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Anais do 38º CBA, p.1248

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Academic year: 2021

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HEMANGIOSSARCOMA PRIMÁRIO EM GLÂNDULA NICTITANTE DE UM CANINO PRIMARY HEMANGIOSARCOMA IN NICTITATING GLAND OF A CANINE Poliana Araújo XIMENES1; Keylla Suellen Batalha Rocha FERNANDES1; José Artur

Brilhante BEZERRA1; Ramon Tadeu Galvão Alves RODRIGUES1 e Kilder Dantas

FILGUEIRA2

1 Médico Veterinário, Residente, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, polyaraujo_3@hotmail.com

2 Médico Veterinário, Me., Universidade Federal Rural do Semi-Árido Resumo:

As neoplasias que acometem a glândula da terceira pálpebra dos cães podem apresentar uma grande variedade de tipos histológicos neoplásicos. Dentre essas tem-se o hemangiossarcoma. O mesmo apresenta-se de modo incomum em caninos e possui um amplo diagnostico diferencial. Nesse sentido, o presente trabalho objetivou a descrição do hemangiossarcoma, com surgimento primário, em glândula da terceira pálpebra canina. Uma cadela, raça Pit Bull, oito anos, foi encaminhada para avaliação devido à alteração ocular. Submeteu-se a paciente ao exame físico. Havia a presença de um nódulo, na glândula da terceira pálpebra associada ao olho direito. Não ocorriam anormalidades em outros segmentos do globo ocular direito e respectivos anexos, assim como na estrutura ocular contralateral. Também não existiam proliferações em outros sítios anatômicos aparentes. Optou-se por biopsia excisional da neoformação e o material resultante foi destinado para histopatologia. Essa última elucidou quadro morfológico compatível com hemangiossarcoma. O mesmo deve ser considerado dentre as proliferações neoplásicas que acometem a glândula da terceira pálpebra canina. Palavras-chave: neoplasia maligna, vasos sanguíneos, anexo ocular, cão. Keywords: malignant neoplasm, blood vessels, ocular adnexa, dog.

Revisão de Literatura:

A patologia ocular é uma ciência que estuda as enfermidades, de diversas etiologiais, que afetam o bulbo ocular e suas estruturas anexiais, correspondendo a uma área relativamente nova na medicina veterinária, com suas primeiras publicações que datam do início do século XX (MARTINS e BARROS, 2014). As neoplasias oculares podem ser classificadas em primários ou secundários e são importantes afecções da oftalmologia veterinária, podendo acometer o bulbo ocular, órbita ou anexos (HESSE et al., 2015). A terceira pálpebra (ou membrana nictitante)

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é um das estruturas representativas dos anexos oculares e corresponde a uma camada fina de tecido observada no canto medial de cada olho. Enquanto a mesma encontra-se em sua disposição anatômica, a glândula túbulo acinar correspondente (glândula da terceira pálpebra ou nictitante) está profundamente assentada e não visível, mas contribuindo com uma significativa proporção do filme lacrimal aquoso (GELATT et al., 2013). As neoplasias que acometem a glândula da terceira pálpebra podem ser afetada por uma grande variedade de tipos histológicos neoplásicos, sejam de comportamento biológico benigno ou maligno, sendo representadas pelo papiloma, adenoma, angioqueratoma, hemangioma, histiocitoma, adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas, carcinoma de céulas basais, mastocitoma, melanoma, linfoma, fibrossarcoma e hemangiossarcoma (MARTINS e BARROS, 2014; PIGATTO et al., 2015). O hemangiossarcoma é uma neoplasia maligna com origem nas células endoteliais (PEIXOTO et al., 2011). Equivalem a 9,1% de todas as neoplasias oftálmicas da espécie canina e 4,7% das prolferações neoplásicas que ocorrem na glândula nictitante dessa espécie (MARTINS e BARROS, 2014; HESSE et al., 2015). Em virtude de tal neoplasia ocular revelar-se de modo incomum em cães e possuir um amplo diagnostico diferencial, objetivou-se a descrição do hemangiossarcoma, com surgimento primário, em glândula da terceira pálpebra canina.

Descrição do Caso:

Uma cadela, raça Pit Bull, oito anos de idade, castrada, foi encaminhada para avaliação devido à alteração ocular. O tempo de evolução correspondia há aproximadamente um dois meses, com rápida velocidade de crescimento. Submeteu-se a paciente ao exame físico. Constatou-se normalidade dos parâmetros vitais. Contudo, havia a presença de um nódulo (2,1 x 1,3 x 0,52), na glândula da terceira pálpebra associada ao olho direito. A neoformação possuía consistência macia, aspecto irregular, superfície erodida, base de inserção pedunculada, ausência de aderência a planos profundos e cor vermelha escura. O exame oftalmológico (subjetivo e objetivo) não detectou anormalidades em outros segmentos do globo ocular direito e respectivos anexos, assim como na estrutura ocular contralateral. Também não existiam proliferações em outros sítios anatômicos aparentes. Optou-se em solicitar exames complementares. Esses corresponderam a hemograma, bioquímica sanguínea (renal e hepática), radiografias torácicas, ultrassonografia abdominal e citologia da proliferação ocular (com uso da técnica de

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escarificação, mediante o uso prévio de solução oftálmica anestésica constituída por cloridrato de proximetacaína). Os exames laboratoriais não revelaram alterações, com exceção da citopatologia, onde as características celulares observadas sugeriram a ocorrência de uma neoplasia maligna de origem mesenquimal. Optou-se por biopsia excisional da neoformação e o material resultante foi destinado para histopatologia. Essa última elucidou proliferação neoplásica nodular, expansiva, discretamente infiltrativa, bem delimitada e não revestida por cápsula fibrosa. As células tumorais eram alongadas e propagavam-se formando espaços vasculares irregulares que continham sangue. Existia anisocariose, atipia nuclear leve e nucléolos evidentes e atípicos. O quadro morfológico foi compatível com hemangiossarcoma. Ao realizar o somatório da avaliação clínica e laboratorial, definiu-se o hemangiossarcoma como de surgimento primário em glândula da terceira pálpebra (ou glândula nictitante). Não houve possibilidade de realizar seguimento, pois não ocorreu retorno do tutor com o animal.

Discussão:

O surgimento do hemangiossarcoma é favorecido pela presença de vasos sanguíneos teciduais. Os sinais variam conforme o local acometido, podendo atingir uma maior frequência em pele, fígado, baço e coração, mas também sendo reportado em sistema nervoso central, pulmão, rim, ossos, músculos e trato digestório (LAUS et al., 2008; PEIXOTO et al., 2011). Todavia, neoplasias primárias de origem vascular são extremamente raras em anexos oculares caninos (LAUS et al., 2008). As citações acima reforçaram o carater insóito da neoplasia em discussão. A detecção de neoplasias oculares e em seus anexos é normalmente verificada pelos tutores, que relatam alterações na aparência normal dos olhos ou na função visual de seus animais. A presença de neoformações, além das alterações cosméticas, invariavelmente induz a processos irritativos da córnea, lagoftalmia, hemorragia e possibilidade de comprometimento para outras estruturas oculares (AGUIAR et al., 2016). Tal afirmação justificou a abordagem precoce da paciente em questão, com o diagnóstico em tempo hábil, prevenindo a ocorrência de disseminação para os demais componentes oftálmicos. Em cães e gatos, as proliferações oftálmicas são frequentemente primárias (HESSE et al., 2015). No presente caso, a origem neoplásica realmente era restrita a glândula da terceira pálpebra, uma vez que não ocorriam sinais clínicos de envolvimento dos principais órgãos acometidos pelo hemangiossarcoma, associada à inexistência de

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visualização de neoformações nos exames de imagem. A etiologia tem sido incriminada com a exposição ocular continua a radiação solar, principalmente em estruturas desprovidas de pigmentação (CONCEIÇÃO et al., 2010; PIGATTO et al., 2015). Estudos prévios indicam que os cães afetados por hemangiossarcoma, em tecidos oculares, estão dispostos em uma faixa etária de cinco a 13 anos de idade e usualmente são pertencentes a raças de grande porte, uma vez que as mesmas são utilizadas para caça e atividades desportivas e assim estão constantemente mantidas ao ar livre (HESSE et al., 2015; PIGATTO et al., 2015). A neoplasia em geral exibe-se como lesões focais e protuberantes, com dimensões reduzidas, de consistencia macia, aspecto irregular, coloração variando de vermelha a marrom, com vasos sanguineos proeminentes, em associação a secreção sanguinolenta (LAUS et al., 2008; PEIXOTO et al., 2011; PIGATTO et al., 2015). Os dados etiológicos e epidemiológicos, além da macroscopia da neoplasia da cadela descrita corroboraram com a literatura. Como diagnósticos diferenciais podem ser citadas outras neoplasias (sejam de caracteristicas histologicas benignas ou malignas), granuloma por corpo estranho, adenite linfocítica intesticial, prolapso da glândula da terceira pálpebra, granuloma eosinofílico, episclerite nodular e granulomas parasitários ou micóticos (SOUZA et al., 2005; PIGATTO et al., 2015). Os exames citológico e, principalmente, o histopatológico são fundamentais para definição do tipo de tumor e na conduta terapêutica a ser tomada no, além de auxiliar no prognóstico (AGUIAR et al., 2016). No caso em discussão a citopatologia foi essencial para a triagem diagnóstica da enfermidade enquanto a histopatologia permitiu a conclusão definitiva do hemangiossarcoma e a exclusão para outras possibilidades de diagnóstico. O tratamento clássico corresponde à excisão cirúrgica (SOUZA et al., 2005; LAUS et al., 2008). Tal fato foi condizente com a conduta adotada no animal em evidência. O hemangiossarcoma em glândula da terceira pálpebra raramente causa metástase a distância, mas pode ocorrer recorrência e invasibilidade local pós-operatória, em 55% dos casos (CONCEIÇÃO et al., 2010; HESSE et al., 2015). Não houve possibilidade de obter essa informação no registro em questão, em virtude da ausência de seguimento da paciente.

Conclusão:

O hemangiossarcoma deve ser considerado dentre as proliferações neoplásicas que acometem a glândula da terceira pálpebra canina.

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Referências:

AGUIAR, M. A. T.; FARIA JUNIOR, D.; CASTRO, B. G. Hemangioma em terceira pálpebra de cão - relato de caso. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, Rio de Janeiro, v.38, n.1, p.30-32, 2016.

CONCEIÇÃO, L. F.; RIBEIRO, A. P.; PISO, D. Y. T.; LAUS, J. L. Considerations about ocular neoplasia of dogs and cats. Ciência Rural, Santa Maria, v.40, n.10, p.2235-2242, 2010.

GELATT, K. N.; GILGER, B. C.; KERN. T. J. Veterinary ophthalmology. 5. ed. Iowa: Wiley-Blackwell, 2013, 2186p.

HESSE, K. L.; FREDO, G.; GUIMARÃES, L. L. B.; REIS, M. O.; PIGATTO, J. A. T.; PAVARINI, S. P.; DRIEMEIER, D.; SONNE, L. Neoplasmas oculares e de anexos em cães e gatos no Rio Grande do Sul: 265 casos (2009 -2014). Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.35, n.1, p.49-54, 2015.

LAUS, J. L.; ORTIZ, J. P. D.; BRITO, F. L. C.; LISBÃO, C. B. S.; SILVA JÚNIOR, V. A.; MAIA, F. C. L. Hemangiosarcoma of the nictitant membrane in a Brazilian Fila dog: case report. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.60, n.6, p.1413-1417, 2008.

MARTINS, T. B.; BARROS, C. L. S. Fifty years in the blink of an eye: a retrospective study of ocular and periocular lesions in domestic animals. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.34, n.12, p.1215-1222, 2014.

PEIXOTO, R. V. R.; FARIAS, E.; GALERA, P. D. Hemangiossarcoma na terceira pálpebra de cão. Medvep – Revista Científica de Medicina Veterinária – Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.9, n.29, p.280-283, 2011.

PIGATTO, J. A. T.; ALBUQUERQUE, L.; VOLL, J.; DRIEMEIER, D. Hemangiosarcoma of the third eyelid in a dog. Acta Scientiae Veterinariae, Porto Alegre, v.43, n.1, p.1-4, 2015.

SOUZA, A. L. G.; WOUK, A. F. P. F.; MONTIANI-FERREIRA, F. Neoplasias dos anexos oculares em cães e gatos. Clínica Veterinária, São Paulo, v.10, n.54, p.48-52, 2005.

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