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GÍRIA DE GRUPO ( BAJUBÁ ): ESTUDO DAS PALAVRAS DE ORIGEM AFRICANA UTILIZADAS PELO GRUPO LGBTT DE PALMAS COMO REPRESENTAÇÃO SÓCIO HISTÓRICO E CULTURAL

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas

GÍRIA DE GRUPO (“BAJUBÁ”): ESTUDO DAS PALAVRAS DE

ORIGEM AFRICANA UTILIZADAS PELO GRUPO LGBTT DE

PALMAS COMO REPRESENTAÇÃO SÓCIO HISTÓRICO E

CULTURAL

Luciana da Costa e Silva Andrade1; Karylleila dos Santos Andrade2;

RESUMO

Este estudo trata da linguagem de grupo (ou gíria de grupo) utilizada pela comunidade LGBTT - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros - na cidade de Palmas, Tocantins. Partimos da hipótese de que esta linguagem, denominada Bajubá, possui uma origem africana. Procuramos, dessa forma, investigar as possíveis relações entre as línguas africanas Iorubá e Banto com o Bajubá por meio de um estudo comparativo com o auxílio de dicionários específicos de línguas africanas e de língua portuguesa, juntamente com a obra de Yeda Pessoa de Castro, que trata das contribuições das línguas africanas no léxico do português brasileiro. Ainda, confeccionamos a tabela de palavras obtidas na pesquisa a fim de criar uma relação comparativa entre palavras e expressões de origem Bajubá com os seus correspondentes em línguas africanas, visando determinar, assim, o grau de parentesco dessas linguagens. A pesquisa foi desenvolvida no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), da Universidade Federal do Tocantins, e financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Palavras-chave: LGBTT, Bajubá, línguas africanas, cultura.

INTRODUÇÃO

Este estudo trata da linguagem de grupo (ou gíria de grupo), conhecida como Bajubá (ou Pajubá), utilizada pela comunidade LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros) na cidade de Palmas, Tocantins. Silva Filho (2010, p. 4), define o Bajubá como a incorporação de palavras de línguas distintas, advindas de fontes como o Iorubá-Nagô, francês e inglês, e também como um elemento

1

Aluna do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Tocantins; Campus de Palmas; lucianafraise@gmail.com

“PIBIC/CNPq” 2

Orientadora do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Tocantins; Campus de Palmas; karylleila@gmail.com

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas

na construção da identidade homossexual. Usada inicialmente por travestis, tal linguagem acabou se expandindo para todo o grupo LGBTT, gerando uma série de modificações e ressignificações.

Poucos trabalhos discutem essa temática, o que afirmam é que a origem do Bajubá estaria nas línguas africanas, especialmente no Iorubá (SANTOS, 2011; MACDOWELL, 2010; PATRICIO 2010; SILVA FILHO, 2010; SANTOS 2010; JIMENEZ, 2009; TEIXEIRA, 2008; PELUCIO, 2005). Partindo dessa hipótese da procedência africana do Bajubá, fizemos estudos comparativos em dicionários de línguas africanas e portuguesa para criar uma tabela de palavras a partir desses dados, cruzando as definições etimológicas apresentadas nas publicações e comparando também o significado de seus correspondentes.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo trata-se do tipo populacional, de natureza qualitativa descritiva. O método consistiu, a priori, em uma pesquisa de campo por amostragem realizada com residentes na cidade de Palmas, Tocantins, que se consideram pertencentes ao meio LGBTT e são provenientes de várias localidades do país. Durante a coleta dos dados foi utilizado um questionário semiestruturado com perguntas e uma lista que poderia ser preenchida com palavras e expressões do conhecimento de cada entrevistado. As palavras adquiridas durante a pesquisa de campo foram reunidas e compiladas em uma lista de palavras, utilizada para comparar às ocorrências extraídas do livro "Aurélia, A Dicionária da língua afiada" (VIP; LIB, 2006), classificadas como oriundas do Bajubá.

Além disso, realizamos um estudo comparativo entre diversos dicionários. A relação das palavras e expressões de origem Bajubá, presentes no Aurélia, a Dicionária da Língua Afiada (VIP e LIB, 2006), com os seus correspondentes nos dicionários das línguas africanas Novo Dicionário Banto do Brasil (LOPES, 2012) e Dicionário Yorubá-Português (BENISTE, 2011), e nos dicionários da língua portuguesa Novo dicionário da Língua Portuguesa (FERREIRA, 2010) e Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (HOUAISS;VILLAR, 2010). Também cruzamos os dados com o vocabulário presente na obra Falares africanos na Bahia: um vocabulário

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afro-25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas

brasileiro (PESSOA DE CASTRO, 2005), observando inclusive as definições etimológicas apresentadas nas publicações e comparando-as.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando a tabela de palavras percebemos que alguns dos vocábulos tidos por Vip e Lib (2006) como termos e expressões advindas do Bajubá possuem também origens e algumas vezes até significados distintos ou semelhantes nas línguas africanas Banto e Iorubá. Pensando nisso, houve a necessidade de realizar o estudo na obra Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro (PESSOA DE CASTRO, 2005) a fim de verificar as possibilidades das origens africanas do Bajubá.

Alguns autores perpassam pelo percurso histórico do Bajubá e tecem contribuições que servem como pontos norteadores da pesquisa. Macdowell (2010) aponta para a frequência de travestis nas expressões religiosas afro-brasileiras. Santos (2011) também credita ao candomblé a manutenção das línguas africanas, assim como a utilização de termos provenientes dessas línguas por travestis. Pessoa de Castro (apud SILVA FILHO, 2010) afirma haver essa transição da utilização do Bajubá do culto africano para as travestis. E Santos (2011) cita o candomblé como uma das religiões no mundo que aceitam o “travestismo” como algo natural e intrínseco do ser humano. Bajub á Aurélia, A Dicionária da língua afiada Dicionári o Aurélio Dicionário Houaiss Dicionário Yorubá Português Dicionário Banto Falares africanos na Bahia – um vocabulári o afro-brasileiro Adé S.m. Homosexual masculino; bicha. (sem referência ) (sem referência) s. Coroa do rei. Oba dé adé - O rei colocou a coroa. Usado como prefixo de nomes próprios, indica uma origem real. > (sem referência) (kwa) (PS) –s. homossexu al. Cf. adofuró. Yor. Adè, mole, indolente.

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas Adékólà - A coroa constrói a riqueza; Adéwolé - A realeza entrou em casa. Mona -ocó (do bajubá ‘mona’ + oco ‘homem’) S.f. 1. Gay não efeminado; 2. Lésbica masculiniza da; 3. Michê [var. monocó]. (sem referência ) (sem referência) (sem referência) s.f. Mulher homossexu al, lésbica (VAF). Abon.: MORTOS, 1990 c. Hibridismo de MONA [3], mulher + o iorubá oko, macho: "mulher-macho". (sem referência) Otim S.m. Bebida alcólica. S.m. 1. Bras. BA V. cachaça (1). Etimologi a: Do ior. S.m. Regionalism o: Brasil. Uso: informal. m.q. oti [s.m. Regionalism o: Brasil. Uso: informal. aguardente de cana; cachaça. Etimologia: ior. oti [Otí]: s. Bebida. Ó mu otí níwòn – Ele bebeu moderadamen te; otí funfun – vinho branco; otí bia – cerveja; otí òjó – bebida não fermentada; otí pupa – vinho tinto. (sem referência) (kwa) 1.(LS) –s. Ver marafo. Var. otim-codara. Cf. babalotim3 . 3

Com equivalente na língua Yorubá, sendo que alguns caracteres não possuem representação no teclado.

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas 'bebida que

intoxica, álcool' (brasílica).

Pudemos constatar que o grupo LGBTT de Palmas, Tocantins, faz uso de um conjunto de palavras e expressões próprias, conhecido por linguagem homossexual, linguagem gay ou Bajubá. Ainda, podemos demonstrar que o grupo utiliza diversos termos de origem africana, em especial os que advêm do grupo de línguas africanas Banto e Iorubá, objetos do nosso estudo.

LITERATURA CITADA

BENISTE, José. Dicionário Yorubá-Português. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.

HOUAISS, Antônio & VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

LOPES, Nei. Novo Dicionário Banto do Brasil. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2012.

PESSOA DE CASTRO, Yeda. Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Topbooks. 2005.

VIP, A; LIBI, F. Aurélia, a Dicionária da Língua Afiada. Editora do Bispo: São Paulo, 2006, 143p.

SILVA FILHO, M. R. De Bajubá em Bajubá, onde será que vai dar? apropriações, classificações e relações de poder em Belém-PA. In: II Encontro da Sociedade Brasielira de Sociologia da Região Norte, 2010, Belém. CD Virtual da II SBS Norte, 2010. Disponível em: <

http://www.sbsnorte2010.ufpa.br/site/anais/ARQUIVOS/GT6-75-30-20100831235143.pdf> Acesso em 15/02/2014.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – Brasil.

Referências

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