• Nenhum resultado encontrado

A importância das escalas de análise no conceito de litoralização: o exemplo do litoral da Região Centro.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A importância das escalas de análise no conceito de litoralização: o exemplo do litoral da Região Centro."

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis,

UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e

Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos.

Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de

acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s)

documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença.

Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s)

título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do

respetivo autor ou editor da obra.

Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito

de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste

documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por

este aviso.

A importância das escalas de análise no conceito de litoralização: o exemplo do

litoral da Região Centro

Autor(es):

Umbelino, Jorge; Sousa, João Figueira de

Publicado por:

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

URL

persistente:

http://hdl.handle.net/10316.2/40502

DOI:

http://dx.doi.org/10.14195/0871-1623_17_48

Accessed :

16-Apr-2021 14:06:49

digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

(2)
(3)

Cadernos de Geografia, n. • 17, 1998 Coimbra, F.L.U.C., pp. 311-314

A

IMPORTANCIA

DAS

ESCALAS

DE ANALISE NO CONCEITO

DE

LITORALIZA~AO-

o exemplo do litoral da Regiao

Centro

Nero sempre os ge6grafos tratam bern os seus

concei-tos, mesmo aqueles que todos reconhecemos como

impor-tantes para a defini<;ao do nosso pr6prio objecto de traba

-lho. As mesmas palavras, ou ideias, surgem muitas vezes a representar coisas diferentes, sem que exista uma clara

preocupa<;ao de as esclarecer e justificar. 0 conceito de litoral e urn desses casos, como fica claro, por exemplo, em ALEGRIA, TEIXEiRA e UMBELINO (1990)_1

Nota-se, nesse trabalho, que o imaginario dos portu-gueses, revisto tanto na opiniao publica directamente in

-quirida, como na publicada na comunica<;ao social, como ainda no trabalho cientffico, associa prioritariamente o conceito do litoral portugues a desenvolvimento. Refer e--se, portanto, a uma escala de abrangencia do conjunto do territ6rio e agrega ao conceito de literal areas situadas a dezenas de quil6metros do mar, ao mesmo tempo que exclui, com naturalidade, tro<;os que confinam como

ocea-Jorge Umbelino Joao Figueira de Sousa·

no. Mas estas observa<;oes generalistas escondem muitos conceitos pr6prios de litoral, como atestam as figuras IA, I B e I C, extrafdas do trabalho que temos vindo a citar.

Segundo o apuramento deste inquerito, feito a licencia-dos e alunos finalistas de diversos cursos superiores,

al-guns (42%, Fig. IA) veem o «litoral» como uma se

quen-cia de bolsas territoriais, umas mais claramente identificadas com o conceito, outras nem tanto; por outro !ado, 48% dos

inquiridos (Fig. lB) associam o «litoral»

a

proximidade do oceano, de uma forma mais indiscriminada mas com criterios de extensao do conceito que apresentam diferen-<;as assinalaveis; por ultimo, 10% das respostas (Fig. I C)

fixaram-se em limites atipicos, mas nem por isso menos

relevantes.

Ao mesmo tempo que se aceita e pratica o conceito de

litoral (associado

a

ideia de maior desenvolvimento

eco-n6mico) desta forma tao aberta, e por isso ambfgua, volta-A - 0 litoral como um espa~o descontfnuo,

em bolsas-percentagens de integra~llo das respostas

B- 0 litoral como urn espa~o continuo, mais ou menos extenso- percentagens de

integra-~ao das respostas

C -Exemplos de respostas atfpicas

l

l

)

I

; J

{.r _____ , .

Fig. I - Delimita~toes do conceito de litoral. Resultados do apuramento de urn inquerito. 2

' Departamento de Geografia e Planeamento Regional, Facul-dade de Ciencias Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lis -boa.

1 ALEGRIA, Maria Fernanda; TEJXF.IRA, Jose Afonso; UMBELINo, Jorge

( 1990) - "Norte/Sui e Litoral/Interior: duas divisoes dicot6micas de Portugal Continental". Lisboa, Fi11isterra, Volume XXV, Numero 49,

pp. 5-56.

(4)

Cademos de Geografia, n. o 17

-se a invoca-lo com naturalidade quando se refere, por exemplo, o problema da «betonizayao do Jitoral», aqui

inequivocamente referido

a

estrita frente de mar, as

primeiras centenas de metros do territ6rio continental.

Nesta segunda perspectiva, ha uma tendencia de

gene-ralizayao do «problema» que e injustificada: por muito

Iegftimas que sejam as preocupa96es de preserva9ao

ambiental da frente costeira, a situa9ao actual ainda a

mostra, na sua maioria, como urn espa90 natural ainda

pouco ocupado (com excep9ao de algumas concentray6es,

por exemplo no Algarve ou em redor das Areas Metropo

-litanas).

Foi a percep9ao destas ambiguidades e imprecisoes que nos motivou a escrever este artigo, no qual tentaremos

mostrar, a partir de indicadores demognificos e de ocupa

-yao do solo referentes aos concelhos que formam a frente

litoral da Regiao Centro, como as ideias que se associam ao conceito de litoral podem ter validades diferentes con-forme as escalas a que se reportam.3

E

comum, em termos internacionais, utilizar-se nos estudos sobre o litoral uma faixa com uma Iargura varia-vel entre os 10 e os 30 kms. Contudo, de acordo com os objectives e a dimensao dos pafses, a Iargura da faixa

litoral em estudo pode abranger algumas centenas de metros

ou, ao contrario, varias dezenas ou mesmo centenas de

quil6metros. Em Portugal, por exemplo, o Institute Nacio-nal da Agua, entidade a quem esta atribufda a responsabi

-lidade do ordenamento e gestao do litoral, apenas tern jurisdiyao sobre uma faixa de 500 m a partir da linha de costa; no entanto, os Pianos de Ordenamento da Orla Costeira, instrumentos especfficos de ordenamento do li

-toral, muito embora possuam uma area de intervenyao li

-mitada aos ja referidos 500 m contemplam uma area e

n-voi vente de largura variavel ate aos 2 kms.

Conclui-se, assim, que nao ha nenhuma delimitayao precisa e universalmente aceite da extensao do conceito de Iitoral, nem mesmo para os tecnicos e muito menos para o cidadao comum.

Quando olhamos para urn mapa recente da densidade

populacional por concelhos, em Portugal Continental

(Fig. 2), deparam-se-nos as conhecidas leituras da concen

-trayao no Iitoral centro e norte, dos destaques das Areas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, da excep9ao da costa

J Este artigo surge, tambCm, na sequencia de urn outro que os autorcs

prepararam para os Ill Encontros Interdisciplinares da Faculdade de

Ciencias Sociais e Humanas, rcalizados em Dezembro de 1997, sob o titulo "Os portugueses e o mar: roteiro de imagcns c usos", o qual se

cncontra ainda a aguardar publica~ao. Por outro lado, os autores, so-bretudo Joao Figueira de Sousa, tern participa~ao tecnica no Plano de

Ordenamento da Orla Costeira Marinha Grande/Ovar, actualmente em

elabora~ao, na qualidade de colaboradores do Institute de Din§mica do Espayo (Unidade Organica de Investigayao da Faculdade de Ciencias

Sociais c Humanas, adstrita ao Departamento de Geografia e

Planeamen-to Regional), que se encontra associado

a

cmpresa a quem foi adjudicado

este trabalho - a HP/Hidrotecnica Portuguesa. 312 [ . habitantes/km' 0 Oa 50 0 50 a 200 • 200 a 500 • 500al000

L

+tooo

J

0 '15Km

Fig. 2 - Portugal: densidade populacional

por concelhos (I 991)

Fonte: INE

alentejana, do interior despovoado; a norte do rio Tejo e

mesmo verificavel uma area de transi9ao, que de alguma forma gradua, e por isso atesta, os extremos de povoa

-mento no litoral e despovoamento no interior.

Esta tranquila constata9ao esconde, contudo, realidades

bern distintas dentro das areas continentais assim defini-das. Se atentarmos num mapa da densidade populacional

dos concelhos litorais da Regiao Centro (Fig. 3), organizado agora em classes que servem

a

realidade desta s

ub-Re-giao, concluimos que este espa90, antes tido por coerente,

abarca situa96es tao diferentes quanto os 443 hab./km2 de

Ilhavo e os 82 hab.lkm2 de Pombal.

Se aprofundarmos a analise destes concelhos ate

a

es-cala das suas freguesias (Fig. 4), o resultado

e

ainda mais

surpreendente para quem repouse apenas na observayaO

a

escala nacional: a densidade populacional das freguesias pertencentes aos concelhos litorais da Regiao Centro e

nao s6 uma realidade muito diversificada (com limites nos

35 hab./km2 de Coimbrao, Leiria, e os 3521 hab.lkm2 de

S. J. da Figueira da Foz, Figueira da Foz) como ocorrem fen6menos de inversao, isto e, ha varias freguesias com frente de mar que sao bern menos povoadas do que as que !he sao contfguas no interior.

Sem termos a pretensao de reconhecer de forma

(5)

aparente-0 20Km

,... . . . ~;;;;!

Figura 3 - Densidade populacional dos concelhos litorais da Regilio Centro (1991)

Fonte: INE

mente inesperada, sempre avans:amos alguns aspectos da

ocupac;:ao deste espas:o que nos parecem relevantes. A

for-mas:ao recente desta faixa costeira, com materiais m6veis

de origem sedimentar, contribuiu para explicar a impor

-tancia das florestas na frente de mar (utilizadas para con

-solidar os terrenos e hoje vigorosamente protegidas pela

Direcc;:ao-Geral das Florestas) e a localizas:ao mais interior

das principais aglomeras:oes e vias de comunicas:ao. Os

actuais aglomerados costeiros tiveram, na sua maioria, ori

-gem em pequenos nucleos piscat6rios, mas desen

volvem--se agora com base em novas actividades, nomeadamente

atraves do turismo.

A imagem da cortina de betao ou, mais genericamente,

da excessiva densidade de ocupas:ao do litoral portugues

fica comprometida neste exemplo de analise demografica,

e mais fica ainda se a complementarmos com a do «Uso

e Ocupas:ao do Solo» deste espas:o (Fig. 5): o conjunto

dos espas:os urbanos e artificializados e quase irrelevante

A importancia das escolas de analise no conceito de litoraliza~iio

habitantes/Km2

0

30a 100

0

IOOa 300 200 a 500 • 500 a 2000 • 3521 0 20Km

c::=

Figura 4 - Densidade populacional das freguesias pertencentes

aos concelhos litorais da Regilio Centro (1991)

Fonte: INE

perante a clara afumas:ao de persistencia dos espas:os

na-turais.

A constatas:ao visual possibilitada pela observas:ao da

figura 5 pode ser consolidada atraves da quantificas:ao das

areas ocupadas pelas principais classes de uso e ocupas:ao

do solo. De acordo com os resultados de urn estudo mais

especffico, realizado para uma faixa de 1 km a partir da

Iinha de costa (Quadro I), pode ver-se que os espas:os construfdos ou artificializados correspondem a apenas 8,1% do territ6rio, enquanto as florestas e os meios semi-natu

-rais totalizam 78,2%.

E

tambem significativa a expressao

da area agrfcola (8,5%), a qual, aliada

a

fraca densidade

de ocupa<;:ao humana, traduz as caracterfsticas de ruralidade

associadas a este espa<;:o.

Nao se infira da conclusao acima uma ausencia de

conflitos ambientais e respectivas consequencias sociais e

econ6micas; apesar do escasso numero de aglomerados e

da sua relativa pequena dimensao, a sua Iocalizas:ao

(6)

Cademos de Geografia, n." 17 ,. , ~r •por"'••·"'· f'. •ll"""''• .or.N(I,,~ ~ -. ~>•~·· .. , '.:lc•~'' ""'*'-'... ~ ····~·-...... ~ "'~· ,..'"~dof ~( . '"'.tfl""~~-~ ... ~."\~t..e • •

/

'

''

~

.

1

.

2. . "' ~~

.

'

.

~· \ ~; \ 1' . '. ; ' " \. . I "'::_ ~' .... ('

..

,~-~ ..

.

1

'tm· ._,. .r.~ ... u..J.• _ .ut·rn .. o, ... , d u. "t~ :'CIIU..eMJ :·~,..,_tow.._, <4·P .,.~--~ ... ~·

Fig. 5 - Uso e ocupa~ao do solo no litoral

da Regiao Centro (faixa de !0 kms, 1994)

Fonte: CNIG, CORINE Land Cover, 1994

Quadro I - Uso e ocupa~ao do solo no Iitoral

da Regiao Centro (faixa de I km, 1996)

Classes de usos e ocupa~ao do solo Area ocupada (<;0) Espayos construfdos ou artificializados 8,1 Area com ocupa~ao agricola 8,5 Florestas e meios semi-naturais 78,2

Meios aqwiticos 1,6

Superficies com agua 3,7

Total !00

cessivamente proxima do mar coloca-lhes, em muitos

casas, serios problemas de sobrevivencia. A grande

314

atractividade actual destes espa9os, muito procm·ados para fins de recreio e lazer, contribui para agravar estes proble-mas.

Fechamos este breve artigo com a mesma reflexao com

que o iniciamos.

E

facil provar como urn conceito geogra-fico (litoral) aparentemente clara pode ter, afinal, tantas

sensibilidades diferentes.

E

facil mostrar, tambem, como o empolamento e mediatiza9ao de urn problema ( «beto -niza9ao do litoral») !he pode retirar clareza e a justa me

-dicta da sua real dimensao.

E

tempo, portanto, de os ge6grafos fazerem crescer a sua aten9ao, e a da opiniao publica, para a importiincia do esclarecimento dos concei-tos geograficos fundamentais.

Referências

Documentos relacionados

A técnica de inseminação artificial transcervical mostrou- se viável em ovinos Santa Inês e seu desempenho pode ser melhorado, desde que se diminua a dificuldade na

a2) A pontuação distribuída para cada chave será diferenciada, respeitando-se a nova tabela de pontuação do item 18 deste regulamento.. B) Chaves com 4 ou mais

Balanço e perspetiva Código da Contratação Púbica entrou em vigor ARAP tem Novos Estatutos Capacitação de técnicos da Administração Pública Apresentação do novo site da

Seu médico pode considerar um ajuste da dose de rosuvastatina cálcica quando utilizado com outros medicamentos, vide item O QUE DEVO SABER ANTES DE USAR ESTE

Na imagem da tarefa há um alfabeto, então conta-se o número na letra correspondente?. Utilizam-se os celulares de cima

Na área dos recursos humanos, a empresa aumentou 53% que corresponde a um valor total de € 212.031,43, justificando-se pelo facto de que a empresa está temporariamente a auxiliar

OCORRÊNCIAS: Cara Gemma, secrecão muco purulenta grau I; Mutlu San, S.P.Santos: declarou que na entrada da reta, foi prejudicado por Curitibana, que correu de golpe para fora;

No fim da década de 1950, oficializou-se internacionalmente o Pinyin, um alfabeto de caracteres romanos, desenvolvido pelos próprios chineses, para facilitar o aprendizado do