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MAPEAMENTO MORFOMÉTRICO DA BACIA DO RIO CASCAVEL EM GUARAPUAVA (PR)

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MAPEAMENTO MORFOMÉTRICO DA BACIA DO RIO CASCAVEL EM GUARAPUAVA (PR)

Flores, D.M. Eixo: Metodologias e Experiências em Pesquisa

Resumo

O mapeamento geomorfológico ou a cartografia geomorfológica tem tido uma importância muito peculiar nos trabalhos de análise ambiental, pois, têm fornecido elementos práticos bem coesos e de boa aplicabilidade operacional na confecção de produtos cartográficos que facilitem a tomada de decisão. A pesquisa aplicou uma metodologia que leva em consideração a caracterização morfoestrutural e morfoescultural do relevo, estabelecendo uma matriz de índices de dissecação, onde se determina os padrões de formas semelhantes, que são conjuntos de formas menores do relevo, em escalas médias, nas quais se distinguem pela rugosidade topográfica, dissecação do relevo e feições topográficas características.

Foi produzido para detalhe da caracterização mapeamento hipsométrico, clinográfico (declividade), de solos, de orientação de vertentes, e das ocorrências de formas morfoestruturais e morfoestruturais.

Foi observado na bacia em questão, dissecação do relevo considerada forte (Dc24), (Dc34) e (Dc44) em quase todo seu conjunto, a não ser na região central onde está localizada o núcleo urbano de Guarapuava, onde as dissecação foi considerada média (Dp23), com declives em sua maioria abaixo dos 10%, as altitudes variam entre 950m e 1150m com amplitudes de mais de 50m, principalmente nas cabeceiras e a jusante onde o rio sofre inflexão NW/SE. Os topos são convexos a aplainados caracterizando um conjunto de tipos de formas em colinas, com vertentes convexas nas

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Mestre em Geografia Física pela Universidade de São Paulo – USP / FFLCH. Professor colaborador

DEGEO/Universidade Estadual do Centro-Oeste - Paraná - Brasil - 2014.

Rua Simeão Camargo Varela de Sá, 03 - Vila Carli | CEP 85040-080 | Fone: (42) 3629-8100 Guarapuava – PR. diegomoraesf@hotmail.com

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cabeceiras e retilíneas na porção central da bacia (área mais urbanizada), as vertentes possuem orientação predominante a N-NW.

Palavras-chave: Bacia do rio Cascavel; Mapeamento Geomorfológico;

Relevo.

1. Introdução

As metodologias de mapeamento geomorfológico atualmente são bem diversificadas, em sua grande maioria, procuram delimitar compartimentação, formas e processos transformadores do relevo. Tais metodologias apoiam-se na compreensão de que o relevo é um importante condicionante dos processos de movimentos de massa nas vertentes e que a morfologia pode ser representada por atributos topográficos extraídos dos modelos digitais, utilizando-se, por exemplo, a hipsometria, a declividade, planos de curvatura de vertente integrados por meio de álgebra de mapas, como variáveis representativas na elaboração de mapas de suscetibilidade e/ou outros a depender da temática e objetivo.

O Projeto RADAMBRASIL na década de 1980 organizou um mapeamento integrado dos recursos naturais renováveis e não renováveis do território brasileiro a partir da interpretação de imagens de radar e de outros sensores (RADAMBRASIL, 1983), e Jurandyr L. S. Ross (1992), baseado nesta sistematização, projetou uma metodologia a fim de padronizar os trabalhos cartográficos geomorfológicos, cujo trabalho consistiu em nortear a execução de estudos técnicos de caráter geomorfológico voltado ao planejamento socioeconômico e ambiental com a utilização de imagens de radar e satélites, como também, controle sistemático de campo, tendo como fim a geração de uma cartografia geomorfológica integrada de leitura direta e que subsidiasse o planejamento ambiental em espaços físico-territoriais de diferentes dimensões. (ROSS, 1992).

Seguindo este referencial metodológico esta breve pesquisa visou apenas aplicar um modelo já bem conhecido e usual no contexto científico geográfico atual, a fim de não só conhecer a a bacia do rio Cascavel, mas de contribuir com a ampliação do debate e conhecimento geográfico regional.

2. Objetivos

O objetivo geral desta pesquisa foi mapear morfometricamente a bacia do Rio Cascavel no município de Guarapuava (PR), utilizando matriz de índices de dissecação do relevo de Ross (1992). Foi confeccionado também mapa hipsométrico, de

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declividade, orientação de vertentes, de solos e de unidades morfoestruturais e morfoesculturais da área de abrangência da bacia.

3. Metodologia

A metodologia aplicada tem sido largamente utilizada, principalmente pelas consultorias ambientais, como parte integrante na confecção e elaboração dos EIA-RIMAs, pela sua fácil assimilação e coerência com a realidade. A classificação taxonômica do relevo apoia-se no aspecto fisionômico das diferentes formas e tamanhos do relevo baseados na gênese e idade das formas, considerando o significado morfogenético e as influências estruturais e esculturais (influência climática ao longo do tempo) do modelado. A classificação em táxons está estruturada da seguinte maneira:

1º táxon: Unidades Morfoestruturais. É a maior forma de relevo, sua idade e história genética são mais antigas que as Unidades Morfoesculturais esculpidas em seu interior. Exemplo: Bacia Sedimentar do Paraná.

2º táxon: Unidades Morfoesculturais. São de dimensões inferiores às das Unidades Morfoestruturais, e com idade bem menor. Exemplos: Planaltos Paranaenses, Depressão Periférica paulista, etc.

3º táxon: Unidades Morfológicas ou de Padrões de Formas Semelhantes. Estas retratam um determinado aspecto fisionômico decorrente das influências dos processos erosivos mais recentes e posteriores àqueles que esculpiram os planaltos e depressões. Exemplos: Padrão em morros, Padrão em colinas, etc.

4º táxon: Tipos de formas de relevo. Referem-se a cada uma das formas de relevo encontradas nas Unidades Morfológicas ou de Padrões de Formas Semelhantes. Exemplo: Em um Padrão em morros, cada morro que faz parte desse padrão possui características que o diferencia dos demais, morros agudos, convexos, tabulares, aplainados ou totalmente aplainados.

5º táxon: Tipos de Vertentes. Representa os tipos de vertentes contidas em cada forma de relevo, sendo assim, de gênese e idade mais jovens. Exemplos: vertentes côncavas, convexas, aguçadas, etc.

6º táxon: Formas de processos atuais. Refere-se às formas de relevo bem menores e muito mais recentes, que surgem ao longo das vertentes por processos geomórficos e até mesmo por ação antrópica. Exemplos: sulcos, ravinas, voçorocas.

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No táxon que inclui os conjuntos de Padrões de Formas Semelhantes (3º táxon) sugere-se um conjunto de letras e símbolos acompanhados por um conjunto numérico, justamente para definir padrões morfométricos do relevo, onde os padrões de formas podem ser de acumulação, representadas por planícies de diversas gêneses (planícies fluviais, planícies marinhas, etc.) e de denudação, esculpidas e trabalhadas pela erosão, como morros, colinas, serras, entre outros.

Assim, as identificações dos Padrões de Formas Semelhantes são extraídas da Matriz dos Índices de Dissecação do Relevo, sendo que, as formas Agradacionais (acumulação), são representadas pela letra maiúscula “A” acompanhadas de duas outras letras que determinam a gênese e o processo de geração da forma de agradação, por exemplo: Apf (Forma Agradacional de planícies fluviais), Apm (Forma Agradacional de planícies marinhas). Estas formas não recebem os algarismos, pois não apresentam dissecação por erosão.

Figura 1. Organização esquemática das unidades taxonômicas proposta por Ross (1992). As formas Denudacionais (dissecação) são representadas pela letra “D” e também acompanhadas de outras duas letras que indicam o processo morfogenético gerador da forma, que podem ser: (a) topos aguçados, (c) convexos, (t) tabulares ou (p) planos ou absolutamente planos. A combinação dessas letras juntamente com os algarismos da Matriz (tabela 1), informa o tipo de modelado presente. Por exemplo: (Da32), significa forma denudacional de topo aguçado com entalhamento de vale de índice “3”, (20 a 40 m - Fraco) e dimensão interfluvial de tamanho grande – “2” (700 a 1500 m). Os tipos de vertentes são identificados da seguinte maneira: Ve (vertente tipo

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escarpa), Vc (tipo convexa), Vr (retilínea), Vcc (côncava), Vpp (em patamares planos), Vpi (em patamares inclinados), Tc (topos convexos), Tp (topos planos), entre outras. O Mapa de Dissecação do Relevo, foi construído manualmente sobre as cartas topográficas, relacionando o entalhamento médio dos vales (colunas horizontais) e a dimensão interfluvial média (colunas verticais), atribuindo-se valores entre 1 e 5 para estes atributos, para a digitalização dos dados, utilizou-se o software ArcGis 10.

Tabela 1. Matriz de Índices de Dissecação do Relevo. Fonte (ROSS, 1992). Grau de entalhamento dos

vales

Dimensão interfluvial média (classes) Muito Grande (1) > 3750m (real) >7,5cm (Mapa) Grande (2) 1750 a 3750m 3,5 a 7,5cm Média (3) 750 a 1750m 1,5 a 3,5cm Pequena (4) 250 a 750m 0,5 a 1,5cm Muito Pequena (5) <250m 0,5cm Muito Fraco (1) <20m 11 12 13 14 15 Fraco (2) 20 a 40m 21 22 23 24 25 Médio (3) 40 a 80m 31 32 33 34 35 Forte (4) 80 a 160m 41 42 43 44 45 Muito Forte (5) >160m 51 52 53 54 55

Para a confecção do mapa de estruturas morfoestruturais e morfoesculturais, bem como os demais, foi criada base de dados previamente estabelecida, constituída de informações necessárias para a análise geomorfológica, como se segue: base geológica, adquirida junto ao Instituto de Terras Cartografia e Geociências: <http://www.itcg.pr.gov.br/>, no link biblioteca virtual/produtos cartográficos, e consulta a produtos cartográficos da Mineropar, além disto foi realizada conferência das ocorrências geológicas e geomorfológicas em campo a fim de precisar as litologias e formas do relevo, que serviu de base para a construção do mapa de compartimentação morfoestrutural / morfoescultural, declividade, hipsometria, orientação de vertentes, solos e dissecação do relevo.

A base hidrográfica, referente à rede de drenagem, além das curvas de nível foi extraída da imagem SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), para elaboração do modelo digital de elevação (MDE), o qual permitiu obter informações em três dimensões espaciais (x, y, z). As imagens SRTM, são encontradas no site da EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias, link “Brasil em Relevo”: <http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/>, no link “Dados para download”, além do site da NASA : < http://www2.jpl.nasa.gov/srtm/> no link Data Products/ SRTM South

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America images. Uma vez organizada as bases cartográficas foram produzidos e organizados os mapas e resultados associados.

4. Resultados e Discussões

Na Bacia do rio Cascavel as altitudes variam entre 950 a 1150m, sendo os maiores valores encontrados na direção das cabeceiras da bacia, principalmente na margem esquerda do rio (Fig. 2).

Figura 2. Mapa Hipsométrico Bacia do Rio Cascavel, Guarapuava (PR).

Os declives na bacia como um todo são relativamente baixos, menores que 10%, contudo aumentam gradativamente a montante passando dos 26%, principalmente nos interflúvios da margem esquerda, onde separam os tributários do vale do rio Jordão. (Fig. 3). As vertentes apresentam orientação predominante N-NW, seguindo o direcionamento dos lineamentos que cortam a área da bacia, (fig. 4). Os alinhamentos correlatos à zona de cisalhamento de direção NE/SW influenciaram o encaixe das drenagens principais, igualmente acontecem com os topos, alinhados na mesma direção, outras estruturas lineares representadas pelos contatos litológicos e por planos de menor resistência ao ataque erosivo foram, também, elementos orientadores das drenagens e dos seus padrões. Estes aspectos do fatiamento do relevo ocorrem em diversas cristas de direção principal NE/SW e o padrão paralelo/detrítico das drenagens são reflexos dos sistemas estruturais de direções NE/SW e NNW/SE.

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Figura 3 e 4. Mapa de Declividade e Mapa de orientação bacia do rio Cascavel, Guarapuava (PR).

A unidade morfoestrutural de embasamento e de maior tamanho escalar é a Bacia Sedimentar do Paraná (1º táxon), em sua porção centro sul, e como primeira unidade morfoescultural o denominado terceiro planalto paranaense (2º táxon), onde afloram as rochas vulcânicas do trapp do Paraná da Formação Serra Geral, com predominância de rochas básicas e ácidas, as básicas como basaltos e riolitos afloram em toda a bacia, sobretudo, na área central do município e os riodacitos e dacitos são bem visualizados nos interflúvios do rio Jordão (fotos, 1, 2, 3, 4 e 5).

1. 2.

3. 4. 5.

Fotos: 1-5. Riolitos de antiga pedreira, hoje Praça da Fé, localizada nas proximidades da rodoviária de Guarapuava, bairro dos Estados (fotos, 1-2) e afloramentos de Riodacitos e Dacitos próximo aos divisores de água com o vale do rio Jordão (fotos 3-5), cabeceiras dos afluentes da margem esquerda, Guarapuava. Org. Flores.

Segundo TRATZ (2009, pg.49), geologicamente o município de Guarapuava está inserido no domínio dos derrames vulcânicos da Província Magmática do Paraná,

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apresentando unidades de basaltos toleíticos de estrutura tabular, que são típicos das zonas de ascensão magmática, como as dorsais oceânicas e os rifts, são semelhantes aos basaltos alcalinos, mas são ricos emfenocristais de olivinas e de piroxenios cálcicos, os basaltos toleíticos são mais ricos em plagioclasios e sílica do que os basaltos alcalinos convencionais, o que os classificam como basaltos subalcalinos seguidos dos basaltos vítreos que caracterizam o topo dos basaltos maciços; e em menor proporção aparecem os basaltos lobados da Fácie Campo – Erê, além das unidades ácidas do Tipo Chapecó, que configuram os principais platôs do município. Ressalva-se que, são poucos os trabalhos de cunho geomorfológico que visam à comparação entre as diferentes rochas vulcânicas com o relevo, pois a diferenciação entre os derrames compõe uma paisagem variada onde a principal diferenciação está entre as unidades ácidas e básicas, sendo os topos planos caracterizados por derrames ácidos do Tipo Chapecó, por exemplo, dacitos, riodacitos, quartzo-latitos e riolitos ou derrames referentes aos basaltos vítreos (hipovítreos), sendo necessário um aprofundamento maior no entendimento da resposta geomorfológica, frente estas duas pequenas distinções litológicas e os processos atuantes ao longo do tempo sobre elas.

A subunidade escultural no qual se insere a bacia do rio Cascavel é denominada de Planalto de Palmas/Guarapuava (3º táxon), limitada pelos paralelos 25° 18’ 03’’ e 25° 26’ 19’’ de latitude sul e os meridianos 51° 24’ 49’’ e 51° 32’ 07’’ de longitude oeste, possuindo aproximadamente 78 km² de área, sendo parte do sistema de drenagem do Rio Jordão, afluente da margem direita do Rio Iguaçu (LIMA, 2011).

Figura 4. Seção esquemática do Estado do Paraná mostrando a compartimentação de relevo. Fonte: Google imagens.

Os principais lineamentos encontram-se alinhados NE/SW, condicionando a drenagem neste direcionamento, das propriedades de drenagem da bacia do Rio Cascavel, tem-se um padrão básico, paralelo a detrítico em uma rede de drenagem assimétrica, com alinhamento do canal principal na margem direita da bacia e um maior desenvolvimento dos tributários na margem esquerda. O grau de integração da rede de drenagem pode ser considerado de médio a alto, o que demonstra

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consistência de fluxo entre seus tributários e o curso principal. Dias-Oliveira et. al. (2009) indicaram que a bacia apresenta um comprimento dos cursos fluviais na ordem de 124,84km resultando em uma densidade de drenagem de 1,54 km/km², considerada por estes, como um valor de uma bacia de boa drenagem, a variação é de baixa (0,5 km/km2

) a bem drenada (> 3,5 km/km2

), em função do paralelismo dos afluentes com a drenagem de última ordem, a continuidade dos canais também parece ser alta em função do controle litológico bem evidente sobre a drenagem, (Fig. 6).

As formas de relevo predominantes são topos de colinas (4º táxon) convexas a aplainadas (região central da bacia) com vertentes convexizadas a retilíneas (5º táxon), os interflúvios são levemente alongados, e os vales são predominantemente em U, modelados quase que diretamente nas rochas da formação Serra Geral.

Figura 5. Mapa de unidades geológicas e compartimentos geomorfológicos da bacia do rio Cascavel, Guarapuava (PR).

O clima regional incidente no município, segundo Thomas e Vestena (2003), é do tipo subtropical mesotérmico-úmido, com temperatura média anual de 17°C, pluviosidade bem distribuída, com média mensal acima de 100 mm e média anual acima de 1900 mm. A vegetação nativa predominante no município de Guarapuava é a floresta

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subtropical, do tipo Floresta Ombrofila Mista, composta por formações latifoliadas e de coníferas, estas últimas representadas pelo Pinheiro do Paraná (Araucária angustifolia), na área do município há ainda a incidência de uma pequena extensão de campo limpo.

Os solos que perfazem a área da bacia no município são do tipo LATOSSOLOS, NITOSSOLOS e SOLOS ORGÂNICOS (ORGANOSSOLOS). Os solos orgânicos (ORGANOSSOLOS) compreendem solos hidromórficos de ambientes aquosos, essencialmente orgânicos e de coloração escura, em função das más condições de drenagem, com lençol freático próximo da superfície, encontram-se principalmente associado com áreas de baixios e associados aos canais fluviais. Na bacia do Cascavel podem ser observados ao longo das calhas e planícies de inundação que não estão totalmente ocupadas pelo asfaltamento.

Os latossolos que perfazem a maior porção da bacia do Cascavel são do tipo LATOSSOLOS VERMELHOS Distróficos, com associação a LATOSSOLO BRUNO Distrófico típico (solos de baixa fertilidade) + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico álico, são solos com fragmentos de rochas e minerais primários pouco alterados ou horizonte incipiente dentro de 200 cm da superfície, além de serem saturação por bases inferior a 50%, com possibilidade de barreira química de alumínio que impede o desenvolvimento radicular em profundidade, sequência LBa1 a LBa4, no mapa (Fig. 7), estes apresentam boa drenagem e a presença de um horizonte A proeminente e um horizonte B latossólico, bem argiloso, com transição entre eles gradual e coloração avermelhada ou vermelho escura, devido aos teores mais altos e à natureza dos óxidos de ferro presentes no material originário em ambientes bem drenados, e com características de cor, textura e estrutura uniformes em profundidade. Cobrem a porção central da bacia do Cascavel onde engloba a área urbanizada de Guarapuava, ocorrem predominantemente nas áreas mais planas, nos topos e vertentes com relevo suave de colinas, sua espessura varia entre 1,00 a 6,00 m (MINEROPAR, 1992).

Os NITOSSOLOS HÁPLICO Distrófico típico + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico, ocorrem na porção N/NE da bacia nas áreas de nascentes do rio Cascavel, são solos constituídos por material mineral, não hidromórfico, esta classe de solo está mais relacionada ao material de origem, sendo originada de rochas básicas (ex: basalto, diabásio, etc.), são profundos, bem drenados, de coloração variando de vermelha a brunada. Na área em questão estão associados às áreas de relevo suave ondulado (colinas) transicionando para as áreas de morros com ondulações maiores.

Quanto à dissecação do relevo para a bacia do rio Cascavel, observou-se que as formas agradacionais ocorrem em áreas de acumulação associadas às planícies fluviais

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(Apf) e áreas de planície de inundação (Api), sobretudo na média bacia nas proximidades dos bairros de Vila Carli e Cascavel, onde o relevo é relativamente aplainado considerando a bacia como um todo, (fig. 8).

As formas denudacionais ou de erosão perfazem o restante da bacia tanto em alta como na confluência NW/SE que o rio faz a jusante para desaguar no rio Jordão. Desta forma, na bacia do Cascavel observa-se predomínio de formas denudacionais em alta bacia, nas nascentes do rio (Dc25) e (Dc15), onde se considera uma dissecação muito forte, mesmo com entalhamento vertical menor (entre 20 a 40m, índice de entalhamento médio dos vales, fraco - “2”), a dimensão interfluvial é muito pequena (menor que 250m, índice de dimensão intefluvial média - “5”) determina o caráter da classe, estas classes estão ao longo das nascentes dos tributários da margem esquerda nas proximidades com os divisores de água. Em direção à média bacia os índices de dissecação mudam para forte (Dc24) e (Dc34), com valores de dimensão interfluvial pequena (250 a 750m - “4”), aliado ao entalhamento médios dos vales que varia de fraco (20 a 40m – “2”) a médio (40 a 80m – “3”) se potencializa a energia da água ao longo das encostas e vertentes mais íngremes.

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Em média bacia fora das áreas de planície fluvial e de inundação os índices se concentram nas classes consideradas médias, (Dp23) onde a dimensão média dos interflúvios está no patamar de 750 a 1750m – “3” e o entalhamento médio dos vales é considerado fraco (20 a 40m – “2”). Entretanto, em direção à foz da bacia, já nas áreas onde ocorre a inflexão do rio Cascavel para o deságue no rio Jordão as classes de dissecação voltam a ser consideradas forte, devido ao aumento do grau de entalhamento da rede de drenagem. Nestas áreas temos uma variação de entalhamento médio dos vales de (DC24), 20 a 40m (fraco – “2”) para (Dc44), 80 a 160m (forte – “4”), onde o poder de incisão das águas superficiais e de processos modeladores atuantes em superfície dissecaram verticalmente de forma incisiva as encostas. Estas quanto ao seu grau de dimensão interfluvial média apresentam-se classificadas no índice considerado pequeno (250 a 750m – “4”), contudo, a proximidade das vertentes e a verticalidade das incisões imprime uma área com energia potencial alto para processos denudativos de superfície.

Figura 7. Mapa de Dissecação do Relevo da Bacia do rio Cascavel, Guarapuava (PR).

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Esta breve pesquisa teve como finalidade apresentar algumas informações de cunho geomorfológico sobre a bacia do rio cascavel, utilizando o mapeamento geomorfológico a fim de facilitar o entendimento de aspectos morfométricos com um uso de uma metodologia relativamente simples. Conclui-se que na bacia do rio Cascavel a compartimentação do relevo está bem condicionada a litologia subjacente de rochas de extravasamento magmático ácido e básico, em que a rede de drenagem existente se instalou nas fraturas desta litologia e vem modelando o relevo conjuntamente com os processos exógenos ao longo dos últimos milhares a milhões de anos.

A dissecação da bacia é forte, onde tanto o rio Cascavel como seus afluentes imprimem uma dinâmica erosiva considerada e intensa, ressalta-se que nas áreas de menor declive esta dinâmica altera-se para áreas de menor potencial hidrológico favorecendo assim, a deposição de sedimentos e inundações periódicas. A metodologia apresentada favorece a visualização das formas existentes na bacia e contribui com a inferência de processos geomorfológicos, pois norteia pesquisas de campo.

O assunto não se esgota aqui, longe disso, há uma série de questões que devem ser aprofundadas com o intuito de conhecer melhor os elementos físicos que compõem a área e suas adjacências. Pretende-se em trabalhos futuros explorar a questão da resposta geomorfológica ou evolução do relevo em áreas de ocorrência de rochas magmáticas ácidas e básicas, entender melhor como o relevo evoluiu e quais características determinam as diferenças no modelado a partir da resistência destas litologias distintas aos diversos agentes exógenos atuantes na região.

Assim, os trabalhos futuros na forma de PQE visarão uma qualificação e quantificação mais apurada dos aspectos geomorfológicos não só da bacia do Cascavel, mas a área que a comporta como um todo, com o objetivo de compreender com mais eficácia as peculiaridades físicas do modelado.

6. Referências

DIAS-OLIVEIRA, et. al. . Caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do Rio Cascavel, Guarapuava/PR. ANALECTA Guarapuava, Paraná v.10 n. 2 p. 45-65 jul./dez. 2009.

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Brasil em Relevo.Disponível em: <http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/>. Acesso em Julho de 2014.

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa Solos.Disponível em: < https://www.embrapa.br/solos>. Acesso em Julho de 2014.

ITCG – Instituto de Terras Cartografia e Geociências. Governo do Estado do Paraná. Disponível em: <http://www.itcg.pr.gov.br/>. Acesso em julho de 2014.

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LIMA, A.G. Morfologia da rede de drenagem do rio Cascavel e sua potencial interação hidrossedimentar com o ambiente urbano de Guarapuava, PR: notas preliminares. Ciência e

Natura, UFSM, v.33 nº2, p. 241-257. 2011.

MINERAIS DO PARANÁ. Geologia de planejamento: Caracterização do Meio Físico da Área Urbana de Guarapuava. Curitiba: MINEROPAR. 1992. [?].

MINEROPAR. Mapa Geológico da Folha Guarapuava em escala de 1:250:000, 2007.

RADAMBRASIL. 1983. Levantamento de Recursos Naturais. Rio de Janeiro, Folha SE,22. Goiânia, vol. 31.

ROSS, J. L. S. O registro cartográfico dos fatos geomorfológicos e a questão da taxonomia do relevo. In: Revista do Departamento de Geografia. São Paulo: Edusp. n.6, 17-30p. 1992. THOMAZ, E. L. VESTENA, L. R. Aspectos climáticos de Guarapuava-PR. Guarapuava: UNICENTRO, 2003.

TRATZ, ELIZA DO BELÉM. As rochas vulcânicas da província magmática do Paraná,

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