Minist´erio da Educac¸˜ao
Secretaria de Educac¸˜ao Profissional e Tecnol´ogica Instituto Federal Catarinense−Campus Avanc¸ado Sombrio
Curso de Licenciatura em Matem´atica
PLANO DE AULA Escola:Instituto Federal Catarinense− Campus Avanc¸ado Sombrio Munic´ıpio:Sombrio, SC
Disciplina: Matem´atica Ano: 3oEnsino M´edio N´ıvel:Ensino M´edio Tempo previsto:3horas
Professor:Rafael dos Reis Paulo
1. TEMA
Equac¸˜oes Alg´ebricas 2. SUB-TEMAS
Definic¸˜ao e elementos; Ra´ızes de equac¸˜oes alg´ebricas; Conjunto soluc¸˜ao de equac¸˜oes alg´ebricas; Teo-rema fundamental da ´algebra; Decomposic¸˜ao em fatores de primeiro grau; Relac¸˜ao de Girard.
3. JUSTIFICATIVA
O estudo das equac¸˜oes alg´ebricas representam uma finalizac¸˜ao importante de todo um ciclo de aprendi-zagem matem´atica, iniciado no Ensino Fundamental com express˜oes alg´ebricas, resoluc¸˜ao de equac¸˜oes de primeiro e segundo graus e produtos not´aveis, cujo grau e complexidade foi gradativamente aumen-tado no Ensino M´edio, com os estudos das func¸˜oes e polinˆomios, entre tantos temas em que a resoluc¸˜ao de equac¸˜oes se faz necess´aria, at´e chegarmos ao ´apice, que perpassa o universo do conjuntos reais e possibilita a soluc¸˜ao de equac¸˜oes que anteriormente n˜ao teriam soluc¸˜ao.
4. OBJETIVOS
• Conhecer os fatos hist´oricos acerca do assunto; • Identificar e definir uma equac¸˜ao alg´ebrica;
• Determinar o conjunto verdade de equac¸˜oes alg´ebricas;
• Desenvolver estrat´egias para encontrar as ra´ızes das equac¸˜oes alg´ebricas; • Demostrar alguns teoremas e a relac¸˜ao de Girard;
• Averiguar as ra´ızes de qualquer equac¸˜ao alg´ebrica utilizando o GeoGebra; • Efetuar a resoluc¸˜ao de exerc´ıcios e problemas que envolvam equac¸˜oes alg´ebricas.
5. CONTE ´UDOS ENVOLVIDOS
• Operac¸˜oes fundamentais: soma, subtrac¸˜ao, divis˜ao, multiplicac¸˜ao, potenciac¸˜ao e radiciac¸˜ao; • N´umeros complexos;
• Polinˆomios; • Func¸˜oes;
• Equac¸˜oes alg´ebricas. 6. RECURSOS T ´ECNICOS
• Recursos: Dispon´ıveis no laborat´orio de matem´atica, data show, quadro-branco, jogo “Rampa das Equac¸˜oes”, pincel e apagador.
• T´ecnicas: Aula expositivo dialogada, atividades utilizando o software Graph. 7. PROCEDIMENTOS
(a) Problematizac¸˜ao
O Sr. Adonias gostaria de confeccionar uma caixa de papel˜ao sem tampa, para a fabricac¸˜ao Adonias comprou uma lˆamina de face quadrada de papel˜ao com ´area igual a 324 cm2. Por muito tempo, Adonias trabalhou fabricando caixas de sapato, ele sabe que ´e necess´ario recortar um qua-drado em cada canto da lˆamina de papel˜ao, para posterior-mente dobrar e transformar numa caixa (figura 1). Por´em, Adonias gostaria que determin´assemos qual a medida do lado (valor de x) do quadrado a ser recortado para que o volume da caixa seja igual a 400 cm3?
Figura 1:Lˆamina de papel˜ao
(b) Historicizac¸˜ao
Nesta aula trataremos das equac¸˜oes alg´ebricas que s˜ao aquelas que podem ser representadas sob a forma de um polinˆomio igualado a zero. Um dos trabalhos pioneiros sobre essas equac¸˜oes ´e a obra Al-jarb wa’l muq˜abalah, escrita no s´eculo IX pelo matem´atico ´arabe Mohammed ibu-Musa al-Khowarizmi, na qual s˜ao estudas as equac¸˜oes do 1oe 2ograu.
A obra de al-Khowarizmi inspirou tratados posteriores at´e o Renascimento, quando os matem´aticos buscavam uma f´ormula resolutiva para equac¸˜oes polinomiais de qualquer grau, o que j´a haviam conseguido at´e o 4ograu.
Os matem´aticos Niels Henrik Abel e ´Evariste Galois encerraram essa busca, demonstrando que equac¸˜oes de grau superior a 4 n˜ao podem ser resolvidas por radicais e combinac¸˜oes de coeficientes, isto ´e, n˜ao existe f´ormula geral que resolva equac¸˜oes polinomiais de grau maior que 4.
(c) Procedimentos
i. momento: Iniciar a aula resgatando algumas equac¸˜oes que j´a foram estudas anteriormente, identificando o conjunto soluc¸˜ao das mesmas.
(a) x + 3 = 0 S ={−3} (b) x2− 9 = 0 S = {3, −3}
(c) x2+ 3x− 10 = 0 S = {−5, 2} (d) x2+ 1 = 0 S ={−i, i}
anxn+ an−1xn−1+ ... + a2x2+ a1x + a0= 0 com an̸= 0
em que os ai(an, an−1, ..., a2, a1, a0) s˜ao elementos do conjunto dos n´umeros complexos, n∈ N∗ e n ´e o grau da equac¸˜ao.
Obs: As equac¸˜oes do 1ograu e do 2ograu estudadas anteriormente s˜ao casos particulares de equac¸˜oes alg´ebricas.
iii. momento: Enunciar o Teorema fundamental da ´Algebra pensando nas seguintes quest˜oes: • Existe alguma equac¸˜ao polinomial do 1ograu que n˜ao possua raiz complexa?
• Existe alguma equac¸˜ao polinomial do 2ograu que n˜ao possua raiz complexa?
Para responder basta observar que toda equac¸˜ao polinomial do 1o grau pode ser representada sob a forma ax + b = 0 com a, b⊂ C e a ̸= 0. Logo, o n´umero −b
a ´e raiz dessa equac¸˜ao para quaisquer valores complexos de a e b, com a ̸= 0. Conclu´ımos, ent˜ao, que toda equac¸˜ao 1o grau tem raiz complexa.
J´a a equac¸˜ao do 2ograu pode ser representada sob a forma ax2+ bx + c = 0, com a, b, c⊂ C e a̸= 0. Para qualquer valor do ∆ dessa equac¸˜ao, temos, −b + w1
2a e
−b − w2
2a , que s˜ao ra´ızes da equac¸˜ao do 2ograu.
Conclui-se, que toda equac¸˜ao do 2o grau possui raiz complexa. E, assim, o Teorema funda-mental da ´Algebra diz:
Toda equac¸˜ao polinomial admite pelo menos uma raiz complexa
iv. momento: Apresentar o Teorema da decomposic¸˜ao, onde todo polinˆomio de grau n, com n≥ 1, P (x) ≡ anxn+ an−1xn−1+ ... + a1x + a0 pode ser fatorado sob a forma P (x)≡ an(x− r1)(x− r2)· ... · (x − rn) em que r1, r2, r3, ..., rns˜ao todas ra´ızes de P (x).
Resolvendo alguns exemplos:
A. P (x) = 4x2− x − 3 → P (x) = 4(x− 1)(x + 3 4)
| {z }
Quando a soma dos coeficientes resultar em 0 a equac¸˜ao ter´a 1 como raiz B. P (x) = x3− 8x2+ 12x→ P (x) = x(x− 2)(x − 6)
| {z }
Quando o termo independente da equac¸˜ao for nulo uma de suas ra´ızes ser´a 0
C. P (x) = 3x3− 6x2+ 3x− 6, sabendo que P (2) = 0 → P (x) = 3(x− 2)(x − i)(x + i)
Pelo teorema da decomposic¸˜ao visto anteriormente, podemos definir que:
Qualquer equac¸˜ao polinomial de grau n, com n≥ 1, admite exatamente n ra´ızes complexas, n˜ao necessariamente distintas entre si.
Para verificar o teorema vamos utilizar o software Geogebra para encontrar as ra´ızes das se-guintes equac¸˜oes:
A. x4− 3x3+ 3x2− 3x + 2 = 0
B. x4− x2 = 0
C.−x3+ x2+ x− 1 = 0
D. x5+ 5x4+ 6x3− 2x2− 7x − 3 = 0
D. x4− 7x3+ 13x2+ 3x− 18 = 0
Em seguida, exercitar a fatorac¸˜ao e a determinac¸˜ao de ra´ızes pelo GeoGebra aplicando o jogo (Rampa das equac¸˜oes). Para isso, os estudantes devem sortear 4 equac¸˜oes e, em seguida efe-tuar a resoluc¸˜ao no caderno e ao mesmo tempo conferindo as respostas no GeoGebra. Nesse momento, podemos evidenciar as estrat´egias utilizadas para a resoluc¸˜ao das equac¸˜oes
v. momento: Apresentar a situac¸˜ao problema e sua resoluc¸˜ao conforme abaixo. Nesse momento, ser´a entregue aos estudantes duas folhas de papel A4 para a construc¸˜ao das poss´ıveis caixas, ap´os encontrarem os valores da altura.
(324− 72x + 4x2)· x = 400 4x3− 72x2+ 324x− 400 = 0 vamos dividir a equac¸˜ao polinomial por 4
x3− 18x2+ 81x− 100 = 0
Assim podemos determinar as poss´ıveis ra´ızes por meio do GeoGeobra, as quais s˜ao:(2, 1; 4; 11, 9) por´em temos uma condic¸˜ao de que 18−2x > 0, ou seja, x < 9. Logo, podemos excluir o 11, 9 como uma poss´ıvel altura da caixa. Sendo assim, os valores para altura da caixa ser˜ao 2, 1 e 4. vi. momento: Apresentar aos alunos o Teorema das ra´ızes imagin´arias que diz respeito as ra´ızes imagin´arias de uma equac¸˜ao alg´ebrica. Vale lembrar de que n ´umero imagin´ario ´e todo n´umero complexo n˜ao real, isto ´e, todo n´umero da forma z = a + bi, com (a, b)⊂ R e b̸= 0. Assim sendo,
Se um n´umero imagin´ario ´e raiz de uma equac¸˜ao polinomial com coeficientes reais, ent˜ao seu conjugado tamb´em ´e raiz dessa equac¸˜ao.
Consequˆencias desse teorema:
• Se um n´umero imagin´ario z ´e raiz de uma equac¸˜ao alg´ebrica, seu conjugado tamb´em ser´a raiz dessa mesma equac¸˜ao, independentemente de sua multiplicidade;
• O n´umero de ra´ızes imagin´arias de uma equac¸˜ao ´e necessariamente par; • Se uma equac¸˜ao alg´ebrica for de grau ´ımpar ter´a pelo menos uma raiz real;
vii. momento:Para finalizar os conte´udos desta aula, vamos estudar e analisar as relac¸˜oes de Girard para equac¸˜oes de 2◦e 3◦ grau.
Essa relac¸˜ao foi descoberta pelo fracˆes Albert Girard por volta do s´eculo XV, esse matem´atico encontrou uma relac¸˜ao entre os coeficientes e suas ra´ızes, vamos agora ent˜ao estudar essa relac¸˜ao para as equac¸˜oes polinomiais de grau 2.
Em sua forma geral, temos
ax2+ bx + c = 0
Por´em vimos que uma equac¸˜ao polinomial pode ser decomposta por suas ra´ızes, ax2+ bx + c = a(x− r1)(x− r2)
Vamos dividir ambos os lados por a, x2+bx a + c a = (x− r1)(x− r2) Equivalente a: x2+bx a + c a = x 2− (r1+ r 2)x + r1r2 Por identidade de polinˆomios temos,
−(r1+ r2) = b a r1· r2 = c a (r1+ r2) =− b a r1· r2= c a
Vamos agora construir a Relac¸˜ao de Girard para as equac¸˜oes polinomiais de 3ograu. ax3+ bx2+ cx + d = a(x− r1)(x− r2)(x− r3)
Dividindo ambos lados por a, temos x3+bx 2 a + cx a + d a = (x− r1)(x− r2)(x− r3) x3+ bx 2 a + cx a + d a = x 3− (r1+ r 2+ r3)x2+ (r1r2+ r1r3+ r2r3)− r1r2r3 Por identidade de polinˆomios temos
−(r1+ r2+ r3) = b a r1r2+ r1r3+ r2r3 = c a −r1r2r3 = d a r1+ r2+ r3=−b a r1r2+ r1r3+ r2r3 = c a r1r2r3=−d a
Ap´os a explicac¸˜ao na lousa, vamos propor a resoluc¸˜ao do seguinte problema:
Resolva a equac¸˜ao 2x3+ x2− 13x + 6 = 0, sabendo que a soma de duas de suas ra´ızes ´e igual a−1
Resoluc¸˜ao:
Vamos utilizar as relac¸˜oes de Girard para equac¸˜oes de 3◦ grau, r1+ r2+ r3 =− b a r1r2+ r1r3+ r2r3= c a r1r2r3 =− d a Assim temos, r1+ r| {z }2+ r3 =−1 =−1 2 Logo, r1= 1 2 Outra relac¸˜ao de Girard ´e,
r1
Assim temos,
r2r3 =−6
Agora vamos observar as relac¸˜oes entre as seguintes equac¸˜oes {
r2r3=−6 r2+ r3=−1
r3=−1 − r2 Substituindo na outra equac¸˜ao temos,
r2· (−1 − r2) =−6 Resultando numa equac¸˜ao de 2ograu
r22+ r2− 6 = 0 {
r2= 2 r2=−3
Para verificar o Teorema das ra´ızes complexas vamos propor que os alunos identifique onde est´a o erro na resoluc¸˜ao do seguinte enunciado.
Resolva em complexos a equac¸˜ao 2x3+ 14x− 12i = 0, sabendo que uma de suas ra´ızes ´e o n´umero imagin´ario i
Figura 1: Paiva, Manoel. Matem´atica. S˜ao Paulo, 2013
E, por fim, desenvolver a resoluc¸˜ao por meio do dispositivo pr´atico de Briot− Ruffini
(d) Conclus˜ao da aula
Por fim, esperamos que os estudantes tenham apreendido a parte teoria envolvendo as equac¸˜oes alg´ebricas (teoremas e definic¸˜oes), al´em disso, que saibam determinar o conjunto verdade das equac¸˜oes alg´ebricas. Almeja-se tamb´em que, por meio das atividades propostas (construc¸˜ao das caixas e o jogo “Rampa das Equac¸˜oes”) os estudantes possam assimilar os conceitos apreendidos. E, por fim, que utilizem os recursos digitais, como, o software GeoGebra para encontrar as ra´ızes de outras equac¸˜oes n˜ao estudadas nessa aula. dos estudantes.
8. AVALIAC¸ ˜AO
• Crit´erios: Compreens˜ao dos conte´udos abordados em sala de aula, interesse e participac¸˜ao nas atividades propostas, assiduidade, resoluc¸˜ao da problematizac¸˜ao.
• Instrumentos: Observac¸˜ao e registro do desempenho dos estudantes durante a realizac¸˜ao das ati-vidades no di´ario de classe e aplicac¸˜ao de uma prova envolvendo os conte´udos estudados at´e o presente momento.
9. REFER ˆENCIAS
BARRETO, Benigno Filho; SILVA, Claudio Xavier. Matem´atica aula por aula, segunda e terceira S´erie. S˜ao Paulo: FTD, 2005.
DANTE, Luiz Roberto. Matem´atica volume ´unico. 1.ed. S˜ao Paulo: ´Atica, 2014.
GIOVANNI, Jos´e Ruy; BONJORNO, Jos´e Roberto. Matem´atica completa. 2.ed. S˜ao Paulo: FTD, 2005.
PAIVA, Manoel. Matem´atica 2. S˜ao Paulo: Moderna, 2014.