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Análise da demonstração do valor adicionado sob a ótica da responsabilidade social corporativa: o caso da Petrobrás

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ENEGEP 2006 ABEPRO

Análise da demonstração do valor adicionado sob a ótica da

responsabilidade social corporativa: o caso da Petrobrás

Ieda Margarete Oro (FURB) ieda@unoescsmo.edu.br Jorge Eidt (FURB) jorgeeidt@smo.com.br

Ilse Maria Beuren (FURB) ilse@furb.br

Resumo

O artigo objetiva analisar a Demonstração do Valor Adicionado como instrumento de evidenciação de informações relacionadas à responsabilidade social de uma empresa. Para tal realizou-se um estudo exploratório, por meio de indicadores calculados sobre os componentes evidenciados na DVA de 2003 e 2004 da empresa Petrobrás, sob a ótica da responsabilidade social corporativa. Os resultados da pesquisa mostram os indicadores relacionados à produtividade, tendo como referência o valor adicionado total e o número de empregados, bem como a participação dos empregados e administradores, governos, terceiros e acionistas no valor adicionado total a distribuir pela empresa. Os indicadores calculados sobre a DVA da Petrobrás denotam que a maior participação no valor adicionado pela empresa é do governo, representando mais de 60%, e nos menores percentuais de participação encontram-se os acionistas e a classe dos trabalhadores, ambos com participação oscilando em torno de 6% do valor adicionado. Conclui-se pela importância da Demonstração do Valor Adicionado como instrumento de evidenciação de informações relacionadas à responsabilidade social, com destaque à forma como a sociedade participa da distribuição da riqueza gerada pela empresa, e também quais e como são as formas de participação.

Palavras-chave: Análise, Demonstração do valor adicionado, Responsabilidade social.

1. Introdução

A contabilidade deve divulgar informações compreensíveis, relevantes, confiáveis, comparáveis e tempestivas. Sob o ponto de vista das informações aos usuários externos, a maioria das empresas brasileiras utiliza-se da contabilidade conforme a normatização estabelecida pelos organismos reguladores e especialmente a preceituada pela Lei n. 6.404/76, que determina as demonstrações contábeis obrigatórias.

No entanto, a contribuição social das empresas não está bem evidenciada nas demonstrações contábeis tradicionais. Neste sentido, nas sociedades européia e norte-americana, foram introduzidas nos anos 60 e 70 mudanças acerca das informações produzidas pela contabilidade. Desenvolveram indicadores sociais e tornaram obrigatória para determinado porte de empresas a publicação do Balanço Social.

No Brasil esta prática foi introduzida de forma voluntária, sem regulamentação, a partir da década de 90. Contudo, a partir da criação de algumas legislações municipais, estaduais e federais relacionadas a esta matéria, assim como do apoio de algumas entidades não-governamentais, sugerindo a publicação da informação social, a cada ano mais empresas e entidades estão aderindo a este tipo de evidenciação.

O objetivo deste trabalho é analisar a Demonstração do Valor Adicionado como instrumento de evidenciação de informações relacionadas à responsabilidade social de uma empresa. A proposição de análise é por meio de indicadores calculados sobre os componentes

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evidenciados na DVA de 2003 e 2004 da empresa Petrobrás, no sentido de melhor conhecer como a empresa gera riquezas, quais seus beneficiários em relação à responsabilidade social, e por fim, do quanto efetivamente é destinado como remuneração sobre o capital dos investidores.

O trabalho está estruturado de modo a iniciar com esta introdução. Na seqüência, faz uma incursão em aspectos conceituais do valor adicionado, na estrutura da DVA, na responsabilidade social corporativa e no conceito de accountability. Em seguida, faz a descrição e análise dos dados coletados na DVA referente os anos de 2003 e 2004 da empresa objeto de estudo. Por fim, apresenta as considerações finais ao estudo realizado.

2. Aspectos conceituais do valor adicionado e gerado pelas empresas

Qualquer agente econômico, das pequenas às grandes organizações empresariais, tem e precisa estabelecer adição de riquezas em suas operações, fixando sua continuidade, do contrário sumariamente estará convergindo à descontinuidade da sua vida econômica. Tinoco (2001, p. 22) acerca do Postulado da Continuidade comenta que “as entidades têm por objetivo adicionar valor, gerando, por conseguinte, novos produtos e serviços, que visam satisfazer às necessidades de seus clientes, permitindo em decorrência a continuidade da entidade”.

A transformação de bens e também a comercialização geram valores econômicos, que na linguagem econômica e contábil é denominado “Valor Adicionado” ou “Valor Agregado”. No entanto, conforme De Luca (1998), uma empresa não pode buscar somente lucros. No seu relacionamento com a sociedade existem obrigações, tais como a preservação do meio ambiente, a criação e manutenção de empregos, a contribuição para a formação profissional, a qualidade dos bens e serviços e outras que não estão legalmente assumidas, mas que são importantes até mesmo para a continuidade da empresa.

A função social de qualquer empresa é gerar novos bens e serviços em benefício da sociedade, além de proporcionar empregos e contribuições aos cofres governamentais. As empresas, enquanto agentes econômicos, geradoras de riquezas, empregos e distribuição de renda, precisam ampliar sempre mais seus desempenhos e valores adicionados. Estes valores são fontes de distribuição e benefícios sociais em todas as amplitudes, que compõem a Demonstração do Valor Adicionado.

Para Tinoco (2001), uma das formas que ampliam a capacidade de se analisar o desempenho econômico e social das organizações é pelo valor econômico que é agregado aos bens e serviços adquiridos de terceiros, valor este denominado de Valor Adicionado ou Valor Agregado (valor total da produção de bens e serviços de determinado período, menos o custo dos recursos adquiridos de terceiros, necessários a essa produção).

O valor adicionado, conforme De Luca (1998), é a diferença entre o valor da produção e os consumos intermediários (compras a outras empresas) num determinado período, ou seja, a mesma definição utilizada pela economia, e representa o quanto de valor ela agrega pela diferença entre as vendas e o total dos insumos adquiridos de terceiros. Este valor será igual à soma de toda a remuneração dos esforços consumidos nas atividades da empresa.

Santos (2003) entende que o valor adicionado representa o incremento de valor que se atribui a um bem durante o processo produtivo. Assim, poder-se-ia concluir que as empresas, ao exercerem suas atividades, utilizando-se de bens e serviços que são adquiridos de terceiros, aplicando seus capitais, através da utilização de seus equipamentos, e o trabalho de seus empregados, estarão adicionando valor aos novos produtos que serão colocados no mercado.

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A evidenciação dos valores adicionados pelas empresas possui relevância social, pois mostra a forma como estes são distribuídos à sociedade, seja diretamente, por meio da distribuição de renda, ou de modo indireto, pelo recolhimento de impostos aos cofres governamentais. Todo este conjunto de valores desenvolvidos e agregados são evidenciados de forma quantitativa na Demonstração do Valor Adicionado, conhecida pela sigla DVA.

3. Demonstração do valor adicionado

Segundo De Luca (1998), a Demonstração do Valor Adicionado evidencia um conjunto de informações de natureza econômica. Trata-se de um relatório contábil que visa demonstrar o valor da riqueza gerada pela empresa e a distribuição para os elementos que contribuíram para sua geração.

A Demonstração do Valor Adicionado é uma peça componente do Balanço Social. Santos (2003) menciona que o Balanço Social é estudado em quatro vertentes, que consistem em Balanço Ambiental, Balanço de Recursos Humanos, Demonstração do Valor Adicionado e Benefícios e Contribuições à Sociedade em Geral. Adverte que cada vertente possui suas respectivas extensões.

Em relação ao conjunto das informações que integram o Balanço Social, especificamente quando se trata do aspecto econômico e do desenvolvimento das empresas através da geração de resultados. De Luca (1998, p. 27) explica que “trata-se da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), que apresenta a riqueza criada pela empresa e sua distribuição entre os vários elementos que contribuíram para sua criação”.

Segundo Ferreira et al. (2004), a melhor forma de medir a geração e distribuição dos resultados aos stakeholders é através da DVA, que se apresenta de forma muito mais interessante do que as tradicionais peças contábeis, que deixam grande lacuna quando o foco de interesse for social. Tinoco (2001, p. 15), afirma que, “decorre daí a necessidade da elaboração do Demonstrativo do Valor Adicionado pelas organizações”.

A sociedade, nas mais diversas dimensões de comportamento, está atenta ao que as empresas fazem durante o desenvolvimento de suas atividades, observando sua interação no meio social, econômico e ambiental. O contexto social requer cada vez mais a melhoria da continuidade da humanidade, exigindo sempre melhor ação das empresas em suas formas de produzir ou movimentar produtos e serviços aceitáveis ao consumo.

O comportamento das empresas é observado em relação à forma com que geram seus valores adicionados, a contribuição na distribuição de rendas, na proteção e melhoria do meio ambiente, no aspecto da sustentabilidade econômica e também na perspectiva de continuidade. As empresas, ao assimilarem a importância da publicação de seus resultados, já teriam suficientes razões para elaborarem suas Demonstrações dos Valores Adicionados, expondo as reais contribuições à sociedade.

Toda empresa, independente de sua modalidade de constituição ou tamanho, num país emergente como o Brasil, em que grande parte das empresas nacionais é de pequeno porte, devem ser de interesse para os governos, nas diversas esferas, e especialmente à classe trabalhadora, uma vez que geram empregos e distribuem rendas por meio de salários. Geram valores adicionados e, conseqüentemente, realizam a distribuição de valores como forma de remuneração dos fatores que contribuíram nesta formação.

A sociedade de modo geral entende e os proprietários das empresas precisam compreender que cada empresa é um segmento social, tendo diversas atribuições e responsabilidades sociais. Portanto, qualquer empresa, independente de seu porte, deveria ter o máximo de

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interesse para elaborar e divulgar sua Demonstração do Valor Adicionado, mostrando para a sociedade como gera os valores e a sua forma de distribuição, com vistas em assegurar a accountability que lhes é exigida.

4. Responsabilidade social corporativa e o conceito de accountability

As empresas vêm incorporando e tornando a responsabilidade social como uma estratégia de atuação para seus clientes e empregados. Os consumidores ditam o desempenho mercadológico de cada setor, escolhendo seus produtos não só pelo preço, mas também pela qualidade e atitudes que a empresa tem em relação à sociedade, gestão ambiental e benefícios estendidos ao quadro funcional. Valorizam essencialmente esforços que cada entidade tem em relação ao desenvolvimento de produtos que não exerçam efeitos prejudiciais para o ser humano e ao planeta.

Conforme Ribeiro e Lázaro (1999), quando as empresas agridem o meio ambiente, colocam em risco a continuidade da vida humana ou reduzem a qualidade desta; as que não propiciam condições adequadas para o trabalho, contribuem para degenerar psicológica e socialmente dos trabalhadores; e aquelas que não adicionam valor à economia, consomem recursos governamentais sem darem contribuição de benefícios sociais onde estão inseridas. Neste sentido, a evidenciação dos fatores que refletem a interação da empresa com o meio ambiente é fundamental.

Ashley (2000) destaca que muitas empresas, acadêmicos e, inclusive, a mídia vêm ressaltando exclusivamente a instrumentalização da responsabilidade social corporativa como forma de melhorar a reputação e imagem da empresa, identificar oportunidades de testar novas tecnologias e produtos e, desta forma, adquirir vantagens competitivas no mercado globalizado. No entanto, a sua aplicabilidade não está reduzida à racionalidade instrumental, mas um novo conceito de empresa e, assim, um novo modelo mental quanto às relações sociais, econômicas e políticas entre a corporação e a sociedade.

A responsabilidade social, de acordo com Oliveira (2002, p. 205), “é o objetivo social da empresa somado à sua atuação econômica. É a inserção da organização na sociedade como agente e não somente no econômico”. Uma das formas de evidenciar a responsabilidade social das empresas tem sido a divulgação da Demonstração do Balanço Social. Este instrumento tem por objetivo tornar públicas as ações sociais desenvolvidas no âmbito empresarial, no sentido do cumprimento da accountability que é exigida das empresas.

O conceito de accountability tem tudo a ver com os esforços das empresas em prestar contas de suas ações à sociedade. O termo ainda não possui um similar na linguagem nacional. Trata-se de um termo abrangente, que vai além da prestação de contas, pura e simples, pelos gestores (SANTOS,1999). Para Mello (1998), a definição mais apropriada de accountability é responsabilidade.

Nakagawa (1993, p. 17) afirma que “accountability é a obrigação de se prestar contas dos resultados obtidos, em função da responsabilidade que decorre de uma delegação de poder”. Dessa forma, pode-se dizer que toda delegação de autoridade concedida dentro de uma hierarquia empresarial será cobrada, para que preste conta das atitudes em relação a toda cadeia de interessados, desde investidores, direção da empresa, acionistas, assim como qualquer pessoa que demonstre interesse.

Portanto, a responsabilidade social das empresas possui uma estreita relação com o conceito de accountability, que na sua essência revela a necessidade da prestação de contas das ações prestadas e resultados alcançados. Entende-se que a responsabilidade social corporativa passa a incorporar as metas das organizações, destinando parte de seu orçamento para investimentos

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com a sua responsabilidade social.

5. Procedimentos metodológicos

O delineamento da pesquisa configura-se como um estudo exploratório, que se utiliza de fontes secundárias, com abordagem dedutiva. O estudo exploratório, segundo Gil (1999), tem como principal objetivo esclarecer e modificar conceitos e idéias, com vistas à formulação de problemas mais precisos.

As fontes secundárias consubstanciam-se de pesquisa bibliográfica para a formação do referencial teórico e de um estudo de caso centrado em uma única organização. Martins (2002) explica que o estudo de caso dedica-se a estudos intensivos do passado, presente e interações ambientais de uma unidade social [...]. A empresa que se constitui no objeto de estudo é a Petrobrás. A escolha do sujeito da pesquisa foi intencional, motivada pelas recentes divulgações da empresa na mídia nacional e internacional pela auto-suficiência na produção de petróleo.

Os dados coletados referentes a empresa foram extraídos do Relatório Anual dos anos de 2003 e 2004, publicado na homepage da empresa (www.petrobras.com.br). De forma específica foi focalizada a Demonstração do Valor Adicionado da empresa, referente os anos mencionados.

Quanto aos procedimentos sistemáticos para a descrição e aplicação dos índices, o estudo se desenvolveu num ambiente que preconizou predominante a abordagem qualitativa. Richardson (1999) destaca que este tipo de abordagem se caracteriza principalmente por não empregar instrumental estatístico na análise dos dados.

Por fim, destacam-se como limitações da pesquisa realizada, que não se identificaram os fatores da evolução ou involução dos indicadores apresentados na DVA da empresa objeto de estudo. Além disso, os resultados se restringem ao caso estudado, uma vez que os indicadores foram calculados somente sobre os componentes da DVA de 2003 e 2004 da Petrobrás.

6. Descrição e análise dos dados da empresa objeto de estudo

Para melhor atender os diversos usuários das informações contábeis foram desenvolvidos os indicadores patrimoniais, financeiros, econômicos e, mais recentemente, sociais. Para Matarazzo (1998, p. 25), “alguns dos índices que surgiram inicialmente permanecem em uso até hoje”. Santos (2003) destaca que a utilização dos quocientes tem como mérito a possibilidade de comparar as informações da entidade com relação a padrões estabelecidos. O critério fundamental que norteia a análise de demonstrações contábeis é a comparação. Assaf Neto (2000, p. 100) explica que as “duas principais características de análise de uma empresa são a comparação dos valores obtidos em determinado período com aqueles levantados em períodos anteriores e o relacionamento desses valores com outros afins”. Com vistas no objetivo estabelecido, a pesquisa concentrou-se na Demonstração do Valor Adicionado dos anos de 2003 e 2004, publicada no Relatório Anual na homepage da Petrobrás. Na análise utilizaram-se indicadores que permitem inferir uma visão mais ampla dessa demonstração. Os índices selecionados também possibilitam fazer uma relação entre as diversas contas, proporcionando uma análise sob diversos aspectos.

De modo geral, o que se pretende, com os indicadores apresentados neste trabalho é evidenciar alguns aspectos relevantes da DVA e analisar este instrumento sob a ótica da

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responsabilidade social corporativa. Os indicadores selecionados são os sugeridos por Santos (2003, p. 220-228) e Dalmácio (2004, p. 93-95). No Quadro 1 apresentam-se os indicadores de produtividade com relação ao número de empregados, participação dos empregados e administradores, governos, terceiros e acionistas no valor adicionado total a distribuir.

ÍNDICADOR FÓRMULA O QUE INDICA DVA – PETROBRÁS

Produtividade de mão-de-obra = PMO

PMO = V A T N E

VAT = valor adicionado total

NE = número de empregados

Quanto cada funcionário, em média, produziu de riqueza para a empresa. Constitui-se em importante indicador macroeconômico. 2004 = 80.996.341= R$1.659,83 48.798 2003= 97.198.174 = R$ 1.867,87 52.037 Participação dos empregados e administradore s no valor adicionado = PEVA PEVA=VADE x 100 VAT

VADE = valor adicionado distribuído aos empregados

VAT = valor adicionado total

Indica a participação dos empregados e administradores no valor adicionado, por meio de salários, vantagens e encargos. 2004 = 6.273.115 = 6,45% 97.198.174 2003 = 5.167.581 = 6,38% 80.996.341 Participação do governo no valor adicionado = PGVA PGVA=VADG x 100 VAT

VADG = valor adicionado distribuído ao governo VAT = valor adicionado

total

Mostra a participação governamental no valor adicionado, por meio da geração de impostos, taxas, contribuições. 2004 = 59.201.345 = 60,91% 97.198.174 2003 = 52.374.054 = 64,66% 80.996.341 Participação de terceiros no valor adicionado PTVA =VADT x 100 VAT

VADT = valor adicionado distribuído a terceiros VAT= valor adicionado

total

Indica a participação de terceiros no valor adicionado por meio do pagamento de despesas financeiras, aluguéis e fretamentos. 2004 = 13.036.346 = 13,41% 97.198.174 2003 = 4.775.728 = 5,90% 80.996.341 Participação de acionistas no valor adicionado = PAVA PAVA= VADA x 100 VAT

VADA = valor adicionado distribuído aos acionistas

VAT = valor adicionado total

Mostra a participação dos acionistas sob a forma de dividendos propostos e participação minoritária. 2004 = 5.871.523 = 6,04% 97.198.174 2003 = 6.534.746 = 8,07% 80.996.341

Fonte: Relatório Anual da Petrobrás ano de 2004

Quadro 1 – Análise da DVA da Petrobrás referente os anos de 2004 e 2003

Por meio desses indicadores, potenciais usuários da DVA, como empregados, governo, terceiros e acionistas podem verificar o percentual de suas participações no valor adicionado a distribuir pelas empresas.

Analisando os indicadores apresentados, observa-se quem mais se beneficiou com a distribuição do valor adicionado da Petrobrás. A participação do governo é a mais representativa (60,91% em 2004 e 64,66% em 2003), por meio da arrecadação de impostos, taxas e demais contribuições. A participação de terceiros (despesas financeiras, juros, aluguéis

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e afretamentos) aumentou consideravelmente de um ano para outro (13,41% em 2004 e 5,90% em 2003).

Os empregados (6,45% em 2004 e 6,38% em 2003) e acionistas (6,04% em 2004 e 8,07% em 2003) foram os que menos participaram na distribuição do valor agregado dessa empresa. Quanto aos empregados, os indicadores evidenciaram um aumento na distribuição do valor adicionado. Com relação à produtividade da mão-de-obra, média por empregado, a análise indicou uma variação negativa de 12% em relação ao ano anterior (R$ 1.659,83 em 2004 e R$ 1.867,87 em 2003 por empregado).

Fazendo-se uma análise geral, observou-se uma diminuição de 25,75% no percentual de distribuição do valor adicionado do ano de 2003 em relação ao ano de 2004. Do exposto depreende-se que a análise por meio de indicadores contribui para um melhor entendimento da distribuição do valor adicionado da empresa, especialmente sob o ponto de vista da participação de cada grupo que se beneficia do valor gerado no exercício social.

Ainda sobre a empresa, vale destacar que a Petrobrás, líder em distribuição de derivados no Brasil, atua num mercado competitivo fora do monopólio da União, colocando-se entre as quinze maiores empresas petrolíferas na avaliação internacional. Possui um quadro de mais de 52.000 funcionários. Em 2004 apresentou um faturamento médio de R$ 150 bilhões de reais. É uma empresa de capital aberto e possui cerca de 160.000 investidores. No ano de 2006, a Petrobrás atingiu a auto-suficiência na produção de petróleo. Este cenário mostra a relevância da análise da sua DVA de forma mais detalhada e holística.

7. Considerações finais

O trabalho objetivou analisar a Demonstração do Valor Adicionado como instrumento de evidenciação de informações relacionadas à responsabilidade social de uma empresa. Neste sentido realizou-se um estudo exploratório, por meio de indicadores calculados sobre os componentes evidenciados na DVA de 2003 e 2004 da empresa Petrobrás, sob a ótica da responsabilidade social corporativa.

Os indicadores calculados são os sugeridos por Santos (2003, p. 220-228) e Dalmácio (2004, p. 93-95), que consubstanciam-se de indicadores relacionados à produtividade, tendo como referência o valor adicionado total e o número de empregados, bem como a participação dos empregados e administradores, governos, terceiros e acionistas no valor adicionado total a distribuir pela empresa.

Na análise específica dos indicadores calculados sobre a DVA da Petrobrás observou-se que a maior participação no valor adicionado pela empresa é do governo, representando mais de 60%, em função das elevadas taxas de impostos. Por outro lado, com os menores percentuais de participação encontram-se os acionistas e a classe dos trabalhadores, ambos com participação oscilando em torno de 6% do valor adicionado.

Do ponto de vista conclusivo ao presente trabalho, porém, não conclusivo à matéria de tanta relevância social, ressalta-se a importância da Demonstração do Valor Adicionado como instrumento de evidenciação de informações relacionadas à responsabilidade social, com destaque à forma como a sociedade participa da distribuição da riqueza gerada pela empresa, e também quais e como são as formas de participação, que ficou evidente na descrição e análise dos dados.

Por fim, é importante que as empresas evidenciem a DVA de forma complementar às demonstrações contábeis exigidas pela legislação brasileira, para melhor esclarecer os usuários externos e internos das informações da contabilidade, pois esta demonstra o efetivo

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destino dos resultados. De modo geral, o que se pretende com os indicadores apresentados neste trabalho é evidenciar alguns aspectos relevantes desta demonstração e analisá-la sob a ótica da responsabilidade social.

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