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Jogos Olímpicos

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(2)

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA 71

parte do COI para alguns países (Bélgica, Itália, Holanda, Noruega, Suécia e Alemanha), mas, principal­ mente, pela divergência sobre o ponto de vista entre Ginástica e os esportes. A França, em particular, tinha uma outra razão para não ir a Atenas, pois tinha programado para a mesma época a Festa Federal Anual da União das Sociedades de Ginástica da França, em Alger.

Apesar da recusa oficial dos alemães e dos suíços, 11 alemães e 1 suíço participaram. O suíço, viajando por conta própria, e os alemães, que por acaso se encontravam em férias em Atenas.

Tendo em vista as divergências de opiniões sobre os esportes e a Ginástica, os dirigentes desta última não ajudaram em nada na organização, nem na parte técnica da competiçao.

Apesar de tudo, alguns ginastas que desejavam o restabelecimento dos Jogos participaram na elaboração do programa, principalmente A. Callot, antigo presidente da Federação Belga de Ginástica, e G. Strehly. Todavia, oficialmente, o Regulamento foi fixado pelo COI e nenhuma referência aparece no programa, quanto a qualquer outro regulamento.

O programa elaborado previa o seguinte:

- Exercícios individuais: subir numa corda lisa com tração dos braços; dominações diversas na barra fixa; exercícios nas argolas; barras paralelas, salto sobre o cavalo e trabalho com pesos (halteres).

- Movimentos em conjunto: cada sociedade só podia participar com uma equipe, composta de no mínimo dez ginastas.

Na realidade, foram realizados exercícios individuais em seis provas e exercícios simultâneos por equipe nas barras paralelas e na barra fixa.

Segundo relatório de Pierre de Coubertin, publicado na obra Les ]eux Olympiques d'Athenes,

1896,

citado por Barrull (1984), as provas de Ginástica foram realizadas no estádio, no quarto e quinto dias dos Jogos.

Quarto dia:

Segunda prova: Barras paralelas. Três equipes participaram: Associação Nacional de Athenes, Associação Panhellique e a equipe da Alemanha. A equipe alemã, dirigida por Fritz Hoffmann, demons­ trando uma experiência muito maior, venceu as outras duas, observando, pela primeira vez, o hasteamento da sua bandeira, sob os aplausos unânimes do público presente ao espetáculo.

As equipes gregas na paralela masculina por equipe, ]O 1896 em Atenas. Cartão Postal do Museu Olímpico de Lausanne.

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA 71

parte do COI para alguns países (Bélgica, Itália, Holanda, Noruega, Suécia e Alemanha), mas, principal­ mente, pela divergência sobre o ponto de vista entre Ginástica e os esportes. A França, em particular, tinha uma outra razão para não ir a Atenas, pois tinha programado para a mesma época a Festa Federal Anual da União das Sociedades de Ginástica da França, em Alger.

Apesar da recusa oficial dos alemães e dos suíços, 11 alemães e 1 suíço participaram. O suíço, viajando por conta própria, e os alemães, que por acaso se encontravam em férias em Atenas.

Tendo em vista as divergências de opiniões sobre os esportes e a Ginástica, os dirigentes desta última não ajudaram em nada na organização, nem na parte técnica da competiçao.

Apesar de tudo, alguns ginastas que desejavam o restabelecimento dos Jogos participaram na elaboração do programa, principalmente A. Callot, antigo presidente da Federação Belga de Ginástica, e G. Strehly. Todavia, oficialmente, o Regulamento foi fixado pelo COI e nenhuma referência aparece no programa, quanto a qualquer outro regulamento.

O programa elaborado previa o seguinte:

- Exercícios individuais: subir numa corda lisa com tração dos braços; dominações diversas na barra fixa; exercícios nas argolas; barras paralelas, salto sobre o cavalo e trabalho com pesos (halteres).

- Movimentos em conjunto: cada sociedade só podia participar com uma equipe, composta de no mínimo dez ginastas.

Na realidade, foram realizados exercícios individuais em seis provas e exercícios simultâneos por equipe nas barras paralelas e na barra fixa.

Segundo relatório de Pierre de Coubertin, publicado na obra Les ]eux Olympiques d'Athenes,

1896,

citado por Barrull (1984), as provas de Ginástica foram realizadas no estádio, no quarto e quinto dias dos Jogos.

Quarto dia:

Segunda prova: Barras paralelas. Três equipes participaram: Associação Nacional de Athenes, Associação Panhellique e a equipe da Alemanha. A equipe alemã, dirigida por Fritz Hoffmann, demons­ trando uma experiência muito maior, venceu as outras duas, observando, pela primeira vez, o hasteamento da sua bandeira, sob os aplausos unânimes do público presente ao espetáculo.

As equipes gregas na paralela masculina por equipe, ]O 1896 em Atenas. Cartão Postal do Museu Olímpico de Lausanne.

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72 NESTOR SOARES PUBLIO

Terceira prova: Barra fixa. Só a equipe alemã participou desse evento, executando exercícios com

um domínio perfeito, arrancando aplausos do público e novamente observando o hasteamento de seu

pavilhão.

Quarta prova: Salto sobre o cavalo. Nessa prova, 1 7 ginastas representando Grécia, Bulgária,

Hungria, Suíça e Alemanha competiram entre si, cabendo a vitória ao alemão Karl Schumann.

Quinta prova: Cavalo com arções. Os mesmos ginastas participaram dessa prova. O suíço Louis

Zutter, treinado em Berlim, demonstrando muita agilidade, conseguiu a vitória para os helvéticos, tendo a

bandeira suíça sido hasteada em sua homenagem.

Sexta prova: Argolas. Essa prova reservava uma agradável surpresa aos espectadores: 12 ginastas

tomaram parte, dos quais 2 gregos, tendo um deles, Ionnis Mitropoulos, um helênico de apenas 18 anos,

sido declarado vencedor. Pela primeira vez a bandeira grega era hasteada, sob um entusiasmo indescritível.

Sétima prova: Barra fixa. Dezesseis ginastas participaram, entre os quais dois gregos. A maioria era

de ginastas alemães, dentre os quais se encontrava Herman Weingaertner (alguns resultados dão como campeão Alfred Flatow) que venceu a prova, sendo a bandeira alemã hasteada pela quarta vez no mesmo dia.

Em virtude do avançado da hora e do frio reinante, as outras duas provas previstas no programa

foram adiadas para o dia seguinte.

Quinto dia:

Primeira prova: Barras paralelas. Essa prova foi a oitava na série do programa da véspera. Dezoito

ginastas tomaram parte, entre os quais alguns gregos, mas coube a Alfred Flatow, excelente ginasta, ser

proclamado campeão. O judeu Flatow voltou à sua pátria, depois de Atenas, como herói. Meio século

após, em 1945, aprisionado pelos nazistas, morreu num campo de concentração.

Segunda prova: Subida na corda lisa de 8 metros, com tração somente dos braços. Nessa prova, a

mais atraente e a mais difícil, tomaram parte cinco ginastas, tendo os outros desistido. O ginasta grego

Nicolaos Andriakopoulos subiu com uma desenvoltura inconcebível, tendo sido declarado campeão, e

novamente um grego foi aplaudido entusiasticamente e prolongadamente pelo público presente durante o

hasteamento da bandeira grega. Segundo Lancellotti (1966), a inclusão dessa modalidade, quase circense,

surgiu de uma exigência dos organizadores gregos, que confiavam no sucesso de seus especialistas. Cada

atleta precisava escalar uma corda de 1 O metros de comprimento. De fato, a Grécia ficou com as duas

primeiras classificações, tendo seu campeão Nikolaos realizado o percurso em 23"4.

Subida na corda lisa.

Jogos Olímpicos de Atenas na Grécia em 1896. l.es étapes de la gymnastique au sol et aux agres en France et dans le monde, p. 338.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA

Equipe alemã, nos ]O de 1896. Gustav Felix Flatow, Fritz Hofmann, Gustav Schuft, Richard Rostel, Conrad Bocker, Hermann Weingiirtner, Alfred Flatow, Richard Gadebusch, Fritz Manteuffel e Karl Schumann. Olympische Spiele vor dem Hallischen Thore, p. 56.

73

Karl Schumann (1869-1949) foi o mais bem-sucedido ginasta olímpico de todos os tempos. Era um atleta pequeno, mas se tornou muito popular. Esse berlinense não apenas conquistou três medalhas de ouro nas competições em Atenas, em 1896, como também foi vencedor olímpico em luta. Esse atleta que, de longe, foi o menor (1, 63m) e mais leve da história, venceu, com seu estilo clássico, o bem mais pesado grego Gregorio (Georgios) Tsitas. Além disso, Schumann participava de competições de atletismo leve e levantamento de peso, onde obteve a quarta colocação (Gotze & Zeume 1986). Segundo Barrull (1984), Schumann teria vencido, na final de luta greco-romana, ao inglês Elliot, que pesava mais de 100kg e que foi o vencedor na prova de halterofi­ lismo na modalidade levantamento de peso com um braço. Segundo Laurete Godoy, expert em resultados e história dos Jogos Olímpicos, e Lancellotti (1996), podemos afirmar que foi Tsitas o adversário de Schumann na final de lutas, o que foi uma grande decepção para os gregos, pois, pelo somatotipo dos contendores, Georgios T sitas era o franco favorito.

Segundo ainda Gotze & Zeume, outro destacado ginasta em Atenas foi o Chefe da equipe alemã na capital grega, Fritz Hoffmann, que, além de ganhar duas medalhas de ouro, integrando a equipe nas provas de paralelas e barra fixa, participou também na modalidade de atletismo, conquistando a medalha de prata em 1 00m e a de bronze em 400m, além do quinto lugar em salto em altura.

Complementam, ainda, os citados autores que o Dr. Willibald Gebhardt (1861-1921), cidadão líder esportivo da Alemanha e primeiro membro alemão do COI (1896-1909), se opôs à Deutsche Turnerschaft, pelo fato de a entidade se posicionar contra as Olimpíadas.

Karl Schumann. Salto sobre o cavalo. Primeira medalha olímpica alemã individual.

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72 NESTOR SOARES PUBLIO

Terceira prova: Barra fixa. Só a equipe alemã participou desse evento, executando exercícios com

um domínio perfeito, arrancando aplausos do público e novamente observando o hasteamento de seu

pavilhão.

Quarta prova: Salto sobre o cavalo. Nessa prova, 1 7 ginastas representando Grécia, Bulgária,

Hungria, Suíça e Alemanha competiram entre si, cabendo a vitória ao alemão Karl Schumann.

Quinta prova: Cavalo com arções. Os mesmos ginastas participaram dessa prova. O suíço Louis

Zutter, treinado em Berlim, demonstrando muita agilidade, conseguiu a vitória para os helvéticos, tendo a

bandeira suíça sido hasteada em sua homenagem.

Sexta prova: Argolas. Essa prova reservava uma agradável surpresa aos espectadores: 12 ginastas

tomaram parte, dos quais 2 gregos, tendo um deles, Ionnis Mitropoulos, um helênico de apenas 18 anos,

sido declarado vencedor. Pela primeira vez a bandeira grega era hasteada, sob um entusiasmo indescritível.

Sétima prova: Barra fixa. Dezesseis ginastas participaram, entre os quais dois gregos. A maioria era

de ginastas alemães, dentre os quais se encontrava Herman Weingaertner (alguns resultados dão como campeão Alfred Flatow) que venceu a prova, sendo a bandeira alemã hasteada pela quarta vez no mesmo dia.

Em virtude do avançado da hora e do frio reinante, as outras duas provas previstas no programa

foram adiadas para o dia seguinte.

Quinto dia:

Primeira prova: Barras paralelas. Essa prova foi a oitava na série do programa da véspera. Dezoito

ginastas tomaram parte, entre os quais alguns gregos, mas coube a Alfred Flatow, excelente ginasta, ser

proclamado campeão. O judeu Flatow voltou à sua pátria, depois de Atenas, como herói. Meio século

após, em 1945, aprisionado pelos nazistas, morreu num campo de concentração.

Segunda prova: Subida na corda lisa de 8 metros, com tração somente dos braços. Nessa prova, a

mais atraente e a mais difícil, tomaram parte cinco ginastas, tendo os outros desistido. O ginasta grego

Nicolaos Andriakopoulos subiu com uma desenvoltura inconcebível, tendo sido declarado campeão, e

novamente um grego foi aplaudido entusiasticamente e prolongadamente pelo público presente durante o

hasteamento da bandeira grega. Segundo Lancellotti (1966), a inclusão dessa modalidade, quase circense,

surgiu de uma exigência dos organizadores gregos, que confiavam no sucesso de seus especialistas. Cada

atleta precisava escalar uma corda de 1 O metros de comprimento. De fato, a Grécia ficou com as duas

primeiras classificações, tendo seu campeão Nikolaos realizado o percurso em 23"4.

Subida na corda lisa.

Jogos Olímpicos de Atenas na Grécia em 1896. l.es étapes de la gymnastique au sol et aux agres en France et dans le monde, p. 338.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA

Equipe alemã, nos ]O de 1896. Gustav Felix Flatow, Fritz Hofmann, Gustav Schuft, Richard Rostel, Conrad Bocker, Hermann Weingiirtner, Alfred Flatow, Richard Gadebusch, Fritz Manteuffel e Karl Schumann. Olympische Spiele vor dem Hallischen Thore, p. 56.

73

Karl Schumann (1869-1949) foi o mais bem-sucedido ginasta olímpico de todos os tempos. Era um atleta pequeno, mas se tornou muito popular. Esse berlinense não apenas conquistou três medalhas de ouro nas competições em Atenas, em 1896, como também foi vencedor olímpico em luta. Esse atleta que, de longe, foi o menor (1, 63m) e mais leve da história, venceu, com seu estilo clássico, o bem mais pesado grego Gregorio (Georgios) Tsitas. Além disso, Schumann participava de competições de atletismo leve e levantamento de peso, onde obteve a quarta colocação (Gotze & Zeume 1986). Segundo Barrull (1984), Schumann teria vencido, na final de luta greco-romana, ao inglês Elliot, que pesava mais de 100kg e que foi o vencedor na prova de halterofi­ lismo na modalidade levantamento de peso com um braço. Segundo Laurete Godoy, expert em resultados e história dos Jogos Olímpicos, e Lancellotti (1996), podemos afirmar que foi Tsitas o adversário de Schumann na final de lutas, o que foi uma grande decepção para os gregos, pois, pelo somatotipo dos contendores, Georgios T sitas era o franco favorito.

Segundo ainda Gotze & Zeume, outro destacado ginasta em Atenas foi o Chefe da equipe alemã na capital grega, Fritz Hoffmann, que, além de ganhar duas medalhas de ouro, integrando a equipe nas provas de paralelas e barra fixa, participou também na modalidade de atletismo, conquistando a medalha de prata em 1 00m e a de bronze em 400m, além do quinto lugar em salto em altura.

Complementam, ainda, os citados autores que o Dr. Willibald Gebhardt (1861-1921), cidadão líder esportivo da Alemanha e primeiro membro alemão do COI (1896-1909), se opôs à Deutsche Turnerschaft, pelo fato de a entidade se posicionar contra as Olimpíadas.

Karl Schumann. Salto sobre o cavalo. Primeira medalha olímpica alemã individual.

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74 NESTOR SOARES PUBLIO

Com a liderança de Gebhardt e contra a vontade das lideranças alemãs de Ginástica e Esportes, a primeira delegação de ginastas participou, em 1896, das primeiras Olimpíadas de Atenas. Apesar de o grupo ter-se saído brilhantemente (cinco ouro, três prata e dois bronze), ele foi castigado pela sua própria equipe, após sua volta. A maior parte dos integrantes do grupo foi excluída da Deutsche T urnerschaft.

A prova de pesos e halteres consta do programa de ginástica conforme foi previsto por Coubertin em seu livro Pedagogie Sportive, publicado em 1912, no qual ele diz: Os esportes ginásticas se encontram, assim, classificados em duas categorias, somente: os exercícios nos aparelhos e o trabalho com pesos e halteres. No levantamento de pesos com uma só mão, o inglês Launceston Elliot foi o vencedor, e com duas mãos venceu Viggo Jensen, da Dinamarca, um atleta excepcional que também participou das provas de tiro e de Ginástica.

Se observarmos detalhadamente as publicações existentes sobre a Ginástica nos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, ficaremos surpresos com a diversidade de resultados apresentados, alguns dando, inclusive, o campeão geral individual e o país campeão por equipe, provas que não foram reali­ zadas. A subida na corda é comumente omitida e em seu lugar citam a prova de argolas em balanço. Após as pesquisas que realizamos, podemos afirmar, com certeza, que as provas realizadas e os verdadeiros campeões dos Jogos de Atenas foram os seguintes ginastas:

Argolas

Barras paralelas Barra fixa

Cavalo com arções Salto de cavalo

Subida na corda lisa (1 O metros) Barra fixa por equipe (11 ginastas) Barras paralelas por equipe (11 ginastas)

- lonnis Mitropoulos - GRE -Alfred Flatow -ALL

- Hermann Weingartner -ALL - Louis Zutter - SUI

- Karl Schumann -ALL

- Nikolaos Andriakopoulos - GRE -ALL

-ALL

O alemão Weingartner nas argolas.

Cartão Postal do Museu Olímpico de Lausanne.

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74 NESTOR SOARES PUBLIO

Com a liderança de Gebhardt e contra a vontade das lideranças alemãs de Ginástica e Esportes, a primeira delegação de ginastas participou, em 1896, das primeiras Olimpíadas de Atenas. Apesar de o grupo ter-se saído brilhantemente (cinco ouro, três prata e dois bronze), ele foi castigado pela sua própria equipe, após sua volta. A maior parte dos integrantes do grupo foi excluída da Deutsche T urnerschaft.

A prova de pesos e halteres consta do programa de ginástica conforme foi previsto por Coubertin em seu livro Pedagogie Sportive, publicado em 1912, no qual ele diz: Os esportes ginásticas se encontram, assim, classificados em duas categorias, somente: os exercícios nos aparelhos e o trabalho com pesos e halteres. No levantamento de pesos com uma só mão, o inglês Launceston Elliot foi o vencedor, e com duas mãos venceu Viggo Jensen, da Dinamarca, um atleta excepcional que também participou das provas de tiro e de Ginástica.

Se observarmos detalhadamente as publicações existentes sobre a Ginástica nos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, ficaremos surpresos com a diversidade de resultados apresentados, alguns dando, inclusive, o campeão geral individual e o país campeão por equipe, provas que não foram reali­ zadas. A subida na corda é comumente omitida e em seu lugar citam a prova de argolas em balanço. Após as pesquisas que realizamos, podemos afirmar, com certeza, que as provas realizadas e os verdadeiros campeões dos Jogos de Atenas foram os seguintes ginastas:

Argolas

Barras paralelas Barra fixa

Cavalo com arções Salto de cavalo

Subida na corda lisa (1 O metros) Barra fixa por equipe (11 ginastas) Barras paralelas por equipe (11 ginastas)

- lonnis Mitropoulos - GRE -Alfred Flatow -ALL

- Hermann Weingartner -ALL - Louis Zutter - SUI

- Karl Schumann -ALL

- Nikolaos Andriakopoulos - GRE -ALL

-ALL

O alemão Weingartner nas argolas.

Cartão Postal do Museu Olímpico de Lausanne.

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76 NESTOR SOARES PUBLIO

Segundo Barrull, um dos maiores historiadores franceses sobre a Ginástica Olímpica (coinci­ dindo com os dados também publicados por Frank

J.

Cumiskey, historiador americano, em 1983, no suplemento técnico da Revista International Gymnast), havia 134 concorrentes, representando nove nações: 108 franceses, 9 alemães,

5

ingleses, 4 alsacianos, 3 belgas, 2 suíços, um tcheco, um italiano e um húngaro.

O júri foi constituído de ginastas e professores que tivessem praticado Ginástica, e de oficiais e suboficiais do Exército francês, devidamente autorizados pelo Ministro da Guerra.

O que chamou à atenção sobre os jurados foi o fato de ele ser composto por 2/3 de franceses e 1/3 de estrangeiros. Havia três juízes para cada prova, dos quais dois eram franceses e um estrangeiro. A Federação Francesa de Ginástica era uma potência no mundo olímpico e podia impor suas exigências.

A vitória francesa foi merecida, mas a composição do júri com tantos franceses e tão poucos estrangeiros pareceu bastante estranha. Os franceses foram bem superiores aos ginastas estrangeiros, que, mesmo mostrando um grande valor, apresentaram pontos fracos e falhas de execução, demonstrando claramente terem utilizado um método de treinamento inadequado ou deficiente. Os franceses, ao contrário, mostraram uniformidade em todos os aparelhos e, conseqüentemente, conseguiram maior número de pontos, o que acabou demonstrando sua incontestável superioridade.

Os exercícios eram julgados de zero a 20 pontos para todas as provas. A nota era atribuída após consulta entre os jurados.

O programa constou de cinco tipos de prova:

- duas apresentações a mãos livres: uma obrigatória e outra livre; - nove exercícios nos seguintes aparelhos:

- um obrigatório e livre - cavalo com arções - argolas

- barras paralelas - barra fixa

- um exercício livre no salto de cavalo (longitudinal) - três provas de atletismo obrigatórias:

- salto em extensão com salto em altura combinado; - salto em extensão;

- salto com vara.

- subida na corda lisa de 6 metros, só com as mãos, ficando as pernas em posição de esquadro. - levantar uma pedra de 50kg com os dois braços, dez vezes.

Gustave Sandras. 12

Campeão Olímpico individual. Enciclopédia Olímpica, 1985, p. 20.

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76 NESTOR SOARES PUBLIO

Segundo Barrull, um dos maiores historiadores franceses sobre a Ginástica Olímpica (coinci­ dindo com os dados também publicados por Frank

J.

Cumiskey, historiador americano, em 1983, no suplemento técnico da Revista International Gymnast), havia 134 concorrentes, representando nove nações: 108 franceses, 9 alemães,

5

ingleses, 4 alsacianos, 3 belgas, 2 suíços, um tcheco, um italiano e um húngaro.

O júri foi constituído de ginastas e professores que tivessem praticado Ginástica, e de oficiais e suboficiais do Exército francês, devidamente autorizados pelo Ministro da Guerra.

O que chamou à atenção sobre os jurados foi o fato de ele ser composto por 2/3 de franceses e 1/3 de estrangeiros. Havia três juízes para cada prova, dos quais dois eram franceses e um estrangeiro. A Federação Francesa de Ginástica era uma potência no mundo olímpico e podia impor suas exigências.

A vitória francesa foi merecida, mas a composição do júri com tantos franceses e tão poucos estrangeiros pareceu bastante estranha. Os franceses foram bem superiores aos ginastas estrangeiros, que, mesmo mostrando um grande valor, apresentaram pontos fracos e falhas de execução, demonstrando claramente terem utilizado um método de treinamento inadequado ou deficiente. Os franceses, ao contrário, mostraram uniformidade em todos os aparelhos e, conseqüentemente, conseguiram maior número de pontos, o que acabou demonstrando sua incontestável superioridade.

Os exercícios eram julgados de zero a 20 pontos para todas as provas. A nota era atribuída após consulta entre os jurados.

O programa constou de cinco tipos de prova:

- duas apresentações a mãos livres: uma obrigatória e outra livre; - nove exercícios nos seguintes aparelhos:

- um obrigatório e livre - cavalo com arções - argolas

- barras paralelas - barra fixa

- um exercício livre no salto de cavalo (longitudinal) - três provas de atletismo obrigatórias:

- salto em extensão com salto em altura combinado; - salto em extensão;

- salto com vara.

- subida na corda lisa de 6 metros, só com as mãos, ficando as pernas em posição de esquadro. - levantar uma pedra de 50kg com os dois braços, dez vezes.

Gustave Sandras. 12

Campeão Olímpico individual. Enciclopédia Olímpica, 1985, p. 20.

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(11)
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80 NESTOR SOARES PUBLIO

Foto de uma ginasta dinamarquesa em exibição de salto nos

Jogos Olímpicos de 1908. Gimnasia artistica, p. 11.

Venceu por equipe a Suécia com 438,00 pts., seguida da Noruega com 425,00 pts., Finlândia

com 405,00 pts., Dinamarca com 378,00 pts., França com 319,00 pts. e Itália com 316,00 pts. Todos os

ginastas da Suécia que competiram foram considerados campeões olímpicos.

Durante esses jogos foram realizadas demonstrações em grupo, inclusive de Ginástica feminina.

Por 15 votos a favor e 6 contra, as nações olímpicas decidiram incluir um modesto programa de

ginástica feminina nos Jogos de 1928.

Em Londres, os três primeiros classificados receberam verdadeiras medalhas de ouro, de prata e

de bronze e não os símbolos das suas glórias, como as coroas de ramos de oliveira ou como os diplomas de

papel.

1912

V Jogos Olímpicos - Estocolmo (Suécia)

As mulheres disputaram provas de natação, conquistando, assim, o direito de estrear oficial­

mente nos Jogos Olímpicos. Os suecos foram muito elogiados pela organização do evento. A Olimpíada de

Estocolmo provou que, nos esportes, muitas coisas haviam mudado, para melhor (Godoy, 1996).

Curiosidade prosaica, em 1912, os organizadores distribuíram alguns prêmios artísticos, na

Arquitetura, na Escultura, na Literatura, na Música e na Pintura. Ganhou a prova de Literatura um certo

Georg Horrod, com o seguinte poema: Oh, desporto/[ u és a paz/Tu estabeleces as relações adoráveis entre os povos/Juntando as gentes no culto da força controlada/Organizada e dona de si mesma/Por ti a juventude do universo aprende a se respeitar/E a diversidade das condições nacionais se converte/Em fonte de generosa e pacífica emulação. Georg Horrod era um pseudônimo de Pierre de Fredi, Barão de Coubertín (Lancellotti, 1996).

O programa foi bastante complexo, pois compreendeu três competições por equipe, uma compe­

tição individual e demonstrações. Partíciparam 267 ginastas, representando 12 países.

O julgamento das séries nos aparelhos observava, na época, o seguinte critério: oito (8,0) pontos para os exercícios e mais dois (2,0) pontos para entrada e saída (argolas, barra fixa, paralela e salto de cavalo).

Nas competições por equipes, três competições diferentes deram origem a três classificações

diferentes.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÃSTICA OLÍMPICA

81

Alberto Braglia, bicampeão olímpico ( 1908/1912).

Flick Flack, p. 238.

Os suecos não estavam de acordo (como não estavam os ingleses em 1908) com a ginástica dos alemães nos aparelhos, introduzindo, então, no programa uma prova de equipes chamada "sistema sueco .

Cada equipe devia ser composta de 16 a 40 concorrentes. O tempo determinado para as apresen­ tações era de 45 minutos, no máximo.

Em Estocolmo, pela primeira vez, apareceu a ginástica de solo em conjunto. Os resultados foram os seguintes:

Campeão geral por equipe - Itália Sistema livre por equipes - Noruega Sistema sueco por equipes - Suécia

O Italiano Alberto Braglia se confirmou o melhor dos ginastas, no conjunto das provas com 135,00 pts. Nos exercícios combinados de Estocolmo, o peninsular repetiu o ouro de Londres à frente do francês Louis Ségura, bronze em 1908.

1916

VI Jogos Olímpicos - Berlim (Alemanha)

Não foram realizados, em virtude da Primeira Guerra Mundial, 1914-1918. Por iniciativa de Pierre de Coubertin, ficou decidido que todos os Jogos Olímpicos deveriam ser numerados, mesmo aqueles suspensos por força de guerra ou por qualquer outro motivo.

1920

VII Jogos Olímpicos - Antuérpia (Bélgica)

Finda a guerra, Antuérpia era uma cidade repleta de ruínas. Os Jogos Olímpicos deram-lhe nova e alegre feição. A bandeira olímpica, simbolizando a união de todos os povos, com os cinco aros entrela­ çados, nas cores azul, amarelo, preto, verde e vermelho sobre fundo branco, foi hasteada pela primeira vez na cerimônia de abertura. Os brasileiros estrearam com brilhantismo, conquistando medalhas de ouro,

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80 NESTOR SOARES PUBLIO

Foto de uma ginasta dinamarquesa em exibição de salto nos

Jogos Olímpicos de 1908. Gimnasia artistica, p. 11.

Venceu por equipe a Suécia com 438,00 pts., seguida da Noruega com 425,00 pts., Finlândia

com 405,00 pts., Dinamarca com 378,00 pts., França com 319,00 pts. e Itália com 316,00 pts. Todos os

ginastas da Suécia que competiram foram considerados campeões olímpicos.

Durante esses jogos foram realizadas demonstrações em grupo, inclusive de Ginástica feminina.

Por 15 votos a favor e 6 contra, as nações olímpicas decidiram incluir um modesto programa de

ginástica feminina nos Jogos de 1928.

Em Londres, os três primeiros classificados receberam verdadeiras medalhas de ouro, de prata e

de bronze e não os símbolos das suas glórias, como as coroas de ramos de oliveira ou como os diplomas de

papel.

1912

V Jogos Olímpicos - Estocolmo (Suécia)

As mulheres disputaram provas de natação, conquistando, assim, o direito de estrear oficial­

mente nos Jogos Olímpicos. Os suecos foram muito elogiados pela organização do evento. A Olimpíada de

Estocolmo provou que, nos esportes, muitas coisas haviam mudado, para melhor (Godoy, 1996).

Curiosidade prosaica, em 1912, os organizadores distribuíram alguns prêmios artísticos, na

Arquitetura, na Escultura, na Literatura, na Música e na Pintura. Ganhou a prova de Literatura um certo

Georg Horrod, com o seguinte poema: Oh, desporto/[ u és a paz/Tu estabeleces as relações adoráveis entre os povos/Juntando as gentes no culto da força controlada/Organizada e dona de si mesma/Por ti a juventude do universo aprende a se respeitar/E a diversidade das condições nacionais se converte/Em fonte de generosa e pacífica emulação. Georg Horrod era um pseudônimo de Pierre de Fredi, Barão de Coubertín (Lancellotti, 1996).

O programa foi bastante complexo, pois compreendeu três competições por equipe, uma compe­

tição individual e demonstrações. Partíciparam 267 ginastas, representando 12 países.

O julgamento das séries nos aparelhos observava, na época, o seguinte critério: oito (8,0) pontos para os exercícios e mais dois (2,0) pontos para entrada e saída (argolas, barra fixa, paralela e salto de cavalo).

Nas competições por equipes, três competições diferentes deram origem a três classificações

diferentes.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÃSTICA OLÍMPICA

81

Alberto Braglia, bicampeão olímpico ( 1908/1912).

Flick Flack, p. 238.

Os suecos não estavam de acordo (como não estavam os ingleses em 1908) com a ginástica dos alemães nos aparelhos, introduzindo, então, no programa uma prova de equipes chamada "sistema sueco .

Cada equipe devia ser composta de 16 a 40 concorrentes. O tempo determinado para as apresen­ tações era de 45 minutos, no máximo.

Em Estocolmo, pela primeira vez, apareceu a ginástica de solo em conjunto. Os resultados foram os seguintes:

Campeão geral por equipe - Itália Sistema livre por equipes - Noruega Sistema sueco por equipes - Suécia

O Italiano Alberto Braglia se confirmou o melhor dos ginastas, no conjunto das provas com 135,00 pts. Nos exercícios combinados de Estocolmo, o peninsular repetiu o ouro de Londres à frente do francês Louis Ségura, bronze em 1908.

1916

VI Jogos Olímpicos - Berlim (Alemanha)

Não foram realizados, em virtude da Primeira Guerra Mundial, 1914-1918. Por iniciativa de Pierre de Coubertin, ficou decidido que todos os Jogos Olímpicos deveriam ser numerados, mesmo aqueles suspensos por força de guerra ou por qualquer outro motivo.

1920

VII Jogos Olímpicos - Antuérpia (Bélgica)

Finda a guerra, Antuérpia era uma cidade repleta de ruínas. Os Jogos Olímpicos deram-lhe nova e alegre feição. A bandeira olímpica, simbolizando a união de todos os povos, com os cinco aros entrela­ çados, nas cores azul, amarelo, preto, verde e vermelho sobre fundo branco, foi hasteada pela primeira vez na cerimônia de abertura. Os brasileiros estrearam com brilhantismo, conquistando medalhas de ouro,

(14)

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA 83

Barra fixa

Cavalo com arções Salto de cavalo Salto de plinto Subida na corda (8m) Campeão individual

Campeão por equipes (oito ginastas)

- Léon Stukelj - YUG - Josef Wilhelm - SUI - Frank Kriz - EUA - Albert Séguin - FRA - Bedrich Supcik - TCH - Léon Stukelj - YUG

-ITA

Um advogado de 25 anos, natural de Novo Mesto, o iugoslavo Léon Stukelj só venceu uma das sete provas individuais da ginástica nos Jogos de 1924, exatamente sua especialidade, a barra fixa. De todo modo, na média das disputas e na soma geral dos pontos, Stukelj também conquistaria a medalha de ouro dos exercícios combinados (individual geral).

A subida na corda, basicamente uma prova de velocidade, ostentava um percurso de 8 metros de altura, realizado em 7"2 pelo campeão da prova, Bedrich Supcik, que conquistou a primeira medalha de ouro, em olimpíada, na história do esporte da Tchecoslováquia.

Para evitar o absurdo de Antuérpia, quando houve equipes até com 30 ginastas, os organizadores limitaram em oito titulares e quatro reservas a quantidade de ginastas por nação. Turmas de três fiscais, sempre neutros, incumbiram-se de analisar os exercícios de acordo com cinco critérios básicos: precisão, apresentação, postura, intenção e execução.

Para determinação dos campeões por equipe, simplesmente foram somados os pontos dos oito principais representantes de cada país. Ganhou novamente a Itália, que já havia conquistado o título em Antuérpia e em Estocolmo.

Léon Stukelj, medalha de ouro nos Jogos de 1924 (individual e barra fixa), além de mais um ouro nas argolas e bronze no individual em 1928, em Amsterdã, e prata nas argolas em Berlim, em 1936, foi homenageado por ocasião da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Atlanta, e durante o Campeo­ nato Mundial de Lausanne. É inacreditável o que foi visto pela TV. Um ginasta de 97 anos se

encami-Léon Stukelj é o campeão olímpico mais idoso ainda vivo. Homenageado nos ]O em Atlanta em 1996 (contando 96 anos) e no CM de Lausanne em 1997 (contando 97 anos).

Fotos da Enciclopédia Olímpica, p. 30 e do livro

(15)

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA 83

Barra fixa

Cavalo com arções Salto de cavalo Salto de plinto Subida na corda (8m) Campeão individual

Campeão por equipes (oito ginastas)

- Léon Stukelj - YUG - Josef Wilhelm - SUI - Frank Kriz - EUA - Albert Séguin - FRA - Bedrich Supcik - TCH - Léon Stukelj - YUG

-ITA

Um advogado de 25 anos, natural de Novo Mesto, o iugoslavo Léon Stukelj só venceu uma das sete provas individuais da ginástica nos Jogos de 1924, exatamente sua especialidade, a barra fixa. De todo modo, na média das disputas e na soma geral dos pontos, Stukelj também conquistaria a medalha de ouro dos exercícios combinados (individual geral).

A subida na corda, basicamente uma prova de velocidade, ostentava um percurso de 8 metros de altura, realizado em 7"2 pelo campeão da prova, Bedrich Supcik, que conquistou a primeira medalha de ouro, em olimpíada, na história do esporte da Tchecoslováquia.

Para evitar o absurdo de Antuérpia, quando houve equipes até com 30 ginastas, os organizadores limitaram em oito titulares e quatro reservas a quantidade de ginastas por nação. Turmas de três fiscais, sempre neutros, incumbiram-se de analisar os exercícios de acordo com cinco critérios básicos: precisão, apresentação, postura, intenção e execução.

Para determinação dos campeões por equipe, simplesmente foram somados os pontos dos oito principais representantes de cada país. Ganhou novamente a Itália, que já havia conquistado o título em Antuérpia e em Estocolmo.

Léon Stukelj, medalha de ouro nos Jogos de 1924 (individual e barra fixa), além de mais um ouro nas argolas e bronze no individual em 1928, em Amsterdã, e prata nas argolas em Berlim, em 1936, foi homenageado por ocasião da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Atlanta, e durante o Campeo­ nato Mundial de Lausanne. É inacreditável o que foi visto pela TV. Um ginasta de 97 anos se

encami-Léon Stukelj é o campeão olímpico mais idoso ainda vivo. Homenageado nos ]O em Atlanta em 1996 (contando 96 anos) e no CM de Lausanne em 1997 (contando 97 anos).

Fotos da Enciclopédia Olímpica, p. 30 e do livro

(16)

84

NESTOR SOARES PUBLIO

nhando rápido e descontraidamente, entremeados com saltitos e acenos para o público, enquando se

dirigia para o local, previamente determinado, onde seria cumprimentado pelos demais homenageados,

todos mais jovens, inclusive Nadia Comaneci, campeã em Montreal, em 1976.

1928

IX Jogos Olímpicos - Amsterdã (Holanda)

As mulheres conquistaram o direito de disputar as provas de atletismo. Contrariado com essa

concessão, Pierre de Coubertin assistiu pela última vez à festa que tanto se empenhara em renovar.

Também pela última vez os prêmios dos vencedores foram entregues na cerimônia de encerramento dos

Jogos (Godoy, 1996).

Doente, no seu refúgio de Lausanne, Suíça, o francês Pierre de Fredi, Barão de Coubertin, não

compareceu aos Jogos de Amsterdã, Holanda, em 1928. Havia oficialmente se aposentado em 1925, logo

depois do ótimo evento de Paris, sua pátria. No papel, comandava o Comitê Olímpico um belga, muito

amigo de Coubertin, o Conde Henri de Baillet-Latour, mas o belga não agia sem, antecipadamente, pedir

os conselhos do francês.

Foi deslumbrante, para os padrões do período, a festa de inauguração. Meses antes, na Grécia

mesma, no templo de Réia em Olímpia, as sacerdotisas do lugar haviam acendido, com a ajuda do sol, a

chama sagrada, que milhares de pessoas conduziram a pé, mão a mão, através da Europa, até Amsterdã,

numa viagem inédita e emocionante. Com a tocha acendeu-se no estádio a pira perene da competição,

mantida acesa enquanto duraram as disputas.

A Suíça mandou na ginástica, com cinco vitórias nas sete provas masculinas.

Pela primeira vez na história dos jogos, os organizadores promoveram, em Amsterdã, uma disputa

para mulheres, com exercícios de conjunto por equipe. As anfitriãs conquistaram o ouro sem dificuldade.

Depois de 1928 haveria uma interrupção em Los Angeles, 1932, e a ginástica feminina só retor­

naria aos programas do evento no certame em Berlim, em 1936.

Salto feminino sobre o cavalo. Flick Flack, p. 20.

Equipe da Holanda. ]O 1928. Enciclopédia Olímpica, p. 32.

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84

NESTOR SOARES PUBLIO

nhando rápido e descontraidamente, entremeados com saltitos e acenos para o público, enquando se

dirigia para o local, previamente determinado, onde seria cumprimentado pelos demais homenageados,

todos mais jovens, inclusive Nadia Comaneci, campeã em Montreal, em 1976.

1928

IX Jogos Olímpicos - Amsterdã (Holanda)

As mulheres conquistaram o direito de disputar as provas de atletismo. Contrariado com essa

concessão, Pierre de Coubertin assistiu pela última vez à festa que tanto se empenhara em renovar.

Também pela última vez os prêmios dos vencedores foram entregues na cerimônia de encerramento dos

Jogos (Godoy, 1996).

Doente, no seu refúgio de Lausanne, Suíça, o francês Pierre de Fredi, Barão de Coubertin, não

compareceu aos Jogos de Amsterdã, Holanda, em 1928. Havia oficialmente se aposentado em 1925, logo

depois do ótimo evento de Paris, sua pátria. No papel, comandava o Comitê Olímpico um belga, muito

amigo de Coubertin, o Conde Henri de Baillet-Latour, mas o belga não agia sem, antecipadamente, pedir

os conselhos do francês.

Foi deslumbrante, para os padrões do período, a festa de inauguração. Meses antes, na Grécia

mesma, no templo de Réia em Olímpia, as sacerdotisas do lugar haviam acendido, com a ajuda do sol, a

chama sagrada, que milhares de pessoas conduziram a pé, mão a mão, através da Europa, até Amsterdã,

numa viagem inédita e emocionante. Com a tocha acendeu-se no estádio a pira perene da competição,

mantida acesa enquanto duraram as disputas.

A Suíça mandou na ginástica, com cinco vitórias nas sete provas masculinas.

Pela primeira vez na história dos jogos, os organizadores promoveram, em Amsterdã, uma disputa

para mulheres, com exercícios de conjunto por equipe. As anfitriãs conquistaram o ouro sem dificuldade.

Depois de 1928 haveria uma interrupção em Los Angeles, 1932, e a ginástica feminina só retor­

naria aos programas do evento no certame em Berlim, em 1936.

Salto feminino sobre o cavalo. Flick Flack, p. 20.

Equipe da Holanda. ]O 1928. Enciclopédia Olímpica, p. 32.

(18)

86 NESTOR SOARES PUBLIO

A prova de massa indiana aconteceu somente duas vezes na história dos Jogos, em Saint Louis,

em 1904, e em los Angeles, em 1932, ambas nos EUA.

Para determinação dos vencedores por equipe, simplesmente se adicionaram os pontos dos

quatro principais representantes de cada nação na prova individual. Com seus quatro entre os oito

primeiros, a Itália levou o ouro.

Os campeões olímpicos de 1932 foram os seguintes:

Argolas

Paralelas

Barra

Cavalo

Solo

Salto

Campeão individual

Campeão por equipes

Subida na corda lisa

Massa indiana

Tumbling (acrobacias)

- George Gulack- EUA

- Romeo Neri - ITA

- Dallas Bixler - EUA

- Istvan Pelle - HUN

- Istvan Pelle - HUN

- Savino Guglielmetti - IT A

- Romeo Neri - ITA

- IT A (sete ginastas foram inscritos, mas só quatro

constam como tendo participado pela equipe campeã).

- Raymond Bass - EUA

- George Roth - EUA

- Rowland Wolfe - EUA

Primeira participação olímpica dos ginastas japoneses, entre os quais Takashi Kondo, futuro

membro do Comitê Executivo (CE) da FIG.

Istvan Pelle foi, mais tarde, técnico da Argentina, tendo sido o treinador do Professor Enrique

Rapesta quando campeão argentino de Ginástica.

George Gulack,

ouro nas argolas em 1932.

Foto gentilmente cedida pelo próprio ginasta.

Istvan Pelle, ouro no cavalo com arções em 1932. Die Olympischer Spiele, p. 128.

1936

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA

XI Jogos Olímpicos - Berlim (Alemanha)

87

A concessão da sede a Berlim gerou problemas por causa da controvertida figura do chanceler Adolf Hitler. Durante os Jogos, a palavra "política" virou tabu e não era pronunciada em congressos, jantares ou praças de esporte, mas ocorreu incontestável propaganda nazista e permanente demonstração de ordem, disciplina e poder. Em termos gerais, os germânicos foram insuperáveis e os Jogos de Berlim ultrapassaram toda e qualquer expectativa. A televisão passou por sua prova de fogo e foi bem-sucedida (Godoy, 1996).

A derrota avassaladora na Primeira Guerra Mundial não dizimou de vez, como poderia, os planos imperialistas de inúmeros políticos da Alemanha. Esmagada militarmente, humilhada na diplo­ macia e na geografia logo depois do conflito de 1914-1918, a antiga Prússia, ou boa parte da sua população, começou a vislumbrar uma saída em uma nova filosofia, batizada de nacional-socialismo, ou nazismo, mistura inebriante de populismo com o resgate do seu orgulho devastado.

Hitler queria, ao mesmo tempo, preservar a virgindade da chamada raça ariana, supostamente branca e pura, e vingar-se dos seus inimigos de plantão, basicamente os britânicos, os franceses, os norte­ americanos, os russos - e os judeus.

Os Jogos de Berlim, formalizados pelo COI em 1931, demonstraram ter sido a maior exibição de propaganda em toda a antologia do esporte no universo.

Durante a abertura, um sino de 14 toneladas troou a melodia de Deutscheland Uber Alles, enquanto 20 mil pombos alvíssimos faziam sua revoada. O grego Spyridon Louis, campeão da maratona de Atenas, em 1896, pessoalmente, entregou a Hitler um ramo de oliveira colhido nos montes abençoados de Olímpia. O caudilho pronunciou um rápido discurso e os espectadores se empolgaram com uma bela invenção da propaganda nazista: a entrada, no estádio, dos últimos integrantes de um revezamento de 3 mil pessoas, que trouxeram, desde a Grécia, a chama sagrada dos jogos.

Adolf Hitler, em seu rápido discurso, transmitiu a seguinte mensagem aos participantes daqueles Jogos: A luta esportiva e cavalheiresca desenvolve as melhores virtudes humanas. Ela não separa, mas une os rivais em compreensão e respeito mútuos. Ajuda também a atar laços de amizade entre os povos. Que a chama olímpica, por isso, não se apague, jamais.

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86 NESTOR SOARES PUBLIO

A prova de massa indiana aconteceu somente duas vezes na história dos Jogos, em Saint Louis,

em 1904, e em los Angeles, em 1932, ambas nos EUA.

Para determinação dos vencedores por equipe, simplesmente se adicionaram os pontos dos

quatro principais representantes de cada nação na prova individual. Com seus quatro entre os oito

primeiros, a Itália levou o ouro.

Os campeões olímpicos de 1932 foram os seguintes:

Argolas

Paralelas

Barra

Cavalo

Solo

Salto

Campeão individual

Campeão por equipes

Subida na corda lisa

Massa indiana

Tumbling (acrobacias)

- George Gulack- EUA

- Romeo Neri - ITA

- Dallas Bixler - EUA

- Istvan Pelle - HUN

- Istvan Pelle - HUN

- Savino Guglielmetti - IT A

- Romeo Neri - ITA

- IT A (sete ginastas foram inscritos, mas só quatro

constam como tendo participado pela equipe campeã).

- Raymond Bass - EUA

- George Roth - EUA

- Rowland Wolfe - EUA

Primeira participação olímpica dos ginastas japoneses, entre os quais Takashi Kondo, futuro

membro do Comitê Executivo (CE) da FIG.

Istvan Pelle foi, mais tarde, técnico da Argentina, tendo sido o treinador do Professor Enrique

Rapesta quando campeão argentino de Ginástica.

George Gulack,

ouro nas argolas em 1932.

Foto gentilmente cedida pelo próprio ginasta.

Istvan Pelle, ouro no cavalo com arções em 1932. Die Olympischer Spiele, p. 128.

1936

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA

XI Jogos Olímpicos - Berlim (Alemanha)

87

A concessão da sede a Berlim gerou problemas por causa da controvertida figura do chanceler Adolf Hitler. Durante os Jogos, a palavra "política" virou tabu e não era pronunciada em congressos, jantares ou praças de esporte, mas ocorreu incontestável propaganda nazista e permanente demonstração de ordem, disciplina e poder. Em termos gerais, os germânicos foram insuperáveis e os Jogos de Berlim ultrapassaram toda e qualquer expectativa. A televisão passou por sua prova de fogo e foi bem-sucedida (Godoy, 1996).

A derrota avassaladora na Primeira Guerra Mundial não dizimou de vez, como poderia, os planos imperialistas de inúmeros políticos da Alemanha. Esmagada militarmente, humilhada na diplo­ macia e na geografia logo depois do conflito de 1914-1918, a antiga Prússia, ou boa parte da sua população, começou a vislumbrar uma saída em uma nova filosofia, batizada de nacional-socialismo, ou nazismo, mistura inebriante de populismo com o resgate do seu orgulho devastado.

Hitler queria, ao mesmo tempo, preservar a virgindade da chamada raça ariana, supostamente branca e pura, e vingar-se dos seus inimigos de plantão, basicamente os britânicos, os franceses, os norte­ americanos, os russos - e os judeus.

Os Jogos de Berlim, formalizados pelo COI em 1931, demonstraram ter sido a maior exibição de propaganda em toda a antologia do esporte no universo.

Durante a abertura, um sino de 14 toneladas troou a melodia de Deutscheland Uber Alles, enquanto 20 mil pombos alvíssimos faziam sua revoada. O grego Spyridon Louis, campeão da maratona de Atenas, em 1896, pessoalmente, entregou a Hitler um ramo de oliveira colhido nos montes abençoados de Olímpia. O caudilho pronunciou um rápido discurso e os espectadores se empolgaram com uma bela invenção da propaganda nazista: a entrada, no estádio, dos últimos integrantes de um revezamento de 3 mil pessoas, que trouxeram, desde a Grécia, a chama sagrada dos jogos.

Adolf Hitler, em seu rápido discurso, transmitiu a seguinte mensagem aos participantes daqueles Jogos: A luta esportiva e cavalheiresca desenvolve as melhores virtudes humanas. Ela não separa, mas une os rivais em compreensão e respeito mútuos. Ajuda também a atar laços de amizade entre os povos. Que a chama olímpica, por isso, não se apague, jamais.

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88 Campeões olímpicos de 1936: Argolas Paralelas Barra Cavalo Solo Salto Campeão individual

Campeão por equipe masculina

Campeão por equipe feminina

NESTOR SOARES PUBLIO

- Alois Hudek - TCH

- Konrad Frey - ALL

- Aleksanteri Saarvala - FIN

- Konrad Frey - ALL

- Georges Miez - SUI

- Alfred Schwarzmann - ALL

- Alfred Schwarzmann - ALL

- (oito ginastas) - ALL

- (oito ginastas)- ALL

O maior astro da Ginástica em 1936, o ultra favorito Konrad Frey, seis medalhas no total, acabou

perdendo o título individual para outro tedesco, Alfred Schwarzmann, graças à excelente consistência de

suas atuações.

Para a determinação dos campeões por equipe somaram-se os pontos dos seis primeiros classifi­

cados de cada país, nas provas individuais. Com quatro dos seus melhores ginastas entre os oito primeiros,

a Alemanha levou o ouro por equipe.

A partir dos jogos de Berlim, as disciplinas atléticas foram eliminadas, assim como a prova de

subida na corda lisa.

Pela segunda vez, na história dos jogos, os organizadores promoveram uma disputa de mulheres

na Ginástica, exclusivamente nos exercícios por equipes. Como na única edição anterior, em Amsterdã,

1928, quando as holandesas levaram o ouro sem dificuldade, em Berlim também coube às anfitriãs o título

da disputa.

Nos jogos de Berlim, pela primeira vez, apareceu a paralela assimétrica, cujos exercícios eram

executados na paralela masculina com adaptação para duas alturas. As ginastas, em Berlim, podiam optar

pela paralela assimétrica ou paralela masculina baixa.

a-1�t-..;;:::�=ll=!C'.=-=�:j Competição de Ginástica no Estádio Dietrich Eckart Bühne. Foto do livro So kiimpfte und siegte die jugend der welt, p. 129. Konrad Frey. Ouro no cavalo e paralelas. Foto do livro So kiimpfte und siegte die jugend der welt, p. 130.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA 89

Alfred Schwarzmann. Campeão Individual. Foto do livro So kiimpfi:e und siegte die jugend der welt, p. 128.

A Alemanha representa um capítulo à parte para a Ginástica Olímpica mundial. Embora a ginás­ tica tivesse seu início na Alemanha, ela sofreu muito, principalmente depois de sua divisão, após a Segunda Guerra Mundial. Cinqüenta anos após o término da Segunda Guerra Mundial (1945-1995) a Alemanha unida passa a ser novamente uma potência política na Ginástica Olímpica.

Com a queda do Muro, em 1989, e a reunificação, em 1990, renasce o espírito indomável da velha e nova capital da Alemanha, presente em todos os aspectos da vida da cidade. Restaurado em seu

O autor ao lado da escultura vencedora do Concurso de Arte em 1936.

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88 Campeões olímpicos de 1936: Argolas Paralelas Barra Cavalo Solo Salto Campeão individual

Campeão por equipe masculina

Campeão por equipe feminina

NESTOR SOARES PUBLIO

- Alois Hudek - TCH

- Konrad Frey - ALL

- Aleksanteri Saarvala - FIN

- Konrad Frey - ALL

- Georges Miez - SUI

- Alfred Schwarzmann - ALL

- Alfred Schwarzmann - ALL

- (oito ginastas) - ALL

- (oito ginastas)- ALL

O maior astro da Ginástica em 1936, o ultra favorito Konrad Frey, seis medalhas no total, acabou

perdendo o título individual para outro tedesco, Alfred Schwarzmann, graças à excelente consistência de

suas atuações.

Para a determinação dos campeões por equipe somaram-se os pontos dos seis primeiros classifi­

cados de cada país, nas provas individuais. Com quatro dos seus melhores ginastas entre os oito primeiros,

a Alemanha levou o ouro por equipe.

A partir dos jogos de Berlim, as disciplinas atléticas foram eliminadas, assim como a prova de

subida na corda lisa.

Pela segunda vez, na história dos jogos, os organizadores promoveram uma disputa de mulheres

na Ginástica, exclusivamente nos exercícios por equipes. Como na única edição anterior, em Amsterdã,

1928, quando as holandesas levaram o ouro sem dificuldade, em Berlim também coube às anfitriãs o título

da disputa.

Nos jogos de Berlim, pela primeira vez, apareceu a paralela assimétrica, cujos exercícios eram

executados na paralela masculina com adaptação para duas alturas. As ginastas, em Berlim, podiam optar

pela paralela assimétrica ou paralela masculina baixa.

a-1�t-..;;:::�=ll=!C'.=-=�:j Competição de Ginástica no Estádio Dietrich Eckart Bühne. Foto do livro So kiimpfte und siegte die jugend der welt, p. 129. Konrad Frey. Ouro no cavalo e paralelas. Foto do livro So kiimpfte und siegte die jugend der welt, p. 130.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA 89

Alfred Schwarzmann. Campeão Individual. Foto do livro So kiimpfi:e und siegte die jugend der welt, p. 128.

A Alemanha representa um capítulo à parte para a Ginástica Olímpica mundial. Embora a ginás­ tica tivesse seu início na Alemanha, ela sofreu muito, principalmente depois de sua divisão, após a Segunda Guerra Mundial. Cinqüenta anos após o término da Segunda Guerra Mundial (1945-1995) a Alemanha unida passa a ser novamente uma potência política na Ginástica Olímpica.

Com a queda do Muro, em 1989, e a reunificação, em 1990, renasce o espírito indomável da velha e nova capital da Alemanha, presente em todos os aspectos da vida da cidade. Restaurado em seu

O autor ao lado da escultura vencedora do Concurso de Arte em 1936.

(22)

90 NESTOR SOARES PUBLIO

Paralela assimétrica (optativa em 1936).

Flick Flack, p. 238.

esplendor, o Portão de Brandemburgo reina sobre Berlim unificada. Com 220 anos, é coroado por Nike,

deusa grega da vitória.

O expansionismo do nazismo impediu a realização dos XII Jogos previstos para Tóquio, no

Japão, ou Helsinque na Finlândia em 1940, e também do XIII Jogos previstos para Londres, na Grã-Bre­

tanha, em 1944.

Kiite Sohnemann, Campeã alemã por equipe. Foto do livro So kampfte und siegte die jugend der welt, p. 130,

Muro que dividiu a Alemanha (13/08/1961, a 09/11/1989). Cartão Postal adquirido pelo autor em visita ao Museu do Muro, em Berlim. Depois do Muro observa-se a Ponta de Brandemburgo com a quadriga.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA 91

As provas de ginástica sempre figuraram nos Jogos Olímpicos, seguindo até 1936, conforme o sequinte quadro: Atuais 1896 1900 1904 1908 1912 1920 1924 1928 1932 1936 Argolas X X X X X X Barra fixa X X X X X X Paralelas X X X X X X Cavalo X X X X X X Salto X X X X X X Solo X X Individual X X X X X X X X X Equipe X X X X X X X X

Depois dos Jogos de Berlim, a Ginástica masculina manteve sempre as seis provas tradicionais nos aparelhos e a classificação individual e por equipe.

As provas suprimidas foram as seguintes:

As provas de paralelas e barra fixa por equipe só foram realizadas nos Jogos de 1896; a de subida na corda lisa foi realizada nos Jogos de 1896, 1904, 1924 e 1932; o cabo de guerra só foi realizado em 1900; as provas do sistema livre por equipe e sistema sueco por equipe só foram realizadas em 1912 e 1920; as massas, competição geral em três aparelhos, triatlo e competição geral em sete provas, só foram realizadas em 1904; salto de cavalo transversal, só em 1924; e saltos acrobáticos, só em 1932.

1948

XIV Jogos Olímpicos - Londres (Grã-Bretanha)

Os 12 anos que se passaram desde a realização dos Jogos de Berlim foram os mais difíceis no meio século de vida do olimpismo moderno. O mundo passou pela pior guerra da sua história. Muitos

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90 NESTOR SOARES PUBLIO

Paralela assimétrica (optativa em 1936).

Flick Flack, p. 238.

esplendor, o Portão de Brandemburgo reina sobre Berlim unificada. Com 220 anos, é coroado por Nike,

deusa grega da vitória.

O expansionismo do nazismo impediu a realização dos XII Jogos previstos para Tóquio, no

Japão, ou Helsinque na Finlândia em 1940, e também do XIII Jogos previstos para Londres, na Grã-Bre­

tanha, em 1944.

Kiite Sohnemann, Campeã alemã por equipe. Foto do livro So kampfte und siegte die jugend der welt, p. 130,

Muro que dividiu a Alemanha (13/08/1961, a 09/11/1989). Cartão Postal adquirido pelo autor em visita ao Museu do Muro, em Berlim. Depois do Muro observa-se a Ponta de Brandemburgo com a quadriga.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA 91

As provas de ginástica sempre figuraram nos Jogos Olímpicos, seguindo até 1936, conforme o sequinte quadro: Atuais 1896 1900 1904 1908 1912 1920 1924 1928 1932 1936 Argolas X X X X X X Barra fixa X X X X X X Paralelas X X X X X X Cavalo X X X X X X Salto X X X X X X Solo X X Individual X X X X X X X X X Equipe X X X X X X X X

Depois dos Jogos de Berlim, a Ginástica masculina manteve sempre as seis provas tradicionais nos aparelhos e a classificação individual e por equipe.

As provas suprimidas foram as seguintes:

As provas de paralelas e barra fixa por equipe só foram realizadas nos Jogos de 1896; a de subida na corda lisa foi realizada nos Jogos de 1896, 1904, 1924 e 1932; o cabo de guerra só foi realizado em 1900; as provas do sistema livre por equipe e sistema sueco por equipe só foram realizadas em 1912 e 1920; as massas, competição geral em três aparelhos, triatlo e competição geral em sete provas, só foram realizadas em 1904; salto de cavalo transversal, só em 1924; e saltos acrobáticos, só em 1932.

1948

XIV Jogos Olímpicos - Londres (Grã-Bretanha)

Os 12 anos que se passaram desde a realização dos Jogos de Berlim foram os mais difíceis no meio século de vida do olimpismo moderno. O mundo passou pela pior guerra da sua história. Muitos

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98 NESTOR SOARES PUBLIO

pontos. As ginastas Keleti e Latynina ganharam três medalhas de ouro cada uma nos Jogos de Melbourne,

em 1956.

Na competição individual por aparelhos, Latynina e Keleti empataram no solo, Keleti venceu na

trave e paralela assimétrica e Latynina foi campeã de salto sobre o cavalo.

Episódio comovente que encheu de lágrimas os espectadores da cerimônia de premiação das

provas de Ginástica para moças: dias antes dos Jogos, num tiroteio em Budapeste, soldados soviéticos

haviam matado a mãe e o pai de Keleti. De todo modo, ao dividir o título dos exercícios de solo com

Latynina, bem mais jovem, com 21 anos, Keleti, a magiar, bem mais velha, com 35 anos, não hesitou em

abraçar a rival, calorosamente. Numa Olimpíada, valia para ela a idéia da disputa entre as pessoas e não

entre as nações, conforme aprendera com os lemas de Avery Brundage, Presidente do COI.

Agnes Keleti é, até hoje, a mulher mais idosa (35 anos) a ganhar o ouro olímpico, e Larisa

Latynina a detentora do maior numero de medalhas (18), considerando-se todos os esportes e todos os

atletas participantes.

Encerrados os Jogos, na celebração do torneio, Keleti anunciou que não mais retornaria à sua

pátria de nascença. Por algum tempo permaneceu em Melbourne mesmo. Em 1958, todavia, transferiu-se

para Israel, onde moravam alguns parentes de seus pais. Latynina continuou competindo pela União

Soviética. Em Roma, 1960, aos 25 anos, ela reprisaria seu sucesso de campeã individual em 1956. Em

Tóquio, 1964, aos 29 anos, ficaria com a prata, atrás da deslumbrante tcheca Vera Caslavska. No total de

sua carreira, em três edições dos Jogos, a soviética colecionaria um total espetacular de 18 medalhas: 9 de

ouro, 5 de prata e 4 de bronze.

Os vários terceiros lugares foram empatados entre Rússia, Suécia, Tchecoslováquia, Romênia e

Hungria.

Agnes Keleti, medalhista com 35 anos de idade. Greatest moments in olympic history, p.166.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA 99

Teve-se a impressão de que o resultado não agradou muito à simpática romena Elena Leustean, que ficou em quarto lugar na competição individual geral e que provavelmente seria uma forte concorrente para o título de Roma.

Um grande mistério foi a baixa colocação das ginastas japonesas. Possivelmente, sua impetuosi­ dade e exercícios de alto risco não tivessem influenciado os juizes, mas foram muito apreciados pelo público.

Campeão por equipes Campeão individual Argolas

Paralelas Barra fixa

Cavalo com arções Solo

Salto sobre o cavalo

Campeã por equipes Campeã individual Trave

Solo Paralela

Salto sobre o cavalo

- URS - 568,25 pts.

- Viktor Tchoukarine - URS - 114,25 pts. - Albert Azarian - URS

- Viktor T choukarine - URS - T akashi Ono - JPN

- Boris Chakhlin - URS - Valentine Mouratov - URS - Valentine Mouratov - URS - Helmut Bantz - ALL

- URS - 448,800 pts.

- Larisa Latynina - URS - 74,933 pts. - Agnes Keleti - HUN

- Agnes Keleti - HUN - Larisa Latynina - URS - Agnes Keleti - HUN - Larisa Latynina - URS Ginástica feminina em conjunto - URS

Larisa Latynina a atleta mais premiada entre todos os participantes de todos os Jogos Olímpicos até hoje realizados, ganhando um total de 18 medalhas. Olympische Turnkunst, nov. 1996, p.16.

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98 NESTOR SOARES PUBLIO

pontos. As ginastas Keleti e Latynina ganharam três medalhas de ouro cada uma nos Jogos de Melbourne,

em 1956.

Na competição individual por aparelhos, Latynina e Keleti empataram no solo, Keleti venceu na

trave e paralela assimétrica e Latynina foi campeã de salto sobre o cavalo.

Episódio comovente que encheu de lágrimas os espectadores da cerimônia de premiação das

provas de Ginástica para moças: dias antes dos Jogos, num tiroteio em Budapeste, soldados soviéticos

haviam matado a mãe e o pai de Keleti. De todo modo, ao dividir o título dos exercícios de solo com

Latynina, bem mais jovem, com 21 anos, Keleti, a magiar, bem mais velha, com 35 anos, não hesitou em

abraçar a rival, calorosamente. Numa Olimpíada, valia para ela a idéia da disputa entre as pessoas e não

entre as nações, conforme aprendera com os lemas de Avery Brundage, Presidente do COI.

Agnes Keleti é, até hoje, a mulher mais idosa (35 anos) a ganhar o ouro olímpico, e Larisa

Latynina a detentora do maior numero de medalhas (18), considerando-se todos os esportes e todos os

atletas participantes.

Encerrados os Jogos, na celebração do torneio, Keleti anunciou que não mais retornaria à sua

pátria de nascença. Por algum tempo permaneceu em Melbourne mesmo. Em 1958, todavia, transferiu-se

para Israel, onde moravam alguns parentes de seus pais. Latynina continuou competindo pela União

Soviética. Em Roma, 1960, aos 25 anos, ela reprisaria seu sucesso de campeã individual em 1956. Em

Tóquio, 1964, aos 29 anos, ficaria com a prata, atrás da deslumbrante tcheca Vera Caslavska. No total de

sua carreira, em três edições dos Jogos, a soviética colecionaria um total espetacular de 18 medalhas: 9 de

ouro, 5 de prata e 4 de bronze.

Os vários terceiros lugares foram empatados entre Rússia, Suécia, Tchecoslováquia, Romênia e

Hungria.

Agnes Keleti, medalhista com 35 anos de idade. Greatest moments in olympic history, p.166.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA 99

Teve-se a impressão de que o resultado não agradou muito à simpática romena Elena Leustean, que ficou em quarto lugar na competição individual geral e que provavelmente seria uma forte concorrente para o título de Roma.

Um grande mistério foi a baixa colocação das ginastas japonesas. Possivelmente, sua impetuosi­ dade e exercícios de alto risco não tivessem influenciado os juizes, mas foram muito apreciados pelo público.

Campeão por equipes Campeão individual Argolas

Paralelas Barra fixa

Cavalo com arções Solo

Salto sobre o cavalo

Campeã por equipes Campeã individual Trave

Solo Paralela

Salto sobre o cavalo

- URS - 568,25 pts.

- Viktor Tchoukarine - URS - 114,25 pts. - Albert Azarian - URS

- Viktor T choukarine - URS - T akashi Ono - JPN

- Boris Chakhlin - URS - Valentine Mouratov - URS - Valentine Mouratov - URS - Helmut Bantz - ALL

- URS - 448,800 pts.

- Larisa Latynina - URS - 74,933 pts. - Agnes Keleti - HUN

- Agnes Keleti - HUN - Larisa Latynina - URS - Agnes Keleti - HUN - Larisa Latynina - URS Ginástica feminina em conjunto - URS

Larisa Latynina a atleta mais premiada entre todos os participantes de todos os Jogos Olímpicos até hoje realizados, ganhando um total de 18 medalhas. Olympische Turnkunst, nov. 1996, p.16.

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