

O ra , se o supra-segmento não se mantém estático ,e não segue a RJ.’ proposta aos segmentos formadores das sílabas , isto nos leva a crer que o falante u t i l i z e , para os supra-se^ mentos, uma outra regra de inversão que não é a u t i l i z a d a pelos segmentos.

Os exemplos a s e g u i r , t r is s í l a b o s paroxítonos que obedecem a RJ^ nos segmentos, não apresentam a u t il i z a ç ã o da mesma RJ para os supra-segmentos.

(51-8) ( £ l à t í n a)

0

N , 0 . N ^ 0 ,N Sl S 2 S 3 Cn a 0 , N 1" ^ 2 ^ ' 3 t i £^i â) 1

s.

S 3 S 3

Desde que seguindo a R J ^ , o acento tônico deveria permanecer sobre o nucleo de S 2 ou s e j a , N2 . No entanto, deslo- ca-se, indo postar-se sobre o nücleo de S^,tornando esse t r i s s í labo um oxítono. 0 mesmo ocorre em (54- 5, 6 , 8) .

C54- 5,7,8) Cí n k r í V e w)

I I T I I I

O^N, 0 . N .O ^ N ,C , ^ 2 ^ 3 S-, S2 S3 (v ,e w I ç r i 1 n)

I I I I M l

- ^ ' 1 S S S

Novamente os segmentos obedecem a RJ^ que determ^ na que S 2 permaneça em seu lugar já que propõe S^§2^3 — * '^ 3^ 2^ 1’ enquanto o supra-segmento parece usar da RJ2 ou de RJ^ que pro­ duzem outputs oxítonos. ( RJ2= 8 ^8 2 8 3 8 2 8 ^52; ^ 3“ ^i^2^3’^ ^ 1^3^2^

Acreditamos ser u t i l i z a d a a RJ2 para esses supra-segmentos, . ba seados no fato de a RJ^ ser totalmente improdutiva no contex­

(40)

0 fa la n te n ’ 7 apresentou uma p r e fe r ê n c ia sistema t i c a pela o x it o n i z a ç ã o , ou s e j a , procurou somar um maior número possível de palavras oxítonas. Porém outros falantes também o fizeram.

(58-6)

Jã em(5 8-6]l temos um fenômeno reverso.

(e w n í s e) Q N.ÒoN^Õ

Cs é n i e w)

0.

0 informante coloca o acento tônico sobre S ^ , con trariando a R J , , que determina a presença do acento sobre Sz» Não esta claro neste exemplo qual a regra u t i l i z a d a pelo .f a la n ­ te , jâ que este t e r i a duas opções em termos de proparoxítonas ,

R J4 :

Si

§2

S3 S 2S1 S3 ou ainda a RJ^: 8 , ^ 2 5 3 S2S 3S 1 . Desde que este informante não tenha u t i l i z a d o nenhuma vez qualquer dessas regras para inversões em segmentos, se ria ousado afirmar que ele tenha u t i l i z a d o especificam ente uma delas, é p ossível ape­

nas constatar, diante dos dados, que o supra-segmento não obede ce a mesma RJ que os segmentos.

E m C 6 0- 5,7 ,8 ) temos os mesmos processos u t il i z a d o s em (5 4 -6 , 7 , 8 ) valem portanto aqui as afirmações fe it a s lâ .

C60- 5,7,8) Cp a 1 â V r a) C\_r a

s

s

s

a p â)

0 N O N O

s

s

(41)

6 2 - 5 ,7 ,8 ) ( e s t i l o )

I

s

s

s

(1 o t i é ¥)

0 ^N-0 „N-0 , N, O ^

L

^ 1

s

s

s

c e s s o s .

0 dado de n"^ 65 (eskrâvo) apresenta os mesmos pro

r a v o ) --► ( v o

^2°3'*3

\ r a é ¥)

S

s

s

s

s

s

Do mesmo modo ocorre com os dados a seguir:

C 6 6- 5,7 ,8) Cra a 1 ê t a) 0 , N , 0

s

s

s

(t a 1 e m â)

I

0 3 ''3 °2

\| \l \l

s

s

s

C6 7-6,7) /• <*• Ce n z O o)VV r- > N ,Ò , N o 02N2

s

s

C o z o e n) N3R2N20i"i

s

s

s

Exceto ( 5 8 - 6 ) , todos os demais informantes que u t i ­ lizaram a RJ^ para os paroxítonos procederam segundo os . exem­ plos anteriores, (ver tabela)

Fica cla ro , nestes exemplos, a autonomia do supra -segmento em relação ã sílaba,a, que esta lig ad o .

Os dados parecem revelar a presença de dois siste mas in terligad o s e independentes ao mesmo tempo: ol dos segmen­

(42)

ela (neste caso especificamente o acento tô n ic o ). Ou s e j a : a p H cada a RJ que determina a inversão, o acento tônico possui auto nomia s u ficie n t e para obedecer outra regra de inversão. Deste modo teríamos: (90-6) (h e V e Y a)

I

0

'‘l°2

a V e h è)

s

s

s

s

s

s

Em que A , o supra-segmento, n eces sita o b rig a to ria mente de uma s í la b a sobre a qual deve r e c a ir , e B, o b r i g a t o r i a ­ mente n ecessita de uma síla ba mais forte na cadeia da f a l a , s í ­

laba essa sobre a qual recei o acento tônico.

Ocorre porem que A não segue obrigatoriamente a Regra do Jogo u t i l i z a d a por B. ë esse fa t o , mais que a p o s s i b i ­

lidade de manter estático o acento tô n ico , que comprova a auto­ nomia do supra-segmento em relação as sílabas com as quais man­

têm uma relação de dependência.

/ ♦

Em outras p a l a v r a s , pode-se afirm ar, com base nes ses dados, que a relação de dependência entre os dois sistemas interligados não impede que cada um deles possua autonomia de escolha em relação ãs Regras do Jogo de Inversão. Ou s e j a , são independentes a ponto de cada sistema seguir uma regra d i f e r e n ­ te.

Afirmou-se que a Estaticida d e ê um processo con­ trario ã RJ, que impede a mobilidade do segmento. Afirmou-se também, que ele age de mpdo a a lter ar a estrutura da s í l a b a ,i m pedindo a reaplicação da RJ com resultados ig uais ao input i n i ­

(43)

c i a i , ( S , S 2 —-*• S 2S , — ri-8 , 8 2 ) .

Observa-se porem que toda p alav ra possui uma s í l a ba tônica e que a jposição dessa síla b a em relação ãs outras de­ termina modificações nessa palavra, sendo que muitas vezes a presença do acento sobre determinada sílaba ( 3 ’ , 2 ’ ,, 1 ’ ) pode ser indicação de sua classe gram atical, como nos casos citados por Leite ( 7 4 : 3 3 ) . Conclui-se que o acento tônico pode ter a u t o n o ­ mia sobre a sílaba,porem essa autonomia, em nosso contexto espe

c í f i c o , de m o b ilid a d e, não ultrapassa a b a r r e i r a de f in a l de pa lavra. Ou s e j a , o acento tônico não resp eita as b a rreira s de sí la bas, jã que a única ligação que possui com elas ê que estas fazem parte de p a la v r a s , e t^odas as palavras possuem um acen­ to tônico Cexceto monossílabos â t o n o s ).

Esse fato pode ser uma ev id en cia a respeito do a- cento tônico e sua ligação com os segmentos que compõem uma p ala v ra . A p a la v ra é composta de s í l a b a s , que por sua vez se

compõem de núcleo e/ou o n set/co da.

0 acento tônico liga-se a p a l a v r a s , e não a

síla-/

bas e s p e c í f i c a s , bbedecendo na p ala v ra , a restrição de movimen­ tar-se apenas atê a 3^ síla ba da d i r e i t a para a esquerda. As­ sim sendo, não ê sobre a síla b a que o acento tônico r e c a i , mas sobre as palavras que são compostas- de s í l a b a s .

Desta maneira, o campo de ação do acento tônico _ não ê especificam en te, a sí l a b a , mas a p ala v ra .

(44)

3 . 1 . 2

Desde que a ação do processo de e s ta tic id a d e alte ra a estrutura da sílaba impedindo a reaplicação das Regras do Jogo com um mesmo resu ltado , isto s i g n i f i c a que esse p ro cesso_ possui determinado grau de força de ação. Chega-se a essa con­ clusão observando sua atuação sobre onsets, núcleos e codas.

Porém quando a Regra do Jogo possui um grau de força de atuação igual a do processo de e s t a t ic i d a d e , ocorre um fenômeno de reduplicação de segmentos.

Assim, por exemplo: ,

C82-2) ouro (o w r o)

'J-.C.O

-*■ (o r ô w o) Co r o w o) N 0 N C

I N \J

S S S X y z

A aplicação da RJ em ouro requer, como output esperado (roow) . No entanto, esse d a d o ■apresenta um coda estático e a r e d u p lic a ­ ção do núcleo de S ^. Tu^o indica.um a igualdade de força de atua çao da Regra do Jogo e do Processo de E s t a t i c i d a d e . "M utatis mu­ tandis'.',esse fenômeno de redobro se assemelha ã meiose, que o- corre na reprodução c e l u la r , uma vez que os dois segmentos apre

*

sentam-se exatamente igu a is e surgem de uma d ivisã o.

S e ja C88-1) p á s s a r o (P â s a r o) 0 ■ ' Co r â p a s o }. —► (p r â p a s o) S S S S N 0 ^1 ^2 ^3

\ |\ |

S S s s

w X y z

(45)

nú-cleo de S ^. Desde que o núnú-cleo de uma s í la b a é redobrado, tem- se uma síla b a suplementar. Assim, d i s s í l a b o s , com a r e d u p lic a ­ ção do-núcleo, passam a ser t r is s í l a b o s , e t r is s í l a b o s passam a ser q u a tr o s s í la b o s .

Os dados a seguir apresentam uma reduplicação do segmento onset da síla b a f i n a l , que passa a ocupar posição de onset na s í la b a i n i c i a l . (28-3) ouro (o w r o)

*1

h

Ch ô w r o)

lO.Z

s

s

1 '

D 1íí r

0

)

0 : 0 N

Y \|

(35-1) erma (êrma) ——-► Cin^hna) (58-3) acima Casíma) -— ► (masína) (58-6) acima Casíma) ■-— ► Cinasína) (93-1) alunas Calúnas) —► (nalúnas) (105-1) o bito (óbito) •— ► (tobito)

Os dados acima possuem em comum a sílaba i n i c i à l fornada ape­ nas pelo âpice s i l á b i c o . A reduplicação perm itiu uma Iressilab^ ficação segundo o padrão universal CV.

Em (lQl-1) tem-se reduplicação de segmentos a ní vel de síla b a : ( 10 1 -1) CÇ t e ' ' 1R2N 2 n o fi.) —► Cn o h-1 e n e h) — (n o ih t e n e h)

'

2

R

3

0

:,o

^ ^ L O ^1 ^2 ^3 - S . 5 S S„

M

0

(46)

movi-menta-se novamente ocupando a posição coda em S ^ . Outra possibi^ lidade para esta reduplicação se ria a de que hã, não a a p l i c a ­ ção da RJ a nível de síla b a mas sim, elip s e de coda em S 2 e r e ­ duplicação de onset e coda de S ^ . Assim:

( 101-1) (e t e 1 n o h) C .n 6 O

3

N \/ S : e n e (n 6 h t e n e N,0.N~C,0^,C^ 0,N^0-0„N_0.NtC^ O N O O N O N C

‘ f ' f ‘

y ;

v N V

s

X

s s

y z

Qualquer que s e ja a solução em termos de esquema de inversão, as duas apresentam segmentos reduplicados que ,derivam, clara mente, de segmentos que foram imobilizados pela ação do p ro ces­ so de e s ta tic id a d e e que, pela i n c i d ê n c i a .d a RJ com igual força de atuação, dividem-se e realizam-se duas v e ze s, s a tisfa zen d o assim a duas forças antagônicas.

Tem-se em ( 1 0 1 - 8 ), coda de estático e redupli- cado. 0 processo de es ta tic id a d e agiu apenas sobre o coda de e sua força ê igual ã força de atuação da RJ, originando-se a s ­ sim o segmento b i p 9.rtido , i . e , r e d u p l i c g d ò .

-Os dados C.8-Í) e (^28-8)'apresentam ^^ycpdá d^^ ‘ S , estático e reduplicado. 0 mesmo ocorre em ( 86-8) , um t r is s í la b o que segue a R J , . C8-8) bumbo (b u m b u)

0

( b u m b u m ) Cb u m b ü m) D.,N„ 0-,N„C,0,N,Ci • 0 N C 0 N C

tl

V V

(47)

( 86-8) Dalvina ( d a w v í n a ) —► ( n a w v i d â w ) ' —^ ( n a w v i d â i ^

^1 ^2 ^3

D,N,C,0«N~0-N. 0^N^C,0^-0iNtC, O N C O N O N C

s

s s

X

s s

y z

Jã em (2-7) , tem-se coda de $2 estático e rediçlicado.

(2-7) atlas (ã % 1 a ^)^-— ► ( ^ 1 ã s a ¥) --► ( t ^ ã s a ^) 0 N

s

s

: N

s

Em (60-6) o segundo segmento do "clustei^.que forma o onset de ê reduplicado e e s t á t ic o . Esse fato ê mais uma ev idê nc ia a re s­ peito de o fala nte considerar os segmentos isoladamente, como o

correu em Ç6 -6 ) pobre (pobre) — *■ (bepro) , '

(60-6) (p a O.N.O ã £jr a) °3 ^ 3 ^ / 2

s s

0 N 0 N Ò N S

s s

X y cdu

Fic(|u c la r o , com relação -aos segmentos r e d u p l ic a ­ do s , que todos eles sofrem, alêm das RJ, o processo de estatici^ dade. Pode-se esboçar um esquema com os graus de força de atua­ ção dos processos atê agora estudados e seus r e su lta do s , uma vez que as RJ e o processo de estaticidade atuam na inversão co mo forças contrarias que competem entre s i . Quando a força de a tuação da RJ ê maior que a força de atuação do processo de esta t i c i d a d e , tem-se uma inversão s i l a b ic a completa. Quando ambos _ os processos se equiparam em força de atuação, tem-se como re­ sultado segmentoCs) que se divide Cm) para obedecer ambas as o r­

(48)

dens e resulta(m) segmento(s) r e d u p l i c a d o ( s ) . Quando a força de atuação da RJ é menor que a força de atuação do processo de e s ­ ta ticida d e sobre determinadoCs) segmento(s)., tem-se segmento(s) e s t â t i c o ( s ) . Esquematicamente:

se RJ ^ PE — ► segmento invertido

se RJ = PE — ► segmento reduplicado(um estático e outro invertido)

se RJ <C PE — ► segmento e s t á t ic o .

Numa escala ampla que abarque todas as : inversões re aliza d as pelos informantes percebe-se que a RJ possui uma a- tuação maior que a do processo de e s t a t ic i d a d e , e que èste pro­ cesso por sua vez também tem uma produtividade que não é igual para todos os informantes ou para todos os dados. Evidencia-se_j_ desta forma,a e x is t ê n c ia de competências in d i v id u a i s que d ife rem de fálante para fa la n t e .

(49)

3 . 1 . 3 . AMBI SSI LAB I Cl DADE

No contexto específico do jogo de inversão silãbj. ca, os segmentos am bissilabicos são facilmente detectado s, uma vez que reduplicam, aparecendo plenamente nas duas sílabas quan do submetidos ao processo de inversão s i l ã b i c a .

A respeito da a m b is s ila b ic id a d e , Fujimura § Lo- vins (1978) concluem que ê ''amalgama de traços do f i n a l de uma sílaba com os traços da sílaba seguinteV.

Kahn (1 97 6) representa os segmentos am bissilãbi — cos do Inglês como resultado do movimento sobre o lim ite fonolõ gico de s íla b a .

Bell ^ Hooper (1978) afirmam que a noção de ambis­ s i l a b i c i d a d e , ou s e j a , o envolvimento de duas sílabas numa mes­ ma interpretação, tem sido superficialmente r e p e t id a , se não

suficientemente ex p lica da em estudos fonéticos e fo n o lo g ic o s.

Conforme os conceitos emitidos por esses autores_ a respeito da a m b is s ila b ic id a d e , pode ser considerado am bissilã bico o segmento que f i z ^ r , ao mesmo tempo, parte de duas s í l a ­ b a s , como que ignorando o limite s i l á b i c o . Nestas condições, um mesmo segmento poderã pertencer as duas sílabas d i s t i n t a s , e- xercendo simultaneamente o papel de coda e de onset.

A u t iliz a ç ã o da terminologia proposta por Hyman (1 97 5) a lia da ã representação geométrica proposta por Goldsmith (1976) e Kahji (1 9 7 6 ) são de grande v alia na descrição dos seg­ mentos am bis silab ico s . A u tiliza ç ã o de uma linha h o riz o n ta l que se subdivide em baixo do segmento em questão, serve a in d ic a r que o mesmo segmento exerce as funções de coda e de onset sem

(50)

que haja cruzamento de lin h a s, o que r e v ela r ia uma violação a ser resolvida por r e s s i l a b i f i c a ç ã o .

(h e h v a h) S e ja (34-5) varrer (v a h é h)

I I

0

.

0„N~C-0,

V V

s

Temos em C 34- 5), o segmento onset de S 2 a m b i s s i l â b ic o , exercen do ao mesmo tempo as funções de coda em S ^. Percebe-se que,sub metido a R J, este segmento realiza-se como onset de S 2 , seu " s t a t u s " normal, e como coda de S ^ , " s t a t u s " adquirido pela a m bis silab icid ad e . Percebe-se ainda que, se considerado deste modo, impede a u tiliz a ç ã o de l in h a s , cruzadas como ocorreria _ se o considerássemos apenas um segmento redup licado .

A am bissilabicidade pode ser considerada também como reduplicação de segmentos, porém dentro de um contexto e_s p e c í f i c o , que por sua vez não a ltera a estru tura s i l a b i c a a ponto de n e c e s s it a r de r e s s i l a b i f i c a ç ã o , como ocorre com os segmentos. que permanecem estáticos quando da aplicação das RJ.

Em de onset em S 2 :

C 1 09 - 6 ,7), o coda de^S^ ocupa também ^posição

(vr â m a w)

0»N.0,N,C,

Seja um exemplo de tr is síla bo s com a m b is s ila b ic id a d e : C51-6) p l a t i n a (p 1 a t i n a ) ■ ■ > 0 , N ,0 .

^

1

.

Cn I t i m £ l a) Ô _N _0 -N.C. Ò, Nt

Sj

(51)

Do mesmo modo que dois segmentos (p) e (1) ocupam posição de o n s e t , um ünico segmento (n) ocupa posição de onset e coda.

Em (70-2) verdinho (v e h i K o) —► C“ o v e h d i n)

'

I 11 í

0 informante u t i l i z o u , na inversão, a R J2 .

Jâ em ( 7 0 - 4 , 5 , 6 ) , os informantes u tiliz a ra m RJ^ e ê esta a diferen ça de output com (7 0 - 2 ), se ja :

(70-2) (v e h d i X o) ( K o d i' n V ê 0 , N , 0 ; N 2 " 3 Outro exemplo: (X o z e n d e ) ,0 -.N 1) 1 0 , N , 0 , Sl

Em C86-4,5) também o segmento-onset de S^ revela- se am bissilâbico, ocupando posiç€o de coda em 8 2 *

(n a V £ n d a w )

0,N,0- N- C-0,N,C,

V w V

s

s

Os dois últimos exemplos seguem a RJi.

(52)

ambissila-bicidade é um processo de reduplicação em condições e s p e c í f i ­ cas .

(53)

3 . 1 . 4 . CONCLUSÃO

Pode-se c o n c lu ir , a respeito do processo de e s t a ­ ticidade q u e :

0 acento tônico, considerado um supra-segmento, possui au­ tonomia na escolha das Regras de Inversão, sendo seu campo de ação a p alav ra.

r Qualquer segmento pode se opor ãs Regras do Jogo e manter se es tã tico .

-- Qualquer segmento estãtico p o d e . re dup lic ar e essa reduplica ção resulta da aplicação de duas f o r ç a s . antagônicas i g u a i s , uma da Regra do Jogo e outra do Processo de E s t a t ic id a d e .

- A am bissilabicidade provoca, com a aplicação da Regra do Jo go, uma reduplicação, sem que h aja e s t a t i c i d a d e , e conse^ qlientemente, linhas cruzadas a e x i g i r uma r e s s i l a b i f i c a ç ã o ;

Referências

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