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Fomento à atividade leiteira catarinense através do programa Terra Boa Forrageiras

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Academic year: 2021

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Fomento à atividade leiteira catarinense através do programa Terra Boa Forrageiras

Gustavo Ribeiro Drummond(1)*, Rosandro Boligon Minuzzi(2)

(1) Acadêmico do curso de Agronomia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade

Federal de Santa Catarina, Rod. Admar Gonzaga, 1346, Bairro Itacorubi, Caixa Postal 476, CEP 88040-900, Florianópolis, SC, Brasil.

(2) Professor Adjunto, Departamento de Engenharia Rural, Centro de Ciências Agrárias,

Universidade Federal de Santa Catarina, Rod. Admar Gonzaga, 1346, Bairro Itacorubi, Caixa Postal 476, CEP 88040-900, Florianópolis, SC, Brasil.

* E-mail: senhordrummond@hotmail.com

Resumo: O objetivo do presente trabalho foi avaliar o investimento do programa Terra Boa Forrageiras de 2009 a 2015 nas mesorregiões de Santa Catarina. Foram utilizados dados do valor financiado pelo programa Terra Boa Forrageiras, pertencentes à Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca. Para cada mesorregião foi aplicado a regressão linear, para averiguar a tendência do valor financiado por meio do coeficiente angular, onde a variável independente (X) é o ano e a variável dependente (Y) é o valor financiado anualmente. O coeficiente de variação e os valores médios investidos entre as mesorregiões foram comparados entre si. Para todas estas análises foram avaliadas a significância estatística ao nível de 5% pelo valor-p. Apenas a mesorregião Norte Catarinense não apresentou tendência significativa ao nível de 5% no valor financiado durante o período. Nas demais mesorregiões houve tendência significativa de aumento no valor financiado, variando de R$26.150/ano (Grande Florianópolis) até R$345.332/ano (Oeste), indicando que durante os últimos sete anos houve um aumento de R$183.05 a R$2.417.324 no valor financiado.

Palavras-chave:pecuária leiteira, melhoramento de pastagem, agricultura familiar.

Abstract: The objective of this study was to evaluate the investment of the program Terra Boa Forrageiras 2009-2015 in regions of Santa Catarina. Data from the value financed by the Terra Boa Forrageiras program were used, belonging to the Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca for each region of Santa Catarina. For each region linear regression was applied to determine the trend of the value financed through the slope where the independent variable (X) is the year and the dependent variable (Y) is the value financed annually. The coefficients of variation and average values invested between regions were

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compared. For all these analyzes were evaluated the statistical significance level of 5% for the p-value. Just the Northern Santa Catarina region no significant trend at 5% in the value financed during the period. In the other regions significant upward trend in the value financed, ranging from R$26,150/year (Greater Florianópolis) to R$345,332/year (West), indicating that for the past seven years there has been an increase of R$183.05 to R$2,417,324 in value financed.

Key words: milk production, grassland improvement, family farming.

1. Introdução

As plantas constituintes das pastagens, ou plantas forrageiras, são aquelas consumidas por herbívoros, abrangendo uma grande variedade de gêneros e espécies, desde herbáceas até arbustivas (PEREIRA et al., 2001). Nos últimos anos dezenas de cultivares de forrageiras foram registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), porém muitas ainda são desconhecidas pelos produtores brasileiros, o que reflete no fato de que, cerca de 70 a 80% das pastagens cultivadas são do gênero Braquiaria (ANDRADE, 2001). Dada a importância, é necessário, no momento de implantar uma pastagem e escolha da forrageira ideal, considerar as condições ambientais e outras características da propriedade. Entre os fatores a serem considerados estão: temperaturas do ar, ocorrência de geadas, regime hídrico, estiagens, fertilidade do solo, declividade e afloramento de rochas.

O Estado de Santa Catarina possui características edafoclimáticas que permitem o

cultivo de forrageiras de clima tropical, subtropical e temperado, o que aumenta o número de forrageiras recomendadas, possibilitando a oferta de pasto o ano todo. Na alimentação de bovinos, a pastagem é a fonte de nutrientes mais econômica, e quando utilizada por rebanhos leiteiros pode reduzir os custos de produção de leite, principalmente pela redução dos dispêndios com alimentos concentrados, combustíveis e mão-de-obra (HOFFMAN et al., 1993; VILELA et al., 1996; FONTANELI, 1999).

E apesar da quantidade de leite produzido a pasto ser menor do que em um sistema de confinamento, a renda líquida do produtor é maior, devido ao baixo custo de produção. (HOFFMAN et al., 1993; VILELA et al., 1996; FONTANELI, 1999).

Outro aspecto importante é a sustentabilidade do processo. Segundo Machado (1997), a exploração leiteira à base de pasto é a alternativa mais saudável, menos impactante ambientalmente, que melhor contempla o bem estar animal e que traz maior grau de satisfação ao produtor.

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Em Santa Catarina, mais de 80% dos estabelecimentos agropecuários são baseados na agricultura familiar (IBGE, 2006). Segundo Testa et al. (1996) a atividade leiteira é de extrema importância para a agricultura familiar, devido a alta absorção de mão-de-obra, alto valor agregado na propriedade, fácil descentralização das unidades industriais, grande alcance social, uso de terras “não nobres” e atividade limpa. Segundo Mello (1998) um aspecto positivo da atividade leiteira na agricultura familiar é o ingresso mensal de receitas proveniente da venda do leite, que ajuda na sustentabilidade das famílias no campo. Além da importância para a agricultura familiar, em 2014 o leite ocupou o terceiro lugar no ranking de valor bruto da produção agropecuária do Estado de Santa Catarina com aproximadamente R$2,7 bilhões, ficando atrás somente da carne de frango e da carne suína (EPAGRI/CEPA, 2014).

Em novembro de 2008, o então Secretário da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Antônio Ceron, juntamente com empresários, lideranças rurais e uma equipe técnica realizou uma missão a Nova Zelândia, para conhecer os sistemas de produção de leite e carne a base de pasto e trazer essas tecnologias para Santa Catarina. A equipe que foi a Nova Zelândia recomendou em seu relatório, que uma estratégia para aplicar as tecnologias na produção leiteira em Santa Catarina seria a criação de um amplo programa de fomento a pecuária catarinense, que agregasse entidades do setor público e privado(governo, agroindústrias e representantes do produtores ), com isso em 2009 foi criado o programa Forrageiras, que seria agregado ao programa Terra Boa (SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DA PESCA-SC, 2016).

O programa Forrageiras consiste em financiar produtos, como: sementes, mudas, fertilizantes, corretivos, inoculantes e demais insumos para o melhoramento de pastagens, fornecidos a partir de um projeto técnico elaborado pela Epagri-SC. O valor do kit forrageiras é de até R$ 2 mil, que pode ser pago em duas parcelas anuais ou em uma parcela com desconto de 60% incidente sobre a segunda parcela.

O objetivo do presente trabalho foi avaliar o investimento do programa Terra Boa Forrageiras de 2009 a 2015 nas mesorregiões de Santa Catarina.

2. Material e métodos

Foram utilizados dados do valor financiado pelo programa Terra Boa Forrageiras, pertencentes à Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, para cada mesorregião de Santa Catarina (Figura 1), no período de 2009 a 2015.

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Figura 1. Identificação das mesorregiões de Santa Catarina (Fonte: IBGE, 2016)

Para participar do programa Terra Boa Forrageiras os agricultores tem que possuir a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) e a propriedade rural situada em Santa Catarina. O valor financiado por cada propriedade rural é variável, de acordo com os insumos que são comprados, tendo como limite o valor de R$2.000,00 por propriedade/ano.

Ao valor investido anual de cada mesorregião foi aplicada a regressão linear, para averiguar a tendência do valor financiado por meio do coeficiente angular, onde a variável independente (X) é o ano e a variável dependente (Y) é o valor financiado anualmente. O coeficiente de variação e os valores médios investidos entre as mesorregiões foram comparados entre si. A diferença dos valores médios entre as mesorregiões foram avaliadas usando o valor-p ao nível de 5%. As referidas análises estatísticas foram realizadas com o uso do software STATISTICA v.13.

3. Resultados e Discussão

As análises de regressão linear mostram que apenas a mesorregião Norte Catarinense não apresentou tendência significativa ao nível de 5% no valor financiado durante o período de 2009 a 2015 (Tabela 1). Nas demais mesorregiões houve tendência significativa de aumento no valor financiado, variando de R$26.150/ano (Grande Florianópolis) até R$345.332/ano (Oeste), indicando que durante os últimos sete anos houve um aumento de

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R$183.05 a R$2.417.324, respectivamente, no valor financiado entre as mesorregiões de Santa Catarina, exceto o Norte Catarinense. Isso demonstra que o investimento através do programa Terra Boa Forrageiras, tem crescido anualmente no Estado desde sua implantação, com destaque para o Oeste Catarinense e a mesorregião Serrana.

Tabela 1. Coeficiente angular (b) e respectivo valor-p, coeficiente de variação (CV) e a média do valor financiado de cada mesorregião de Santa Catarina.

Mesorregião b valor-p CV(%) Média* (R$)

Grande Florianópolis 26.150 0,006780 63 100.419a Norte Catarinense 15.622 0,121269 39 135.704a Oeste Catarinense 345.332 0,001307 52 1.527.747d

Serrana 148.393 0,035642 42 971.618c

Sul Catarinense 163.278 0,008073 59 677.759b

Vale do Itajaí 119.129 0,034689 55 591.347b

*As médias com letras iguais não diferem entre si.

O Oeste Catarinense apresentou a maior média (R$1.527.747) de investimento diferindo estatisticamente das demais mesorregiões. Isso corrobora ao fato da mesorregião apresentar a maior produção leiteira de Santa Catarina. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE, no ano de 2014 a mesorregião produziu 2.232.243,00 litros de leite (IBGE, 2016). Além disso, o Oeste Catarinense tem um histórico no investimento na produção de forragem para o gado. Segundo Escosteguy et al. (1993), uma forma muito comum utilizada pelos agricultores familiares da região é o cultivo de “capineiras” em áreas impróprias ou inadequadas para lavouras, que potencializam o uso do solo.

Com a crise da suinocultura durante os anos 1990, o leite se tornou um produto importante para a agricultura familiar local, atingindo quase a totalidade dos estabelecimentos agrícolas da região.Em 2002 ocorreu a fundação da Ascooper (Associação das Cooperativas e Associações de Produtores Rurais do Oeste de Santa Catarina) por meio da articulação de seis cooperativas já existentes e organizadas em torno da produção e comercialização do leite (SCHUBERT; NIEDERLE, 2009). Esse é outro fator importante que pesa para destacar a região, a intervenção organizada de setores ligados à produção leiteira, como cooperativas de produtores e empresas privadas, como a TIROL (MELLO et al., 2003), sendo a região

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referida como “maciço da agricultura familiar”, possuindo a maior concentração de cooperativas de laticínios de pequeno e médio porte do país.

A mesorregião Serrana apresenta a segunda maior média no valor financiado pelo programa diferindo estatisticamente das demais, e esse fato pode ser explicado pelo costume da região de se ter uma pecuária a base de pasto.

A pecuária a base de pasto tem influência da tradição de fabricação do queijo serrano. Analisando o queijo serrano como um processo, o seu diferencial é o leite utilizado, sendo mais rico em gordura e com características sensoriais próprias, que são diretamente influenciadas pela alimentação do gado. Uma dieta baseada no consumo de fibras, isso é, a base de pasto, ativa as rotas metabólicas características dos ruminantes, que propiciam uma maior produção de gordura no leite (AMBROSINI, 2007).

Apesar da segunda maior média em investimento, a mesorregião Serrana apresentou o terceiro maior coeficiente angular (tendência de aumento), ficando atrás do Sul Catarinense. Se no decorrer dos próximos anos esta tendência de aumento se mantiver, o Sul Catarinense terá um valor médio financiado maior que a da mesorregião Serrana.

A mesorregião da Grande Florianópolis apesar de ter tido o menor financiamento de 2009 a 2015, foi à região que apresentou maior dispersão (CV= 63%) em relação a sua média. Em contrapartida, o Norte do Estado sendo a única mesorregião sem tendência significativa foi a de menor variação (CV= 39%) nos investimentos do programa (Tabela 1).

4. Conclusões

O investimento do programa Terra Boa Forrageiras tem crescido anualmente desde sua

implantação na maioria das mesorregiões Catarinenses.

O fomento à produção leiteira Catarinense através do Programa Terra Boa Forrageiras está de acordo com a necessidade e aptidão de cada mesorregião.

As mesorregiões com maior importância em relação à atividade leiteira (Oeste Catarinense e Serrana) são as que mais financiam os recursos provenientes do programa.

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5. Referências bibliográficas

AMBROSINI, L.B. Sistema Agroalimentar do Queijo Serrano: estratégia de reprodução social dos pecuaristas familiares dos Campos de Cima da Serra - RS, 2007. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Rural) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Ciências Econômicas, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, Porto Alegre, 2007.

ANDRADE, R. P. de. Pasture seed Production Technology in Brasil. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 19, 2001. São Pedro. Anais… Piracicaba, Fealq, 2001. p 129-32.

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SCHUBERT, M. N.; NIEDERLE, P. A. Estratégias competitivas do cooperativismo na cadeia produtiva do leite: o caso da ASCOOPER, S/C. In: XLVII CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL – SOBER. Anais... Porto Alegre, RS, 2009.

TESTA, V. M. et al. O desenvolvimento sustentável do oeste catarinense. Florianópolis: EPAGRI, 1996. 247p

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