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BACTÉRIAS
PATOGÊNICAS:
RICKETTSIA
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BACTÉRIAS
PATOGÊNICAS:
RICKETTSIA
CONTEÚDO: HANNA SALOMÃO SILVA
CURADORIA: FABRICIO MONTALVÃO
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ... 4 FISIOLOGIA E ESTRUTURA ... 5 RICKETTSIA AKARI ... 7 RICKETTSIA PROWAZEKII ... 7 RICKETTSIA TYPHI ... 8 REFERÊNCIAS ... 94
INTRODUÇÃO
Os membros da família Rickettsiaceae são patógenos intracelulares importantes, com espécies encontradas em todo o mundo. Tanto a Rickettsia, que ganhou esse nome em homenagem à Howard Ricketts - que associou o carrapato da floresta como o vetor da febre maculosa das Montanhas Rochosas -, quanto a Ehrlichia e a Coxiella foram historicamente classificadas em uma única família, a Rickettsiaceae, já que todas eram bacilos gram-negativos aeróbios e parasitos intracelulares obrigatórios - necessitam da célula viva do hospedeiro para se multiplicar. Contudo, após a verificação de sequências do ácido desoxirribonucleico (DNA), percebeu-se que a classificação não era válida, sendo então o gênero Rickettsia subdividido em dois gêneros (Rickettsia e Orientia) e Ehrlichia, dividido em dois gêneros (Ehrlichia e Anaplasma).
Os organismos que fazem parte da família Rickettsiaceae são cocobacilos ou bastonetes, não coram muito bem pelo gram e crescem somente no citoplasma de células eucariontes, além de apresentarem um tamanho bem pequeno, cerca de 0,3 µm × 1 a 2 µm. É importante ressaltar que as espécies de Riquétsias responsáveis por causar doenças têm como reservatório animais e artrópodes, e são transmitidas por vetores artrópodes, como carrapatos,
ácaros, piolhos e pulgas, sendo que os artrópodes servem tanto de vetores como de hospedeiros em razão da transmissão
transovariana. O homem é, portanto, um
hospedeiro acidental, com exceção da Rickettsia prowazekii em que o ser humano é o principal hospedeiro.
Dentro do grupo das Rickettsias, existe a subdivisão em grupo da febre maculosa, no qual sabe-se que pelo menos 12 espécies são capazes de provocar adoecimento nos seres humanos, e o grupo do tifo, que possui como principais representantes Rickettsia prowazekii e Rickettsia typhi. Em relação à distribuição geográfica, a Rickettsia rickettsii encontra-se mais concentrada no hemisfério ocidental (Estados unidos, Canadá, México, Panamá, Costa Rica, Brasil, Colômbia e Argentina) e é responsável por causar a Febre Maculosa das montanhas rochosas. Já a Rickettsia akari, causadora da Riquetsiose vesicular, está mais localizada nos Estados Unidos, Ucrânia, Croácia e Coreia. Quando falamos da Rickettsia prowazekii, é importante lembrar que ela é causadora de algumas formas de Tifo, como Tifo epidêmico, Tifo recorrente e Tifo esporádico, sendo distribuída pelo mundo todo, assim como a Rickettsia typhi, causadora do Tifo endêmico (murino).
5 A Febre maculosa das Montanhas
Rochosas tem como vetor o carrapato duro e como reservatórios os carrapatos e os roedores selvagens. Já a Riquetsiose vesicular, é transmitida pelo ácaro e possui como reservatórios os ácaros e os roedores selvagens, diferente do Tifo epidêmico, que possui o piolho como vetor e tem como reservatórios o homem, pulgas de esquilos e esquilos voadores. Já o Tifo murino endêmico, tem a pulga como transmissora e como reservatório os roedores selvagens.
FISIOLOGIA E ESTRUTURA
A estrutura da parede celular da Rickettsia possui uma camada com peptidoglicano e lipopolissacarídeos, comum nos bacilos gram-negativos. Contudo, a camada de peptidoglicano é muito pequena, pouco corada pelo gram e os lipopolissacarídeos têm apenas uma fraca atividade como endotoxina. É importante destacar que é mais bem visualizada com as colorações de Giemsa ou Gimenez. Não tem flagelos e é circundada por uma camada limosa frouxamente aderida, além de ser encontrada livremente no citoplasma de células infectadas, sendo um parasita estritamente intracelular.
A bactéria entra na célula eucariótica através da adesão aos receptores da célula hospedeira, estimulando a fagocitose.
Posteriormente, a membrana lisossomal é degradada pela produção de uma fosfolipase e a bactéria é liberada no citoplasma, importante para a sua sobrevivência. A multiplicação acontece de forma lenta, levando cerca de 9 a 12 horas, e ocorre por divisão binária. O grupo de Rickettsia responsável pela Febre maculosa cresce tanto no citoplasma quanto no núcleo das células infectadas e são liberadas de forma contínua através das projeções citoplasmáticas celulares. Em contrapartida, as bactérias responsáveis por causar o Tifo, se acumulam no citoplasma até que a membrana da célula se rompa e elas sejam liberadas, vivendo pouco tempo fora da célula hospedeira e morrendo logo em seguida. As bactérias dependem da célula viva para diversas funções como o metabolismo de carboidratos, biossíntese de lipídios, síntese de nucleotídeos e síntese de aminoácidos.
RICKETTSIA RICKETTSII
Responsável pela Febre maculosa das
Montanhas Rochosas e pela maioria das
doenças por rickettisae nos Estados Unidos. A patogênese dessa bactéria envolve a presença de uma proteína A em sua membrana externa (OmpA), capaz de permitir a aderência às células endoteliais. Após penetrar na célula, são liberadas do interior do fagossomo, multiplicando-se
6 tanto no citoplasma quanto no núcleo e
migram para as células próximas. A multiplicação bacteriana no interior das células endoteliais parece ser responsável pelo aparecimento das manifestações clínicas iniciais, com dano celular e extravasamento de conteúdo dos vasos sanguíneos. O extravasamento plasmático para os tecidos pode levar à hipovolemia e hipoproteinemia, reduzindo a perfusão de vários órgãos e levando, em alguns casos, à falência orgânica. A resposta imunológica do hospedeiro envolve tanto a morte intracelular através da liberação de citocinas e ação dos linfócitos TCD8, quanto uma resposta com a produção de anticorpos em reação às proteínas presentes da membrana externa da bactéria.
A Febre maculosa das Montanhas Rochosas é transmitida pelos carrapatos
duros da família Ixodidae. Para a pessoa
ser infectada, ela deve ser exposta ao carrapato por um período longo, cerca de 6 horas ou mais. As riquétsias não virulentas que estão dormentes são ativadas pela alimentação com sangue quente e, posteriormente, liberadas das glândulas salivares do carrapato para a corrente sanguínea do ser humano.
Os sintomas surgem em torno de 7 dias, tendo uma margem de 2 a 14 dias para aparecerem após a picada do carrapato,
sendo que a pessoa pode até não lembrar da picada, por ser indolor. Inicialmente tem-se um quadro de febre alta e cefaleia, associado ou não a mialgia, náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia. Após 3 dias da picada, a maioria das pessoas infectadas desenvolve erupção cutânea macular em regiões como pulsos, braços e tornozelos, que mais tarde migra para o tronco. As complicações dessa doença envolvem manifestações neurológicas, insuficiência pulmonar, alterações cardíacas e falência renal.
O diagnóstico laboratorial pode ser feito através da microscopia, preferencialmente através das colorações de Giemsa e Gimenez. Existem também os testes
baseados em detecção de ácidos nucleicos, como o PCR, no qual uma
variedade de genes alvos podem ser detctados, incluindo sequências gênicas para proteínas externas da membrana, lipoproteína e citrato sintetase. Além disso, pode ser feito cultura e a detecção de
anticorpos, sendo referência o teste de microimunofluorescência.
A Doxiciclina é o tratamento de escolha, sendo iniciada empiricamente logo que o diagnóstico for considerado. Não existe vacina que proteja contra a Febre maculosa das Montanhas Rochosas. As melhores formas de prevenção são evitando áreas infestadas com carrapatos,
7 uso de roupa que proteja, repelente contra
insetos e remover os carrapatos assim que eles estiverem aderidos.
RICKETTSIA AKARI
Bactéria responsável por causar a
Riquetsiose vesicular, com distribuição
cosmopolita e transmitida por ácaros – os seres humanos são hospedeiros acidentais quando picados por esses ácaros infectados, esses ectoparasitas geralmente possuem os roedores como os principais hospedeiros.
O quadro inicialmente se apresenta com o desenvolvimento de uma pápula no local da picada do ácaro, que aparece cerca de 1 semana e progride rapidamente para uma úlcera, e as riquétsias se espalham sistemicamente. Após o período de incubação, que é cerca de 7 a 24 dias, a segunda fase da doença se instala, sendo marcada por um quadro de febre alta, cefaleia, tremores, sudorese, mialgia e fotofobia. Em cerca de 3 dias, forma-se uma erupção cutânea papulovesicular que progride para a formação de vesículas com crostas e, até mesmo, ulceração. O tratamento de preferência também é feito com Doxiciclina, que acelera o processo de cura.
RICKETTSIA PROWAZEKII
Bactéria do grupo do tifo, relacionada com
o tifo epidêmico ou tifo transmitido por piolhos. O vetor da doença é o piolho do
corpo humano, o Pediculus humanus. Essa doença é mais comum em indivíduos que vivem em aglomerações e em condições sanitárias precárias, pois esse ambiente é favorável para a disseminação desse piolho. Cerca de 1 a 3 dias após a exposição, sintomas como febre alta, cefaleia e mialgia podem estar presente. Além disso, o indivíduo infectado pode desenvolver pneumonia, apresentar artralgia e ter acometimento neurológico, como estupor, confusão e coma.
É importante ressaltar que as riquétsias podem permanecer latentes por muito tempo e, então, reativarem, causando o
tifo epidêmico recrudescente ou doença de Brill-Zinsser. A bacteremia coincide
com o desenvolvimento dos sintomas e, nesse momento, o ser humano é infeccioso para os piolhos. O padrão-ouro de diagnóstico é através da
microimunofluorescência e o tratamento
deve ser feito com Tetraciclina, e combinado com medidas eficazes de controle dos piolhos. Existe uma vacina com organismos inativados disponível, mas que é feita somente em população de risco.
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RICKETTSIA TYPHI
Bactéria causadora do tifo endêmico, também chamado de tifo murino. Os roedores são os principais reservatórios e a pulga do rato (Xenopsylla cheopis) o principal vetor, sendo que em alguns lugares, a transmissão pode ocorrer através da pulga do gato (Ctenocephalides felis).
O período de incubação da doença é de 7 a 14 dias, os sintomas são súbitos e geralmente incluem febre, cefaleia, tremores, mialgia e náuseas. Alguns indivíduos podem desenvolver erupções cutâneas em tórax e abdome. O diagnóstico é feito preferencialmente através da microimunofluorescência e o tratamento deve ser feito com tetraciclina, associado ao controle dos roedores que servem como reservatórios. A vacina ainda não se encontra disponível
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REFERÊNCIAS
Microbiologia – Bactérias Patogênicas – Rickettsia, Ehrlichia e bactérias relacionadas (Professora Daniele Bravim Longo). Jaleko Acadêmicos. Disponível em:
http://www.Jaleko.com.br. Acesso em: 20 set.2020.
MURRAY, P; ROSENTHAL, K; PFALLER, M. Microbiologia Médica. 7.ed. Rio de
janeiro: Elsevier, 2014. 1808 p. .