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JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS. sinopses. Maurício Ferreira Cunha Renato Pessoa Manucci. 3ª edição PARA CONCURSOS

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(1)

2021

Revista, atualizada e ampliada

edição

JUIZADOS

ESPECIAIS CÍVEIS

E CRIMINAIS

Maurício Ferreira Cunha

Renato Pessoa Manucci

Coordenação Leonardo Garcia C O L E Ç Ã O

sinopses

(2)

P a r t e I

JUIZADOS ESPECIAIS

ESTADUAIS CÍVEIS

Capítulo I

Noções Gerais

Capítulo II

Competência

Capítulo III

Partes

Capítulo IV

Atos Processuais

Capítulo V

Procedimento

Capítulo VI

Extinção do processo sem resolução de mérito

Capítulo VII

Execução

Capítulo VIII

Despesas processuais

(3)

II

C a p í t u l o

Competência

RAIO-X DOS CONCURSOS!

Competência é tema certo nos concursos públicos que exigem conhe-cimento a respeito da legislação que trata dos juizados especiais, destacando-se aquela definida em razão do valor, as demandas pos-sessórias sobre bens imóveis (observado o teto) e as de despejo para uso pessoal.

1. INTRODUÇÃO

Nos termos do art. 3º, Lei 9.099/95, o Juizado Especial Cível (JESP)

tem competência para conciliação

,

processo e julgamento das causas

cíveis de

menor complexidade

, assim consideradas:

I

– as causas cujo valor não exceda a

quarenta

vezes o salário

mínimo;

II

as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo

Civil de 1973

1

;

III

a ação de despejo para

uso próprio

;

IV

as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não

exce-dente ao fixado no inciso I deste artigo

.

1. Não obstante a extinção do procedimento comum sumário pelo CPC/2015, que não reproduziu as disposições do art. 275, inciso II, o novo diploma processual ressalvou, no art. 1.063, que enquanto não sobrevier lei específica, os Juizados Especiais permanecem competentes para o processo e julgamento das causas elencadas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil de 1973. Assim, justifica-se a remissão ao dispositivo, que foi incorporado ao microssistema da Lei 9.099/95.

(4)

38 Juizados Especiais Cíveis e Criminais – Vol. 34 • Maurício Cunha e Renato Manucci

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

Em concurso elaborado pela Vunesp para o preenchimento de cargo de Procurador da FAPESP (2019) duas alternativas tratavam da competên-cia dos Juizados Especompetên-ciais, uma delas correta: “Nos Juizados Especiais Cíveis, o processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simpli-cidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação. Relativamente ao procedimento dos Juizados Especiais Cíveis, como regulamentado pe-la Lei n° 9.099/95, assinale a alternativa correta. a) Tem competência para julgamento de ação de despejo para uso próprio. b) Podem nele tramitar demandas cujo valor da causa não supera 60 (sessenta)

salá-rios-mínimos”. Correta a letra “a”, por corresponder ao permissivo do

inciso III do art. 3º da Lei 9.099/95; incorreta a alternativa “b”, eis que

contrária ao disposto no art. 1º, I, da Lei 9.099/95.

Interpretando o dispositivo legal, extrai-se que “a menor

com-plexidade da causa para a fixação da competência é aferida pelo

objeto da prova e não em face do direito material” (Enunciado 54,

do FONAJE). Outrossim, “é taxativo o elenco das causas previstas

no art. 3º da Lei 9.099/1995”, de acordo com o Enunciado 30, do

FONAJE.

“Não haverá, contudo, prorrogação da competência para os

Jui-zados Especiais se a matéria ou o valor da causa não estiverem em

perfeita sintonia com os enunciados do art. 3º da Lei 9.099/1995.

Significa dizer, pois, que se a questão do valor da causa induz à

competência relativa no processo tradicional (art. 102, do Código de

Processo Civil), essa relatividade não atinge os processos dos

Juiza-dos Especiais, segundo se constata Juiza-dos arts. 3º, I, combinado com

o seu § 3º, e arts. 15, 39 e 51, II, todos da Lei 9.099/1995. Em outras

palavras, se no processo civil tradicional a competência em razão do

valor da causa é relativa e se prorroga, o mesmo não se verifica nos

Juizados Especiais para aquelas demandas que não sejam de sua

competência”

2

.

2. TOURINHO NETO, Fernando da Costa; FIGUEIRA JÚNIOR, Joel Dias. Juizados Especiais Estaduais Cíveis e Criminais. 7ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 116.

(5)

39 Cap. II • Competência

Natureza da competência em razão do valor da causa

Processo

tradicional

JESP

Competência

Competência

rela va

absoluta

Prorroga-se

Improrrogável

Portanto, a Lei 9.099/95 prescreveu profundas e significativas

ino-vações, levando para o conhecimento, na esfera cível, não apenas as

causas de “pequeno valor”, mas as demandas de

“menor

complexi-dade”

que, segundo o art. 3º, são identificadas pelo valor (inciso I) e

pela matéria (incisos II a IV). Vale dizer, a competência nesse sistema

é distribuída levando em consideração dois critérios principais:

Competência em razão

do valor da causa Competência em razão da matéria

Causas até 40 (quarenta) salários mí-nimos

Atenção: “a Lei 10.259/2001 [que disci-plina os Juizados Especiais Federais] não altera o limite da alçada previsto no artigo 3º, inciso I, da Lei 9.099/1995” (Enunciado 87, FONAJE).

a)Ações de despejo para uso próprio; b) Ações possessórias sobre bens imó-veis de valor não excedente a 40 (qua-renta) salários mínimos;

c)Ação de arrendamento e de parce-ria agrícola;

d)Ação de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condo-mínio;

e)Ações de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; f)Ações de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre;

(6)

40 Juizados Especiais Cíveis e Criminais – Vol. 34 • Maurício Cunha e Renato Manucci

Competência em razão

do valor da causa Competência em razão da matéria

g)Ações de cobrança de seguro, rela-tivamente aos danos causados em aci-dente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução;

h) Ações de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial; i)Ações que versem sobre revogação de doação;

Importante:

A Lei 12.965, de 23 de abril de 2014, que estabelece princípios, garan-tias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil (marco civil da internet), dispõe, em seu art. 19, § 3º, que “as causas que versem sobre ressarcimento por danos decorrentes de conteúdos disponibilizados na internet relacionados à honra, à reputação ou a direitos de perso-nalidade, bem como sobre a indisponibilização desses conteúdos por provedores de aplicações de internet, poderão ser apresentadas pe-rante os juizados especiais”. O dispositivo deve ser interpretado à luz do microssistema instituído pela Lei 9.099/95, de modo que as ações de ressarcimento mencionadas poderão ser aforadas nos Juizados Espe-ciais desde que não superem o limite de alçada (40 salários mínimos).

2. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA

O principal critério de determinação da competência dos JESP’s

Cíveis é o valor da causa, que

não

pode

ultrapassar 40

(quaren-ta)

salários mínimos. Nos termos do Enunciado 39, FONAJE, o valor

da causa corresponderá à pretensão econômica objeto do pedido,

devendo ser observado os parâmetros do art. 292 do CPC/2015, que

podem ser sintetizados da seguinte maneira:

Critérios legais para atribuição de valor à causa

Natureza Valor da causa

Ação de cobrança de dívida Soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a propositura da ação

(7)

60 Juizados Especiais Cíveis e Criminais – Vol. 34 • Maurício Cunha e Renato Manucci

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

Em questão de prova do concurso para Juiz Leigo, promovido pelo TJ/ CE no ano de 2019 com apoio do Instituto Consulplan, constou

propo-sição correta com o seguinte conteúdo: “O processamento da ação

perante o Juizado Especial Estadual é opção do autor, que pode, se preferir, ajuizar sua demanda perante a Justiça Comum”.

No concurso para Juiz Leigo do TJ/PR, realizado em 2019, constou

asser-tiva da prova objeasser-tiva considerada incorreta: “Excetuada a hipótese

de conciliação, a opção pelo procedimento dos juizados especiais im-portará em renúncia ao crédito excedente ao valor de quarenta vezes o salário mínimo”.

10. ENUNCIADOS DO FONAJE

Importante:

A incidência dos enunciados do fonaje, fonajef e fonafp nas provas de concurso é pequena, mas os referidos enunciados consubstanciam im-portante ferramenta de estudo e servem para enriquecer a resposta a eventuais questões dissertativas e/ou peças prático-profissionais. Por isso, ao final de cada capítulo e, eventualmente, em seu desenvolvi-mento, colacionamos os enunciados pertinentes à matéria.

Enunciado 03 –

Lei local não poderá ampliar a competência do

Juizado Especial.

Enunciado 04 –

Nos Juizados Especiais só se admite a ação de

despejo prevista no art. 47, inciso III, da Lei 8.245/1991.

Enunciado 39 –

Em observância ao art. 2º da Lei 9.099/1995, o valor

da causa corresponderá à pretensão econômica objeto do pedido.

Enunciado 54 –

A menor complexidade da causa para a fixação

da competência é aferida pelo objeto da prova e não em face do

direito material.

Enunciado 58 –

As causas cíveis enumeradas no art. 275 II, do CPC

admitem condenação superior a 40 salários mínimos e sua

respecti-va execução, no próprio Juizado.

Enunciado 69 –

As ações envolvendo danos morais não

consti-tuem, por si só, matéria complexa.

Enunciado 70 –

As ações nas quais se discute a ilegalidade de

juros não são complexas para o fim de fixação da competência dos

(8)

P a r t e I I

JUIZADOS ESPECIAIS

ESTADUAIS CRIMINAIS

Capítulo I

Noções Preliminares

Capítulo II

Atos processuais

Capítulo III

Competência

Capítulo IV

Fase Preliminar

Capítulo V

Procedimento sumaríssimo

Capítulo VI

Execução

Capítulo VII

Despesas processuais

Capítulo VIII

Disposições finais

(9)

I

C a p í t u l o

Noções Preliminares

A CF, inspirada na legislação estrangeira, determinou a criação

de uma

justiça penal consensual

, instituindo, para tanto, os Juizados

Especiais Criminais (JECRIM) com competência para processar e julgar

as infrações penais de menor potencial ofensivo (IMPO).

Regulamentando o texto maior, sobreveio a Lei 9.099/95 que

pre-viu, em seu art. 60, que o Juizado Especial Criminal, provido por

juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a

conci-liação, o julgamento e a execução das

infrações penais de menor

potencial ofensivo

,

respeitadas as regras de conexão e continência

.

Portanto, os Juizados Especiais Criminais são

órgãos da Justiça

Comum

, providos por juízes togados ou togados e leigos. “[...]

Evi-dentemente, esses leigos jamais terão competência para o

julgamen-to de determinada infração penal. Na verdade, sua atuação deve

ficar restrita às tratativas referentes à conciliação entre o autor do

fato delituoso e a vítima (Lei 9.099/95, art. 73), com a ressalva de que

a homologação de eventual acordo deve ser feita exclusivamente

pelo juiz togado (v.g., art. 76, § 4º)”

1

.

Importante:

“o conciliador ou o juiz leigo podem presidir audiências preliminares nos Juizados Especiais Criminais, propondo conciliação e encaminha-mento da proposta de transação” (Enunciado 70, do FONAJE); “a expres-são conciliação prevista no artigo 73 da Lei 9099/95 abrange o acordo civil e a transação penal, podendo a proposta do Ministério Público ser encaminhada pelo conciliador ou pelo juiz leigo, nos termos do artigo 76, § 3º, da mesma Lei” (Enunciado 71, do FONAJE).

Atenção:

O CNJ, apreciando o procedimento de Controle Administrativo 0000303-58.2011.2.00.000, sob a relatoria do Conselheiro Jefferson Kravchychyn,

1. LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Penal Comentada. Niterói: Impetus, 2013, p. 197.

(10)

192 Juizados Especiais Cíveis e Criminais – Vol. 34 • Maurício Cunha e Renato Manucci

decidiu em 1º de março de 2011 que “os juízes leigos, no âmbito dos juizados especiais criminais, somente podem atuar na condição de au-xiliares da justiça, com participação restrita à fase preliminar, sem que possam proferir sentenças, executar penas ou decretar prisões, atividades privativas do juiz togado” (sem grifos no original).

Trata-se de uma

justiça especializada

que, diferentemente da

jurisdição conflitiva clássica, tem por

escopo a conciliação e não a

penalização do criminoso,

sendo a punição subsidiária.

Em suma:

JURISDIÇÃO CONSENSUAL JURISDIÇÃO CONFLITIVA

Criada pela Lei 9.099/95; Código de Processo Penal; Infrações de menor e médio potencial

ofensivo;

Infrações de maior potencial ofensivo; Busca do consenso entre o autor do

delito e o titular da ação penal; São colocados em lados opostos acu-sação e defesa; Busca da reparação dos danos

sofri-dos pela vítima; X

Penas de multa ou penas restritivas de direito;

Pena privativa de liberdade; Mitigação aos princípios da

obriga-toriedade e da indisponibilidade da ação penal pública (Princípio da discri-cionariedade regrada).

Princípios da obrigatoriedade e da in-disponibilidade da ação penal pública.

Atenção: a Lei 13.964, de 24 de janeiro de 2019, que ficou conhecida

como “Pacote Anticrime” e entrará em vigor após decorridos 30 (trin-ta) dias de sua publicação oficial, ampliou o campo de incidência da jurisdição consensual ao positivar o instituto do acordo de não

per-secução penal, consagrado inicialmente na Resolução nº 181, editada

pelo Conselho Nacional do Ministério Público em 07 de agosto de 2017, inserindo-se no campo da Justiça negociada (plea bargaining). Trata--se de ajuste no qual o indiciado/acusado assume sua culpa pelo fato e, em contrapartida, recebe uma sanção penal reduzida ou minora-da, desde que atenda alguns requisitos previstos em lei. Para tanto, foi incluído art. 28-A ao Código de Processo Penal, o qual estabelece que não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confes-sado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução

(11)

193 Cap. I • Noções Preliminares

penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e al-ternativamente:

(i) reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilida-de impossibilida-de fazê-lo;

(ii) renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministé-rio Público como instrumentos, produto ou proveito do crime;

(iii) prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do CP;

(iv) pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do Código Penal, a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou

(v) cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Mi-nistério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.

Assim, atualmente dois são os principais institutos previstos na legislação fundados na concepção de jurisdição consensual, a saber:

Nesse contexto, o processo perante o JECRIM orientar-se-á pelos

critérios da oralidade

, informalidade,

simplicidade

, economia

pro-cessual

e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação

dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa

de liberdade (art. 62,

com redação da Lei 13.603/2018

).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso para Defensor Público do Estado de Roraima, organizado pela Vunesp no ano de 2017 (e, portanto, antes do advento da Lei

13.603/2018), a seguinte proposição foi considerada incorreta pela

(12)

194 Juizados Especiais Cíveis e Criminais – Vol. 34 • Maurício Cunha e Renato Manucci

pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e ce-leridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena privativa de liberdade”. Embora elaborada antes da Lei 13.603/2018, o erro da questão reside na parte final do enunciado quando afirma que o objetivo do procedi-mento sumaríssimo é, dentre outros, a aplicação de pena privativa de liberdade. Na verdade, é justamente o contrário, ou seja, a incidência de pena não privativa de liberdade.

Já sob a égide da Lei 13.603, de 2018, a questão no concurso para Ana-lista Jurídico do Ministério Público do Estado de São Paulo, organizado pela Vunesp no ano de 2018, indagou o candidato sobre os critérios

orientadores dos Juizados Especiais Criminais, sendo considerada

in-correta: “Os critérios orientadores do processo perante o Juizado Es-pecial previstos na lei são: oralidade, brevidade, discricionariedade regrada e mitigação”.

Tratam-se de princípios basilares de funcionamento dos

Juiza-dos Especiais, cabendo relembrar que toJuiza-dos já foram detalhaJuiza-dos

por ocasião do exame do art. 2º (item 3, capítulo I, supra). Aliás,

antes mesmo do advento da Lei 13.603/2018 a doutrina já

sinaliza-va no sentido de que o princípio da simplicidade se aplicasinaliza-va aos

Juizados Especiais Criminais, embora não constasse expressamente

do art. 62.

Rogério Sanches, a propósito, lembra que “o critério da

simplici-dade não agrega, na versimplici-dade, nada de novo, pois trata

simplesmen-te de buscar a realização de atos processuais de forma facilitada,

sem formalismo exagerado e mesmo com uma linguagem que preze

a clareza em oposição a termos exageradamente técnicos, o que se

pode extrair do próprio critério da informalidade. O que fez o

legis-lador foi apenas e tão somente adequar a redação do art. 62 a todos

os critérios gerais que já integravam o art. 2º”

2

.

Assim, constituem objetivos dos Juizados Especiais Criminais a

não

aplicação

, sempre que possível,

de pena privativa de liberdade

(últi-ma razão), bem como o

ressarcimento dos danos sofridos pela vítima.

2. Disponível em http://meusitejuridico.com.br/2018/01/10/lei-13-60318-acrescen-ta-simplicidade-nos-processos-dos-juizados-especiais-criminais/. Acesso em 10 jan. 2018.

(13)

195 Cap. I • Noções Preliminares

Situações de aplicação do princípio da oralidade: (a) registro dos atos realiza-dos em audiência em fita magnética ou equivalente, sendo objeto de registro escrito somente os atos exclusivamente essenciais (art. 65, § 3º); (b) represen-tação verbal em não sendo possível a composição dos danos civis (art. 75); (c) denúncia oral e defesa oral (art. 77 e art. 81); (d) de todo o ocorrido em audiência será lavrado um simples termo com um breve resumo dos fatos e a sentença (art. 81, § 2º).

Situações de aplicação do princípio da informalidade: (i) os atos processuais se-rão considerados válidos sempre que preencherem suas finalidades (art. 65); (ii) citação pessoal e realizada no próprio Juizado Especial Criminal (art. 66); (iii) in-timação por correspondência, com aviso de recebimento (art. 67); (iv) utilização do termo circunstanciado no lugar do inquérito policial (art. 69); (v) conciliação poder ser realizada por juiz ou conciliador (art. 73); (vii) prova da materialidade da infração penal por boletim médico, dispensado o exame de corpo de delito (art. 77, § 1º); (viii) dispensa do relatório quando da prolação da sentença (art. 81, § 3º): (ix) Turma Recursal confirmar a sentença por súmula de julgamento (art. 82, § 5º).

Situações de aplicação do princípio da economia processual: (a) citação pessoal e realizada no próprio Juizado Especial Criminal (art. 66); (b) ciência das partes, dos interessados e dos defensores, em audiência, de todos os atos nela pratica-dos (art. 67, parágrafo único); (c) representação verbal em não sendo possível a composição dos danos civis (art. 75); (d) nenhum ato será adiado, podendo o julgador, se o caso, determinar a condução coercitiva de quem deva compare-cer (art. 80); (e) todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento (art. 81, § 1º).

Situações de aplicação do princípio da celeridade: (i) os atos processuais, de-pendendo das normas de organização judiciária, poderão ser realizados em horário noturno e em qualquer dia da semana (art. 64); (ii) quando do com-parecimento do autor do fato e da vítima, em não sendo possível a realização imediata da audiência preliminar, esta será designada para data próxima (art. 70); (iii) havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, o representante do Ministério Público poderá propor aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa (art. 76); (iv) nenhum ato será adiado, podendo o julgador, se o caso, determinar a condução coercitiva de quem deva comparecer (art. 80); (v) realização dos debates orais e prolação de sentença imediatamente após a produção da prova oral na audiência de instru-ção e julgamento (art. 81).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso para Juiz de Direito do TJ/PR, realizado no ano de 2012, a

seguinte assertiva foi considerada correta: “Um dos principais

objeti-vos do processo no juizado especial criminal é a reparação dos danos sofridos pela vítima, tanto que a composição dos danos civis é homo-logada por sentença irrecorrível que acarreta renúncia ao direito de queixa ou representação, nos casos de ação penal de iniciativa privada ou ação penal pública condicionada à representação”.

(14)

II

C a p í t u l o

Atos processuais

1. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

“Os atos processuais serão

públicos

e poderão realizar-se em

ho-rário noturno

e em

qualquer dia da semana

, conforme dispuserem

as normas de organização judiciária” (art. 64).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

No concurso para Juiz de Direito Substituto do TJ/MS, organizada pela FCC e aplicada no ano de 2020, a seguinte assertiva constante da prova objetiva foi considerada incorreta: “os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da sema-na, incabível, porém, a prática em outras comarcas”.

No concurso para Juiz Leigo do TJ/BA, organizado pelo Cespe/Cebras-pe e realizado no ano de 2019, a seguinte proposição constante da prova objetiva foi considerada incorreta: “Os atos processuais serão públicos e devem ser realizados em horário diurno, em qualquer dia da semana”.

Ainda que a lei faça menção ao fato de os atos serem públicos, é

possível a limitação dos mesmos, para fins de defesa da intimidade

e/ou resguardo social, conforme previsão constitucional nesse

senti-do (art. 5º, LX, e 93, IX).

Com efeito, “o art. 64 da Lei dos Juizados apenas se limita a

reiterar o disposto na Constituição Federal, assegurando a

publici-dade como regra. Apesar de a regra ser a publicipublici-dade ampla,

de-ve-se compreender que, como toda e qualquer garantia, esta não

tem caráter absoluto, podendo ser objeto de restrição em situações

em que o interesse público à informação deve ceder em virtude de

outro interesse de caráter preponderante no caso concreto. Daí se

falar em publicidade restrita, ou interna, que se caracteriza quando

houver alguma limitação à publicidade dos atos do processo. Nesse

caso, alguns atos ou todos eles serão realizados somente

peran-te as pessoas diretamenperan-te inperan-teressadas no feito e seus respectivos

(15)

224 Juizados Especiais Cíveis e Criminais – Vol. 34 • Maurício Cunha e Renato Manucci

Desclassificação/absolvição do crime contra a

vida na pronúncia

Desclassificação/absolvição do crime contra a

vida no plenário do júri

•O crime conexo remanescente, cuja pena seja igual ou inferior a 2 (dois) anos, será julgado pelo Juizado Especial Criminal.

•O crime conexo remanescente, ainda que com pena igual ou inferior a 2 (dois) anos, será julgado pelo Presidente do Tribunal do Júri, que para tanto aplicará os ins tutos despenalizadores previstos na Lei 9.099/95.

Como esse assunto foi cobrado em concurso?

Na prova objetiva do concurso para Delegado de Polícia Civil Substituto do Estado de Goiás (Cespe, 2017), constava enunciado contrário aos

co-mandos do art. 60, Lei 9.099/95, que foi considerado incorreto, por

con-seguinte. Importante conferir o seu conteúdo para evitar pegadinhas de concursos: “Não se admite a transação penal nem a composição civil dos danos nos processos de competência dos juizados especiais criminais que, por motivo de conexão ou continência, tiverem sua com-petência deslocada para o tribunal do júri”.

6. AÇÃO PENAL PRIVADA

Nas ações penais

exclusivamente

privadas

, o querelante poderá

apresentar a queixa-crime no foro do domicílio ou residência do réu,

ainda que conhecido o lugar da infração, nos termos do art. 73, CPP.

À luz do princípio da especialidade, a sobredita regra

não

se aplica

aos Juizados Especiais, que é regido por Lei e princípios próprios.

Assim, tratando-se de ação penal privada submetida ao

procedi-mento sumaríssimo, o querelante não poderá escolher o foro para a

propositura da queixa, devendo ajuizá-la no lugar em que praticada

a infração penal (locus comissi delicti).

7. ENUNCIADOS DO FONAJE

Enunciado 10 –

Havendo conexão entre crimes da competência do

Juizado Especial e do Juízo Penal Comum, prevalece a competência

deste.

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