INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIENCIA E TECNOLOGIA GOIANO PROGAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IRRIGAÇÃO NO CERRADO
(PPGIC / IFGOIANO)
ANTONIO JOSÉ RODRIGUES DE PAIVA
TÍTULO DO PROJETO
APLICAÇÃO DE VINHAÇA E MANEJO DA IRRIGAÇÃO NO CULTIVO DA CANA-DE-AÇUCAR NO VALE DE SÃO PATRICIO - GOIAS.
JANEIRO / 2017 CERES-GO
INTRODUÇÃO
Segundo a Embrapa o cultivo da cana-de-açúcar possui uma grande importância econômica no cenário mundial, destacando o Brasil como o maior produtor, fornecendo assim às Indústrias Sucroalcooleiras (Usinas) matéria-prima para a produção de álcool, de açúcar, de alimentação animal e também atuando como fonte de energia, por meio do bagaço, para a geração de eletricidade. Esse destaque se dá as 367 Usinas Sucroalcooleiras estaladas no país, só no estado de Goiás temos 38 delas. Com sua boa adaptação ao território brasileiro a cana-de-açúcar, tem sido cada vez mais cultivada em vários estados brasileiros. Mesmo com tamanha proporção de produção, algumas medidas são adotadas durante o plantio e após a colheita da cana-de-açúcar.
Esses manejos podem originar melhorias na produtividade da cultura e consequentemente proporcionar aumento nos lucros. Com essa mesma linha de pensamento o engenheiro de produção GROFF (2010), diz que: A cana não pode ser realizada em qualquer região, pois essa cultura possui exigências ambientais e de manejo. As exigências da cana-de-açúcar ao ambiente estão relacionadas diretamente ao clima, temperatura, umidade, luz, solo e disposição de nutrientes. O mesmo autor diz ainda que outro dos fatores que deve ser analisado antes do plantio é a característica genética da cana-de-açúcar, pois hoje atualmente o melhoramento genético possibilita desenvolver variedades mais produtivas e com maior resistência aos ataques de pragas e doenças.
A cana-de-açúcar é uma cultura perene, podendo ser produzida por 4 a 6 anos consecutivos, ela é relativamente fácil de ser implantada e manejada, por ter um baixo custo no plantio e pode atingir produção superior a 120 ton/ha. O objetivo principal desse projeto é discorrer de uma forma sucinta sobre a fertirrigação e manejo da irrigação no cultivo da cana-de-açúcar, na cidade de Carmo do Rio Verde, na região do Vale de São Patrício-GO, utilizando a vinhaça (produto esse gerado na fabricação do álcool) como principal nutriente (fertilizante).
JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
Como já foi mencionado anteriormente, iremos analisar a fertirrigação e o manejo da irrigação no cultivo da cana-de-açúcar, utilizando a vinhaça como principal fonte de nutrientes e de água. Na região que será analisado os métodos de irrigação existe uma extensa área de plantio de cana-de-açúcar, gerando um grande número de emprego e uma imensa preocupação com o meio ambiente. Contudo, faremos uma análise do reaproveitamento da vinhaça em dois sistemas de irrigação: Irrigação por carretel enrolador e Irrigação por aspersão convencional.
A vinhaça é um resíduo da produção do etanol, caracterizando-se por sua elevada proporção em que é produzida, cerca de 13 vezes o volume de álcool, destacando-se pelo seu alto poder poluente e imenso poder de fertilização. Na década de 70 a vinhaça era totalmente descartada diretamente no meio ambiente, sendo vista como um problema para as usinas sucroalcooleiras, considerada uma vilã por causar sérios danos ambiental. Após várias décadas, foram realizadas pesquisas e descobriu-se que a vinhaça é um resíduo muito importante na produção do etanol, percebeu-se o seu alto teor de nutrientes e passou a ser 100% reutilizada na irrigação da cana-de-açúcar.
A vinhaça, além de fornecer água e nutrientes, age como recuperador da fertilidade do solo, inclusive em profundidade devido seu alto teor de matéria orgânica. Mediante todo esse relato objetiva-se com esse projeto identificar qual dos dois sistemas de irrigação será mais rentável durante todo experimento com aplicação de vinhaça. Iremos avaliar se existirá variação agroindustrial entre um sistema e outro, definir a dose ideal com adubação química em macro nutrientes na cana soca, afim de baixar os custos operacionais de produção. Ressaltando também os benefícios ao meio ambiente na utilização da vinhaça, evitando que a mesma seja direcionada aos mananciais próximos, o que ocasionaria sérios danos ambientais.
Objetivo geral
Fazer um comparativo de custo entre o sistema de irrigação por aspersão convencional e o sistema de carretel enrolador no cultivo da cana-de-açúcar, afim de identificar qual sistema será mais viável para essa atividade.
Objetivo especifico
Identificar os resultados dos custos operacionais com o manejo de irrigação em cada sistema do experimento.
Comparar a eficiência de aplicação entre os dois sistemas de irrigação no reaproveitamento da vinhaça.
MATERIAL E MÉTODO
Localização, clima e solo
O ensaio será implantado em uma área experimental na cidade de Carmo do Rio Verde-GO, dentro da fazenda Boa sorte, sob o código: 1001, pertencente a Usina CRV Industrial, localizada no vale de São Patrício, mesorregião do Centro Goiano e caracterizada pelas seguintes coordenadas cartesianas e condições edafoclimáticas: latitude Sul: 15º21’00.67”, longitude Oeste: 49º35’56.98, altitude aproximada de 570 m; com relevo suave ondulado, latossolo vermelho escuro de textura média. O clima do local, segundo a classificação de KOEPPEN, é do tipo AW (quente e semiúmido com estação bem definida, com médias mínimas de 19,3º e máxima de 31,5º. A precipitação anual da fazenda supracitada, foi de 1741 mm, segundo dados pluviométrico, ano referência 2016.
Tratamentos
Serão avaliados dois sistemas de irrigação, sendo o primeiro composto por um carretel enrolador de marca Irrigabrasil, modelo GS/450, painel automatizado IBC 1000 PLUS, diâmetro da mangueira de 140 mm, aspersor de 4”, espaçamento de 60 x 60mt, que será alimentado por um motor bomba a diesel, modelo MWM série 12, potência de 140 cv com uma bomba centrífuga modelo 100-500/2, vazão de 140 m³/hora. O segundo será o sistema convencional, ele será composto por motor MWM 140 cv, bomba centrifuga com vazão de 96 m³/hora, espaçamento 10 x 10mt, aspersor de 4” marca hidrosolo, bocal de 38 mm, reversão lenta. Ressaltamos que todo manejo na irrigação será o mesmo utilizado pela Usina CRV Industrial.
Delineamento Experimental
A área será dividida em duas partes iguais (blocos). Na primeira iremos montar o equipamento de irrigação por carretel enrolador e na segunda parte o equipamento de irrigação por aspersão convencional. Em ambos sistemas utilizaremos a vinhaça como fonte de água e nutrientes. Serão analisadas lâminas bruta de irrigação de 45 mm, sendo esta para garantir a brotação da cana e lâminas de 30 mm, como complemento hídrico exigido pela cultura.
Período experimental e coleta de dados
A área será irrigada por um período de 06 meses, sendo uma (1) vez a cada mês, sem que haja a falta hídrica necessária para o desenvolvimento da cultura. Para que tenhamos uma boa resposta no que está sendo proposto neste projeto, as lâminas aplicadas no campo experimental serão as mesmas para os dois (2) blocos. Para que a análise seja mais precisa, será aberto trincheiras de 30 cm de largura com intervalo de 2 em 2mts em cada bloco experimental, com isso facilitará a verificação do nível de infiltração da água/vinhaça no solo e iremos analisar também o crescimento da cultura utilizando um trena comum. Esta avaliação será feita inicialmente com 50 amostras por bloco e será realizada a cada 30 dias, podendo ser estendido o tempo e a quantidade de amostras.
Viabilidade Financeira
Com investimentos de longa duração onde os retornos ocorrem somente a partir de um determinado ponto da vida útil da cultura, a estimativa de investimentos e do custo operacional da irrigação da cana-de-açúcar, em função da lâmina anual que se pretende aplicar, assume grande importância (AFFÉRRI et al., 2014). A receita bruta, a taxa de interna de retorno (TIR), a taxa Mínima de Atratividade (TMA o Valor Presente Líquido (VPL) e o Payback (período) são indicadores que avaliam a viabilidade dos investimentos. (FRIZZONE, 2005). O período de recuperação do capital ou Payback é o tempo que o projeto leva para retornar o capital investido e a relação Benefício/Custo (B/C) atua como um indicador que verifica se os benefícios são maiores que os custos (GITMAN, 1997).
Estima-se que o custo inicial para a implantação deste projeto seja elevado, mas porem, ressaltamos que todo o material que será utilizado nessa avaliação, será fornecido pela Usina Sucroalcooleira CRV Industrial. Ficando assim o autor do projeto isento de quaisquer custos que por acaso vier ocorrer durante a execução do mesmo. Pois, o interesse na análise de custo e benefício oferecido pelo os dois sistemas de irrigação utilizando a vinhaça como principal nutriente é mútuo. Tornando-se assim viável a implantação deste projeto.
MESES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Escolha da área X X
Aquisição de equipamentos X X X
Contratação de mão de obra X X
Período de Irrigação (fertirrigação) X X X X X X
Analise dos métodos aplicados X X X X X X
Resultado custo/benefício X X X X
Publicação dos resultados em congressos e simpósios
X X X X
REFERÊNCIAS
AFFÉRRI, A.; TRENTO, E.; PINTO, R. Como fazer um plano diretor de irrigação de canaviais. Projeto cana pede água. Disponível em:
www.canapedeagua.com.br/index.php?option=com_docman&Itemid=17. Acesso em: 12
novembro 2014.
CIENTEC. 2008. Sistema de irrigação por aspersão em autopropelidos. Disponível em: http://www.cientec.net/cientec/InformacoesTecnicas_Irriga/Irrigacao_MetoIrriga_Aspersao_
Autopropelido.asp. Acesso em: 17 nov. 2008.
CRV Industrial – Usina Sucroalcooleira – Carmo do Rio Verde – Goiás
Davi Costa Saleme / TCC / Pré-seleção de sistemas de irrigação em cana-de-açúcar, para as características da região de São Miguel dos Campos – Al - Rio Largo – Alagoas - 2010
FRIZZONE, J. A. Análise de decisão econômica em irrigação. Piracicaba: Esalq, 2005.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 7.ed. São Paulo, Harbra, 1997.p.56
GROFF, A. M. Fatores de Produção Agropecuária: Apostila, transparências e notas de aulas. Campo Mourão: PP, Departamento de Engenharia de Produção, FECILCAM, 2010.
REZENDE, Joelito de Oliveira (Coordenador). Vinhaça: Outra Grande Ameaça ao Meio Ambiente. UFBA, 1984.
SANTOS, F.; BORÉM, A.; CALDAS, C. Cana-de-açúcar: bioenergia, açúcar e álcool – tecnologia e perspectivas. Viçosa-MG, 2010. 577 p.
SANTOS, G.A.; ROSSIELO, R.O.P.; FERNANDES, M.S. & O’GRADY, P.C. Efeito da vinhaça sobre o pH do solo, a germinação e o acúmulo de potássio em milho. Pesq. Agrop. Bras. Brasília, 16: 489-493, 1981.
SISTEMA de irrigação por aspersão em autopropelidos. Disponível em: http://www.cientec.net/cientec/InformacoesTecnicas_Irriga/Irrigacao_MetoIrriga_Aspersao_
Autopropelido.asp. Acesso em: 17 nov. 2008.
SOUZA, E.F.; BERNARDO, S.; CARVALHO, J.A. Função de produção da cana-de-açúcar em relação à água para três variedades em Campos dos Goytacazes. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.19, n.1, p.12-28, 1999.
