• Nenhum resultado encontrado

XXII Jogos Olímpicos Moscou (União Soviética)

No documento Jogos Olímpicos (páginas 42-54)

Moscou passou por completa remodelação, pois, pela primeira vez em várias décadas, os sovié­ ticos abriram suas fronteiras para turistas ocidentais. Os norte-americanos comandaram um movimento de boicote aos Jogos de Moscou como protesto contra a invasão do Afeganistão. Muitos participantes e turistas deixaram de comparecer e isso representou grande perda para os organizadores. Provavelmente, quem perdeu foram os ausentes. A cerimônia de abertura dos Jogos foi definida como "o maior espetáculo da Terra". E a mascote olímpica, representada pelo ursinho Misha, foi a figura mais alegre e popular dos Jogos de Moscou (Godoy, 1996).

Somente 81 países estiveram em Moscou, o menor número de presentes desde os 6 7 do torneio de Melboume, na Austrália, em 1956. De todo modo, Moscou se orgulhou do evento, a partir da festa de abertura, a mais bonita e comovedora de toda a história do torneio até então.

O principal líder, Leonid Breznev, pessoalmente, inaugurou os Jogos de Moscou, diante de 103 mil pessoas acomodadas no estádio Lênin. O planeta delirou com a celebração programada pela União Soviética.

Os organizadores souberam como treinar até mesmo a própria platéia. A um sinal de comando, imperceptível, a platéia colocava algumas placas na cabeça, criando mosaicos incríveis e suces­ sivos, desde os aros entrelaçados do COI à figura do ursinho Misha, o simpaticíssimo símbolo do evento.

A cerimônia de despedida do evento, sem outra expressão capaz de descrevê-la, foi monumental. Quem esteve no Lênin, ou quem presenciou pela televisão, jamais se esquecerá do

110 NESTOR SOARES PUBLIO

Nikolai Andrianov. Campeão Individual 1976.

Maior número de medalhas (15) em Jogos Olímpicos. Flick Flack, p. 113.

seria a primeira das sete notas máximas que a atleta receberia em Montreal. Sairia da competição com cinco medalhas: três de ouro, uma de prata e uma de bronze. Menina de 14 anos que aparentava 1 O, Nadia falava, nas entrevistas, de seu ursinho de pelúcia e sua bicicleta. Encantou o mundo e tornou-se modelo para uma geração de garotas que buscou o esporte.

Campeão por equipes Campeão individual Argolas Solo Salto Paralela Barra Cavalo

Campeã por equipes Campeã individual Trave Paralela Salto Solo - JPN - 576,85 pts.

- Nikolai Andrianov - URS - 116,65 pts. - Nikolai Andrianov - URS

- Nikolai Andrianov - URS - Nikolai Andrianov - URS - Sawao Kato - JPN

- Mitsuo T sukahara - JPN - Zoltan Magyar - HUN

- URS - 390,35 pts.

- Nadia Comaneci - ROM - 79,275 pts. - Nadia Comaneci - ROM

- Nadia Comaneci - ROM - Nelli Kim - URS

- Nelli Kim - URS

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA 111

Nadia Comaneci. Campeã individual ]O 1976.

Flick Flack, p. 135.

1980

XXII Jogos Olímpicos - Moscou (União Soviética)

Moscou passou por completa remodelação, pois, pela primeira vez em várias décadas, os sovié­ ticos abriram suas fronteiras para turistas ocidentais. Os norte-americanos comandaram um movimento de boicote aos Jogos de Moscou como protesto contra a invasão do Afeganistão. Muitos participantes e turistas deixaram de comparecer e isso representou grande perda para os organizadores. Provavelmente, quem perdeu foram os ausentes. A cerimônia de abertura dos Jogos foi definida como "o maior espetáculo da Terra". E a mascote olímpica, representada pelo ursinho Misha, foi a figura mais alegre e popular dos Jogos de Moscou (Godoy, 1996).

Somente 81 países estiveram em Moscou, o menor número de presentes desde os 6 7 do torneio de Melboume, na Austrália, em 1956. De todo modo, Moscou se orgulhou do evento, a partir da festa de abertura, a mais bonita e comovedora de toda a história do torneio até então.

O principal líder, Leonid Breznev, pessoalmente, inaugurou os Jogos de Moscou, diante de 103 mil pessoas acomodadas no estádio Lênin. O planeta delirou com a celebração programada pela União Soviética.

Os organizadores souberam como treinar até mesmo a própria platéia. A um sinal de comando, imperceptível, a platéia colocava algumas placas na cabeça, criando mosaicos incríveis e suces­ sivos, desde os aros entrelaçados do COI à figura do ursinho Misha, o simpaticíssimo símbolo do evento.

A cerimônia de despedida do evento, sem outra expressão capaz de descrevê-la, foi monumental. Quem esteve no Lênin, ou quem presenciou pela televisão, jamais se esquecerá do

112 NESTOR SOARES PUBLIO

mosaico formado nas arquibancadas, as tais placas expondo a tristeza do ursinho Misha, de quem

inclusive uma lágrima pendia.

O irlandês Lord Killanin, em Moscou mesmo, passou o bastão de presidente do COI ao

espanhol Juan Antônio Samaranch (Lancelloti, 1996).

Em Montreal, como já ocorrera em Tóquio, Roma, Cidade do México e Munique, coube o laurel

ao Japão. Em Moscou, aliadíssimo dos boicotadores dos Estados Unidos, o Japão desertou da competição

e a União Soviética, anfitriã, não teve problemas para recuperar um título que não desfrutava desde

Melbourne, em 1956.

Em Moscou, além do extraordinário Nikolai Andrianov, o campeão de Montreal, a União Sovié­

tica apresentou ao planeta um outro super-competidor, Alexander Dityatin. Foi, de fato, formidável o

duelo particular, pelos aplausos da platéia e pelo título dos exercícios combinados. Venceu Dityatin. Em

1980 ele seria o primeiro rapaz do planeta a obter uma nota dez na ginástica, além de conquistar um global

de três ouros, quatro pratas e um bronze no torneio. Andrianov ficou com a segunda colocação, mas

encerrou gloriosamente sua carreira de três edições dos Jogos, um recorde absoluto de sete ouros, cinco

pratas e três bronzes, num total de 15 medalhas.

O ginasta soviético Alexander Dityatin disse que tinha "recebido ordens" para subir ao pódio em

todas as provas nos Jogos de Moscou. Ele, como bom soldado, cumpriu com sucesso sua missão, levando

para casa oito medalhas.

Aos 23 anos, o atleta sabia que o público não esperava menos do que o primeiro lugar na Ginás­

tica. Depois do sucesso de Nikolai Andrianov em 1972 e 76, coube a Dityatin liderar a equipe soviética nos

Jogos em casa. Ganhador de duas medalhas de prata em Montreal, ele sabia que aquela era a sua

Olimpíada. E o ginasta acabou entrando para a história dos Jogos com a até hoje insuperável marca de oito

medalhas conquistadas. Dityatin venceu nos exercícios combinados individuais, por equipes e nas argolas.

Alexander Dityatin, campeão olímpico (1980). Oito medalhas em uma única competição.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA 113

Ganhou medalha de prata na barra horizontal, nas barras paralelas, no salto sobre o cavalo e no cavalo com arções, ficando com o bronze no exercício de solo. Além disso, foi o primeiro ginasta masculino a receber nota máxima na história das Olimpíadas, com o dez que ganhou no salto sobre o cavalo, banca de arbitragem, da qual fez parte integrante o autor dessa obra. Dityatin ganhou 12 medalhas em suas partici­ pações em Campeonatos Mundiais, com sete de ouro, duas de prata e três de bronze. O boicote da União Soviética à Olimpíada de Los Angeles impediu que o ginasta somasse mais algumas medalhas à coleção. Hoje, ele é Professor de Ginástica em São Petersburgo.

A equipe masculina da União Soviética reassume a liderança mundial da Ginástica tambérn nos Jogos Olímpicos, após 20 anos de liderança japonesa.

O boicote dos EUA nos Jogos Olímpicos ocasiona a retirada do campeão americano Kurt Thomas (que deu popularidade ao "Thomas Flair" do cenário internacional competitivo da Ginástica Olímpica).

O Brasil participou dos Jogos Olímpicos de Moscou com dois representantes: João Luís Ribeiro (64º colocado, com 105, 7 5 pts. entre 65 participantes) e Cláudia Magalhães (56ª classificada, com 70,55 pts. entre 62 participantes). João Luís não participou da Competição II, por não ter levado o uniforme para o ginásio. Ele era um dos dois reservas e não sabia.

Poderia ter competido no lugar de um ginasta coreano classificado, que se acidentou. Cláudia Magalhães, depois de selecionada em 33ª entre as 36 para a Competição II, melhorou sua classificação, terminando em 31 ª no individual geral, com 69,775 pts. Foi a primeira participação do Brasil em Jogos Olímpicos, disputando Ginástica Olímpica. Kenshi Ohara participou como técnico masculino, Mário César de Carvalho como técnico feminino, e o Presidente da CBG, Dr. Siegfried Fischer, o Chefe da Delegação.

Desde o reinicio dos Jogos, em 1896, foi a primeira vez que a Ginástica do Brasil se fez presente, e não foi uma opção, uma tentativa, foi uma conquista. E foi histórica. João Luis Ribeiro e Cláudia Magalhães já fazem parte da história da Ginástica, por terem sido os primeiros a representar o Brasil em Jogos Olímpicos. Eles conquistaram esse direito, pela classificação obtida no Mundial de 1979, seletivo para os Jogos de Moscou, não foi favor de ninguém. Todavia, essa conquista que eles incorporaram pertence também aos seus treinadores, que lhes souberam transmitir os conhecimentos e orientar o treina­ mento pelo qual puderam atingir níveis técnicos compatíveis com uma Olimpíada. E é justo, quando se fala em técnicos, que sejam mencionados todos aqueles que participaram do processo de construção do competidor. Fischer num de seus relatórios (1981) comenta a evolução brasileira:

João Luis Ribeiro. Campeão brasileiro (1978).

Bronze nos Jogos Panamericanos (1979).

Primeiro breve masculino no Campeonato Mundial (1979). Primeiro representante brasileiro em Jogos Olímpicos (1980).

112 NESTOR SOARES PUBLIO

mosaico formado nas arquibancadas, as tais placas expondo a tristeza do ursinho Misha, de quem

inclusive uma lágrima pendia.

O irlandês Lord Killanin, em Moscou mesmo, passou o bastão de presidente do COI ao

espanhol Juan Antônio Samaranch (Lancelloti, 1996).

Em Montreal, como já ocorrera em Tóquio, Roma, Cidade do México e Munique, coube o laurel

ao Japão. Em Moscou, aliadíssimo dos boicotadores dos Estados Unidos, o Japão desertou da competição

e a União Soviética, anfitriã, não teve problemas para recuperar um título que não desfrutava desde

Melbourne, em 1956.

Em Moscou, além do extraordinário Nikolai Andrianov, o campeão de Montreal, a União Sovié­

tica apresentou ao planeta um outro super-competidor, Alexander Dityatin. Foi, de fato, formidável o

duelo particular, pelos aplausos da platéia e pelo título dos exercícios combinados. Venceu Dityatin. Em

1980 ele seria o primeiro rapaz do planeta a obter uma nota dez na ginástica, além de conquistar um global

de três ouros, quatro pratas e um bronze no torneio. Andrianov ficou com a segunda colocação, mas

encerrou gloriosamente sua carreira de três edições dos Jogos, um recorde absoluto de sete ouros, cinco

pratas e três bronzes, num total de 15 medalhas.

O ginasta soviético Alexander Dityatin disse que tinha "recebido ordens" para subir ao pódio em

todas as provas nos Jogos de Moscou. Ele, como bom soldado, cumpriu com sucesso sua missão, levando

para casa oito medalhas.

Aos 23 anos, o atleta sabia que o público não esperava menos do que o primeiro lugar na Ginás­

tica. Depois do sucesso de Nikolai Andrianov em 1972 e 76, coube a Dityatin liderar a equipe soviética nos

Jogos em casa. Ganhador de duas medalhas de prata em Montreal, ele sabia que aquela era a sua

Olimpíada. E o ginasta acabou entrando para a história dos Jogos com a até hoje insuperável marca de oito

medalhas conquistadas. Dityatin venceu nos exercícios combinados individuais, por equipes e nas argolas.

Alexander Dityatin, campeão olímpico (1980). Oito medalhas em uma única competição.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA OLÍMPICA 113

Ganhou medalha de prata na barra horizontal, nas barras paralelas, no salto sobre o cavalo e no cavalo com arções, ficando com o bronze no exercício de solo. Além disso, foi o primeiro ginasta masculino a receber nota máxima na história das Olimpíadas, com o dez que ganhou no salto sobre o cavalo, banca de arbitragem, da qual fez parte integrante o autor dessa obra. Dityatin ganhou 12 medalhas em suas partici­ pações em Campeonatos Mundiais, com sete de ouro, duas de prata e três de bronze. O boicote da União Soviética à Olimpíada de Los Angeles impediu que o ginasta somasse mais algumas medalhas à coleção. Hoje, ele é Professor de Ginástica em São Petersburgo.

A equipe masculina da União Soviética reassume a liderança mundial da Ginástica tambérn nos Jogos Olímpicos, após 20 anos de liderança japonesa.

O boicote dos EUA nos Jogos Olímpicos ocasiona a retirada do campeão americano Kurt Thomas (que deu popularidade ao "Thomas Flair" do cenário internacional competitivo da Ginástica Olímpica).

O Brasil participou dos Jogos Olímpicos de Moscou com dois representantes: João Luís Ribeiro (64º colocado, com 105, 7 5 pts. entre 65 participantes) e Cláudia Magalhães (56ª classificada, com 70,55 pts. entre 62 participantes). João Luís não participou da Competição II, por não ter levado o uniforme para o ginásio. Ele era um dos dois reservas e não sabia.

Poderia ter competido no lugar de um ginasta coreano classificado, que se acidentou. Cláudia Magalhães, depois de selecionada em 33ª entre as 36 para a Competição II, melhorou sua classificação, terminando em 31 ª no individual geral, com 69,775 pts. Foi a primeira participação do Brasil em Jogos Olímpicos, disputando Ginástica Olímpica. Kenshi Ohara participou como técnico masculino, Mário César de Carvalho como técnico feminino, e o Presidente da CBG, Dr. Siegfried Fischer, o Chefe da Delegação.

Desde o reinicio dos Jogos, em 1896, foi a primeira vez que a Ginástica do Brasil se fez presente, e não foi uma opção, uma tentativa, foi uma conquista. E foi histórica. João Luis Ribeiro e Cláudia Magalhães já fazem parte da história da Ginástica, por terem sido os primeiros a representar o Brasil em Jogos Olímpicos. Eles conquistaram esse direito, pela classificação obtida no Mundial de 1979, seletivo para os Jogos de Moscou, não foi favor de ninguém. Todavia, essa conquista que eles incorporaram pertence também aos seus treinadores, que lhes souberam transmitir os conhecimentos e orientar o treina­ mento pelo qual puderam atingir níveis técnicos compatíveis com uma Olimpíada. E é justo, quando se fala em técnicos, que sejam mencionados todos aqueles que participaram do processo de construção do competidor. Fischer num de seus relatórios (1981) comenta a evolução brasileira:

João Luis Ribeiro. Campeão brasileiro (1978).

Bronze nos Jogos Panamericanos (1979).

Primeiro breve masculino no Campeonato Mundial (1979). Primeiro representante brasileiro em Jogos Olímpicos (1980).

114 NESTOR SOARES PUBLIO

João Luis Ribeiro.

Primeiro brevê masculino no Campeonato Mundial (1979). Primeiro representante brasileiro em Jogos Olímpicos (1980).

"João Luis Ribeiro começou com o Professor Jairo Brandão, no Rio Grande do Sul. Depois o

Professor José Arruda de Albuquerque continuou o trabalho no Rio de Janeiro, dando um toque de

elegância no menino, para entregá-lo posteriormente à disciplina nipo-paulista do Professor Kenshi

Ohara, para a lapidação final. Portanto, dos quatro grandes, só o mineiro não botou a mão no João Luis,

mas não resta dúvida de que o seu T sukahara na barra foi preparado no fosso do Mario Pardini no Minas

Tênis Clube. Assim, pode-se afirmar que o rapaz foi o resultado de uma co-produção de âmbito nacional e

um excelente representante do trabalho que foi realizado pelos dirigentes nessa modalidade.

Já a Cláudia foi puro Gama Filho, ou seja, Mário César e Cláudia Carvalho. O preparo de

Cláudia foi bem-tipico de seu técnico. Nos seus tempos de ginasta, sempre primou pela competição limpa e

segura, preferindo não incorrer em riscos. Ele orientou a Cláudia nesse sentido, e conseguiu que ela

enfrentasse a competição da Olimpíada confiante e tranqüila.

Vamos, no entanto, permanecer, ainda, na listagem dos que participaram dessa conquista, e aí

teremos que incluir, além dos próprios colegas que integraram com eles as seleções aos mundiais de Estras­

burgo e Fort Worth, também os ginastas da geração anterior. Sim, porque se o Schick, Abramides e Jairo,

se a Sílvia, Gisele e Eneida não tivessem escalado a plataforma que representava o Mundial de Varna; se

pelo esforço e dedicação, aquela geração dirigida e comandada pelo Publio (Presidente do Conselho de

Ginástica da CBD) e Berenice não tivesse atingido os níveis que atingiu, teria por certo faltado um degrau

de apoio para a nova geração chegar aonde chegou.

Vale, naturalmente, o mesmo em relação aos técnicos que trabalharam os ginastas para todas

aquelas etapas e as anteriores gerações. Mas existe um outro detalhe: ninguém teria ido a Mundial nem a

Olimpíada alguma, não tivesse o terreno sido preparado pacientemente pelos dirigentes, em algumas

oportunidades, tão criticados. Não se trata aqui de destacar esse ou aquele dirigente que, ocasionalmente,

estavam envolvido no processo. Não tivessem sido esses, eventualmente a história teria colocado outros.

Não fora a visão do Dr. João Havelange em mandar os seus delegados a procurar os contatos

com o movimento ginástico internacional, numa época em que a nossa Ginástica era tão incipiente e atrasada que a simples idéia de participação num Mundial ou Olimpíada causava calafrios e espanto, hoje,

talvez, o Brasil ainda estivesse no estágio em que um giro gigante era considerado dificuldade máxima.

Não fora a coragem do Brigadeiro Jerônimo Bastos em promover os Festivais Internacionais de

Ginástica, o que por sua vez obrigou à importação dos primeiros jogos de aparelhos oficiais para competi­

ções internacionais, não teríamos também conseguido, além da motivação natural e conseqüente, o prestigio que nos dava condições para lutar, de igual para igual, pelo simples direito de participar das

competições oficiais da FIG."

O fundamental para os menos evoluídos foi a vitória obtida após a batalha parlamentar, das mais renhidas, pelo representante brasileiro Dr. Siegfried Fischer, no 522 Congresso da FIG em Roterdã, em 197 3, da qual participou direta e obstinadamente, e que garantiu a todos os filiados da FIG o direito de

competir no Mundial, contrariando a orientação oficial, que era em favor de uma limitação quantitativa, enquanto propunha ele, em nome do Brasil, uma limitação qualitativa somente.

114 NESTOR SOARES PUBLIO

João Luis Ribeiro.

Primeiro brevê masculino no Campeonato Mundial (1979). Primeiro representante brasileiro em Jogos Olímpicos (1980).

"João Luis Ribeiro começou com o Professor Jairo Brandão, no Rio Grande do Sul. Depois o

Professor José Arruda de Albuquerque continuou o trabalho no Rio de Janeiro, dando um toque de

elegância no menino, para entregá-lo posteriormente à disciplina nipo-paulista do Professor Kenshi

Ohara, para a lapidação final. Portanto, dos quatro grandes, só o mineiro não botou a mão no João Luis,

mas não resta dúvida de que o seu T sukahara na barra foi preparado no fosso do Mario Pardini no Minas

Tênis Clube. Assim, pode-se afirmar que o rapaz foi o resultado de uma co-produção de âmbito nacional e

um excelente representante do trabalho que foi realizado pelos dirigentes nessa modalidade.

Já a Cláudia foi puro Gama Filho, ou seja, Mário César e Cláudia Carvalho. O preparo de

Cláudia foi bem-tipico de seu técnico. Nos seus tempos de ginasta, sempre primou pela competição limpa e

segura, preferindo não incorrer em riscos. Ele orientou a Cláudia nesse sentido, e conseguiu que ela

enfrentasse a competição da Olimpíada confiante e tranqüila.

Vamos, no entanto, permanecer, ainda, na listagem dos que participaram dessa conquista, e aí

teremos que incluir, além dos próprios colegas que integraram com eles as seleções aos mundiais de Estras­

burgo e Fort Worth, também os ginastas da geração anterior. Sim, porque se o Schick, Abramides e Jairo,

se a Sílvia, Gisele e Eneida não tivessem escalado a plataforma que representava o Mundial de Varna; se

pelo esforço e dedicação, aquela geração dirigida e comandada pelo Publio (Presidente do Conselho de

Ginástica da CBD) e Berenice não tivesse atingido os níveis que atingiu, teria por certo faltado um degrau

de apoio para a nova geração chegar aonde chegou.

Vale, naturalmente, o mesmo em relação aos técnicos que trabalharam os ginastas para todas

aquelas etapas e as anteriores gerações. Mas existe um outro detalhe: ninguém teria ido a Mundial nem a

Olimpíada alguma, não tivesse o terreno sido preparado pacientemente pelos dirigentes, em algumas

oportunidades, tão criticados. Não se trata aqui de destacar esse ou aquele dirigente que, ocasionalmente,

estavam envolvido no processo. Não tivessem sido esses, eventualmente a história teria colocado outros.

Não fora a visão do Dr. João Havelange em mandar os seus delegados a procurar os contatos

com o movimento ginástico internacional, numa época em que a nossa Ginástica era tão incipiente e atrasada que a simples idéia de participação num Mundial ou Olimpíada causava calafrios e espanto, hoje,

talvez, o Brasil ainda estivesse no estágio em que um giro gigante era considerado dificuldade máxima.

Não fora a coragem do Brigadeiro Jerônimo Bastos em promover os Festivais Internacionais de

No documento Jogos Olímpicos (páginas 42-54)

Documentos relacionados