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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 34.642 - MG (2012/0258570-0)

RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE

RECORRENTE : LUIZ FERNANDO DE SOUZA MARIANO (PRESO) ADVOGADO : NÁDIA DE SOUZA CAMPOS - DEFENSORA PÚBLICA RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

EMENTA

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. 1. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER. AMEAÇA. PRISÃO PREVENTIVA. MANUTENÇÃO. 2. LIBERDADE PROVISÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO FUNDAMENTADA EM FATOS CONCRETOS. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE FÍSICA E

MORAL DA VÍTIMA. ACENTUADA PERICULOSIDADE SOCIAL DO AGENTE.

REINCIDÊNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CONFIGURADO. 3. RECURSO IMPROVIDO.

1. A prisão preventiva não é incompatível com o princípio fundamental da presunção de inocência, mormente quando a aplicação da medida está alicerçada em elementos concretos, conforme demonstrado no quadro fático delineado nestes autos. A análise dos fundamentos indicados pelas instâncias ordinárias, a fim de justificar a segregação preventiva, deve ser feita com abstração das possibilidades, à luz dos elementos de convicção contidos no decreto de prisão. Em outras palavras, na via estreita deste recurso, a abordagem do julgador deve ser direcionada à verificação da compatibilidade entre a situação fática retratada na decisão e a providência jurídica adotada. Dessa forma, se os fatos mencionados na origem são compatíveis e legitimam a prisão preventiva, nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal, não há ilegalidade a ser sanada nesta via excepcional.

2. No caso, sendo verdadeiro o que se afirma no decreto constritivo, a consequência não pode ser outra que não o reconhecimento da legalidade da prisão preventiva. Deveras, as recomendações são no sentido de que se proceda à verificação da idoneidade dessas afirmações no juízo de maior alcance - Juízo de primeiro grau.

3. Nos termos do inciso IV do art. 313 do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei nº 11.340/2006, a prisão preventiva do acusado poderá ser decretada "se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, [nos termos da lei específica], para garantir a execução das medidas protetivas de urgência". O Recorrente, descontente com o rompimento do relacionamento afetivo com a vítima, arrombou o portão da sua casa, danificou diversos bens que a guarneciam, e ameaçou de morte sua ex-companheira e filha inclusive na presença dos policiais. Também afirmou que assim que sua liberdade fosse restituída iria cumprir com seu desiderato de ceifar a vida da vítima. Outrossim, o recorrente ostenta duas condenações anteriores, o que evidencia sua maior periculosidade social.

4.Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega provimento.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso.

Os Srs. Ministros Campos Marques (Desembargador convocado do TJ/PR), Marilza Maynard (Desembargadora convocada do TJ/SE), Laurita Vaz e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 23 de abril de 2013 (data do julgamento).

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RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 34.642 - MG (2012/0258570-0)

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE:

Trata-se de recurso ordinário em habeas corpus interposto por Luiz Fernando de Souza Mariano, apontando-se como autoridade coatora o Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Consta dos autos que o recorrente foi preso em flagrante, no dia 24/8/2012, e indiciado pela suposta prática das condutas descritas nos arts. 147 e 163, parágrafo único, I, ambos do Código Penal.

Comunicada pela autoridade policial, o flagrante foi convolado em prisão preventiva pelo Juízo singular, sob o fundamento de que estariam presentes os seus requisitos, consistentes na necessidade de se resguardar a ordem pública, e posteriormente mantida, por persistirem seus motivos.

Irresignada com o cárcere, a defesa impetrou writ originário no Tribunal a quo, e a Sétima Câmara Criminal, em julgamento unânime, denegou-lhe a ordem, preservando a custódia cautelar do ora recorrente, em acórdão assim ementado (fl. 81):

“HABEAS CORPUS”. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. AMEAÇA E

DANO. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.

IMPOSSIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO

EVIDENCIADO. PRESENTES OS REQUISITOS FÁTICOS (ART. 312 DO CPP) E INSTRUMENTAIS (ART. 313, II, DO CPP) PARA A MANUTENÇÃO DA PRISÃO. REDAÇÃO DADA PELA LEI 12.403/11. APLICAÇÃO DE OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES.

INVIABILIDADE. CONDIÇÕES PESSOAIS. IRRELEVÂNCIA.

ORDEM DENEGADA. 1. A gravidade concreta dos fatos em análise, em que se apura a suposta prática de crimes cometidos em âmbito doméstico, recomenda a decretação da medida cautelar extrema. 2. Além dos requisitos constantes no artigo 312 do CPP, para a decretação da prisão preventiva, faz-se necessária a presença de pelo menos um dos requisitos instrumentais do art. 313 do CPP. 3. Sendo o paciente reincidente na prática de crimes dolosos e, ainda, se tratando a

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hipótese de crime doméstico, a prisão preventiva é medida que se impõe, estando presentes o requisito do artigo 313, inciso II, do CPP. 4. Não se mostrando adequadas para a garantia da ordem pública, as medidas cautelares previstas no artigo 319 do CPP não devem ser aplicadas. 5. As condições pessoais favoráveis do paciente, mesmo quando comprovadas nos autos, por si mesmas, não garantem eventual direito de responder o processo em liberdade, quando a segregação cautelar se mostra necessária como garantia da ordem pública. 6. Ordem denegada.

No Superior Tribunal de Justiça, o recorrente sustenta a ilegalidade da decisão que decretou a segregação cautelar, ante a falta de fundamentação concreta e ausência dos pressupostos autorizadores da prisão insertos no art. 312 do Código de Processo Penal.

Aduz, ainda, que, "mesmo havendo a possibilidade de prisão preventiva do agente para casos envolvendo violência doméstica contra a mulher, conforme estabelece o art. 313, II, do CPP, deve prevalecer sempre a aplicação teleológica da Lei 12.403/11, que só admite a prisão cautelar como última alternativa" (fl. 102).

Diante disso, pleiteia a revogação da custódia cautelar.

Instado a se manifestar, o Ministério Público Federal, em parecer da lavra do Subprocurador-Geral da República Maurício Vieira Bracks, opinou pelo desprovimento do recurso (fls. 116/119).

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RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 34.642 - MG (2012/0258570-0)

VOTO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE (RELATOR):

O presente recurso busca a revogação da prisão preventiva do recorrente, indiciado pela suposta prática das condutas descritas nos arts. 147 e 163, parágrafo único, I, ambos do Código Penal.

Ressalte-se, inicialmente, que a liberdade, não se pode olvidar, é a regra em nosso ordenamento constitucional, somente sendo possível sua mitigação em hipóteses estritamente necessárias. Contudo, a prisão de natureza cautelar não conflita com a presunção de inocência, quando devidamente fundamentada pelo juiz a sua necessidade, como entendo ser o caso dos autos.

A propósito, essa a fundamentação do acórdão impugnado para preservar a prisão preventiva do paciente (fls. 83/91):

Conforme se depreende do Auto de Prisão em Flagrante Delito acostado às f. 06/08, no dia 24.08.2012, no período noturno, policiais militares foram acionados pela vítima Sheila Alves Izaías,

para compareceram à sua residência para registrarem a

ocorrência dos crimes de dano e ameaça cometidos, em tese, pelo paciente sob o âmbito da Lei 11.343/06.

De acordo com as palavras do condutor, ao chegarem ao local, os policiais se depararam com o portão da casa da vítima arrombado e com o paciente proferindo ameaças de morte contra ela e sua filha, razão pela qual fora realizada a prisão em flagrante delito de Luiz Fernando de Souza Mariano .

A prisão foi comunicada à douta autoridade apontada como coatora, que a converteu em preventiva através da decisão de f. 16,v./17, razão pela qual o impetrante manejou a presente ação constitucional buscando a restituição da liberdade do agente. De início, impende registrar que tenho a convicção de que a liberdade no Estado Democrático de Direito é a regra e que o indivíduo não pode dela ser afastado sem uma justificativa plausível, mas não me descuido de que a sociedade também reclama para si atenção, competindo ao julgador estabelecer um espaço em que seja possível coexistirem as garantias dos direitos

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individuais do cidadão, sem afrontar a garantia da ordem pública. Norteando-me pela certeza de que não existem direitos absolutos e que é preciso que todos eles convivam harmonicamente na ordem jurídica, vejo que, no presente caso, há motivação idônea amparando a constrição cautelar.

Luiz Fernando foi preso após ter sido flagrado ameaçando de morte a sua ex-companheira Sheila Alves Izaías, além de ter, em tese, danificado o portão da casa da ofendida, bem como outros objetos que guarneciam o imóvel .

Conforme se depreende das declarações contidas no Auto de Prisão em Flagrante (f. 07/10), o paciente por não aceitar o término de seu relacionamento com a ofendida, arrombou o portão da casa da mesma e, após invadir o imóvel, proferiu contra ela e sua filha graves ameaças, prometendo matá-las.

Vale dizer que o próprio paciente, ao ser ouvido perante a autoridade policial (f. 08), afirmou que assim que tiver a sua liberdade restituída ceifará a vida da vítima .

A vítima (f. 07,v) confirmou a versão narrada pelos policiais e declarou que quando chegou em casa no dia dos fatos se deparou com o portão arrombado, sendo que o réu estava adentrando em sua residência e, ao ser impedido por ela, começou a ameaçá-la de morte.

Nesse contexto, é forçoso lembrar que os delitos praticados no seio doméstico são cometidos, em sua grande maioria, de forma passional, onde os autores, tomado pela emoção, acabam levando a cabo os crimes previamente noticiados, o que reclama do Estado uma ação repressiva a contento evitando que danos ainda maiores sejam ocasionados.

(...)

Assim, em face da gravidade concreta dos fatos em análise, em que o paciente foi incisivo em afirmar que assim que tiver a liberdade restituída matará a vítima, a prisão preventiva torna-se medida adequada e necessária, como meio de fazer cessar as ameaças perpetradas pelo paciente, bem como evitar que ele cause algum mal à ofendida .

Portanto, até o momento, verifico que não restou demonstrado o alegado constrangimento ilegal praticado contra a sua liberdade de locomoção do paciente, vez que presentes os requisitos ensejadores da custódia cautelar.

Impende registrar, também, que a Lei 12.403/2011 que entrou em vigor no dia 04 de julho de 2011, modificou o artigo 313 do Código de Processo Penal, passando a dispor que somente se admitirá prisão preventiva, dentre outras hipóteses ali elencadas, se o agente já tiver sido condenado por outro crime doloso, com sentença transitada em julgado.

No presente caso, o paciente ostenta duas condenações anteriores (CAC – f. 10/11), o que evidencia o seu descaso com a Justiça, insistindo em infringir a ordem jurídica e social .

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e requisitos fáticos (artigo 312 do CPP), a saber, a garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal, mas também um dos requisitos instrumentais (artigo 313, inciso II, CPP), mostrando-se necessária a manutenção da constrição cautelar. Destarte, orientando-me pelos critérios da necessidade e da adequação e atentando para as circunstâncias fáticas do caso, em que o há indícios suficientes de que o paciente tenha ameaçado a vítima de morte, colocando em risco não apenas a ordem pública, mas também, a conveniência da instrução criminal, a manutenção da prisão preventiva é medida que se impõe.

Por último, registra-se que a restrição da liberdade constitui sacrifício individual em prol da coletividade e, ainda, que a prisão cautelar seja uma medida extrema, certo é que em casos excepcionais como o dos autos, a garantia da ordem pública prevalece sobre a liberdade individual, o que por si só descaracteriza o alegado constrangimento ilegal do paciente. Quanto à decisão da douta autoridade apontada como coatora, que decretou a prisão preventiva (f. 16,v/17), não vislumbro qualquer irregularidade ou falta de fundamentação, estando a mesma lastreada nos elementos do fato concreto e baseada nos requisitos do Código de Processo Penal, não havendo que se falar em revogação da custódia cautelar por esse motivo.

Diga-se, também, ser inviável a aplicação de outras medidas cautelares diversas da prisão, eis que tal aplicação não se mostra adequada.

Com a publicação da mencionada Lei 12.403/2011 o festejado princípio da proporcionalidade foi incluído de forma expressa no artigo 282 do Código de Processo Penal, preconizando que as medidas cautelares, deverão orientar-se pelos critérios da necessidade e da adequação.

Necessidade entendida, segundo o ilustre doutrinador Eugênio Pacelli de Oliveira, como garantia da aplicação da lei penal e eficácia da investigação e da instrução criminal. E adequação da medida cautelar tendo em vista a gravidade e demais circunstâncias do fato, bem como as condições pessoais do acusado. (Cf. “Atualização do Processo Penal – Lei 12.403 de 05 de maio de 2011”, p. 13).

É de se dizer que as medidas cautelares diversas da prisão, servem para proporcionar ao juiz a escolha da providência mais ajustada ao caso concreto, dentro de critérios de legalidade e de proporcionalidade, substituindo a prisão por outras medidas cautelares com menor dano para a pessoa humana, garantindo ao mesmo tempo a eficácia do processo.

Nesse contexto, conforme dito alhures, a gravidade concreta dos fatos em análise, revela a necessidade de se manter a prisão preventiva, pelo que a aplicação de outras medidas cautelares diversas do acautelamento não seria suficiente para se garantir a ordem pública.

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Por fim, registre-se que o fato do paciente possuir residência no distrito da culpa, não garante eventual direito em responder ao processo em liberdade, sobretudo se a prisão se faz necessária para garantia da ordem pública, como no caso em comento.

Consoante se depreende do excerto acima transcrito, uma vez verificados os indícios de autoria e de materialidade do delito, julgou-se indispensável a medida excepcional para a garantia da ordem pública, tendo em vista a gravidade do crime e a acentuada periculosidade do agente.

Cabe ressaltar que, quando da maneira de execução do delito sobressair a extrema periculosidade do acusado, abre-se ao decreto de prisão a possibilidade de estabelecer um vínculo funcional entre a mecânica delitiva do suposto crime e a garantia da ordem pública, mormente porque o recorrente, descontente com o rompimento do relacionamento afetivo com a vítima, arrombou o portão da sua casa, danificou diversos bens que a guarneciam, e ameaçou de morte sua ex-companheira e filha inclusive na presença dos policiais, tendo afirmado que assim que sua liberdade fosse restituída, iria cumprir com seu desiderato de ceifar a vida da vítima.

Cumpre enfatizar, ainda, que o recorrente ostenta duas condenações anteriores, o que evidencia sua maior periculosidade social.

Ante a narrativa dos fatos, impõe-se, pois, um maior acautelamento e resguardo em relação à integridade física e moral da vítima.

Dessa forma, não há que se falar em inidoneidade do decreto de prisão, pois este embasa a custódia cautelar a partir do contexto empírico da causa. Contexto, esse, revelador da gravidade concreta da conduta e da periculosidade do recorrente.

Ademais, vale destacar que, nos termos do inciso IV do art. 313 do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei nº 11.340/2006, a prisão preventiva do acusado poderá ser decretada "se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência". Essa é exatamente a hipótese dos autos.

O que sempre sustentei e sustento é que o recurso ordinário em habeas corpus é antídoto de prescrição restrita, que se presta a reparar constrangimento ilegal, evidente, incontroverso, indisfarçável, que se mostra de plano ao julgador. Não se destina à correção de controvérsias ou de situações que, embora existentes,

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demandam para sua identificação, aprofundado exame de fatos e provas.

Nesse contexto, a análise dos fundamentos indicados pelas instâncias ordinárias, a fim de justificar a segregação preventiva, deve ser feita com abstração das possibilidades, à luz dos elementos de convicção contidos no decreto de prisão. Em outras palavras, nessa via estreita, a abordagem do julgador deve ser direcionada à verificação da compatibilidade entre a situação fática retratada na decisão e a providência jurídica adotada. Dessa forma, se os fatos mencionados na origem são compatíveis e legitimam a prisão preventiva, nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal, não há ilegalidade a ser sanada nesta via excepcional.

O que importa neste momento são as afirmações do Juiz e do Tribunal, vedado, por via transversa, debater em tema deste recurso, matéria de fato discutida na causa e decidida com base na prova dos autos.

Assim, sendo verdadeiro o que se afirma no decreto constritivo, a consequência não pode ser outra que não o reconhecimento da legalidade da prisão preventiva. Deveras, a meu ver, todas as recomendações são no sentido de que se proceda à verificação da idoneidade dessas afirmações no juízo de maior alcance - juízo de primeiro grau.

Nesse sentido, trago à colação os seguintes precedentes:

A - HABEAS CORPUS . PROCESSUAL PENAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER. LIBERDADE PROVISÓRIA.

INDEFERIMENTO. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.

ACAUTELAMENTO DA INTEGRIDADE FÍSICA DAS VÍTIMAS.

CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. CRIME

APENADO COM DETENÇÃO. POSSIBILIDADE DE

DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA. INTELIGÊNCIA DO ART. 313, INCISO IV, DO CPP.

1. É legal a decisão que indeferiu o pedido de liberdade provisória que, partindo da singularidade do caso concreto, assevera a necessidade de acautelamento da integridade, sobretudo física, das vítimas, as quais, ao que consta dos autos, correm risco de sofrerem novas agressões, em se considerando o histórico do Paciente.

2. A despeito de os crimes pelos quais responde o Paciente serem punidos com detenção, o próprio ordenamento jurídico - art. 313, inciso IV, do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei n.º 11.340/2006 - prevê a possibilidade de

decretação de prisão preventiva nessas hipóteses, em

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medidas protetivas de urgência.

3. Ordem denegada. (HC 170.962/DF, Relatora Ministra

LAURITA VAZ , DJe 17/05/2011)

B - RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS . VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER (LEI MARIA DA PENHA).

PRISÃO PREVENTIVA. CONSTANTES AMEAÇAS

DIRECIONADAS A VÍTIMA. PERICULOSIDADE DO PACIENTE. REITERAÇÃO DELITIVA. RISCO CONCRETO. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. NECESSIDADE. DESCUMPRIMENTO DAS

MEDIDAS PROTETIVAS IMPOSTAS. HIPÓTESES

AUTORIZADORAS DA SEGREGAÇÃO ANTECIPADA.

PRESENÇA. CUSTÓDIA JUSTIFICADA E NECESSÁRIA.

CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO DEMONSTRADO. RECLAMO IMPROVIDO.

1. Nos termos do inciso IV do art. 313 do CPP, com a redação dada pela Lei n.º 11.340/06, a prisão preventiva do acusado poderá ser decretada "se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência".

2. Evidenciado que o recorrente, mesmo após cientificado das medidas protetivas de urgência impostas, ainda assim voltou a ameaçar a vítima, demonstrada está a imprescindibilidade da sua custódia cautelar, especialmente a bem da garantia da ordem pública, dada a necessidade de resguardar-se a integridade física e psíquica da ofendida e dos seus dois filhos, fazendo cessar a reiteração delitiva, que no caso não é mera presunção, mas risco concreto, e também para assegurar o cumprimento das medidas protetivas de urgência deferidas.

3. Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega provimento. (RHC 27.518/DF, Relator Ministro JORGE MUSSI , DJe 28/06/2010)

Por fim, estando presente a necessidade concreta da manutenção da custódia cautelar, a bem do resguardo da ordem pública, conforme visto acima, e ante a gravidade dos fatos, as medidas cautelares alternativas à prisão, introduzidas com a Lei n.º 12.403/2011, não se mostram suficientes e adequadas à prevenção e repressão do crime, razão pela qual é inaplicável ao caso em análise.

Assim, não se mostrou irregular a atuação do Poder Judiciário, motivo pelo qual não diviso o alegado constrangimento ilegal.

Diante do exposto, nego provimento ao presente recurso. É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA Número Registro: 2012/0258570-0 RHC 34.642 / MG MATÉRIA CRIMINAL Números Origem: 10000121117972001 11179722020128130000 EM MESA JULGADO: 23/04/2013 Relator

Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO XAVIER PINHEIRO FILHO Secretário

Bel. LAURO ROCHA REIS

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : LUIZ FERNANDO DE SOUZA MARIANO (PRESO)

ADVOGADO : NÁDIA DE SOUZA CAMPOS - DEFENSORA PÚBLICA

RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra a liberdade pessoal - Ameaça CERTIDÃO

Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso."

Os Srs. Ministros Campos Marques (Desembargador convocado do TJ/PR), Marilza Maynard (Desembargadora convocada do TJ/SE), Laurita Vaz e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.

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