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VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE O HOMEM DO CAMPO DO OESTE DO PARANÁ

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM

HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA

GIOVANNI LUIGI PAULETI

VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE O HOMEM DO CAMPO DO OESTE

DO PARANÁ

FOZ DO IGUAÇU 2017

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM

HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA

VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE O HOMEM DO CAMPO DO

OESTE DO PARANÁ

Projeto apresentado à UDC – União Dinâmica de Faculdades Cataratas, na disciplina Pesquisa em Comunicação, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda. Orientador: Professora Mestre Cleuza Kuhn

FOZ DO IGUAÇU 2017

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TERMO DE APROVAÇÃO

GIOVANNI LUIGI PAULETI

VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE O HOMEM DO CAMPO DO OESTE DO PARANÁ

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado às 19 horas do dia 06 de dezembro de 2017 como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, Publicidade e Propaganda, do Centro Universitário União Dinâmica das Cataratas (UDC). O candidato foi arguido pela Banca Examinadora

composta pelos professores abaixo assinados. Após a deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho:_______________________________________

________________________________________ Acadêmico: Giovanni Luigi Pauleti

________________________________________ Orientadora: Prof.ª Mestre Cleuza Kuhn

Banca Examinadora:

________________________________________ Prof. Mestre Mac Fernandes

________________________________________ Prof. Prof. Especialista Luiz Sérgio Cardona Néry

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Agradeço primeiramente a Deus, a meus pais Vlademir Pauleti e Vadeleni Rolim Pauleti, pois sem eles não seria nada e à eles devo tudo, a minha irmã Daisy Mayara Pauleti, que me ajudou sempre que precisei a toda a minha família, amigos e a professora Cleuza Kuhn, pois sem ela este projeto seria impossível.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e minha família, a quem devo tudo que tenho na vida. Agradeço aos meus amigos e colegas de sala por esses anos de curso e também aos professores, principalmente a minha orientadora, Cleuza Kuhn, que me ajudou desde o início deste projeto. E também agradeço à toda a minha amada Iguiporã, lugar que fez, e faz, minha família tão felíz.

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“Não sou o dono do mundo, mas sou um filho do dono. Do verdadeiro patrão, do verdadeiro patrono.”

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RESUMO

A relação entre o meio rural e o urbano é constantemente discutida, contudo, ressalta-se que a compreensão sobre um não é possível sem o estudo sobre o outro. Alguns entendem que o meio urbano sempre foi, desde seu surgimento, uma espécie de parasita do meio rural, pois sua existência era possível apenas pela existência do fornecimento de alimentos vindos do campo. Porém, após a Revolução Industrial, no século XVIII, iniciou-se uma fase de maior ênfase dada à indústria que à agricultura, uma vez que a primeira passou a ter um papel mais importante para a economia brasileira. Consequentemente, o meio rural foi sendo considerado o oposto do meio urbano, que era então relacionado ao avanço, e, portanto, o rural era relacionado ao atraso e ao isolamento social. Com o passar do tempo, o homem rural foi sendo caracterizado negativamente e representações como o personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, que era muito preguiçoso, ajudaram o caipira brasileiro a ter sua imagem altamente estereotipada. Diante dessas observações, definiu-se como problema de pesquisa a seguinte pergunta: Como é a vida do pequeno homem rural do oeste do Paraná? Para isso, o objetivo geral deste estudo está centrado em demonstrar a vida do homem do campo por meio de um vídeo documentário. Os encaminhamentos metodológicos foram pautados nas pesquisas bibliográfica, quantitativa e qualitativa. A pesquisa quantitativa teve o objetivo de observar como o homem do campo é visto atualmente pelo homem urbano. As pesquisas qualitativas foram feitas com residentes de áreas rurais do oeste do estado do Paraná praticantes da agricultura familiar. Com os resultados das pesquisas, foi produzido um vídeo documentário, visando divulgar quem é o pequeno homem rural do oeste do Paraná hoje em dia.

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The relation between the rural and urban areas is constantly discussed, however, its important to emphasize that the comprehension about one is not possible without the study about the other. Some understand that the urban areas have always been, since the beginning, some kind of parasite of the rural areas, because its existence was possible only because of the existence of the food provided by the rural areas. However, after the industrial revolution, in the 18th century, a new phase begun, giving a greater emphasis to the industry instead of the agriculture, because the industry started to have a bigger role to the Brazilian economy. Consequently, the rural area started to be considered as the opposite of the urban area, which was now related to the advances, and, so, the rural area was related to the lateness and to the social isolation. With the passage of time, the rural men started being negatively characterized and representations like the Monteiro Lobato’s character, Jeca Tatu, that was very lazy, helped the Brazilian countrified men to have his image highly stereotyped. With these observations, the research problem has been defined as: How is the life of the rural men from the west of Paraná? For that, this study’s general objective is to show the life of the countrified men through a video documentary. The methodology has been based on the use of bibliographic, quantitative and qualitative researches. The quantitative research had the objective of observing how the rural men is seen by the urban men nowadays. The qualitative researches were applied to residents of rural areas from the west of Paraná, practitioners of family farming. With the results from the researches, a video documentary has been made, which aims to spread the idea of who the countrified men from the west of Paraná really is nowadays.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Obra de Monteiro Lobato, Jeca Tatuzinho. ... 12

Figura 2 - Jeca Tatu e o Biotônico Fontoura... 13

Figura 3 - Jeca, personagem interpretado por Mazzaropi ... 14

Figura 4 - Personagem Julião Petrúchio de "O cravo e a Rosa" ... 15

Figura 5 - Chico Bento de Mauricio de Souza ... 16

Figura 6 – Entrevistados: Humberto Conrat, Narivone Richart Conrat, Marilize T. W. Lizzoni, Amelio Bianchessi, Odolir Bianchessi e Valdir Ferdinando Lizzoni ... 55

Figura 7 – Personagem: Danilo Pauleti ... 55

Figura 8 – Locais: Agropecuária Conrat e colônia de Odolir Bianchessi ... 56

Figura 9 – Imagens: Câmera com lente de abertura menor (à esquerda) e câmera com lente de abertura maior (à direita) ... 57

Figura 10 – Imagens: Inicio e fim do vídeo documentário ... 59

Figura 11 – Imagens: O trabalho e a natureza ... 60

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Gráfico 1 – Idade ... 34

Gráfico 2 – Escolaridade ... 35

Gráfico 3 – Numa escala de 0 a 10, dê um valor equivalente à importância, ao seu ver, do meio rural para o meio urbano hoje em dia. ... 35

Gráfico 4 – Numa escala de 0 a 10, dê um valor equivalente à importância, ao seu ver, do meio urbano para o meio rural hoje em dia. ... 36

Gráfico 5 – Você possui parentes que vivem no campo? ... 37

Gráfico 6 – Qual seu nível de afinidade com o campo? ... 37

Gráfico 7 – Já pensou em se mudar para o campo? ... 38

Gráfico 8 – Em qual meio você acha que a vida é mais difícil?... 39

Gráfico 9 – Você sabe o que é agricultura familiar? ... 39

Gráfico 10 – Quem você acha que teria mais dificuldade em se adaptar? ... 40

Gráfico 11 – O quanto você acha importante para a humanidade atual o conhecimento que o homem do campo possui? ... 41

Gráfico 12 – Ao seu ver, quais são os principais pontos positivos de se viver no meio rural? ... 41

Gráfico 13 – Ao seu ver, quais são os principais pontos negativos de se viver no meio rural? ... 42

Gráfico 14 – Qual meio de comunicação você mais consome? ... 43

Gráfico 15 – Em uma escala de 0 a 5, o quanto você presta atenção na publicidade? ... 43

Gráfico 16 – Qual destas mídias sociais você mais utiliza? ... 44

Gráfico 17 – Selecione aquelas opções que, ao seu ver, mais condizem com como o homem do campo é representado na publicidade ... 44

Gráfico 18 – Com base nas suas respostas da pargunta anterior, em uma escala de 0 a 5, o quanto você acha que a representação do homem do campo na publicidade é correta? ... 45

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 6

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 9

2.1 O HOMEM DO CAMPO E A AGRICULTURA FAMILIAR ... 9

2.1.1 Rural e urbano ... 10

2.1.2 Etereótipo do homem do campo ... 11

2.1.3 Programas De Auxílio Ao Agricultor Familiar ... 16

2.1.4 Cooperativismo agropecuário ... 18

2.1.5 Êxodo rural no Paraná... 20

2.2 VÍDEO DOCUMENTÁRIO ... 21

2.2.1 Conceito ... 21

2.2.2 O documentário como obra audiovisual ... 22

2.2.3 Audiovisual na Internet ... 23 2.2.4 Tipos de documentário ... 24 2.2.5 O documentário e o jornalismo ... 26 2.2.6 Quem produz ... 27 2.2.7 Entrevistas ... 28 2.2.8 Edição ... 29 2.2.9 Trilha sonora ... 29 3 METODOLOGIA ... 31 3.1 MÉTODO DE PESQUISA ... 31

3.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ... 32

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM ... 33

3.4 ANÁLISE DE DADOS... 33

3.4.1 Discussão de Dados: Pesquisa quantitativa ... 34

3.4.2 Discussão de dados: pesquisa qualitativa ... 45

4 O PRODUTO: VÍDEO DOCUMENTÁRIO “O HOMEM DO CAMPO” ... 54

4.1 DEFESA DO PRODUTO ... 54

4.1.1 Personagens ... 54

4.1.2 Cenário ... 55

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4.1.4 Direção de arte ... 57 4.1.5 Locução e letterings ... 61 4.1.5.1 Roteiro Simples ... 61 4.1.6 Edição ... 62 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 64 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 66 APÊNDICE ... 70

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1 INTRODUÇÃO

Segundo Ponte (2004), após a Revolução Industrial no século XVIII, fenômeno que resultou num maior ênfase dado à indústria que à agricultura, já que o primeiro passou a garantir maior contribuição econômica ao país, o rural acabou sendo considerado o oposto do urbano, onde o urbano estava ligado ao avanço e o rural ao atraso e ao isolamento social.

Com isso, o urbano sempre teve, e tem até hoje, uma visão distorcida sobre o rural, que, além de achar que o mesmo é inferior, tenta também moldá-lo para que se torne o que em sua visão é o mais aceitável até mesmo no espaço midiático. Schnorr (2011) observou que o homem urbano possui uma percepção muito estereotipada sobre o homem rural, como se ele vivesse no seu dia-a-dia com roupa americanizada, ao estilo cowboy, ou, ainda, como se fosse uma pessoa desleixada, miserável e desinformada. No entanto, nem a primeira, nem a segunda imagem sobre o homem do campo descreve a realidade.

A importância do trabalhador rural no geral já merece reconhecimento, porém o homem do campo que trabalha com produção familiar tem uma representação econômica diferenciada, visto que, segundo Nazzari (2010, p. 23), “A produção familiar é a principal atividade econômica de diversas regiões brasileiras e precisa ser fortalecida”.

Apesar disso, segundo Schneider (2006), moradores de pequenas vilas afastadas de grandes centros populacionais costumam possuir um sistema de relação interpessoal que os possibilita viver em uma rede social entre eles mesmos, tornando-os autossuficientes enquanto produtores e consumidores, o que não costuma ser muito bem compreendido por aqueles que sempre viveram em centros urbanos e, consequentemente, não possuem este entendimento cultural e social da vida no campo.

O trabalhador rural, assim como o urbano, possui sua própria cultura, que se não bem estudada e compreendida pode não atrair a necessária atenção do governo e de empresas no geral. Isso é preocupante porque, conforme alertado por Nazzari (2010, p. 23), “É preciso garantir a eles acesso ao crédito, condições e tecnologias para a produção e para o manejo sustentável de seus estabelecimentos”.

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Segundo McNeely e Scherr (2009), apesar do êxodo rural nas décadas recentes, essa população rural continua crescendo da mesma forma que a urbana. Entre os anos de 1960 a 1995, o número de residentes rurais em países em desenvolvimento, como o Brasil, aumentou de 2 bilhões para 2,8 bilhões. A previsão dos autores é de que esse número continue aumentando, sendo assim, é equivocado considerar que esses cidadãos merecem menos atenção em detrimento dos cidadãos residentes em regiões urbanas.

Portanto, problemas como o desconhecimento do valor do homem do campo precisam ser discutidos, uma vez que o mesmo é indispensável para o país, tanto em valores culturais quanto em valores monetários, já que representam grande parte da população brasileira, além de serem responsáveis por boa parte da evolução do PIB brasileiro:

O último Censo Agropecuário (1995-1996) indicou que no Brasil existem 4.859.864 propriedades rurais, as quais ocupam uma área de 353,6 milhões de hectares, sendo que 4.139.369 são propriedades familiares e ocupam uma área de 107,8 milhões de hectares. O Valor Bruto da Podução Agropecuária (VBP) referente ao ano agrícola no período da realização do Censo era de R$ 47,7 bilhões, sendo a agricultura familiar responsável por R$ 18,1 bilhões do VBP total. (NAZZARI, 2010, p. 24)

Como visto, é possível observar a importância do homem do campo em diversos aspectos, porém, para que as pessoas possam ter o respeito devido para com esses trabalhadores, é necessário rever a percepção do homem urbano sobre ele. Nessa direção de pensamento, o presente trabalho propõe uma representação mais assertiva do que seja o homem do campo, procurando mostrar como ele é, bem como, a sua vida, além de compartilhar um pouco mais sobre a cultura rural paranaense. Para tanto, formulou-se a seguinte pergunta: Como é a vida do pequeno homem rural do oeste do estado do Paraná atualmente?

O objetivo geral é demonstrar a vida do homem do campo por meio de um videodocumentário, enquanto os objetivos específicos são:

 investigar, por meio de pesquisa bibliográfica e qualitativa, como funciona a vida no campo;

 Identificar, por meio de pesquisa quantitativa, o quanto as pessoas do meio urbano conhecem do dia-a-dia do homem rural;

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 produzir um vídeo-documentário para divulgar o cotidiano do homem do campo.

Os encaminhamentos metodológicos para atender aos objetivos traçados estão pautados, em primeiro lugar, pela pesquisa bibliográfica, seguida pela pesquisa mista, qualitativa, por meio de entrevista com homens e mulheres do campo, e quantitativa, com questionários aplicados online a partir da ferramenta Google Forms.

O embasamento teórico está fundamentado pelos autores Buainain (2014), Hespanhol (2013), Favareto (2007), Bento e Neves (2010), Torrecillas (2008), dentre outros para o conteúdo do homem do campo. Para o conteúdo de vídeo documentário, o embasamento teórico está amparado pelos autores Zandonade e Fagundes (2003), Bernard (2008), Machado (2010), Melo (2002), dentre outros. Quanto à metodologia, está fundamentada pelos autores Marconi e Lakatos (1999), Fachin (2006), Cervo e Bervian (1996), Flick (2009), dentre outros.

Esse estudo está organizando em cinco capítulos, a começar pela presente introdução, seguida pelo capítulo de fundamentação teórica, dividido em temas como o homem do campo, meio urbano e meio rural, o estereótipo do homem do campo e vídeo documentário. A primeira parte fala sobre a relação entre o meio rural e o meio urbano desde o surgimento do meio urbano, bem como sobre a imagem do homem do campo no Brasil. A segunda parte fala sobre o que é um vídeo documentário e como se produzir o mesmo.

O terceiro capítulo descreve a metodologia do trabalho, o capítulo quatro apresenta a produção do vídeo-documentário e então o trabalho é finalizado pelas considerações finais, seguido pelas referências utilizadas na construção dessa pesquisa.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O HOMEM DO CAMPO E A AGRICULTURA FAMILIAR

A demanda alimentar cresce junto com o número populacional mundial, e o homem do campo, seja ele agricultor familiar ou não familiar, é o responsável por atender a essa demanda, que atingirá, até o ano 2050, cerca de 9 bilhões de pessoas, de acordo com a previsão do Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar (ABAF) do ano de 2015.

Compreende-se por agricultura familiar, segundo o ABAF (2015, p. 11), citando a lei 11.326 de 24 de julho de 2006, “as atividades desenvolvidas no meio rural, que utilizam mão de obra da própria família, com área que não ultrapasse mais do que quatro módulos fiscais.”

O homem do campo se divide entre o agricultor familiar e o não familiar. Contudo, Buainain (2014) não concorda com a definição do que seja um agricultor familiar quando a mesma é baseada apenas observando o uso da mão-de-obra familiar, pois existem várias diferenças entre agricultores familiares de várias localidades distintas. Para o autor, seriam interessantes várias novas vertentes dentro do conceito do agricultor familiar, pois, apesar de talvez a única coisa em comum entre todos os agricultores familiares ser o uso da mão de obra familiar, existem várias diferenças como as regiões em que vivem, as heranças culturais, o acesso a crédito, o acesso a recursos naturais, a políticas, etc.

Buainain (2014) afirma que existe uma visão mais romântica sobre a vida do homem do campo, em que pressupõe-se que o mesmo se mantém como um simples produtor familiar por buscar um maior contato com a natureza e por não ser ambicioso o suficiente para querer ter um poder aquisitivo mais elevado, além de desejar cuidar de sua terra para as próximas gerações da família. No entanto, muitas vezes, essa percepção não condiz com a realidade, pois existem outros fatores, como a produção para para autoconsumo devido às dificuldade de acesso ao mercado, o que, além de não possibilitar vender sua produção, obriga-o a produzir para si mesmo para garantir que não passe fome. Quanto à integração do mercado, o autor aponta que:

Quando se considera o universo dos estabelecimentos familiares, 44% foram classificados como pouco integrado ao mercado. Esses estabelecimentos ocupavam 38% da área total e respondiam por apenas

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24% da produção. Na outra ponta, pouco menos de 20% dos estabelecimentos foram classificados como muito integrados. Ocupando 21% da área, responderam por quase 40% do VPB dos agricultores familiares e geraram um nível de renda de R$4.604,00, confirmando que um nível elevado de integração abre possibilidade de elevação significativa da geração de renda. (BUAINAIN, 2014, p.35)

O Brasil é o principal responsável pelo fornecimento de vários alimentos para exportação. Segundo o ABAF (2015), alguns são majoritariamente de responsabilidade da agricultura familiar, como, por exemplo, 83% de toda mandioca, 70% de todo o feijão, 58% de todo o leite e 59% de todos os derivados suínos produzidos no país. Há também as indústrias rurais caseiras que, segundo Vasconcellos (1983), são responsáveis pela criação de muitos queijos, geléias, vinhos, manteiga, até mesmo sabões, dentre muitos outros produtos. Ou seja, a agricultura familiar tem uma importância muito grande para a economia brasileira desde muito tempo, como mostram dados disponibilizados por Buainain (2014) do ano de 1995, quando os agricultores familiares produziram “25% do café; 31% do arrôz; 67% do feijão; 97% do fumo; 84% da mandioca; 49% do milho; e 32% da soja” produzidas ao todo no país.

Além de sua importância no sentido monetário, a agricultura familiar tem sido apontada como solução para os defensores de agriculturas alternativas, como a orgânica, a natural, a agroecologia. Esses grupos, além do interesse na renda sobre a produção agrícola, buscam combater o que definem como desrespeito por parte de grandes produtores quanto ao futuro ambiental e socidal. Para eles, o agricultor familiar é um potencial praticante de alguma agricultura, dessa forma, os primeiros atribuem ao segundo percepções positivas, o que revela mudanças na imagem do homem do campo (Buainain, 2014).

2.1.1 Rural e urbano

Muito se discute sobre a diferença do espaço rural e o espaço urbano brasileiro, que, de acordo com Reis (2006, p. 2), é sempre causa de discussões entre pesquisadores e autores por conta de “inadequações existentes na definição do que seja rural e urbano no Brasil”, o que faz com que o espaço rural e o urbano

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sejam tratados como opostos . Já Hespanhol (2013) discorda dessa oposição, pois defende que ambos existem graças à existência um do outro, visto que são duas criações territoriais humanas. Além disso, justamente por serem duas criações territoriais humanas, para o entendimento de um é necessário o estudo de ambos, uma vêz que, apesar de serem diferentes, são ligados um ao outro.

Segundo Favareto (2007), teóricos também divergem uns dos outros quando se trata da relação entre o rural e o urbano, pois enquanto alguns alegam que historicamente as cidades surgiram sempre como uma espécie de parasita do meio rural, por serem totalmente dependentes de suas produções de alimentos, outros também alegam que é o rural que necessitou majoritariamente do urbano para continuar a existir, uma vez que as inovações tecnológicas vinham das cidades e essas evoluções foram de extrema importância para a sobrevivência do meio rural.

Segundo Reis (2006, p. 3), com a chegada das indústrias, o mundo todo precisou se reconfigurar e o campo se tornou submisso das “exigências do capital urbano-industrial”, uma vêz que agora a industria começa a se espalhar pela região rural, tornando o homem do campo uma espécie de empregado da cidade.

2.1.2 Etereótipo do homem do campo

Para Bento e Neves (2010), a educação recebida durante a infância na escola é muito importante, pois ela pode definir como a pessoa verá o mundo futuramente:

A memória histórico-social, veiculada pelas diversas formas de cultura, principalmente a escolar, cria ideários e forma opiniões, constrói conhecimentos sobre diversos temas, tais como: o descobrimento/achamento do Brasil, colonização, os heróis nacionais, os índios, sobre a escravatura, o homem do campo ou o denominado “caipira” brasileiro. (BENTO E NEVES, 2010, p. 2)

No contexto da percepção sobre o homem do campo, é importante considerar essa influência da educação formal, tendo em vista que, como apontam Bento e Neves (2010), existem personagens da arte e cultura brasileira bastante conhecidos, que podem contribuir para a construção de uma imagem de quem é homem rural.

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Segundo Torrecillas (2008), na literatura brasileira, era comum se transmitir a ideia de que, ao misturar a raça branca com a indígena, criava-se uma raça mais forte, no entanto, Monteiro Lobato, ao criar o personagem Jeca Tatú, trouxe uma concepção diferente, resultando numa imagem bastante estereotipada dessa população, pois o escritor instituiu “a tese do caboclismo, ou seja, a mistura de raças gera um tipo fraco, preguiçoso, passivo” (TORRECILLAS, 2008, p 2)

Figura 1 - Obra de Monteiro Lobato, Jeca Tatuzinho.

Fonte: https://updatesaude.files.wordpress.com/2014/04/jeca-tatuzinho2.jpg

Na tentativa de rever esse conceito construído a respeito do homem rural, mais tarde, Monteiro Lobato decide mudar o modo como se dirige à figura de Jeca Tatú,

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Agora, Jeca simoliza o caipira abandonado pelo poder público às doenças e à indigência. “Jeca Tatu não é assim, ele está assim”. O matuto do interior não é sujeito preguiçoso geneticamente, porém se encontra assim por causa das doenças endêmicas do Brasil no início do século XX. (TORRECILLAS, 2008, p 3)

A partir da premissa de que o motivo de Jeca Tatu não possui força de vontade puramente por conta de doenças, como o amarelão, Jeca fez parte de peças publicitárias do medicamento Biotônico Fontoura. Nesse sentido, retiraram-se alguns adjetivos para serem acrescentados outros, ainda pejorativos.

Figura 2 - Jeca Tatu e o Biotônico Fontoura

Fonte: http://lounge.obviousmag.org/proparoxitonas/2013/04/03/anunciojeca.jpg

Jeca Tatú teve tamanho sucesso, que foi adaptado para o cinema, onde Mazzaropi (1912 – 1981) “criou e cristalizou uma imagem de caipira no imaginário social dos brasileiros” (BENTO E NEVES, 2010, p. 2).

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Figura 3 - Jeca, personagem interpretado por Mazzaropi

Fonte:

http://3.bp.blogspot.com/- CCjfPYhFf20/UzloBn1zVOI/AAAAAAAAGXg/ol_WjyQJMug/s1600/Mazzaropi+-+A+Banda+Das+Velhas+Virgens.jpg

Embora tenham ocorrido mudanças nos dias atuais, essa percepção permanece enraizada no imaginário coletivo, minimizando o potencial do homem rural e colocando-o numa condição de inferioridade ao homem urbano. Isso porque, segundo SCHNORR (2011), apesar do estereótipo do homem do campo ter sido criado antes mesmo da televisão ter sido inventada, as novelas brasileiras também contribuíram para reiteração da figura do homem do campo criada por Monteiro Lobato,

Um exemplo é Julião Petrúchio, personagem presente na adaptação para a televisão da obra A Megera Domada de Shakespeare para a teledramaturgia, “O cravo e a Rosa”. Julião é um homem rude e ignorante, “mas com bom coração”. Vive no campo, come com indelicadeza e não apresenta etiquetas que são bem vistas aos olhos das pessoas mais ricas e que vivem na cidade. (SCHNORR, 2011, p. 2)

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Figura 4 - Personagem Julião Petrúchio de "O cravo e a Rosa"

Fonte: http://f.i.bol.com.br/entretenimento/fotos/galas_rusticos_f_002.jpg

Por outro lado, hoje em dia, apesar de o estereótipo do homem do campo ainda existir, o mesmo é muito menos agressivo e pode ser encontrado na literatura infantil no personagem Chico Bento, mesmo assim, ainda reitera a imagem de “um típico caipira brasileiro, andando descalço, com chapéu de palha e vivendo na roça” (TORRECILLAS, sem data, p 4). A contribuição positiva se dá pela constatação de que “as crianças, tornadas alunos, apreciam desenhos animados cujo o protagonista é o Chico Bento, criada pelo cartunista Maurício de Souza (1935), que demonstra a vida e o homem do campo. (BENTO E NEVES, 2010, p 2).

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Figura 5 - Chico Bento de Mauricio de Souza

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/b/b8/Chico_Bento_%28personagem%29.jpg

Felizmente, segundo pesquisa recente realizada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e divulgada pela revista Exame (2011), os habitantes de grandes centros urbanos já não possuem uma visão tão distorcida sobre o homem do campo, pois já entendem a importância dos mesmos para a economia do país e principalmente para a geração de alimentos.

2.1.3 Programas De Auxílio Ao Agricultor Familiar

Segundo Buainain (2014), o Brasil é um país onde a agricultura familiar é bastante difusa, e por conta das diversas culturas e também dos diferentes tipos de regiões brasileiras, torna-se mais difícil o sucesso de políticas tradicionais de apoio ao agricultor familiar como, por exemplo, a simples disponibilização de crédito.

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Devido ao fato de o agricultor familiar nunca ter tido uma atenção das políticas públicas voltadas a ele durante toda a história do Brasil, como revela Dos Anjos et al (2004), surgiu em 1996 o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), que foi o primeiro programa brasileiro de apoio ao agricultor familiar por meio de disponibilização de crédito. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o programa conta com várias opções como o Pronaf Custeio; Pronaf Investimento (Mais Alimentos); Microcrédito Rural; Pronaf Agroecologia; Pronaf Mulher; Pronaf Eco; Pronaf Agroindústria, Pronaf Semiárido; Pronaf Jovem; Pronaf Floresta; Pronaf Custeio e Comercialização de Agroindústrias Familiares e Pronaf Cota-Parte.

Ainda segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), após o surgimento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), várias outas políticas públicas começaram a surgir, entre elas:

 Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER): lançada em 2010, objetiva trazer melhorias tecnológicas e assistência técnica ao agricultor, buscando melhorar sua qualidade de vida.

 Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE): apesar de sua origem se dar na década de 40, segundo o Fundo Nacional de desenvolvimento da educação (FNDE), o mesmo não teve sucesso por falta de recursos financeiros, uma vez que antigamente o Governo Federal era o responsável por todo o fornecimento dos alimentos escolares, mas durante os anos houveram diversas mudanças no PNAE, e então a partir do ano de 2009 faz com que pelo menos 30% dos alimentos utilizados pelas escolas públicas sejam de origem de agricultores familiares, apoiando os agricultores ao mesmo tempo que oferece alimentos de qualidade aos estudantes.

 Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2): iniciado em 2011, em sua segunda fase, promove a distribuição de maquinário pesado para a prefeitura de municípios afastados da metrópole, que tenham no máximo 50 mil habitantes, para possibilitar, ou facilitar, que o agricultor familiar use estradas que não dispõem de asfaltamento, assim viabilizando o transporte de suas produções, entre outras utilidades.

 Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Animal (SUASA): regulamentado em 2006, inspeciona toda a produção de origem animal legalmente, tornando a produção apta a ser comercializada em todo o país.

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 Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB): lançado oficialmente em 2004, procura promover a cultivação de plantas que possam ser utilizadas para a criação do biodiesel. Dentro desse programa, ainda existe um “selo combustível social”, que busca incluir mais agricultores familiares à lista de cultivadores destas plantas, fazendo com que empresas que fabriquem biodiesel comprem destes agricultores, além de dar-lhes preferência em leilões de compra de biodiesel.

 Garantia-Safra: criado em 2002, é um seguro que pode ser acionado por agricultores familiares que possuam Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), com renda familiar de, no máximo, 1,5 salário mínimo por mês, e que já tenham feito a adesão ao programa, em caso de perda de, no mínimo, 50% da safra no município devido a problemas climáticos.

2.1.4 Cooperativismo agropecuário

Há relatos da prática da cooperação durante toda a história da humanidade, onde a mesma se define pelo ato de agir cooperativamente com outros em busca de um determinado objetivo (GAWLAK, 2010). Em decorrência da revolução industrial, a mão-de-obra se tornou muito desvalorizada, surgindo assim na Inglaterra uma cooperativa conhecida como “Rochdale Society of Equitable Pioneers”, ou em português, “Sociedade de Pioneiros Equitáveis de Rochdale”, primeira cooperativa de muitas outras que ainda viriam a existir com o passar dos anos no mundo inteiro.

Existem vários ramos do cooperativismo, como o de consumo, crédito, educacional, habitacional, etc. Porém o que têm a maior ligação com o homem rural é o cooperativismo agropecuário:

Composto por cooperativas de produtores rurais ou agropastoris e de pesca, cujos meios de produção pertençam ao associado. É um dos ramos com maior número de cooperativas e associados no Brasil. O leque de atividades econômicas, abrangidas por esse ramo é enorme e sua participação no PIB é significativa. Essas cooperativas geralmente cuidam de toda a cadeia produtiva, desde o preparo da terra até a industrialização e comercialização dos produtos. (GAWLAK, 2010, p. 34)

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Gawlak (2010) descreve, ainda, 7 princípios no cooperativismo, sendo eles:  1º Princípio – Adesão Voluntária e Livre: qualquer pessoa, sem

discriminações de sexo, cultura, raça, credo e religião, pode se associar a uma cooperativa desde que entenda o que é o cooperativismo, entenda os objetivos de determinada cooperativa, conheça quais são seus direitos e seus deveres como associado de determinada cooperativa, ter vontade de realmente cooperar com a cooperativa, acreditar no potencial da cooperativa em busca do sucesso conjunto. É possível saber quais normas para a adesão de novos associados entrando em contato com a desejada cooperativa, porém existem algumas restrições, como a existência de interesses conflitantes entre possível associado e determinada cooperativa e também a impossibilidade técnica.

 2º Princípio – Controle Democrático pelos Membros: Os membros da cooperativa participam ativamente das decisões da cooperativa, determinando objetivos da mesma mutuamente.

 3º Princípio – Participação Econômica dos Associados: “Os membros contribuem equitativamente para o capital das cooperativas e controlam-no democraticamente”. (Gawlak, 2010, p.24)

 4º Princípio – Autonomia e Independência: A cooperativa é controlada pelos seus membros, portanto quando for de interesse dos mesmos a busca por apoio externo é necessário sempre se assegurar de que este apoio mantenha a autonomia e independência da cooperativa.

 5º Princípio – Educação, Formação e Informação: “As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos, gerentes e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas”. (Gawlak, 2010, p. 25)

 6º Princípio – Intercooperação: O sucesso do movimento cooperativista não depende apenas do sucesso de uma única cooperativa, portanto preza-se pela cooperação entre cooperativas e assim buscando o sucesso cooperativista.

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 7º Princípio – Interesse pela Comunidade: As cooperativas pregam o respeito pela comunidade onde atuam, buscando tomar decisões que visam o desenvolvimento sustentável, buscando respeitar a natureza bem como seus habitantes.

2.1.5 Êxodo rural no Paraná

O êxodo rural foi a migração rural-urbana, que aconteceu na segunda metade do século XIX, no Brasil, conforme relato a seguir:

(...) Nos períodos, 1950–1960, 1960–1970 e 1970–1980, o êxodo rural se acelerou, chegando, no período 1970-1980, a transferir, para o meio urbano, o equivalente a 30,0% da população rural existente em 1970, ano em que migraram 12,5 milhões de pessoas. (ALVES, SOUZA E MARRA, 2011, p. 81)

Segundo Priori et al (2012), até a década de 1970, o café era o principal produto paranaense, sendo responsável pela produção de um terço da produção mundial do produto. Porém na década anterior o mercado cafeeiro já vinha dando sinais de crise, portanto o Governo Federal tomou algumas decisões, uma delas foi propor a diversificação das produções agrícolas, com foco principalmente na produção de oleoginosas, como o milho, a soja e o trigo, o que fez com que, no Paraná, o processo de modernização das produções agrícolas fosse mais intenso, bem como suas transformações, “através dos seguintes aspectos: mecanização, eletrificação, irrigação e conservação do solo, uso de fertilizantes e agrotóxicos, além de outros peculiares a certas culturas” (MORO, 2000, p.30 apud PRIORI, et.al)

A consequência, como aponta Priori et. al (2012), dessa fase de intensa transformação foi a substituição de muita mão-de-obra pelo maquinário, não apenas por conta das transformações necessárias para a modernização da agricultura, mas também por conta da substituição de muitas plantações de café por plantações de oleoginosas, que diferentemente das plantações de café, são rotativas, ou seja, precisam ser sempre plantadas novamente, o que demandava muito a troca da mão-de-bra pelo maquinário.

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Em 1975, aconteceu a chamada geada negra, que, segundo relato de Priori et al (2012), destruiu as plantações de café por todo o estado, o que, somado aos agravantes descritos anteriormente, acarretou na explosão da população urbana resultante do êxodo rural, visto que, “entre os anos de 1970 e 1991 proporcionaram a redução da população rural em 49,7%”, período em que as pessoas buscavam principalmente por metrópoles já super habitadas, como São Paulo e Curitiba.

Por outro lado, apesar de todas as transformações ocorridas no espaço rural, que criaram a tendência da urbanização da sociedade brasileira:

A deterioração das condições de vida nas cidades brasileiras, sobretudo nas metrópoles – mas não exclusivamente nelas -, em virtude do agravamento dos problemas de falta de saneamento básico, habitação, transporte público, atendimento médico-hospitalar etc., tem levado a uma revalorização do campo, não apenas como lugar de desenvolvimento das atividades agropecuárias, mas também como espaço para se viver e desenvolver outras atividades, emergindo novas ruralidades derivadas da presença de atividades não agricolas, como o turismo, a prestação de serviços e etc. (HESPANHOL, 2013, p. 2)

Embora, nos períodos expostos, a iniciativa de se mudarem do campo para a cidade talvez tenha sido a decisão correta para aqueles que buscavam mais chances, Alves, Souza e Marra (2011, p. 81) destacam que atualmente o fenômeno do êxodo rural vem diminuindo, onde “na última década, migraram 5,6 milhões de pessoas, 17,6% da população rural presente em 2000”, numero bastante menor que entre os anos de 1970 a 1980, onde 12,5 milhões de pessoas migraram do campo para a cidade.

2.2 VÍDEO DOCUMENTÁRIO

2.2.1 Conceito

Segundo Zandonade e Fagundes (2003), um vídeo documentário é uma obra audiovisual pouco usada na televisão brasileira que pretende retratar um fato ou acontecimento de forma mais realística, buscando fazer com que quem o assista

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entenda melhor sobre o assunto abordado e/ou reflita sobre novos modos de ver o mundo.

Porém, para Bernard (2008), fazer o público ser impactado a ponto de refletir sobre o assunto talvez seja a tarefa mais difícil de um documentário, pois, para isso, a obra necessita de vários fatores, além do comprometimento do autor do documentário em mostrar os fatos em vez de simplesmente contar a história.

Para Machado (2011), é necessária uma redefinição do que seja um documentário, pois o autor diz desconhecer uma descrição fiel a todos os tipos de produtos audiovisuais inseridos nesta categoria de produção. Ao mesmo tempo, também acredita que qualquer que seja a definição atribuída a um documentário, sempre haverá algum material que não se encaixará no conceito predeterminado.

Observa-se, então, existir diversas discussões a respeito da conceituação do videodocumentário, o que não faz parte do presente estudo esgotá-las, ou discorrer sobre elas. Portanto, será considerada a definição de Zandonade e Fagundes (2003), que como já mencionado, acreditam que o vídeo documentário é uma obra audiovisual que busca fazer com que quem o assista entenda melhor sobre o fato ou acontecimento retratado.

2.2.2 O documentário como obra audiovisual

De acordo com Machado (2011), o documentário é entendido como uma obra audiovisual que trabalha com verdades, e que, portanto, seria entendida como o contrário da maioria das obras audiovisuais, como as que são feitas para o cinema, onde se trabalha, quase completamente, com a ficção. Contudo, Machado (2011) questiona a veracidade absoluta dos documentários, apresentando como exemplo a obra de Flaherty, desmistificada pelo cineasta George Stoney, que mostrou, em seu média-metragem How the Mith Was Made (Como o mito foi Construído, 1979), a reconstituição do processo de criação a obra Man of Aran (Homem de Aran, 1934), de Flaherty, revelando diversas técnicas de ficção introduzidas no então documentário:

havia um roteiro; textos que deviam ser decorados pelos “atores” locais; esses “atores” eram dirigidos pelo cienasta, que também coreografava rigorosamente cada plano; as cenas eram repetidas muitas vezes; havia

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rebatedores e iluminação artificial e assim por diante. Havia inclusive a preocupação de se produzir suspense através do estiramento das cenas de tensão, como na famosa sequência da tempestade, em que as mulheres se deslocam até a praia, preocupadas com os pescadores que não retornam do mar. Mas, na verdade, no momento da filmagem da cena das mulheres, não havia pescador algum no mar. A sequência foi artificialmente contruída através da montagem de imagens que se passaram em ocasiões distintas e muitas delas encenadas especificamente para o filme. (Machado, 2011, p. 8)

Já Bernard (2008) acredita que, apesar do documentário buscar retratar a realidade, é preciso tomar cuidados técnicos para que o mesmo, além de trabalhar com verdades, seja intrigante para quem for assistir, tendo então “um início intrigante, um meio inesperado e um final convincente” (BERNARD, 2008, p. 3).

Melo (2002) defende que, mesmo existindo roteiro, a produção de um documentário não é como a produção de outras obras audiovisuais, pois, diferentemente de obras ficcionais, por buscar trabalhar com a verdade, não se tem controle absoluto sobre o que acontecerá durante as gravações. Ou seja, ao produzir um documentário, é impossível saber o que os entrevistados dirão, por se tratarem de personagens reais do mundo. E, mesmo durante a pesquisa para produção de um documentário, Bernard (2008) ressalta a diferença entre esse tipo de audiovisual e a ficção, visto que, segundo sua experiência, não é difícil encontrar fatos inesperados, que acabam aumentando o valor da obra final do documentário, o que não acontece com a ficção.

Bernard (2008) chama atenção, ainda, para o cuidado com o público que se pretende atingir, pois mesmo que a previsão de exibição seja em uma pequena região, é importante considerar a possibilidade de que o material atinja proporções muito maiores, exigindo, dessa forma, um planejamento quanto à linguagem usada no documentário, pois diferentes públicos demandam diferentes linguagens.

2.2.3 Audiovisual na Internet

Segundo Renó (2006), com os avanços tecnológicos cada vez mais rápidos, algo que há pouco tempo era tido como atual ou que estava na moda, hoje já pode estar bastante desatualizado. O mesmo se aplica à comunicação e suas ferramentas, como o vídeo, que “na década de 1980 traz uma proposta muito

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diferente do vídeo da década de 1960, quando surgiram os primeiros sistemas portateis de carretéis preto-e-branco.” (ARMES, 1999, p. 11)

Armes (1999) descreve que, já naquela época, por conta das constantes mudanças do mundo atual, existia a necessidade de os meios de comunicação acompanharem as mudanças:

Agora que a maior parte da população recebe as notícias, informações e entretenimento na forma falada (por meio de transmissões, telefone, discos e fitas cassete em vez de jornais, cartas e partituras), o efeito estabilizador da escrita fica perturbado. (ARMES, 1999, p. 17)

Porém, ainda segundo Armes (1999), o vídeo deve ser considerado como uma ferramenta entre várias outras dentro do mundo da comunicação, visto que, embora a fotografia tenha um peso artístico e histórico, talvez ainda maior que o audiovisual, esse último permanece como a forma mais atual e final de uma longa caminhada de evoluções tecnológicas e de ferramentas de comunicação.

Diante das transformações das últimas décadas, Renó (2006) enfatiza a internet como um meio muito importante para a comunicação:

Essa nova forma de se comunicar construiu um perfil moderno, ajustado de acordo com as exigências da rede. Nela, mente e corpo trabalham juntos, realizando diversas tarefas ao mesmo tempo, como ouvir música, se alimentar, ler um livro digital e, simultaneamente, responder a um contato feito em tempo real por janelas virtuais do tipo ICQ ou MSN. O novo receptor/emissor passou a ser multimídia (RENÓ, 2006, p. 131).

Diante disso, é indispensável compreender que as novas gerações já nascem tendo o ciberespaço presente em suas vidas, o que torna a internet necessária na vida destas pessoas, uma vez que desconhecem o mundo sem a mesma e sem sua facilidade de acesso a suas informações e dados.

2.2.4 Tipos de documentário

Com o passar dos anos, alguns modelos de documentários foram sendo criados, dentre eles, o expositivo, observativo, participativo, reflexivo e performático.

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Segue os ideais modernistas de representação da realidade através da fragmentação. Assim, não há preocupação com montagem linear, argumentação, localização no tempo e espaço ou apresentação aprofundada de atores sociais. Esta forma utiliza o mundo histórico como matéria prima para dar “[...] integridade formal e estética ao filme”. (NICHOLS, 2005, p. 141, apud. PERES, 2007, p. 4)

Já quando se trata do modelo expositivo, Peres (2007) diz se tratar do estilo mais comumente entendido como sendo um documentário por ser bastante usado na televisão, onde é explorada uma linguagem mais argumentativa para se tratar sobre acontecimentos históricos, que busca “reafirmar os fatos de acordo com o ponto de vista de determinada entidade” (ZANDONADE E FAGUNDES, 2003, p. 18)

Quanto ao documentário de modelo observativo, segundo Zandonade e Fagundes (2003), é diferente do modelo expositivo por pretender retratar a essência do cotidiano, buscando neutralizar qualquer interferência do produtor nos acontecimentos registrados, não havendo, portanto, a tentativa de manipualção de acontecimentos, Esse modelo “ganha força com câmeras portáteis”, pois “o cinecasta busca captar os acontecimentos sem interferir no seu processo” (PERES, 2007, p. 4).

Sobre o modelo participativo, Zandonade e Fagundes (2003) dizem se assemelhar ao modelo expositivo no sentido de haver a intervenção do produtor nas retratações feitas, porém, enquanto no modelo expositivo essa intervenção é feita de um modo mais ideológico, buscando defender apenas suas ideias, no modelo participativo, o produtor participa dos acontecimentos, podendo até mesmo aparecer nas gravações, onde “sua participação e conscientização de sua interferência na realidade dos atores sociais (...) ficam evidentes para o público.” (PERES, 2007, p. 4)

No modelo reflexivo, Peres (2007) explica que o cineasta busca criar um vínculo entre a obra e o público, fazendo-o refletir sobre o que significa a obra para a sociedade, bem como suas consequências, além de ter como característica mostrar partes do processo da produção do material, revelando ao público, então, algumas dificuldades da produção de vídeo documentários.

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Também levanta questões sobre o que é conhecimento, porém a subjetividade tem peso maior do que a construção de argumento lógico e linear. A combinação do real com o imaginário de acordo com a complexidade emocional do cineasta torna muitas vezes o documentário autobiográfico e paradoxal, visto que “os documentários recentes tentam representar uma subjetividade social que une o geral ao particular, o individual ao coletivo e o político ao pessoal.” (NICHOLS, 2005, p. 163, apud. PERES, 2007, p. 5)

Entretanto, por mais que existam vários modelos de documentário, Peres (2007) ressalva sobre a não limitação a apenas um deles para a produção de um documentário, ou seja, ele pode ser composto por mais de um único modelo, o que pode enriquecer o material.

2.2.5 O documentário e o jornalismo

O documentário possui algumas semelhanças com a prática do jornalismo, porém possui algumas características que diferem um do outro, uma delas, segundo Melo (2002), é a busca pela objetividade no jornalismo, objetividade essa que busca a imparcialidade do jornalista sobre determinado tema, ou que tenta ao menos disfarçar sua subjetividade, diferentemente do documentário, onde a subjetividade é muito bem vinda e o autor da obra, por sua vez, pode mostrar seu ponto de vista sobre o assunto que está tratando em sua obra.

De acordo com Melo (2002), é importante que um documentário tenha a subjetividade do produtor, onde o mesmo pode deixar evidente o que defende dentro do tema abordado na obra, pois diferentemente do jornalismo, que costuma ter sempre uma mesma forma, os documentários possuem diversas características dadas pelos seus criadores, que moldam sua obra com base em sua realidade, que pode ser vista de outra forma por outros criadores. Ou seja, segundo o autor, existem diferenças claras nas obras de um documentarista para outro, pois um pode não ter o mesmo ponto de vista do outro:

O documentário é, portanto, uma obra pessoal; mais do que isso, é um gênero essencialmente autoral, sendo absolutamente necessário e esperado que o diretor exerça o seu ponto de vista sobre a história que narra. É impossivel ao documentarista apagar-se. A subjetividade e a ideologia estão fortemente presentes na narrativa do documentário,

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oferecendo apresentações em forma de texto verbal, sons e imagens. (MELO, 2002, p. 9)

Além disso, ainda segundo Melo (2002), seguir um ponto de vista próprio durante a criação de um documentário ajuda nas definições posteriores, como na edição, na escolha das linguagens e narrativas para o formato final da obra, na defesa do ponto de vista do autor do documentário diante do editor, caso não seja ele mesmo o encarregado pela edição do seu próprio material.

2.2.6 Quem produz

Para Filho (2001), o produtor, no cinema, pode ser entendido como o “pai da obra”, por ser quem encontra a ideia que é a base da obra, dando um propósito e sentido para a execução da mesma, sendo também o responsável pela busca do que é necessário para realização da mesma. É ele quem diz quando se pode iniciar a produção, além de ser o responsável pela obtenção de verba. Contudo, ao trabalhar com cinema, o produtor, pode, ainda, escolher não se envolver com a criação. Contudo, para um melhor resultado, deve trabalhar em parceria com o diretor para que juntos possam pensar em ideias que agradem ambos (FILHO, 2001).

Segundo Bernard (2008), a formulação de uma equipe de produção de um documentário pode variar bastante, podendo contar com uma grande equipe ou até mesmo com uma única pessoa, que trabalha como possível para suprir todas as funções necessárias. Mas o recomendável é ter no mínimo duas pessoas na equipe, pois costuma ser estresse, físico e mental, demais para uma só pessoa. Quando é possível ter uma equipe completa, a autora apresenta o seguinte:

A configuração real de uma equipe de documentário pode variar amplamente. Em uma ponta do espectro, um cineasta renomado como Spike Lee pode iniciar com um tipe de equipe mais adequeada a filmar um longa hollywoodiano do que um documentário independente. “Normalmente, quando você filma um documentário, você está lá como produtor, câmera, assistente (se você estiver fazendo as tomadas), som e talvez assistente de produção”, diz Sam Pollard, que editou e co-produziu When the Levees Broke com Lee. “Mas quando decolamos de Newark no dia seguinta ao Dia de Ação de Graças [em 2005], éramos Spike, eu, um produtor de linha, três operadores de câmera, quatro assistentes e seis alunos de graduação da

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New York University. Então, seguimos para Nova Orelans e lá montamos um gerenciador de locação com essas quatro pessoas, cinco vans, cinco motoristas, um carregador de câmera – você vê, era mesmo um exército” (BERNARD, 2008, p. 181)

Segundo Filho (2001), o formato mais usado de uma equipe de produção de filmes é composto por diretores, diretores de arte, figurinistas, cenógrafos, diretores de fotografia e assistentes de direção. O diretor de arte é quem cuida da parte visual da obra; o figurinista é responsável pelo visual dos personagens; o cenógrafo, pela identidade visual dos cenários; o diretor de fotografia, pela imagem a ser captada e o assistente de direção, como o próprio título já diz, auxilía o diretor, pois possivelmente pretende também se tornar um diretor futuramente.

Porém, dependendo do objetivo e do modelo pretendido pelo autor do documentário, alguns profissionais não são utilizados, como o figurinista, que, por se buscar a realidade, tem seu trabalho desnecessário, visto que interferir na maquiagem e no figurino dos personagens pode romper com a lealdade perante à verdade pretendida com o documentário.

2.2.7 Entrevistas

Talvez um dos principais motivos de algumas pessoas confundirem documentários com jornalismo está no fato de que a produção de alguns documentários tenha como entrevistas. Entrevistas essas que podem ser parte importante da construção de um documentário.

Segundo Bernard (2008), existem vários cuidados a serem tomados quando se deseja entrevistar alguém para um videodocumentário. Se a intenção for produzir um modelo participativo, por exemplo, em que o autor aparece entrevistando alguém, os enquadramentos de câmera devem possibilitar mostrar o entrevistado, bem como o entrevistador. O cenário, bem como a edição, também merecem cuidados. E o mais importante, no que diz respeito às entrevistas, é preciso planejar a condução da mesma:

Algumas pessoas trabalham para deixar o entrevistado à vontade, começando com questões mais “confortáveis”, para então introduzir um

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material que suscite vulnerabilidades. (...) Algumas vezes você pode estar relatando um acontecimento que ele já contou muitas vezes, e a história acaba assumindo um ar “redondo” que, na verdade, você queria perder; pode ser o caso de tirar a pessoa do sério ou desafiá-la contestando algo da história, para obter precisamente esse efeito. (BERNARD, 2008, p. 193)

2.2.8 Edição

Bernard (2008) alerta que é necessário, durante a captação de imagens dos audiovisuais, preocupar-se em obter material suficiente para que a edição não sofra por falta de imagens. Para tanto, a autora sugere captar vários ângulos diferentes do mesmo momento registrado, para que, caso ocorra algum imprevisto em um take, há a possibilidade de se utilizar algum outro:

É na edição, em se tratando de tevê, e na montagem, no caso do cinema, que se imprime ritmo à narrativa, alongando ou encurtando cenas. Alguns diretores mandam para o editor a cena rodada em vários ângulos diferentes. Esses diretores deixam na mão do editor como contar a história. A variedade do material deixa ao editor maior opção em relação à sequencia de planos. (FILHO, 2001, p. 317)

Ainda segundo Bernard (2008), durante a fase de edição do material captado, é importante voltar à narrativa prevista para a obra, para que a edição, com base nessas narrativas, consiga fazer a montagem conforme o desejado. A edição demanda muito estudo para decidir sobre quais takes usar e quais descartar, fazendo com que, durante a progressão da edição, existam muitos rascunhos até se chegar à versão final.

2.2.9 Trilha sonora

Segundo Filho (2001), quem trabalha com a trilha sonora de uma obra costuma ser um produtor musical, principalmente quando é dirigida para a televisão. Sobre a importância da trilha musical para o audiovisual, o autor defende que:

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A música é o apoio da imagem. Sem ela, qualquer produto sofre enorme perda. Grande parte da emoção está embutida no som e na música, que tanto contribuem para o sucesso do produto como podem estragá-lo completamente. Com a música é possível montar cenas maravilhosas. Certos filmes ficaram marcados e são lembrados muito mais pela música do que pela história que contavam. ( FILHO, 2001, p. 323)

Ao discorrer sobre a trilha sonora, Filho (2001) dá ênfase nas novelas, onde, além de criar características dramáticas nas cenas, também há um planejamento para emplacar sucessos nas rádios, o que pode abrir porta para a criação e venda de CDs com as músicas da novela, ampliando o lucro desejado. Observa-se, dessa maneira, que a trilha sonora de uma obra pode ter diversos objetivos, sendo assim, o produtor musical possui uma função essencial.

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3 METODOLOGIA

Este capítulo descreve a metodologia usada para a execução da presente pesquisa, mostrando os métodos utilizados para a estruturação da mesma, que teve como problema a investigação da vida do homem no campo, bem como da percepção que as pessoas do meio urbano tem sobre ele.

Segundo Cervo e Bervian (1996, xiii), a “Metodologia Científica procura colocar à disposição do acadêmico, que ingressa no curso superior, o instrumental científico metodológico básico para seu estudo universitário”, que, segundo Oliveira (2011), se dá pela descrição dos objetivos da pesquisa, a natureza do mesmo, além da escolha do objeto de estudo, a técnica utilizada para a coleta de dados e a técnica utilizada para a análise dos mesmos.

3.1 MÉTODO DE PESQUISA

Para este trabalho foram utilizados o método de pesquisas bibliográfica e mista (qualitativa e quantitativa). A pesquisa bibliográfica é entendida como a base de toda e qualquer pesquisa, que, de acordo com Marconi e Lakatos (1999), é realizada utilizando materiais escritos. Para Fachin (2006), ela “se fundamenta em vários procedimentos metodológicos, desde a leitura até como selecionar, fichar, organizar, arquivar, resumir o texto”. Ela foi utilizada na primeira parte do trabalho para investigar sobre o homem do campo e o documentário.

A pesquisa qualitativa, diferentemente da pesquisa quantitativa, segundo Gerhardt e Silveira (2009, p 31), “não se preocupa com representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc.” Sobre a importância da pesquisa qualitativa, Flick (2009, p 20) diz o seguinte:

A pesquisa qualitativa é de particular relevância ao estudo das relações sociais devido à pluralização das esferas de vida. As expressões-chave para essa pluralização são a “nova obscuridade” (Habermas, 1996), a crescente “individualização das formas de vida e dos padrões biográficos” (Beck, 1992) e a dissolução de “velhas” desigualdades sociais dentro da nova diversidade de ambientes, subculturas, estilos e formas de vida. (...)

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As narrativas agora precisam ser limitadas em termos locais, temporais e situacionais.

Também foi utilizado o método de pesquisa quantitativa que, diferentemente da pesquisa qualitativa, segundo Malhotra (2012, p. 110) “procura quantificar os dados e, normalmente, aplica alguma forma de análise estatística”, que neste trabalho foi utilizado para buscar entender como o homem urbano vê o homem rural nos dias de hoje.

3.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Como instrumento de coleta de dados, foram realizadas entrevistas com pequenos homens rurais do oeste do Paraná com o perguntas que nos permitem entender como é a vida deles atualmente, buscando então desconstruir estereótipos existentes sobre a imagem do homem do campo. Além disso, também foi aplicada uma pesquisa quantitativa que buscou saber como o homem do campo é visto pelo homem urbano atualmente fazendo perguntas que levam a entender o quão importante eles acham ser o meio rural, o quanto eles conhecem do campo, bem como o quanto eles conhecem do homem do campo e sua vida.

Sobre o que seja uma entrevista, Cervo e Bervian (1996, p 136) esclarecem que apesar de ser tratada como uma espécie de conversa, não se trata de uma conversa comum, pois “É conversa orientada para um objetivo definido: recolher, através do interrogatório do informante, dados para a pesquisa.” Já Marconi e Lakatos (1999, p 94) definem entrevista como:

Um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma cosnervação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.

Foram aplicadas entrevistas semistruturadas, onde segundo Sampieri (et al., 2006) o “pesquisador tem a liberdade de introduzir mais questões para precisão de conceitos ou obter maior informação sobre os temas desejados”. (SAMPIERI, et al., 2006, p. 381).

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Portanto utilizando-se de entrevistas semiestruturadas foi formulado um roteiro com perguntas que buscam entender como é a vida no campo atualmente, questionando sobre a situação atual do meio rural em relação ao acesso à educação e informação e tecnologia, podendo houverem também outras perguntas formalizadas no momento da entrevista conforme achar necessário.

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM

Entende-se por população todas as pessoas que fazem parte de um grupo ou de uma comunidade que se deseja investigar, entretanto, dada a inviabilidade de pesquisar todos os indivíduos de uma população, adota-se o método de amostragem, que “consiste em obter um juízo sobre o total (universo), mediante a compilação e exame de apenas uma parte, a amostra, selecionada por procedimentos científicos. (MARCONI, LAKATOS, 1999, p 32)

Portanto, seguindo a ideia proposta por Marconi e Lakatos (1999), entende-se por “universo” o pequeno homem rural da região oeste do Paraná, enquanto a amostra foram pequenos homens rurais residentes da região entre Marechal Cândido Rondon e Iguiporã.

3.4 ANÁLISE DE DADOS

Segundo Marconi e Lakatos (1999), após a obtenção dos dados, aqui coletados pela realização de entrevistas e pelos questionários respondidos online, é necessário fazer a análise e a interpretação dos resultados obtidos com a pesquisa, buscando então tentar responder perguntas necessárias para a resolução do problema de pesquisa, que, no caso deste estudo, é procurar entender melhor como é a vida do homem do campo de pequeno porte do oeste do estado do Paraná.

A análise será feita com a utilização de gráficos, que segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 170), “podem evidenciar aspectos visuais dos dados, de forma clara e de fácil compreensão”.

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3.4.1 Discussão de Dados: Pesquisa quantitativa

Cento e quarenta e quatro pessoas responderam ao questionário feito para a obtenção de dados com o fim de procurar entender como o homem rural é visto pelo homem urbano. 1) Idade 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00% 50,00% Até 18 anos 19 a 29 anos 30 a 55 anos Gráfico 1 – Idade

Percebe-se que dentre as pessoas que responderam ao questionário 41,7% tem até 18 anos de idade, outras 47,4% possuem entre 19 e 29 anos e apenas 11,2% possuem entre 30 e 55 anos.

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Gráfico 2 – Escolaridade

Quanto à escolaridade, percebe-se que a maioria possui ensino superior incompleto, 59,7% das pessoas, seguidas daquelas que possuem ensino superior completo, 13,9%, e daquelas que possuem pós-graduação completa, 10,4% dos participantes. Portanto, nota-se que o nível de instrução não é baixo.

3) Numa escala de 0 a 10, dê um valor equivalente à importância, ao seu ver, do meio rural para o meio urbano hoje em dia.

Gráfico 3 – Numa escala de 0 a 10, dê um valor equivalente à importância, ao seu ver, do meio rural para o meio urbano hoje em dia.

Quando questionados sobre a importância do meio rural para o meio urbano, observa-se que a maioria das pessoas, 70,1%, deu a nota máxima de importância, 10. Com isso, percebe-se que o homem urbano reconhece a importância do meio rural e seus benefícios para o seu meio.

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Segundo Favareto (2007), muitos teóricos divergem sobre a relação entre o meio urbano e o rural, visto que enquanto uns acreditavam que o meio urbano em sua origem era como uma espécie de parasita, que utilizava do meio rural para conseguir existir com seu fornecimento de alimentos, outros davam uma importância maior para o urbano, que era onde as tecnologias se desenvolviam e então eram oferecidas ao meio rural.

A importância do meio rural para o urbano é clara, e é ainda mais clara quando se vê que, segundo o Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar (ABAF) do ano de 2015, até o ano de 2050 haverá cerca de 9 bilhões de pessoas para alimentar no mundo.

4) Numa escala de 0 a 10, dê um valor equivalente à importância, ao seu ver, do meio urbano para o meio rural hoje em dia.

Gráfico 4 – Numa escala de 0 a 10, dê um valor equivalente à importância, ao seu ver, do meio urbano para o meio rural hoje em dia.

Quando questionadas sobre o contrário da questão anterior, a maioria, 44,4%, deu a nota 7 de importância. Com isso, analisando essas duas primeiras questões, observa-se que o meio urbano possui um respeito muito grande pelo meio rural, também acredita ser importante o meio urbano para o meio rural, mas não tão importante quando o meio rural para o meio urbano, apesar de 18,8% das pessoas terem dado a nota máximo de importância neste segundo momento, dando a entender que acreditam que ambos os meios possivelmente possuem o mesmo nível de importância um para o outro.

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Gráfico 5 – Você possui parentes que vivem no campo?

Das pessoas que responderam ao questionário, 72,2% possuem familiares que vivem no campo, enquanto 16% já tiveram e outros 11,8% não possuem ligações familiares com o meio rural. Portanto, levando em conta que 88,2% dos entrevistados já tiveram ou têm parentes que vivem no campo, os mesmos possuem alguma ligação com o meio rural apesar de viverem no meio urbano.

6) Qual seu nível de afinidade com o campo?

Gráfico 6 – Qual seu nível de afinidade com o campo?

Quando questionados sobre o nível de afinidade que possuem com o campo, a maioria, 68,8% dos participantes, responderam já terem visitado o campo, mas não têm mais visitado, 16% vão para o campo com frequência, 9% já viveram no campo, 2,8% nunca foram para o campo e cinco pessoas, 3,5% dos participantes,

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