O candidato pede a anulação da questão 07, alegando a existência de dois itens corretos: D e E. A alternativa correta é a letra “E”, pois parafraseia, de modo adequado, o sentido da frase (Não acho que os cientistas cometeram um crime, então eles não deveriam ir para a cadeia). Esclarecemos que as duas orações articulam-se no nível epistêmico, das opiniões do autor, e deve-se manter o paralelismo semântico nesse nível (Como não acho que os cientistas cometeram um crime, não acho que eles deveriam ir para a cadeia). A opção D altera o sentido da frase ao quebrar esse paralelismo. Em outras palavras, não é porque o autor não acha que os cientistas cometeram um crime que os cientistas não deveriam ir para a cadeia.
O candidato solicita a mudança de gabarito da questão 08, alegando que o sentido do verbo poder na frase do texto “Não se pode mesmo prever um terremoto”, é de possibilidade, e não de capacidade. De acordo com a leitura do texto, trata-se de uma capacidade técnica para a previsão de terremotos. O autor narra um fato no passado, avaliando suas causas em relação à capacidade e ao desempenho dos atores envolvidos. Os sentidos do verbo poder e de seus derivados (possível, impossível) são próximos (capacidade, permissão, possibilidade), e caberia, ao candidato, a interpretação do item no contexto (item 3 do programa de Leitura, Língua Portuguesa).
O candidato pede a anulação da questão 10, alegando apenas o seguinte: “Compreendo o sentido da frase “até favorável como do contrario ao que pensavam é favoravel (sic)”. Como se vê, há, na solicitação da candidata, uma expressão da compreensão que teve do sentido do vocábulo “até” em “O panorama era até favorável” (linhas 22-23). Como não há, na solicitação feita, qualquer indicação de problemas na questão ou mudança no gabarito, esclarecemos que esse vocábulo indica, de fato, inclusão, isto é, a extensão de um limite (cf. BECHARA, 1999, p. 311). Em outras palavras, para o porta-voz dos cientistas, a situação estava tão normal, que chegava a ser favorável.
O candidato pede a mudança de gabarito ou anulação da questão 13, alegando que, na pergunta “E o que elas fizeram?” (linha 24), é uma reflexão proposta pelo autor. Esclarecemos que a pergunta tem, em seu conteúdo proposicional, a referência à ação de um grupo (a população da região de L’Áquila) dentro de uma sucessão de eventos em um trecho narrativo. Logo após a pergunta, o autor concede a resposta. Esse recurso expressivo é a simulação de uma interação com o interlocutor. No trecho, o autor desempenha o papel de leitor, o que confere, ao texto, maior proximidade, interação.
O candidato pede a mudança de gabarito da questão 14, alegando que em “Você pode dormir fora de casa se quiser” (linha 28) indica dúvida (item C), e não polidez (item B). Esclarecemos que as orações condicionais, bem como o modo subjuntivo têm, em geral, uma natureza não factual, isto é, eventual. A “dúvida” é apenas um dos contextos em que esses recursos linguísticos são utilizados, mas eles não lhe são privativos. No texto, o autor sugere uma declaração mais adequada à população. Ao fazer isso, ele “assume” o papel do porta-voz que, ao dirigir-se à população, modaliza seu enunciado com uma forma polida de tratamento, baseada no respeito ao desejo das pessoas. O autor não utiliza a condicional para expressar a dúvida dele (se a população quer ou não quer dormir fora de casa). Os exemplos de uso do “talvez”, citados pelo candidato conferem, de fato, o sentido de “dúvida” nas palavras do autor ( se haveria ou não um terremoto), mas não era esse o recurso a ser interpretado na questão.
O candidato pede a anulação da questão n. 18, alegando que havia duas opções iguais. Com efeito, após a análise, a comissão verificou que, na digitação, as alternativas D e E registraram a mesma oração. Contudo, essa oração não está de acordo com as regras da gramática normativa no que concerne ao item 4.5 - classificação dos verbos quanto a sua predicação - do conteúdo de Gramática constante no Edital. O verbo informar é transitivo direto e indireto, ou seja, apresenta um complemento direto, sem preposição; e um indireto, com preposição (a/para), tal como se encontra na alternativa correta: A (O porta-voz informou à população que a situação sísmica era “normal”).
O candidato pede a anulação da questão n. 20, alegando que “segundo o dicionário Aurélio tampouco significa tão(tam) + pouco, também não”. Esclarecemos que o dicionário Aurélio registra o seguinte:
“[De tam (= tão) + pouco]. Adv. Também não: ‘Não dormi, tampouco estive acordado’. (Benedito Salomon da Costa e Silva, Seis Contos, p. 15.) [Cf. tão pouco, em frases como: Tenho tão pouco entusiasmo por este livro!]
Com a informação “[De tam (= tão) + pouco]”, o dicionário apresenta a origem etimológica da palavra, e não o seu sentido. O sentido da expressão é dado a seguir, em “Também não”, que consta na alternativa correta (letra E) sobre o sentido de “tampouco” no texto. Ao final, o verbete do dicionário sugere o confronto com a grafia “tão pouco”, que tem também sentido diferente da expressão “tampouco”, utilizada no texto, tal como se comprova na comparação sugerida [Cf. tão pouco, em frases como: Tenho tão pouco entusiasmo por este livro!].
Quanto ao argumento de que o item C (“Nem mesmo”) estaria correto, esclarecemos que, em virtude do item “mesmo”, “nem mesmo” acrescentaria ao sentido de tampouco, expressão utilizada no texto, um sentido de negação de expectativa, como se o autor estivesse negando uma opinião do leitor de que os cientistas podem dizer quando um terremoto não vai ocorrer.
Esclarecemos, por último, que a questão prevê um nível de dificuldade para o candidato, ao apresentar alternativas com outros recursos da língua com grafia e função coesiva próximas, mas não equivalentes do ponto de vista da coerência no contexto. Pretende, portanto, avaliar a habilidade dos candidatos de interpretação do significado de palavras recorrendo ao contexto.